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Qualidade em Serviços e Satisfação do Cliente W B A 0 24 7_ V 1. 1 2/234 Qualidade em Serviços e Satisfação do Cliente Autoria: Paula Rossi Gonzalez Como citar este documento: GONZALEZ, Paula Rossi. Qualidade em Serviços e Satisfação do Cliente. Valinhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Os Clientes de Serviços e a Qualidade 05 Unidade 2: Qualidade em Serviços 33 Unidade 3: Determinando a Qualidade em Serviços 57 Unidade 4: Medindo a Qualidade em Serviços 87 Unidade 5: Satisfação dos Clientes 114 Unidade 6: Variáveis Antecedentes e Consequentes da Satisfação dos Clientes 145 Unidade 7: Modelos de Mensuração da Satisfação dos Clientes 177 Unidade 8: Melhorando a Qualidade e a Satisfação dos Clientes 210 2/234 3/234 Apresentação da Disciplina A disciplina de Qualidade em Serviços e Sa- tisfação do Cliente tem como objetivo apre- sentar os principais fundamentos e concei- tos dessas duas variáveis, bem como mostrar a sua operacionalização e mensuração, com foco na busca da excelência organizacional e na capacidade de gerar valor. Inicialmente estudaremos os conceitos so- bre a percepção do cliente, o comportamen- to do consumidor e a importância em medir e monitorar a qualidade em serviços e a sa- tisfação dos clientes. Na segunda aula abordaremos o papel dos serviços na oferta de bens tangíveis e os be- nefícios que eles poderão trazer a uma em- presa quando agregados a um produto. Em seguida, analisaremos as expectativas dos clientes e as características mensuráveis da qualidade em serviços, os modelos utiliza- dos e reconhecidos internacionalmente para realizar essas medições e, principalmente, como identificar e implementar melhorias a partir dos resultados encontrados. Já na quinta e sexta aulas, verificaremos os pressupostos acerca da satisfação e insatis- fação dos clientes: pontos relevantes sobre a qualidade percebida, expectativas e valor percebido e também aspectos negativos, como reclamações e falta de lealdade dos clientes. E finalmente, nas últimas duas aulas, fala- remos sobre índices de satisfação dos clien- tes norte-americano (ACSI), brasileiro (BCSI) e europeu (ECSI), fazendo uma comparação com as principais semelhanças e diferenças 4/234 e das estratégias. Também examinaremos alguns cases reais, mostrando a estratégia utilizada para a otimização da qualidade e o aumento da satisfação dos clientes. 5/234 Unidade 1 Os Clientes de Serviços e a Qualidade Objetivos • Apresentar alguns conceitos sobre qualidade e foco no cliente. • Esclarecer como funciona a percepção dos clientes. • Verificar quais são os fatores que influenciam no comportamento do consumidor e as eta- pas básicas do processo de decisão do cliente. • Conhecer a importância das medições da Qualidade dos Serviços e Satisfação dos Clientes. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade6/234 Introdução Em um mundo cada vez mais competitivo, no qual a velocidade das mudanças aumenta em um ritmo descontrolado, é fundamental que as organizações consigam estabelecer estratégias e objetivos que garantam um equilíbrio entre as metas de crescimento, os retornos de investimento esperados e o uso adequado dos recursos disponíveis. Para isso, é necessário inicialmente que as empresas entendam os contextos interno e externo nos quais elas estão inseridas e identifiquem de maneira assertiva as ne- cessidades e expectativas dos seus clientes. E os empresários sabem que se não cumpri- rem essa etapa com eficácia, haverá algum concorrente que conseguirá fazê-la. Afinal, os concorrentes também acordam cedo para trabalhar, não é mesmo? Dessa forma, muito tem se investido em pesquisas para entender o comportamen- to dos consumidores em suas decisões de compra. Entretanto, ainda ocorrem muitos erros no levantamento de informações, na análise apurada dos dados e na sua tradu- ção em forma de requisitos técnicos e ope- racionais dentro do negócio. Sabemos que a percepção dos clientes não segue modelos matemáticos, com aplica- ções de fórmulas exatas. Na afirmação de Gerald Zaltman (2003, p. 80), “pelo menos 95% de toda cognição ocorre abaixo da consciência, nos desvãos da mente”. Cabe- rá aos especialistas de marketing estudar, estabelecer e implementar métodos para a leitura da “mente do mercado”. E finalmente, para que a empresa consiga o Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade7/234 desempenho que tanto espera, também é necessário avaliar e medir os níveis de qua- lidade do serviço prestado e de satisfação dos clientes. Essas duas variáveis permitem analisar riscos e oportunidades de melhoria, determinar as causas das falhas e estabele- cer planos de ação eficazes na busca dos re- sultados almejados. 1. Qualidade e Foco no Cliente 1.1. O que é Qualidade? Atualmente existem diversos conceitos so- bre qualidade e muitos estudiosos estabe- leceram várias definições, por exemplo: • JURAN (1998, p.2.1): “as característi- cas dos produtos atendem às neces- sidades do cliente e, assim, fornecem satisfação dos clientes”. • DEMING (1992, p.3): “é perseguição às necessidades dos clientes e homoge- neidade dos resultados do processo”. • CROSBY (1992, p.3): “é conformidade do produto às suas especificações”. • FALCONI (1992, p.2): “Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma con- fiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo as necessi- dades do cliente”. Com a padronização do Sistema de Gestão da Qualidade, conforme norma ISO 9000, também foi definido um outro conceito: Uma organização focada em Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade8/234 qualidade promove uma cul- tura que resulta em compor- tamentos, atitudes, atividades e processos que agregam va- lor por meio da satisfação das necessidades e expectativas dos clientes e de outras par- tes interessadas pertinentes. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015, p.2) Dessa forma, podemos ver que, em todos os exemplos citados, existe a preocupação em atender às necessidades do cliente e em au- mentar a sua satisfação. O foco no cliente é um dos princípios da qualidade, que deve ser entendido e valorizado nas organizações de forma “top-down”, ou seja, desde os ní- Para saber mais ISO 9000. A ISO 9000 é uma das três normas fun- damentais do portfólio de normas sobre o Siste- ma de Gestão da Qualidade. Ela pode ser aplicada a qualquer tipo de empresa, de qualquer porte ou segmento, para diferentes produtos e serviços, contribuindo para a melhoria de seus sistemas de gestão da qualidade e o aumento da eficiência dos processos e da satisfação dos clientes. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade9/234 veis estratégicos até os níveis mais opera- cionais. Se a alta direção não demonstrar liderança e comprometimento com relação a esse importante elemento do Sistema de Gestão da Qualidade, ninguém mais poderá fazê-lo. 2. Percepção do Cliente 2.1 Conceito sobre Percepção De acordo com Kotler e Keller (2012), a per- cepção é o processo pelo qual seleciona- mos, organizamos e interpretamos infor- mações para criar uma imagem significati- va do mundo. Isso depende não apenas dos estímulos físicos, mas de todos os estímulos que recebemos do meio em que vivemos e de nossas próprias condições de percepção. Para saber mais As pessoas possuem diferentes percepções de um mesmo objeto por causa de três processos perceptivos: atenção seletiva, distorção seletiva e retenção seletiva. Saiba mais sobre esses concei- tos lendo o capítulo 6 do livro Marketing Manage- ment, 14ª edição, de Kotler e Keller. Veja os dados nas Referências. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade10/234 2.1.1 O Que se Vê na Figura Abaixo? De início é provável que se veja uma de duas criaturas, um coelho ou um pato. Agora mostre a figura a alguns amigos ou colegas. O que eles viram primeiro? O exercício demonstra um ponto muito importante:duas pessoas podem olhar para exatamente os mesmos dados e interpretá-los de duas maneiras totalmente dife- rentes. (ZALTMAN, 2000, p.30) Figura 1.1 | O que se vê? Fonte: Zaltman (2003, p.30). Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade11/234 2.1.2. Como os Clientes Perce- bem os Serviços Prestados Conforme os estudos de Zeithaml e Bitner (2003, p.87), por meio de suas percepções, os clientes avaliam a qualidade dos serviços prestados e quão satisfeitos estão com o conjunto de experiências que tiveram com os serviços. Como essas avaliações mudam em função das expectativas dos clientes, é essencial que as organizações acompanhem e ana- lisem essas alterações para que consigam ganhar mais competitividade na prestação de serviços. Dessa forma, as organizações devem en- tender como os clientes externos e internos percebem a qualidade dos serviços ofereci- dos. Cada processo dentro de uma empresa tem o seu cliente interno. Além disso, outro ponto fundamental para entender essas percepções é dar atenção especial aos “momentos da verdade”, ou seja, a todos os momentos em que o cliente interage com a empresa. Em cada interação, o cliente avalia suas expectativas e forma a sua opinião sobre os serviços e a empresa contratada. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade12/234 3. Comportamento do Consumidor 3.1. Conceito Na definição de Solomon (2013, p.07), o comportamento do consumidor é o estudo da forma pela qual indivíduos, gru- pos e empresas selecionam, compram, usam e descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e desejos. Essas necessidades podem variar desde itens básicos, como fome, sede, amor, até mesmo para Link Veja algumas informações sobre o comportamento dos novos consumidores com a tecnologia digital no site do Sebrae: CONSUMIDOR 3.0. Sebrae. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/arti- gos/consumidor-30,a1ce438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: 16 jul. 2017. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade13/234 realizações pessoais e status. 3.2. Fatores de Influência no Com- portamento do Consumidor De acordo com Kotler e Keller (2012), o com- portamento de compra dos consumidores é influenciado por quatro fatores: culturais, pessoais, sociais e psicológicos. 3.2.1. Culturais Esses são os fatores que têm influência mais forte e ampla no comportamento do consu- midor. Eles englobam a cultura, as subcul- turas e as classes sociais. Cada cultura possui várias subculturas, ou seja, grupos regionais menores com identi- ficação e interações sociais específicas. Elas podem ter características próprias quanto às raças, religiões e localizações geográfi- cas. Já as classes sociais, podemos dizer que existem em todas as sociedades e foram se estratificando com base no acúmulo de ri- queza, no desenvolvimento de habilidades e nos poderes obtidos por cada grupo. 3.2.2. Sociais Os aspectos sociais estão relacionados aos grupos de referência, à família e aos papéis sociais, que também influenciam na decisão de compra do consumidor. Os principais grupos de referência são: • Grupos primários: grupos com in- Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade14/234 terações mais próximas e contínuas (família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho). • Grupos secundários: grupos religio- sos, profissionais, esportivos, musi- cais e outros. Sem dúvida, o grupo mais importante é a família, tanto aquela na qual o indivíduo nasce e cresce quanto a que ele forma na vida adulta. E ainda existem os papéis sociais que a pes- soa desempenha na vida pessoal ou profis- sional, em que são esperados determinados comportamentos ou status. 3.2.3. Pessoais Os fatores pessoais incluem idade e estágio de ciclo de vida, ocupação e circunstâncias financeiras, personalidade, estilo de vida e valores. A idade e o estágio de ciclo de vida também motivam determinados comportamentos e consumos. O consumo pode variar confor- me o número de pessoas e gêneros que mo- ram em uma casa, juntamente com as suas transições de vida. A situação financeira das pessoas, o estilo de vida que levam ou os valores que acredi- tam fazem com que escolham ou não deter- minados produtos. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade15/234 3.2.4. Psicológicos Vários fatores psicológicos inspiram os con- sumidores nas suas compras e podem ser classificados em quatro tipos: • Motivação: baseada em razões fisio- lógicas do ser humano (fome, sede, conforto), como também psicológicas (reconhecimento, estima ou sensação de pertencimento). • Percepção: depende não só de estí- mulos físicos, mas também da com- preensão da relação desses estímulos com as necessidades vigentes naque- le momento. • Aprendizagem: o comportamento das pessoas muda de acordo com seus aprendizados e experiências. • Memória: existe a memória recente, que funciona como um diretório tem- porário, e a memória permanente do consumidor, na qual todas as marcas querem ficar. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade16/234 Para saber mais Pirâmide de Maslow Abraham Maslow procurou explicar a razão pela qual as pessoas são conduzidas por certas ne- cessidades em momentos específicos. Conforme ele, as necessidades humanas são organizadas em uma hierarquia de necessidades mais urgen- tes até as menos urgentes: fisiológicas, seguran- ça, sociais, estima e autorrealização. Veja a Figura 1.2: Figura 1.2 | Pirâmide de Maslow Fonte: Kotler e Keller (2012, p.161). Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade17/234 3.3. Como Funciona o Processo de Decisão de um Consumidor Para comercializar serviços com eficiência, os gerentes de marketing devem entender os processos de pensamento usados pelos clientes durante cada um dos três estágios do processo de decisão do clien- te: a decisão de alternativas antes da compra, a reação do cliente durante o consumo e a avaliação e satisfação após a compra. (HOFFMAN E BA- TESON, 2003, p.92) No estágio de pré-compra, estão todas as atividades realizadas antes da aquisição do bem ou serviço e pode ser dividido nas se- guintes etapas: • Estímulo: nesta primeira etapa, o in- divíduo recebe algum tipo de estímu- lo, por meio de indícios sociais ou co- merciais, que o faz pensar em deter- minada compra. • Conscientização da necessidade: depois de receber o estímulo, o cliente verifica se existe mesmo a necessida- de de comprar determinado bem ou serviço, pensando em suas carências ou desejos insatisfeitos. • Busca de informações: após reco- nhecer que realmente precisa com- prar algo, o cliente busca alternativas de forma interna, por meio de suas Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade18/234 próprias memórias e experiências, ou de forma externa, solicitando infor- mações com os grupos que convive. • Avaliação de alternativas: na última etapa pré-compra, o cliente avalia todas as alternativas levantadas na etapa anterior, fazendo isso de forma intuitiva ou sistemática, baseando-se em uma lista de atributos. Já no estágio de compra, o consumidor de- cide exatamente o que comprar e procura um ponto de venda físico, por catálogo ou mesmo os locais de venda na Internet. De- pois de tomadas essas decisões, o cliente forma em sua mente um conjunto de expec- tativas sobre o bem ou serviço adquirido. Finalmente, na última etapa, é feita uma avaliação pós-compra, em que o consu- midor verifica se as decisões no momento da aquisição foram corretas, comparando suas expectativas com as percepções sobre o bem ou o serviço. 4. Expectativa X Percepção do Cliente 4.1. Medir para Melhorar Conforme norma ISO 9001(2015, p.21), “a organização deve determinar e selecionar oportunidades de melhoria e implementar quaisquer ações necessárias para atender a requisitos do cliente e aumentar a satisfa- ção dos clientes”. Dessa forma, é necessário que as empresas Unidade1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade19/234 definam e coloquem em prática métodos de medição e monitoramento sobre a qua- lidade dos serviços e consigam estabelecer, com base nos resultados dessas atividades, ações de melhoria. Esses métodos devem considerar as expectativas dos clientes, como entradas do Sistema de Gestão da Qualidade e as suas percepções, como sa- ídas. Vale ressaltar que essa norma foi elaborada com base no Ciclo PDCA (Plan-Do-Check- -Act), que considera fundamental a etapa de Verificação (Check), voltada para a ava- liação do desempenho. 4.2. Qualidade em Serviços X Satisfação dos Clientes Muitas pessoas acreditam que avaliar a qualidade dos serviços é o mesmo que ava- liar a satisfação dos clientes. Zeithaml e Bit- Link Entenda o ciclo PDCA e a importância de medir os resultados alcançados para buscar a melhoria da qualidade. Assista ao seguinte vídeo: PÍLULAS da Qualidade: o giro do PDCA. Porto Ale- gre: Quality Inn Produtos Para Qualidade Total Ltda, 2001. Disponível em: <http://www.qua- lidade-rs.org.br/mbc/pgqp/index.php?op- tion=com_pilulas&Itemid=188>. Acesso em: 16 jul. 2017. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade20/234 ner (2003) afirmam que, na verdade, a sa- tisfação é uma variável com abrangência mais ampla, relacionada ao atendimento do consumidor, enquanto que a determinação da qualidade em serviços concentra-se no dimensionamento do serviço. Certamente, uma não conformidade en- contrada durante as medições sobre a qua- lidade dos serviços também poderá afetar os níveis de satisfação e colocar em dúvida se o cliente voltará a fazer negócios com a organização. Portanto, não é surpresa dizer que existem milhares de artigos acadêmicos e estudos publicados sobre esse assunto. Caberá aos líderes de mercado a aplicação dos melho- res conceitos, convertendo-os em “requisi- tos mágicos” para contemplar a excelência organizacional. Link O Prêmio Nacional da Qualidade(PNQ) é um reco- nhecimento formal, a excelência na gestão pra- ticada pelas organizações sediadas no Brasil. Os critérios de excelência para esse prêmio consti- tuem um modelo sistêmico da gestão adotado por inúmeras organizações de classe mundial. Aces- se: CRITÉRIOS de Excelência: avaliação e diagnós- tico da gestão organizacional. São Paulo: Funda- ção Nacional da Qualidade, 2011. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/criterios_comple- to_isbn_pdf_-_FINAL.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2017. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade21/234 Glossário Contexto de uma organização: posicionamento da empresa com relação ao ambiente externo e interno no qual ela está inserida. Para analisar o contexto de uma organização, é necessário levar em consideração questões externas (política, econômica, social, mercadológica, legal, tec- nológica, geográfica) e também questões internas (valores, cultura, estrutura, conhecimento e desempenho da organização). Indícios comerciais: eventos ou motivações que fornecem estímulos ao cliente e são esforços promocionais por parte da empresa. Indícios sociais: eventos ou motivações que fornecem estímulos ao cliente, obtidos do grupo de colegas do indivíduo ou de outras pessoas significativas. Indícios físicos: motivações fisiológicas como fome, sede, frio, calor. Não conformidade: é o não atendimento a um requisito especificado pelo cliente, pela legisla- ção vigente ou pela própria organização. Questão reflexão ? para 22/234 Como você viu, existem vários fatores que influenciam o comportamento de compra dos consumidores e que são analisados criteriosamente pelos pesquisadores. Pesquise e reflita como anda o consumismo no Brasil e no mundo. 23/234 Considerações Finais • Apesar de existirem muitos conceitos sobre qualidade, muitos deles descre- vem a importância em atender às expectativas dos clientes e em garantir sua satisfação. • Os consumidores avaliam a qualidade dos serviços de diferentes formas, conforme sua percepção. • Para que as organizações possam medir a satisfação dos seus clientes e a qualidade dos serviços prestados, é necessário inicialmente investir nas ati- vidades de pesquisa e análise de dados para entender bem o perfil do con- sumidor, seu comportamento, suas expectativas e percepções. • Depois disso, as empresas poderão definir e aplicar métodos de medição para essas variáveis que funcionarão como ferramentas na busca da me- lhoria contínua, alavancando vantagens competitivas e agregando valor ao negócio. Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade24/234 Referências ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9001: Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos. 5. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9000: Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário. 5. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BERRY, L. L.; ZEITHAML, V. A.; PARASURAMAN, A. Quality counts in services, Too. Business Hori- zons, v. 28, nº 3, p. 44-52, 1985. CONSUMIDOR 3.0. Sebrae. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/ consumidor-30,a1ce438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: 16 jul. 2017. CRITÉRIOS de Excelência: avaliação e diagnóstico da gestão organizacional. São Paulo: Fundação Nacional da Qualidade, 2011. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/criterios_completo_isbn_ pdf_-_FINAL.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2017. FALCONI, Vicente. TQC – Controle Total da Qualidade: no estilo japonês. Rio de Janeiro: Fundação Christiano Ottoni, 1992. 251 p. HOFFMAN, K. Douglas; BATESON, John E. G. (Ed.). Princípios de Marketing de Serviços: Conceitos, Estratégias e Casos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2003. 628 p. JURAN, Joseph. Juran´s Quality Handbook. 5. ed. New York: Mc Graw Hill, 1998. 1730 p. https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/consumidor-30,a1ce438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/consumidor-30,a1ce438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD Unidade 1 • Os Clientes de Serviços e a Qualidade25/234 KOTLER, Philip (Ed.). Administração de Marketing: análise, planejamento e controle. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1986. v. 1. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane (Ed.). Marketing Management. 14. ed. New Jersey: Pearson Education, 2012. 657 p. MASLOW, A. H. Motivation and Personality. 3. ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1987. PÍLULAS da Qualidade: o giro do PDCA. Porto Alegre: Quality Inn Produtos Para Qualidade Total Ltda, 2001. Disponível em: <http://www.qualidade-rs.org.br/mbc/pgqp/index.php?option=com_ pilulas&Itemid=188>. Acesso em: 16 jul. 2017. SOLOMON, Michael R. (Ed.). Consumer Behavior: Buyin, Having end Being. 10. ed. Upper Saddle River: Pearson Education, 2013. 641 p. SUAREZ, J. Gerald. Three Experts on Quality Management: Philip B. Crosby, W. Edwards Deming, Joseph M. Juran. Arlington, Va: Department Of Navy - Total Quality Leadership Office, 1992. 42 p. ZALTMAN, Gerald (Ed.). Afinal, o que os clientes querem? O que os consumidores não contam e os concorrentes não sabem. Rio de Janeiro: Campus, 2003. 363 p. ZEITHAML, Valarie A.; BITNER, Mary Jo (Ed.). Marketing de Serviços: a empresa com foco no cliente. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2003. 536 p. 26/234 1. Assinale a única alternativa correta: a) Os “momentos da verdade” acontecem logo após a decisão de compra. b) Ao analisar as percepções dos clientes, devemos considerar apenas clientes externos. c) A percepção depende dos estímulos físicos que o indivíduo recebe. d) Cada encontro adicional do cliente com a empresa reforça suas percepções sobre a qualida- de do serviço. e) Os dois fatores pessoais que influenciam no comportamento do consumidor são: idade e estágio do ciclo de vida. Questão 1 27/234 2. Qual atividade abaixo não faz parte do processo de decisão do cliente: a) Avaliação de alterativas. b) Estímulo. c) Análise da expectativa do cliente. d) Avaliação pós-compra. e) Decisão. Questão 2 28/234 3.Os seguintes fatores sociais interferem na decisão de compra do consu- midor: a) Motivação, família e classe social. b) Família, grupo religioso e percepção. c) Estágio de vida, motivação e percepção. d) Grupo de amigos, família e papéis sociais. e) Aprendizagem, família e cultura. Questão 3 29/234 4. O processo de decisão de um cliente é formado por: a) Três estágios. b) Quatro estágios. c) Cinco estágios. d) Seis estágios. e) Nenhuma das anteriores. Questão 4 30/234 5. Assinale a alternativa correta sobre Qualidade em Serviços e Satisfação dos Clientes: a) A satisfação dos clientes deve ser medida porque faz parte dos requisitos da norma ISO 9001. b) Os indicadores utilizados para medir a qualidade em serviços são os mesmos utilizados para medir a satisfação dos clientes. c) A qualidade em serviços é vista como um conceito mais amplo, enquanto que a satisfação dos clientes se concentra no dimensionamento do serviço. d) A satisfação dos clientes é vista como um conceito mais amplo, enquanto que a qualidade em serviços se concentra no dimensionamento do serviço. e) A satisfação dos clientes não precisa ser monitorada, apenas medida com indicadores espe- cíficos. Questão 5 31/234 Gabarito 1. Resposta: D. A – Os “momentos da verdade” acontecem em todos os contatos do cliente com a em- presa. B – Devem ser considerados os clientes in- ternos também. C – A percepção não depende apenas dos estímulos físicos. E – Existem mais que dois fatores pessoais que influenciam os consumidores. 2. Resposta: C. A análise das expectativas dos clientes é a única atividade que não faz parte do pro- cesso de decisão de um cliente. 3. Resposta: D. De acordo com Kotler e Keller (2012), esses fatores sociais estão relacionados aos gru- pos de referência, à família e aos papéis so- ciais. 4. Resposta: A. O processo de decisão de um cliente é divi- dido em três estágios: “a decisão de alterna- tivas antes da compra, a reação do cliente durante o consumo e a avaliação de satisfa- ção após a compra” (HOFFMAN e BATESON, 2003, p.92). 5. Resposta: D. Os dois conceitos, satisfação do cliente e 32/234 Gabarito qualidade em serviços, estão entrelaçados, porém devem ser medidos por indicadores diferentes. 33/234 Unidade 2 Qualidade em Serviços Objetivos 1. Apresentar conceitos sobre serviços e os principais pontos que os diferenciam dos bens tangíveis. 2. Refletir sobre a importância da qualidade de serviços e seus pressupostos. 3. Mostrar o papel dos serviços na oferta dos bens manufatura- dos, agregando valor aos produtos e à imagem da empresa. Unidade 2 • Qualidade em Serviços34/234 Introdução Atualmente os serviços fazem parte da roti- na de todos — desde uma simples consulta médica, um almoço no restaurante preferi- do, um bom corte de cabelo ou um dia de aprendizado na escola. De acordo com Lovelock e Wright (1999), as economias modernas estão sendo impul- sionadas por negócios de serviços, sejam eles grandes ou pequenos, e em qualquer segmento de mercado. Além disso, os fa- bricantes de bens manufaturados também inseriram em seu portfólio pacotes de ser- viços para alavancar vantagens competiti- vas e adicionar receita para suas empresas. Os fatores que favorecem o evidente cres- cimento desse setor e que estabelecem di- retrizes para o seu funcionamento são: as políticas governamentais, as mudanças so- ciais, as tendências dos negócios, os avan- ços em tecnologia da informação e a inter- nacionalização. Como resultado, o setor representa hoje mais da metade da economia dos países em desenvolvimento e mais de 70% da econo- mia dos países altamente desenvolvidos. No entanto, sendo o cliente o foco principal da organização, é necessário garantir que a lacuna de serviço, ou melhor dizendo, a di- ferença entre suas expectativas e percep- ções sobre o produto solicitado seja a me- nor possível. Para tal missão — sim, é uma verdadeira missão — torna-se indispensá- vel estabelecer uma sistemática de geren- ciamento da qualidade. Por fim, podemos dizer que investir na Unidade 2 • Qualidade em Serviços35/234 qualidade dos serviços prestados possibili- ta agregar valor aos empreendimentos, es- timular parcerias e aumentar os níveis de satisfação dos clientes. 1. Serviços 1.1. O que é um serviço Primeiramente, vejamos algumas defini- ções: “Serviços são ações, processos e atuações.” (ZEITHAML e BITNER, 2003, p. 28) “Um serviço é um produto da atividade hu- mana que satisfaz a uma necessidade, sem assumir a forma de um bem material.” (FER- REIRA, 1986, p. 1577) Apesar de serem simples, essas frases nos mostram que o conceito é amplo e facil- mente aplicável não somente às prestado- ras de serviços puros, como também aos fa- bricantes de bens tangíveis que oferecem pacotes de serviços agregados. 1.2. Principais Diferenças entre Bem e Serviço De acordo com Hoffman e Bateson (2003), existem quatro características que distin- guem bens de serviços: 1.2.1. Intangibilidade Sem dúvida, a intangibilidade é a principal diferença entre bens e serviços. Essa carac- terística torna-os incapazes de serem to- Unidade 2 • Qualidade em Serviços36/234 cados ou sentidos da mesma forma que os bens materiais. 1.2.2. Heterogeneidade A heterogeneidade é uma característica que reflete a enorme variação na realiza- ção das tarefas de um serviço para outro. Os serviços diferem muito de uma empre- sa para outra e até o mesmo serviço dentro da mesma empresa. Pense nestes exemplos: serviço de manicure de um salão de beleza e lavagem dos estofados na casa do cliente. 1.2.3. Perecibilidade Nenhum serviço pode ser estocado, guar- dado e nem mesmo a capacidade não uti- lizada pode ser recuperada. Exemplo: uma lanchonete pode armazenar hambúrgueres por determinado tempo em seu estoque. No entanto, os serviços disponibilizados em uma noite chuvosa de terça-feira não po- dem ser armazenados para serem utilizados em um sábado, dia de maior movimento. Para saber mais Produtos tangíveis ou intangíveis: atualmente existem diversos tipos de produtos que variam em uma escala, desde os predominantemente tangí- veis até os predominantemente intangíveis. Exis- te um bom resumo sobre esse assunto no Capítulo 1, item 1.4, do livro Qualidade Total em Serviços: Conceitos, Exercícios e Casos Práticos, de Alexan- dre L. Las Casas. Unidade 2 • Qualidade em Serviços37/234 1.2.4. Inseparabilidade Existem três pontos inseparáveis na prestação de um serviço: a) Conexão física do provedor de serviços com o serviço prestado. b) Envolvimento do cliente no processo de produção. c) Envolvimento de outros clientes no processo de produção. Para entender melhor, vamos comparar uma fábrica de helicópteros e o serviço de táxi aéreo com helicópteros. Enquanto a fábrica tem seu processo produtivo sem a participação do cliente, no táxi aéreo o cliente participa o tempo todo do processo de produção, inclusive com outros clientes. Para saber mais A inseparabilidade também pode ser vista como uma das causas para os problemas de qualidade em serviços. No artigo “Quality Counts in Services, Too”, do jornal Business Horizons, escrito por Berry, Zei- thaml e Parasuraman, existe uma explicação interessante sobre isso. Veja os dados completos nas Re- ferências. Unidade 2 • Qualidade em Serviços38/234 Veja um exemplo na Figura 2.1, de diversos produtos e serviços alinhados de acordo com a quantidade de produtos e serviços envolvidos em cada um. Figura 2.1 | Lista de bens e serviços Fonte: Correa; Caon (2012, p. 52). 1.3. Serviços e Serviços ao Clien- te Apesar de algumas pessoas confundirem, os serviços e os serviços ao cliente ofereci- dos por uma empresa são duas coisas dife- rentes: Serviço ao cliente é o serviço prestado para dar apoio ao grupo de produtos principais de uma empresa. Está intima- mente associado a responder indagações, emitir pedidos, cuidar de questões ligadas ao faturamento, lidar com re- clamaçõesde manuseio de mercadoria, e quando for o caso, agendar manutenção e reparos. (ZEITHAML; BITNER, 2000, p. 29) Unidade 2 • Qualidade em Serviços39/234 Esse tipo de serviço pode ser realizado dentro da própria empresa, por telefone, pela internet ou por centrais de atendimento. Ele reforça o serviço principal da empresa e deve ser tratado com muito cuidado, pois é repleto de “momentos da verdade”, como vimos na nossa primeira aula. Link Para refletir um pouco mais sobre os “momentos da verdade” em Marketing de Serviços, acesse a seguinte matéria: GODOY, Wagner. Saiba o que é o “momento da verdade”: treinamento de atendimento ao cliente. Evolution Marketing, 2017. Disponível em: <http://evolutionmarketing.com.br/trenamento- -de-atendimento-ao-cliente/>. Acesso em: 25 ago. 2017. Unidade 2 • Qualidade em Serviços40/234 2. Qualidade em Serviços 2.1. Diferenças entre Qualidade de Bens e Serviços A qualidade de um produto físico pode ser medida durante todos os processos de pro- dução antes da entrega ao cliente. Isso per- mite um processo de avaliação rigoroso, re- duzindo drasticamente as falhas pela busca do “zero defeito”. Os fabricantes podem, por exemplo, inspecionar todas as peças que compõem o produto, nos diferentes proces- sos, e também auditar o produto final antes de entregar ao cliente. Já a qualidade em serviços não pode ser me- dida da mesma maneira, pois o cliente par- ticipa ativamente do processo e se houver falhas ele terá conhecimento. É necessário investir muito mais nas atividades de plane- jamento, treinamento da equipe, identifica- ção das etapas críticas do serviço e monito- Para saber mais Zero Defeito: os conceitos “zero defeito” e “fazer certo da primeira vez” foram introduzidos pelo empresário e escritor americano Philip Crosby, que contribuiu significativamente para as teorias sobre gestão da qualidade. Ele acreditava que es- sas metas deveriam fazer parte de qualquer insti- tuição, na busca pela melhoria contínua. Unidade 2 • Qualidade em Serviços41/234 ramento adequado. Dessa forma, o desafio para atingir a ex- celência na qualidade em serviços é ainda maior, pois as medições tradicionais de pro- duto não podem ser utilizadas e não existe uma regra normativa que estabeleça quais métodos a empresa deve utilizar. Portanto, as medições da qualidade em serviço deve- rão fazer parte da sistemática de gestão e produção do serviço. 2.2. Porque Buscar a Qualidade em Serviços Muitos empresários questionam os motivos e a melhor forma de investir em qualidade, antes de iniciar qualquer esforço. Na verda- de, existem vários benefícios que um Sis- tema de Gestão da Qualidade pode trazer a uma organização e os mais importantes são: • Redução de perdas e otimização de processos. • Melhoria da eficácia e eficiência ope- racional. • Melhora das informações para a to- mada de decisões. • Melhoria na confiança das partes in- teressadas. • Maior probabilidade de atingir os ob- jetivos dos processos e do negócio. • Melhoria da satisfação dos clientes. Unidade 2 • Qualidade em Serviços42/234 Berry, Zeithaml e Parasuraman (1985, p. 52) reforçam ainda que “o desafio da qualidade em serviços é encontrar — ou melhor ainda, exceder — as expectativas dos clientes”. Dessa forma, é importante que as organiza- ções entendam que não existe uma fórmula matemática ou um método fácil e simples para superar esse grande desafio. É preciso ter em mente que, apesar das dificuldades, isso não é algo inatingível, e a concorrência também sabe disso. A solução certamente tem início com o re- Link A otimização de processos tornou-se uma tarefa indispensável para sobreviver no contexto eco- nômico e competitivo no qual as empresas brasileiras estão inseridas. Veja no endereço a seguir algumas dicas do Sebrae: OTIMIZE os processos produtivos da sua empresa e reduza os custos. Sebrae, 2017. Disponí- vel em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/otimize-os-proces- sos-produtivos-da-sua-empresa-e-reduza-os-custos,0bac438af1c92410VgnVCM- 100000b272010aRCRD>. Acesso em: 2 set. 2017. Unidade 2 • Qualidade em Serviços43/234 conhecimento, por parte da alta direção, de que a excelência em qualidade pode contri- buir significativamente para atingir metas de performance organizacional e fortalecer a imagem da empresa. Além disso, é essen- cial que todos os colaboradores da empre- sa, em todos os departamentos e níveis hie- rárquicos, estejam comprometidos com a melhoria da qualidade. E finalmente, para haver a prática diária da qualidade nas empresas, nada melhor do que implementar um sistema de ges- tão, orientado por diretrizes, planejamento, abordagem de processos e muito monitora- mento. Fazer menos do que isso será a cer- teza do fracasso. 3. Serviços na Oferta de Bens Tangíveis Ao logo dos últimos trinta anos, os fabri- cantes de bens tangíveis descobriram que podem se diferenciar de seus concorrentes adicionando pacotes de serviços aos pro- dutos oferecidos. Por exemplo, fabricantes de automóveis oferecem garan- tias e serviços de manutenção para seus automóveis; fabri- cantes de computadores ofe- recem garantias, contratos de manutenção e treinamento; fabricantes de equipamentos industriais oferecem servi- ços de entrega, administram Unidade 2 • Qualidade em Serviços44/234 o estoque e prestam serviços de manutenção. (ZEITHAML; BITNER, 2000, p. 28). Além disso, também existem os serviços aos clientes, conforme descrito no item 1.3, que podem ser prestados por todos os tipos de empresas, incluindo os fabricantes de bens manufaturados. Alguns exemplos: respon- der dúvidas, tratar reclamações, checar pedidos e outros pontos ligados ao fatura- mento e até agendar manutenções e repa- ros. Para esses empresários, a principal razão em oferecer pacotes de serviços juntamen- te com os bens manufaturados é agregar valor à organização, tanto para o produto quanto para a imagem da marca. No entanto, é importante perceber, por meio dos olhos do cliente, o que pode ser consi- derado como valor agregado. Tudo depende da percepção do consumidor, afinal ele é o ponto central dos estudos de Marketing de Serviços. Link Marcas de bens tangíveis investem cada vez mais em serviços para fidelizar clientes. Veja o pacote de serviços da Nissan: COMPROMISSO Nissan. Disponível em: <https:// www.nissan.com.br/servicos.html>. Acesso em: 2 set. 2017 Unidade 2 • Qualidade em Serviços45/234 Glossário Bens tangíveis: bens com propriedades físicas que podem ser sentidas ou degustadas, como objetos e dispositivos. Gerenciamento da qualidade: atividades coordenadas para gerenciar e controlar uma organi- zação no que diz respeito à qualidade. Essas atividades incluem o estabelecimento de políticas, objetivos, processos e recursos para atingir esses objetivos. Partes interessadas: pessoa ou organização que pode afetar, ser afetada ou considerar-se como sendo afetada por uma decisão ou atividade. Exemplos: clientes, proprietários, pessoas numa organização, fornecedores, entidades bancárias, reguladores, sindicatos, parceiros ou socieda- de, em que se podem incluir competidores ou grupos de pressão opostos. Questão reflexão ? para 46/234 Com base na norma ISO 9001:2015, utilizada para o ge- renciamento do Sistema da Qualidade, reflita como a abordagem de riscos pode ajudar na melhoria da quali- dade em serviços. 47/234 Considerações Finais • Algumas características básicas distinguem os serviços dos bens manufaturados: in- tangibilidade, inseparabilidade, heterogeneidade e perecibilidade. • Os serviços, sejam eles totalmente puros, sejam híbridos ou agregados aos bens tan- gíveis, estão crescendo velozmente e agregando valor à economia mundial. Estudar marketing de serviços passou a ser uma preocupação das empresas de todo tipo e por- te. • Para que os serviços funcionem como um diferencial de uma organização, os níveis de satisfação devem ser atendidose excedidos — sempre que possível — e, portanto, não há como obter esse resultado sem investir na qualidade. • A qualidade de serviços pode trazer benefícios não somente aos clientes, mas a todas as partes interessadas de uma empresa. Os fabricantes de produtos físicos que ofere- cem pacotes de serviços também estão investindo nesse quesito. Unidade 2 • Qualidade em Serviços48/234 Referências ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9001: Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos. 5. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BERRY, L. L.; ZEITHAML, V. A.; PARASURAMAN, A. Quality counts in services, Too. Business Hori- zons, v. 28, nº 3, p. 44-52, 1985. CASAS, Alexandre Luzzi Las. Qualidade Total em Serviços: Conceito, Exercícios e Casos Práticos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 223 p. COMPROMISSO Nissan. Disponível em: <https://www.nissan.com.br/servicos.html>. Acesso em: 2 set. 2017. CORREA, H.; CAON, M. Gestão de Serviços: lucratividade por meio de operações e de satisfação dos clientes. São Paulo: Atlas, 2012. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Ja- neiro: Nova Fronteira, 1986. GODOY, Wagner. Saiba o que é o “momento da verdade”: treinamento de atendimento ao clien- te. Evolution Marketing, 2017. Disponível em: <http://evolutionmarketing.com.br/trenamento- -de-atendimento-ao-cliente/>. Acesso em: 25 ago. 2017. HOFFMAN, K. Douglas; BATESON, John E. G. (Ed.). Princípios de Marketing de Serviços: Concei- Unidade 2 • Qualidade em Serviços49/234 tos, Estratégias e Casos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2003. 628 p. OTIMIZE os processos produtivos da sua empresa e reduza os custos. Sebrae, 2017. Disponí- vel em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/otimize-os-processos-produti- vos-da-sua-empresa-e-reduza-os-custos,0bac438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD>. Acesso em: 2 set. 2017. ZEITHAML, Valarie A.; BITNER, Mary Jo (Ed.). Marketing de Serviços: a empresa com foco no clien- te. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2003. 536 p. 50/234 1. São considerados fatores que favorecem o crescimento no setor de servi- ços: a) Perfil do consumidor e mudanças sociais. b) Contexto interno e tendências dos negócios. c) Tendências dos negócios e avanços em T.I. d) Mudanças regulamentares e avanços em T.I. e) Perfil do consumidor e tendências dos negócios. Questão 1 51/234 2. A ______________________ é uma característica do serviço que re- flete a enorme variação na realização das tarefas de um serviço para outro. Questão 2 a) Homogeneidade. b) Perecibilidade. c) Intangibilidade. d) Heterogeneidade. e) Tangibilidade. 52/234 3. É considerado um tipo de serviço ao cliente: Questão 3 a) Venda de passagens aéreas por meio de site. b) Limpeza de sofás, carpetes e cortinas. c) Atendimento ao consumidor (0800). d) Delivery de pizzas. e) Entrega de cheques em casa. 53/234 4. Com base na matéria verificada neste tema, marque a afirmação correta: Questão 4 a) Entende-se por parte interessada a organização que pode afetar, ser afetada ou considerar- -se como sendo afetada por uma decisão ou atividade. b) O Serviço ao Cliente deve ser realizado dentro da própria empresa ou por telefone. c) A conexão física do provedor de serviços com o serviço prestado está relacionada à caracte- rística denominada “heterogeneidade”. d) Os fabricantes de bens manufaturados podem agregar pacotes de serviços aos seus produ- tos. e) As lacunas de serviço, que devem ser criticamente analisadas, estão relacionadas às recla- mações de clientes. 54/234 5. Os “momentos da verdade” podem ser considerados incidentes críticos, POIS são as situações nas quais a empresa avalia as necessidades do cliente. Analisando as afirmações acima, conclui-se que: Questão 5 a) As duas afirmações são verdadeiras. b) Apenas a primeira afirmação é verdadeira. c) Apenas a segunda afirmação é verdadeira. d) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. e) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira. 55/234 Gabarito 1. Resposta: C. De acordo com Lovelock e Wright, os fato- res que favorecem esse crescimento são: as políticas governamentais, as mudanças so- ciais, as tendências dos negócios, os avan- ços em tecnologia da informação e a inter- nacionalização. 2. Resposta: D. A heterogeneidade é uma característica que reflete a enorme variação na realiza- ção das tarefas de um serviço para outro. Os serviços diferem muito de uma empresa para a outra e até o mesmo serviço, dentro da mesma empresa. 3. Resposta: C. Os serviços ao cliente apenas reforçam a atividade principal da empresa. 4. Resposta: D. a) Entende-se por parte interessada a pessoa ou organização que pode afetar, ser afetada ou considerar-se como sendo afetada por uma decisão ou atividade. b) O Serviço ao Cliente pode ser realizado também dentro da própria empresa ou por telefone. No entanto, também existem os e-mails e sites. c) A conexão física do provedor de serviços com o serviço prestado está relacionada à característica denominada “inseparabilida- de”. 56/234 Gabarito d) As lacunas de serviço não são as reclama- ções de clientes. 5. Resposta: D. Os “momentos da verdade” podem ser con- siderados incidentes críticos, pois são as si- tuações nas quais o cliente avalia o serviço, de acordo com suas percepções. 57/234 Unidade 3 Determinando a Qualidade em Serviços Objetivos 1. Compreender a importância da análise das expectativas dos clientes, seus tipos e princi- pais fatores de influência. 2. Identificar e analisar as lacunas na qualidade dos serviços. 3. Definir as dimensões da qualidade em serviços e refletir como os clientes fazem suas ava- liações. 4. Perceber a qualidade em serviços como elemento determinante da satisfação dos clientes. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços58/234 Introdução Com o forte crescimento no setor de ser- viços, as empresas descobriram que para obter qualquer vantagem competitiva é ne- cessário investir na qualidade. Serviços com baixa qualidade estão relacionados direta- mente ao número de reclamações e conse- quentemente ao baixo índice de satisfação dos clientes. O primeiro grande e importante passo para prestar serviços com qualidade é conhecer tudo aquilo que o cliente espera receber. Nessa etapa, escolher o caminho errado para o levantamento e a análise de infor- mações sobre os clientes significa desper- diçar recursos, perder tempo e dinheiro e até mesmo o negócio. O serviço esperado pode variar muito entre clientes, mesmo que se tenham perfis simi- lares, e deve estar em uma zona de tolerân- cia entre aquilo que é desejado e o que pode ser classificado como adequado. Além disso, os profissionais de marketing devem estudar como o consumidor ava- lia os serviços prestados e o que realmente tem valor na sua visão. Isso pode ser dimen- sionado com base em vários elementos re- levantes, por exemplo, a confiabilidade e a segurança. E ainda, a empresa deve fazer uma análise interna, verificando quais são as lacunas que dificultam seu percurso na busca da ex- celência nos negócios. Dessa forma, podemos concluir que adotar a qualidade deve ser uma decisão estraté- gica da organização, e não uma meta isola- Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços59/234 da, tanto para melhorar o seu desempenho global como para aumentar os níveis de sa- tisfação do cliente. 1. Expectativas dos Clientes 1.2. Tipos de expectativas Apesar dos investimentos fei- tos em pesquisas de merca- do, aproximadamente 80% de todos os novos produtos e serviços fracassam em seis meses ou ficam muito abai- xo do desempenho esperado, em termos de vendas e lu- cros. (ZALTMAN, 2003, p. 29) Mas afinal, o que os clientes querem? Como determinar suas expectativas? Zeithaml e Bitner (2003) explicam o resulta- do de um estudo sobre o tema, em que co- locam que existem dois tipos de expectati- vas sobre o serviço esperado: a) Serviço desejado:é o nível de serviço que o cliente gostaria de receber, no qual estão seus desejos, esperanças e crenças. b) Serviço adequado: é o nível de serviço aceitável, ou seja, está abaixo do ser- viço desejado pelo cliente. É o mínimo que o cliente espera quando receber o serviço. Além disso, no serviço previsto, ainda há uma expectativa de probabilidade, mos- trando o nível de serviço que o cliente acre- Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços60/234 dita ser provável receber. 1.3. A Zona de Tolerância dos Clientes A zona de tolerância é a variação do nível de serviço, desde os patamares do serviço adequado até aqueles para atingir o servi- ço esperado. A seguir está a Figura 3.1 para ilustrar: Figura 3.1 | Zona de tolerância Fonte: Adaptado de Zeithaml e Bitner (2003, p. 69). Se os serviços ficarem aquém do nível de serviço adequado, os clientes ficarão frustrados e sua satisfação com a em- presa não poderá ser deter- minada. Se o desempenho dos serviços ultrapassar os limites superiores da zona de tolerância, os clientes ficarão muito satisfeitos e é provável que fiquem igualmente sur- presos. (ZEITHAML; BITNER, 2003;, p. 69) Essa tolerância varia muito de um consumi- dor para outro e até em um mesmo consu- midor, conforme as expectativas e necessi- dades do seu momento. Sendo assim, temos as seguintes conside- Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços61/234 rações sobre as zonas de tolerância: • São diferentes para cada cliente e em um mesmo cliente, conforme suas necessidades e expectativas. • Variam conforme a dimensão dos serviços, quanto mais atributos e dimensões tiver o ser- viço, mais pode variar a zona de tolerância. • Variam para serviços prestados pela primeira vez. • Variam na recuperação dos serviços — neste caso as expectativas são mais altas tanto para os resultados quanto para a forma como o serviço é prestado. 1.4. Fatores que Influenciam as Expectativas dos Clientes Existem vários fatores que influenciam as expectativas dos clientes em relação ao serviço dese- jado, adequado e esperado, conforme mostra a figura: Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços62/234 Figura 3.2 | Fatores que influenciam as expectativas do cliente em relação aos serviços Fonte: Adaptado de Zeithaml e Bitner (2003, p. 78). Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços63/234 Em relação ao serviço desejado, existem os seguintes fatores: • Os intensificadores duradouros (ou permanentes) do serviço: pessoa ou grupo de pessoas que podem influen- ciar as expectativas de um consumi- dor. Podem conter expectativas deri- vadas e filosofias pessoais do consu- midor sobre o serviço. • As necessidades pessoais: podem ser físicas, sociais, psicológicas e funcio- nais. • Promessas explícitas de serviços: são todas as afirmações comunicadas pela empresa ao consumidor. • Promessas implícitas de serviços: são as afirmações que o consumidor entende como promessa da empresa com base nos tangíveis que cercam o serviço e seu preço. • Divulgação boca a boca: são todas as informações transmitidas ao con- sumidor por alguém que passou pela experiência do serviço. • Experiência passada: são os encon- tros de serviço anteriores vividos pelo consumidor. Já em relação ao serviço adequado, exis- tem os fatores: • Os intensificadores transitórios de serviços: situações urgentes ou pro- blemas de serviços que precisam ser resolvidos a curto prazo e que deixam os clientes mais sensíveis quanto à Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços64/234 avaliação da qualidade do serviço. • Alternativas percebidas de serviços: quanto maior o número de alternati- vas que o consumidor percebe, mais a sua expectativa varia. • Papel do serviço percebido pelo cliente: os clientes acreditam que de- sempenham certos papéis com rela- ção à prestação do serviço. Isso acon- tece porque os consumidores partici- pam do processo de produção do ser- viço. • Fatores situacionais: situações do cotidiano que podem ser emergen- ciais, como acidentes e catástrofes, e que podem influenciar nas expectati- vas dos clientes. Com base na Figura 3.2, podemos observar que existem fatores comuns que também influenciam as expectativas quanto ao ser- viço esperado. E como será que as empresas lidam com esses fatores? 1.5. Possíveis Estratégias que a Empresa Pode Utilizar para In- fluenciar esses Fatores Os profissionais de marketing, conhecendo os fatores mostrados no item 1.3, procuram estudar e implementar possíveis estraté- gias para influenciar os fatores, tanto aque- les que são mais controláveis pela empresa como também aqueles menos controláveis. A seguir está um quadro com alguns exem- plos: Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços65/234 Quadro 3.1 | Formas em que o marketing pode influenciar os fatores Fatores controláveis Exemplos de possíveis estratégias Promessas explícitas de serviços. - Fazer promessas realistas e precisas. - Ajustar as propagandas com relação ao que a em- presa consegue entregar. - Orientar os funcionários para vender somente o que pode ser entregue ao cliente. Promessas implícitas de serviços. - Assegurar que os tangíveis da empresa de serviços reflitam o tipo e o nível de serviço prestado. Fatores menos controláveis Exemplos de possíveis estratégias Alternativas de serviço percebidas. - Conhecer as propostas dos clientes e, se possível, oferecer serviços compatíveis. Divulgação boca a boca. - Simular a divulgação boca a boca por meio de de- poimentos de clientes ou líderes de opinião. Fatores situacionais. - Utilizar a garantia de serviços para assegurar aos consumidores que existe uma sistemática de recupe- ração do serviço. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços66/234 Experiência passada. - Utilizar pesquisas de marketing para conhecer as experiências dos clientes com serviços similares. Fonte: Adaptado de Zeithaml e Bitner (2003, p. 80). 2. Qualidade em Serviços 2.1. Início Uma organização que tem foco no cliente procura não somente identificar e entender suas ne- cessidades e expectativas, como também compreender sua percepção sobre a qualidade do ser- viço prestado. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços67/234 2.2. Lacunas na Qualidade do Serviço Conforme Hoffman e Bateson (2003), existem muitas dificuldades para a implementação da qua- lidade de serviços e seus métodos de avaliação. No entanto, para iniciar este trabalho, o processo de qualidade pode ser examinado em termos de lacunas entre as expectativas e as percepções do cliente e da empresa (Figura 3.3). Link Destaques do Senac RS no Prêmio Nacional da Qualidade O Senac RS, organização que atua no setor da educação há 70 anos, foi uma das premiadas no PNQ 2016. Leia no link a seguir quais foram as ações implementadas com foco no cliente. SENAC RS é uma das premiadas no PNQ 2016. FNQ, 16 nov. 2016. Disponível em: <http://www.fnq. org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/cases-de-sucesso/senac-rs-e-uma-das-premia- das-no-pnq-2016>. Acesso em: 21 jul. 2017. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços68/234 Figura 3.3 | Modelo conceitual da qualidade do serviço Fonte: Adaptado de Hoffman e Bateson (2003, p. 369). Certamente, a lacuna de serviços é a mais importante delas e a organização deverá estabelecer ações para eliminá-la ou reduzi-la ao máximo. Para isso, outras quatro lacunas deverão ser tra- Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços69/234 balhadas, conforme mostra o quadro a seguir: Quadro 3.2 | Lacunas da qualidade Lacuna O que significa esta lacuna O que pode ser feito para reduzi-la ou eliminá- -la (Exemplos) Lacuna de c o n h e c i - mento Não conhecer as necessidades e expectati- vas dos clientes. - Estabelecer pesquisas adequadas e orienta- das. - Melhorar a comunicação nos diversos níveis hierárquicos da empresa. - Implementar ações para estreitar o relaciona- mento com os clientes. Unidade 3 • Determinandoa Qualidade em Serviços70/234 Lacuna de padrões Não saber traduzir em especificações pre- cisas os requisitos dos clientes para prestar serviços com qualidade. - Fortalecer o planejamento dos serviços. Pro- cessos sistemáticos favorecem a padronização dos serviços. - Definir os padrões conforme a perspectiva do cliente e não da empresa. - Mapear processos, criar procedimentos e me- tas relacionadas à qualidade do serviço. Lacuna de execução Não executar as atividades especificadas de acordo com os padrões estabelecidos. - Desenvolver treinamentos eficazes para a equipe com relação aos padrões estabelecidos. - Nada funciona no piloto automático. É preci- so monitorar como o trabalho está sendo exe- cutado. - Implementar uma sistemática de avaliação de provedores externos (fornecedores). Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços71/234 Lacuna de co m u n i c a - ções Não entregar ao cliente aquilo que foi pro- metido e divulgado pelos meios de comu- nicação da empresa. - Ajustar os vários canais de comunicação para que todos transmitam as mesmas informações. - Administrar todos os canais de comunicação. - Ajustar as comunicações entre vendas e ope- rações. Fonte: Adaptado de Zeithaml e Bitner (2003, p. 420). Para saber mais A Lacuna de Comunicações chega aos E-Services Um estudo realizado pela Internacional Customer Service Association revela que somente 36% dos 50 mil compradores do e-commerce ficaram satisfeitos com o serviço de comércio eletrônico. Leia mais sobre esse estudo no livro Princípios de Marketing de Serviços: Conceitos, Estratégias e Casos (HOFFMAN e BATESON, 2003, p. 366). 2.3. Dimensões da Qualidade em Serviços Para entender as percepções do cliente sobre qualidade em serviços, os profissionais de marke- Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços72/234 ting devem estudar esse conceito por partes e só então identificar quais são os nichos de qualidade a competir. Garvin (1987) propõe oito dimensões crí- ticas de qualidade que podem servir como base estratégica para esse estudo: desem- penho, recursos, confiabilidade, conforma- ção, durabilidade, potencial para se trans- formar em serviços, estética e qualidade percebida. Já Zeithaml e Bitner (2003) explicam de uma forma mais resumida que os consumidores consideram cinco dimensões em suas aná- lises sobre a qualidade dos serviços, que de- vem ser analisadas pelas empresas: a) Confiabilidade: refere-se à entrega do serviço prometido ao cliente com se- gurança e precisão. b) Responsividade: enfatiza a atenção e a prontidão no trato com solicitações, dúvidas e reclamações de clientes. Necessário investir na estrutura e na capacitação dos funcionários. c) Segurança: o quanto que a empresa e seus prestadores de serviço inspiram credibilidade e confiança, trabalhan- do com simpatia e habilidade. Para saber mais David Garvin foi um dos gurus da qualidade, pro- fessor de Administração Empresarial em Harvard (EUA) e consultor empresarial. Contribuiu muitís- simo com seus conceitos e dimensões da qualida- de. Leia o artigo “Competing on the Eight Dimen- sions of Quality”, indicado nas Referências. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços73/234 d) Empatia: mostra a capacidade da empresa em identificar cada um de seus clientes, conhe- cendo suas necessidades, dificuldades e preferências. Os clientes querem ser compreendi- dos e tratados de forma individual. e) Tangíveis: compreende aquilo que o cliente vê com seus próprios olhos em relação ao ser- viço, ou seja, as instalações físicas do fornecedor, as condições dos materiais e equipamen- tos e até a aparência dos funcionários. Dessa forma, as empresas devem investir em pesquisas específicas para levantar todos os pon- tos que são considerados importantes para os clientes em cada uma dessas dimensões da qua- lidade. Geralmente as organizações escolhem os clientes que devem fazer parte da pesquisa e desenvolvem questionários, porém também existem modelos já desenvolvidos por grandes es- tudiosos que também são muito úteis na avaliação dessas dimensões. O modelo SERVQUAL, por exemplo, é um deles. Para saber mais O modelo SERVQUAL é uma ferramenta de diagnóstico que permite conhecer e analisar as expectativas e percepções dos clientes com base nas cinco dimensões da qualidade. Saiba mais sobre esse modelo lendo o “Apêndice SERVQUAL”, do livro de Zeithaml e Bitner (2003), indicado nas Referências. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços74/234 O desafio da organização, ao examinar to- das as informações sobre as dimensões da qualidade, é identificar riscos e oportuni- dades que devem ser trabalhados nos pro- cessos para adicionar mais valor ao negócio e aumentar a satisfação dos clientes. 3. A Satisfação ou Insatisfação como Resultado Investir na qualidade em serviços pode tra- zer, sem dúvida alguma, melhores resulta- dos nos níveis de satisfação do cliente, des- de que ela possa ser efetivamente percebi- da pelo consumidor final. Apesar dos esforços da empresa de serviços na busca da excelência da qualidade, sa- bemos que falhas acontecem e que devem servir sempre como aprendizado para a me- lhoria contínua. As falhas de serviço estão di- retamente relacionadas com a satisfação do cliente e se dividem em três categorias: respostas a falhas no sistema Link Os parques da Disney podem comprovar que es- sas dimensões da qualidade podem ser imple- mentadas. Veja o artigo no seguinte link: WORCMAN, José. Como a Disney se tornou re- ferência de atendimento? OnYou, 30 ago. 2016. Disponível em: <http://www.onyou.com. br/blog/case-de-sucesso-como-disney- -se-tornou-referencia-de-atendimento/>. Acesso em: 20 jul. 2017. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços75/234 de prestação de serviço, respostas a necessidades e pedidos dos clientes e ação dos funcionários não induzidas ou não solicitadas. (HOFFMAN; BATESON, 2003, p. 387) Assim sendo, a empresa deve agir de forma proativa, para minimizar as falhas e estabelecer uma sistemática de reparação ao dano, equipando e treinando seus funcionários nas melhores ferra- mentas para a recuperação. Certamente, os custos das ações voltadas para a recuperação serão muito menores do que o custo da imagem e da perda dos clientes. Link 10 empresas que se destacam pela experiência do cliente Veja no link a seguir como dez empresas brasileiras conseguiram se destacar com forte atuação na qua- lidade de seus serviços e resultados baseados na experiência com o cliente. DUARTE, Tomás. Empresas que se destacam em experiência do cliente: conheça 10 exemplos. Tracksale Satisfação de Clientes, 7 set. 2016. Disponível em: <https://satisfacaodeclientes.com/empresas-que-se-destacam-em- -experiencia-do-cliente/>. Acesso em: 20 jul. 2017. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços76/234 Glossário Intensificadores duradouros do serviço: fatores pessoais ao longo do tempo e que aumentam a sensibilidade do cliente para como um serviço deve ser prestado da melhor maneira. Lacuna de serviço: distância entre a expectativa do cliente e sua percepção do serviço realmen- te prestado. Responsividade: em marketing, esta palavra é entendida como a vontade de ajudar os clientes e fornecer um serviço com motivação. Questão reflexão ? para 77/234 Você sabe o que são os “Custos da Qualidade” e do que são compostos? Pesquise conceitos e reflita como estão sendo administrados estes custos nas empresas brasi- leiras. 78/234 Considerações Finais • As expectativas dos clientes sobre o serviço esperado variam considerando uma faixa de to- lerância desde o nível aceitável (serviço adequado) até o nível desejado (serviço desejado). Como existem muitos fatores que podem influenciar nessa variação, as empresas precisam estudar detalhadamente cada um deles para conseguir especificar serviços de qualidade. • Além disso, para que a organização consiga eliminar ou reduzir ao máximo suas lacunas deserviços, ela deverá atuar nas outras quatro lacunas de sua responsabilidade. • E para entender como o cliente avalia os serviços, os profissionais de marketing deverão ana- lisar quais dimensões da qualidade poderão ser exploradas para adicionar valor aos negócios e aumentar a satisfação dos clientes. • A qualidade dos serviços deverá fazer parte do planejamento estratégico dos negócios, cola- borando para aumentar os níveis de satisfação dos clientes. Falhas internas poderão aconte- cer e deverão ser minimizadas, porém todos conhecem o ditado popular “é melhor prevenir do que remediar”, ainda mais quando o foco é o cliente. Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços79/234 Referências BERRY, L. L.; ZEITHAML, V. A.; PARASURAMAN, A. Quality counts in services, Too. Business Hori- zons, v. 28, nº 3, p. 44-52, 1985. DUARTE, Tomás. Empresas que se destacam em experiência do cliente: conheça 10 exemplos. Tracksale Satisfação de Clientes, 7 set. 2016. Disponível em: <https://satisfacaodeclientes.com/ empresas-que-se-destacam-em-experiencia-do-cliente/>. Acesso em: 20 jul. 2017. GARVIN, David A. Competing on the eight dimensions of quality. Harvard Business Review, Mas- sachusetts, Eua, v. 87603, p. 100-109, dez. 1987. HOFFMAN, K. Douglas; BATESON, John E. G. (Ed.). Princípios de Marketing de Serviços: Concei- tos, Estratégias e Casos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2003. 628 p. SENAC RS é uma das premiadas no PNQ 2016. FNQ, 16 nov. 2016. Disponível em: <http://www. fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/cases-de-sucesso/senac-rs-e-uma-das-premiadas- -no-pnq-2016>. Acesso em: 21 jul. 2017. WORCMAN, José. Como a Disney se tornou referência de atendimento? OnYou, 30 ago. 2016. Disponível em: <http://www.onyou.com.br/blog/case-de-sucesso-como-disney-se-tornou- re- ferencia-de-atendimento/>. Acesso em: 20 jul. 2017. ZALTMAN, Gerald (Ed.). Afinal, o que os clientes querem? O que os consumidores não contam e Unidade 3 • Determinando a Qualidade em Serviços80/234 os concorrentes não sabem. Rio de Janeiro: Campus, 2003. 363 p. ZEITHAML, Valarie A.; BITNER, Mary Jo (Ed.). Marketing de Serviços: a empresa com foco no clien- te. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2003. 536 p. 81/234 1. Assinale a alternativa CORRETA: a) Com os investimentos feitos em pesquisa, apenas 20% dos produtos e serviços fracassam em seis meses ou ficam abaixo do resultado esperado. b) As zonas de tolerância podem variar conforme a dimensão do serviço. c) As zonas de tolerância podem não variar na recuperação dos serviços. d) Serviço adequado é o nível de serviço estabelecido como meta pelas empresas e padroniza- do em procedimentos. e) Os clientes têm níveis de tolerância maiores quando o serviço é prestado pela primeira vez. Questão 1 82/234 2. Para eliminar ou reduzir a lacuna ___________, a empresa deve saber traduzir em ________________ os requisitos dos clientes para prestar serviços com _______________. a) De execução – especificações – exatidão. b) De padrões – especificações – qualidade. c) De conhecimento – treinamentos – qualidade. d) De conhecimento – competências – qualidade. e) De execução – treinamentos – qualidade. Questão 2 83/234 3. Leia a afirmação a seguir e depois marque a alternativa CORRETA: “As oito dimensões críticas de qualidade propostas por Garvin são: métodos, recursos, con- fiabilidade, segurança, durabilidade, potencial para se transformar em serviços, estética e qualidade percebida.” a) Todas as oito dimensões estão corretas. b) Apenas duas dimensões estão erradas. c) Apenas uma dimensão está errada. d) Todas as oito dimensões estão erradas. e) Apenas uma dimensão está correta. Questão 3 84/234 4. São fatores que influenciam as expectativas dos clientes com relação ao serviço esperado, EXCETO: a) Intensificadores duradouros do serviço. b) Promessas implícitas do serviço. c) Promessas explícitas do serviço. d) Lacunas de execução do serviço. e) Comunicação boca a boca. Questão 4 85/234 5. A dimensão da qualidade que mostra a capacidade da empresa em identi- ficar cada um de seus clientes, conhecendo suas necessidades, dificuldades e preferências, é definida como: a) Segurança. b) Responsividade. c) Empatia. d) Confiabilidade. e) Tangíveis. Questão 5 86/234 Gabarito 1. Resposta: B. A alternativa A está errada porque 80% dos serviços fracassam ou ficam com o resulta- do abaixo do esperado nos seis primeiros meses. Na alternativa C, existe sim variação na recuperação dos serviços. A alternativa D possui um conceito errado sobre serviço adequado e a alternativa E também está incorreta porque a expectativa dos clien- tes geralmente é maior quando o serviço é prestado pela primeira vez. 2. Resposta: B. A única lacuna que deve traduzir os requi- sitos dos clientes em especificações é a de padrões. 3. Resposta: B. Conforme Garvin (1987), as duas dimen- sões que estão escritas de forma incorreta são: métodos e segurança (duas). 4. Resposta: D. As expectativas dos clientes são formadas antes da execução do serviço. 5. Resposta: C. Esse é o conceito de empatia, dimensão da qualidade definida por Zeithmal e Bitner (2003). 87/234 Unidade 4 Medindo a Qualidade em Serviços Objetivos 1. Entender a necessidade das organi- zações de buscar modelos de men- suração da qualidade percebida pelo cliente em serviços. 2. Apresentar o modelo SERVQUAL, seu questionário de avaliação, benefícios e críticas. 3. Refletir o que pode ser melhorado a partir dos resultados obtidos do SER- VQUAL. Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços88/234 Introdução É inegável que entender as expectativas e percepções dos clientes é uma etapa fun- damental para conseguir a excelência nos negócios. E todo profissional de marketing sabe que sem esse estudo dificilmente ha- verá alguma melhoria nos níveis de satisfa- ção dos clientes. Sendo assim, qual deverá ser o ponto de partida para as empresas de serviços? Nos últimos trinta anos, muitos conceitos e avaliações vêm sendo desenvolvidos para entender os níveis de qualidade do serviço prestado e até onde chegar para contentar o consumidor final. Os pesquisadores Parasuraman, Zeithaml e Berry foram os pioneiros em desenvolver um método denominado SERVQUAL, feito para medir a qualidade percebida pelo cliente nos bens intangíveis. Esse modelo forne- ce diretrizes para que a medição seja feita quantas vezes for necessária, com base nas principais dimensões da qualidade. Além disso, esse método, que não deixa de ser uma pesquisa aplicada aos clientes por meio de questionários, permite à empresa um maior entendimento sobre os aspectos positivos e negativos do serviço e as lacu- nas para atingir os níveis desejados. No entanto, é importante lembrar que mo- nitorar dados e medir performance só tem sentido quando os resultados dessa ativi- dade servem para alavancar ações voltadas ao crescimento e aperfeiçoamento da em- presa. Levantar dados sem tomar ações é o mesmo que trabalhar duro para gerar ener- gia e não poder utilizá-la. Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços89/234 1. Modelos de Mensuração da Qualidade em Serviços 1.2. Porque medir a qualidade em serviços Descobrir o que os clientes esperam é essencial para proporcionar qualidade em serviços, e a pesquisa de marketing é um veículo central para compreender as ex- pectativas e percepções que os clientes possuem sobre os serviços. Em serviços, assim como em qualquer oferta, uma empresa que não faz pesquisas de marke- ting não é capaz de compreender seus clientes. (ZEITHAML; BITNER, 2000, p. 115) Dessa forma, podemos ver que para medir e monitorar os níveis de qualidade de uma organiza- ção de serviços é necessário levantar e investigar informações, saber analisá-las e definir o que e como implementar melhorias a partir delas. Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços90/234 1.3. Pesquisas em Serviços Conforme Zeithaml e Bitner (2000), o programa de pesquisas de marketingde serviços de uma empresa abrange vários tipos de pesquisa, com aspectos qualitativos e quantitativos, e os prin- cipais objetivos são: • Identificar clientes insatisfeitos e ações de recuperação. • Monitorar e acompanhar o desempenho de serviços. Link As pesquisas de marketing são importantes para qualquer organização, pois quanto maior o conheci- mento sobre o mercado de atuação, maior será a probabilidade de sucesso do negócio. Para saber os principais passos para elaborar e aplicar uma pesquisa acesse o link. GOMES, Isabela. Como elaborar uma pesquisa de mercado. Belo Horizonte: Sebrae Minas, 2013. Dis- ponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/MG/Sebrae%20de%20 A%20a%20Z/Como+Elaborar+uma+Pesquisa+de+Mercado.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2017. http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/UFs/MG/Sebrae de A a Z/Como+Elaborar+uma+Pesquisa+de+Mercado.pdf http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal Sebrae/UFs/MG/Sebrae de A a Z/Como+Elaborar+uma+Pesquisa+de+Mercado.pdf Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços91/234 • Analisar o desempenho da empresa, comparando com a concorrência. • Analisar as lacunas entre as expectativas e as percepções dos clientes. • Avaliar e monitorar possíveis mudanças em serviços. • Prever expectativas futuras dos clientes. Para saber mais De acordo com Kotler e Keller (2012), para tomar as melhores decisões táticas a curto prazo e deci- sões estratégicas a longo prazo, as empresas precisam de informações oportunas e precisas sobre os consumidores, a concorrência e o mercado. Para isso, pesquisas de marketing devem ser con- duzidas, utilizando instrumentos adequados. Veja uma interessante explicação sobre esses instru- mentos de pesquisa e como podem ser aplicados na parte 2 do livro desses autores, denominado Marketing Management. Veja nas Referências. Sendo assim, as pesquisas de marketing possuem grande utilidade para as empresas medirem a qualidade dos serviços prestados. Uma dessas pesquisas que ajuda a empresa a fazer um diag- nóstico de suas forças e fraquezas na prestação de serviços é o SERVQUAL. Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços92/234 Embora o questionário SERVQUAL não te- nha sido o primeiro modelo de medição da qualidade do setor, ele foi pioneiro ao com- parar o desempenho da empresa com em- presas excelentes e teve uma grande divul- gação e repercussão no mercado de servi- ços. 2. Questionário SERVQUAL 2.1. O que é SERVQUAL A tabela SERVQUAL foi desenvolvida em 1985 pelos autores Parasuraman, Zeithaml e Berry e é uma das ferramentas para medi- ção da qualidade em serviços mais utiliza- da, divulgada e também questionada pelos profissionais de marketing. Ela está baseada em cinco dimensões da qualidade: • Confiabilidade: refere-se à entrega do serviço prometido ao cliente com segurança e precisão. • Responsividade: enfatiza a atenção e a prontidão no trato com solicitações, dúvidas e reclamações de clientes. Necessário investir na estrutura e na capacitação dos funcionários. • Segurança: o quanto que a empresa e seus prestadores de serviço inspiram credibilidade e confiança, trabalhan- do com simpatia e habilidade. • Empatia: mostra a capacidade da em- presa em identificar cada um de seus clientes, conhecendo suas necessi- dades, dificuldades e preferências. Os Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços93/234 clientes querem ser compreendidos e tratados de forma individual. • Tangíveis: compreende aquilo que o cliente vê com seus próprios olhos em relação ao serviço, ou seja, as instala- ções físicas do fornecedor, as condi- ções dos materiais e equipamentos e até a aparência dos funcionários. Definido de uma maneira resumida: A SERVQUAL é composta de duas seções: uma de 22 itens que registra as expectativas dos clientes de empresas ex- celentes na indústria de ser- viço; outra, também de 22 itens, que mede as percep- ções do cliente de determi- nada empresa daquela indús- tria de serviço. Os resultados das duas seções são compa- rados, para se chegar às “pon- tuações da lacuna” em cada uma das cinco dimensões. Quanto maior a lacuna, mais distantes são as percepções do cliente em relação às suas expectativas. (HOFFMAN; BA- TESON, 2003, p. 368) Sendo assim, os clientes devem responder aos dois questionários, para só então a em- presa tabular os dados e fazer as devidas análises. Para entender melhor como isso funciona, veja as figuras a seguir com os questionários. Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços94/234 Figura 4.1 | Questionário – As percepções sobre a empresa Fonte: Adaptado de Apêndice SERVQUAL, Zeithaml e Bitner (2003, p. 137). Em ambos os questionários, se- rão atribuídas notas de 1 a 7, para respostas na escala de “Discordo totalmente” até “Concordo total- mente”. Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços95/234 Figura 4.2 | Questionário – As expectativas sobre as empresas excelentes Fonte: Adaptado de Apêndice SERVQUAL, Zeithaml e Bitner (2003, p. 138). Os resultados poderão ser regis- trados em planilhas eletrônicas e serão calculadas as médias das pontuações para as percepções e expectativas, suas diferenças e a média das diferenças por di- mensão da qualidade, conforme o exemplo a seguir: Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços96/234 Figura 4.3 | Resultados SERVQUAL por média não ponderada Fonte: Elaborado pelo autor. A Figura 4.3 mostra que a empresa deixa a desejar quanto à dimensão confiabilidade, principal- Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços97/234 mente na execução correta do serviço pela primeira vez (questão 3) e no cumprimen- to dos prazos (questão 4). Portanto, caberia aqui uma análise da causa raiz dessa situ- ação e também a definição de um plano de ação corretiva. Embora o questionário SERVQUAL seja mo- delo bem genérico, que pode ser adaptado facilmente para ser utilizado em vários ti- pos de serviço, ao fixar essas cinco dimen- sões da qualidade, ele limita alguns pontos importantes de pesquisa, principalmente para ramos específicos. Exemplos: serviços hospitalares e educacionais. Vale ressaltar que Zeithaml, Berry e Parasu- raman (1994) publicaram também um es- tudo em que explicam que as cinco dimen- sões da qualidade não se mantêm estatis- ticamente. Isso quer dizer que os consumi- dores não dão a mesma importância para cada uma delas. Veja a seguir quais são as mais importantes. Figura 4.4 | A importância das dimensões da qualidade em serviços Fonte: Adaptado de Zeithaml, Berry e Parasuraman (1994, p. 32). Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços98/234 2.2. Principais Benefícios da SERVQUAL • Determinar o nível médio das lacunas da qualidade. • Avaliar a qualidade do serviço de uma empresa em relação às cinco dimen- sões da qualidade em serviços. • Monitorar as expectativas e as percep- ções dos clientes ao longo do tempo. • Comparar os resultados da SERVQUAL de uma empresa com os de empresas concorrentes. • Avaliar a qualidade do serviço interno, isto é, a qualidade do serviço execu- tado por um departamento ou divisão da empresa a outros departamentos da mesma empresa. Para saber mais Desde que a escala SERVQUAL foi publicada, ela já passou por inúmeros aperfeiçoamentos e revi- sões. Atualmente existem várias versões em uso e algumas empresas calculam os resultados dessa medição por média ponderada, considerado a im- portância das dimensões da qualidade como pe- sos. Com isso, é possível analisar os resultados de uma forma mais precisa e estabelecer planos mais direcionados. A multiplicação dos resultados das lacunas pelo peso permite identificar aquelas que realmente têm maior relevância para o cliente. Unidade 4 • Medindo a Qualidade em Serviços99/234 2.3 Críticas SERVQUAL Hoffman e Bateson (2003) afirmam que a escala SERVQUAL tem sido muito debatida e criticada pelos profissionais de marketing desde a sua criação, principalmente por causa dos seguintes pontos: • Extensão do questionário:
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