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MÉTODOS AVALIATÓRIOS INTRODUÇÃO Em todo o País, o mercado imobiliário encontra-se em alta. O deficit de moradias e as ações governamentais, a exemplo do Minha Casa, Minha Vida, para sanar, em parte, esse deficit, permitem supor que, por muitos anos, esse mercado continuará aquecido. Em Brasília, a situação do mercado imobiliário mostra-se bastante privilegiada, considerando estar a cidade ainda em fase de crescimento e de possuir a maior renda per capita do Brasil, o que favorece, especialmente, o mercado voltado para as classes média e alta. Nesse contexto, a atuação do Avaliador Imobiliário reveste-se de relevância, pois, cabe-lhe o papel de manter esse mercado funcionando com preços justos, evitando, dessa forma, a especulação e a tão temida “bolha” imobiliária. Carpe Cognitium! (Aproveite o conhecimento!) Objetivos Ô Conhecer os métodos e as metodologias de avaliação. Ô Compreender as noções de Direito Notarial, bem como a documentação imobiliária. Ô Aprender como se realiza uma vistoria. Ô Compreender a importância da pesquisa de mercado e das noções de Estatística. Ô Conhecer o Método Comparativo Direto de Dados de Mercado. Ô Compreender o funcionamento da Avaliação de Imóveis de acordo com o tipo ou a finalidade pelo Método Comparativo Direto de Dados de Mercado. U N ID A D E Ú N IC A Métodos e Metodologias M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 120 CAPÍTULO 1 Métodos e Metodologias de Avaliação Métodos Avaliatórios são aqueles utilizados pelos avaliadores para definição do valor de um bem (MENDONÇA, 2010). Quanto à aplicação, os métodos podem ser diretos e indiretos. Ô Métodos diretos: são aqueles por meio dos quais se obtém o resultado de uma avaliação sem que haja a necessidade de aplicação de qualquer outro método avaliatório. Um exemplo é o Método Comparativo de Dados de Mercado. Ô Métodos indiretos: são os que dependem de resultados provenientes dos métodos, como, por exemplo, o método involutivo. A escolha do método a ser adotado pelo avaliador dependerá de três elementos. 1. Tipo do imóvel 2. Características desse imóvel 3. Oferta de imóveis que possibilite a obtenção de amostras representativas do mercado regional No que diz respeito à escolha da metodologia, assim esclarece a ABNT NBR 14.653-1: A metodologia aplicável é função, basicamente, da natureza do bem avaliando, da finalidade da avaliação e da disponibilidade, qualidade e quantidade de informações colhidas no mercado. A sua escolha deve ser justificada e ater-se ao estabelecido nesta parte da NBR 14.653, bem como nas demais partes que compõem a NBR 14.653, com o objetivo de retratar o comportamento do mercado por meio de modelos que suportem racionalmente o convencimento do valor. Geralmente, os valores de transações com imóveis semelhantes são a maior evidência de mercado para um imóvel. Havendo dados, é preciso obter um valor médio. É sempre uma média ponderada, visto que os imóveis são sempre diferentes uns dos outros. Não é possível simplesmente extrair a média aritmética. Assim, é consenso que a melhor forma de se avaliar um bem é por comparação com imóveis semelhantes – Método da Comparação de Dados de Mercado. Assim pondera a NBR 14.653-1: A metodologia escolhida deve ser compatível com a natureza do bem avaliando, a finalidade da avaliação e os dados de mercado disponíveis. Para a identificação do valor de mercado, sempre que possível preferir o método comparativo direto de dados de mercado. Apesar de o Método Comparativo Direto de Dados de Mercado ser aceito como o melhor método, é fato que o seu uso depende da existência de transações de imóveis semelhantes, na mesma época, e da localização espacial, bem como da quantidade suficiente para possibilitar a análise dos valores. Sendo esse método baseado na análise de informações sobre preços de imóveis comparáveis com o imóvel avaliando, os avaliadores precisam conferir as condições em que são feitas as transações para se certificar se os preços não estão destoando do mercado. Caso não existam dados para comparação, podem ser empregados os métodos Evolutivo, Involutivo, da Capitalização da Renda que buscam o valor por meio de outras evidências. A NBR 14.653 assegura que estes métodos “se aplicam a situações normais e típicas do mercado. Em situações atípicas, em que ficar comprovada a impossibilidade de utilizar as metodologias previstas nesta parte da NBR 14.653, é facultado ao engenheiro de avaliações o emprego de outro procedimento, desde que devidamente justificado”. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 121 Vejamos o que diz a NBR 14.653-1, no item 8.2 (ABNT, 2001) sobre os métodos de avaliação. Ô Método Comparativo Direto de Dados de Mercado: “Identifica o valor de mercado do bem por meio de tratamento técnico dos atributos dos elementos comparáveis, constituintes da amostra.” Ô Método Involutivo: “Identifica o valor de mercado do bem, alicerçado no seu aproveitamento eficiente, baseado em modelo de estudo de viabilidade técnico-econômica, mediante hipotético empreendimento compatível com as características do bem e com as condições do mercado no qual está inserido, considerando-se cenários viáveis para execução e comercialização do produto.” O método involutivo é utilizado para imóveis atípicos, quando não há elementos semelhantes para comparação. Ex.: glebas urbanas, terrenos remanescentes em zonas centrais ou terrenos para incorporação em zonas adensadas. No método involutivo, o avaliador deve verificar o aproveitamento eficiente para o imóvel avaliando. Entende-se por aproveitamento eficiente, aquele recomendável e tecnicamente possível para o local, numa data de referência, observando a tendência mercadológica. Exemplo: área rural localizada próxima ao perímetro urbano e passível de urbanização e loteamento, deve-se aplicar o método involutivo, pesquisando os valores pelo Método Comparativo Direto de Dados de Mercado com objetivo de estimar o valor de mercado imobiliário projetado para a situação hipotética. Ô Método Evolutivo: “Identifica o valor do bem pelo somatório dos valores de seus componentes. Caso a finalidade seja a identificação do valor de mercado, deve ser considerado o fator de comercialização.” Para Fiker (1997), o método evolutivo é aquele em que o valor do imóvel é obtido de forma indutiva, a partir do valor do terreno, considerando-se todos os elementos que influenciam o custo de sua construção e o preço de venda. Macanhan et al. (2000 apud TAVARES, MOREIRA, PEREIRA, 2009) diz que o valor do imóvel é obtido somando-se, ao valor do terreno, os custos de produção do imóvel, tais como, custos dos materiais e mão de obra para a construção, além de outros elementos que também influem no valor final do imóvel, tal como lucro do incorporador. Ô Método da Capitalização da Renda: “Identifica o valor do bem, com base na capitalização presente da sua renda líquida prevista, considerando-se cenários viáveis.” Macanhan et al. (2000 apud TAVARES, MOREIRA, PEREIRA, 2009) informam que o método da renda é muito utilizado para se determinar o valor do imóvel a partir do aluguel que este gera, aplicando-se uma determinada taxa mínima de atratividade a um determinado número de períodos de capitalização, ou seja, é uma ferramenta adequada para se analisar a viabilidade do investimento. Etapas de uma avaliação A avaliação de imóveis pode ser decomposta de três etapas fundamentais: Vistoria; Pesquisa de Mercado e Relatório Final. As duas primeiras compõem os trabalhos de campo, alicerce fundamental de qualquer avaliação, e sobre o qual estará assentada a base de todos os resultados e conclusões, e a última, refere-se aos trabalhos internos, que cuida da análise e do tratamento dos dados obtidos nas duas etapas anteriores. Entretanto, não podemos deixar de citar a importância da análise documental e do tratamento dos dados da amostra.Assim, numa avaliação de imóveis, devemos observar as seguintes etapas, que serão estudadas mais adiante. 1. Análise documental 2. Vistoria 3. Pesquisa de imóveis para composição do quadro amostral 4. Tratamento de dados (homogeneização das amostras) 5. Determinação dos valores unitários homogeneizados do quadro amostral 6. Determinação do valor médio estimado do imóvel avaliando 7. Relatório final M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 122 Para fazer a análise documental, o avaliador precisa conhecer os diversos aspectos referentes ao registro de imóveis, como se dá a aquisição de uma propriedade, bem como a documentação imobiliária para que verifique as condições legais do imóvel que irá avaliar. Na ABNT NBR 14.653-1, você poderá conhecer melhor os métodos e as metodologias de avaliação. Acesse o site: <http://twixar.me/LfCK> E amplie seus conhecimentos. CAPÍTULO 2 Noções de Direito Notarial e a Documentação Imobiliária Desde os primórdios da humanidade, os homens submeteram ao seu poder as coisas que entendiam convenientes à satisfação de suas necessidades. E esse poder, como não poderia deixar de ser, é disciplinado pelo Direito, pois constitui um dos elementos necessários à existência da vida em comum. Confira o que Mota Pinto (1999, p. 131) diz a esse respeito. O poder de fato sobre as coisas submete-se materialmente à vontade do homem. Mas, se o direito se desinteressasse, por absurdo, de submeter os poderes dos homens sobre as coisas à sua disciplina, o poder de fato sobre as coisas não se impunha ao respeito das outras pessoas. Tornar-se-ia inseguro, exposto a agressões, seria defendido com força própria do seu titular. Uma tal situação seria a negação da ordenação jurídica da sociedade. Seria o reino da força, pois sendo os bens escassos em relação às necessidades sentidas pelos homens, e procurando estes subtrair-se ao império das necessidades, seria inevitável a luta pela sua apropriação. Seria impossível, pois, a vida em comum. Constitui, assim, missão fundamental do Direito organizar, segundo os valores jurídicos, os poderes dos homens sobre as coisas e o conteúdo das relações entre os homens a respeito das coisas. Atento a essas peculiaridades, o Direito regula três situações distintas, em que se manifesta o poder dos homens sobre as coisas: a propriedade, a posse e a detenção.Como nosso objetivo não é discorrer sobre aspectos do direito sobre estes itens, vejamos, a seguir, como sé dá a aquisição da propriedade imobiliária. Aquisição da propriedade imobiliária Pelo registro Em virtude da importância dada pelo ser humano à propriedade, fez-se necessário protegê-la e, para isso, foram criados sistemas jurídicos. No Brasil, o Serviço de Registro de Imóveis é o repositório de informações que se relacionam à propriedade imobiliária; esse serviço também está previsto na Lei no 6.015/1973. Devemos ter presente que o Sistema de Registro de Imóveis no Brasil, para as transmissões intervivos da propriedade, é eminentemente constitutivo, o que significa dizer que a criação de um direito depende da realização de um registro. Portanto, o registro cria direitos. Sem o registro o direito não nasce. E o que podemos ver, com uma compra e venda, por exemplo, em que a propriedade somente é adquirida quando registrado o título de transferência. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 123 O Brasil adotou o binômio título-modo para aquisição da propriedade imóvel, diferentemente dos bens imóveis, que se transmitem pela tradição (entrega da coisa). Para a transferência de bens imóveis, é necessária a formalização de um contrato escrito, que conterá a vontade das partes, ou seja, o título, que deverá ser levado ao Registro de Imóveis para a realização do registro, que é o modo de transferência da propriedade. Ou, como consta no art. 1.245 do Código Civil. Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título no Registro de Imóveis. Como em toda boa regra, há exceções ao especificado acima. Na usucapião, por exemplo, a propriedade é adquirida com o implemento dos requisitos, mas o registro é obrigatório, não por sua aquisição, mas para a disponibilidade dela. Se o usucapiente não registrar o Mandado de Registro de Usucapião, ele continuará sendo proprietário, mas não poderá alienar ou onerar o imóvel regularmente antes de realizar o registro. O mesmo ocorre com o direito à sucessão aberta, que transmite a propriedade pelo evento morte. Todavia, enquanto não registrada a partilha, o herdeiro não terá a coisa ao seu dispor. Nesses casos, portanto, o registro deixa de ser constitutivo, mas declaratório, para tornar pública a alteração jurídica do bem. O serviço de Registro de Imóveis é um sistema específico de publicidade, pois somente o registro feito no órgão competente gera direito. Se alguém pretende obter informações sobre a propriedade de um bem imóvel, não será em outro local que não no Registro de Imóveis. Existem outros órgãos que se relacionam com os bens imóveis, mas não com a propriedade deles. É ele que outorga publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos fatos e atos jurídicos que estão relacionados aos imóveis. O sistema brasileiro admitiu a presunção relativa, isto é, até a prova do contrário, a lei atribui eficácia jurídica e validade perante terceiros do que consta no Álbum imobiliário. Dessa forma, havendo alguma imperfeição ou vício no registro, permite-se sua retificação. Pela acessão (construção) Outra forma de aquisição da propriedade imobiliária é a acessão. Existem diversas formas de acessão, como formação de ilhas, aluvião, abandono de álveo e plantações e construções; todas previstas a partir do art. 1.248 do CC. Serão tratadas, aqui, apenas as construções. Uma construção é a edificação em um terreno; é tudo aquilo que o homem incorpora ao solo. A demolição, para fins previdenciários, equipara-se à construção. Via de regra, as construções são realizadas sobre a superfície do terreno, mas também podem ser executadas no subsolo. A propriedade do solo abrange os correspondentes espaço aéreo e subsolo, em altura e profundidade úteis ao exercício dela. Não abrange, porém, jazidas, minas e demais recursos minerais; potenciais de energia hidráulica; monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. Nesse caso, o proprietário terá o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não sejam submetidos à transformação industrial. Presume-se que toda construção existente em um terreno seja feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. Portanto, eles são as partes legitimadas para requerer a averbação no Registro Imobiliário de uma construção na matrícula de um terreno. Pretendendo-se fazer constar de forma diversa, será necessária a anuência dos proprietários, mas, nesse caso, a propriedade do que for incorporado ao solo passará a ser deles, cabendo indenizações àquele que realizou a edificação, se o fez de boa-fé. Outrossim, pretendendo-se a separação da propriedade do terreno da propriedade da construção, será necessária a constituição do direito real de superfície. Novidade estabelecida pelo Código Civil foi a constante do Parágrafo único do art. 1.255: M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 124 Art 1.255 [...] Parágrafo único. Se a construção ou plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Há, então, uma forma de aquisição forçada da propriedade, equivalente a uma compra e venda compulsória, que terá de ser resolvida em juízo, se houver litígio, ou por meio da formalização do negócio jurídico hábil, como uma compra e venda, dação, permuta, doação etc. Art. 1.258. Se a construção, feitaparcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responder por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Parágrafo Único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. Para finalizar, a averbação de construção ou de demolição é procedida a requerimento da parte interessada, com sua firma reconhecida, devidamente instruído com a “Certidão de Habite-se” ou de demolição expedida pelo município, pelo órgão encarregado, bem como com a certidão negativa de débito expedida pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A dispensa da apresentação dessa certidão está prevista na legislação previdenciária. Pela sucessão Outra modalidade de aquisição da propriedade imobiliária é a abertura da sucessão, cujo marco é o falecimento de uma pessoa natural, momento em que ocorre a transmissão da herança aos herdeiros legítimos e testamentários. Assim, desde o evento morte, os herdeiros já serão os proprietários dos bens do de cujus. Entretanto, para definir a porção que couber a cada um, faz-se necessária a partilha desses bens, realizada judicial ou extrajudicialmente. O último caso não será possível se houver herdeiros incapazes. Assim, o registro imobiliário não será constitutivo de direito, mas declaratório, pois ele será necessário para que os herdeiros possam dispor da propriedade do bem ou dos bens adquiridos (art. 172 da Lei no 6.015/1973 –LRP). Não se exclui a possibilidade de os herdeiros realizarem, antes da partilha, a cessão dos direitos hereditários por uma escritura pública, conforme lhes autoriza o art. 1.793, do CC. Realizado esse negócio jurídico, que tem natureza aleatória, o cessionário habilitar-se-á no inventário, se já estiver em andamento, ou o promoverá, se não foi iniciado, a fim de que, no final do processo, após a homologação da partilha, lhe seja outorgado um título que, contendo a representação do seu direito de propriedade, terá acesso ao Registro de Imóveis. Existe, ainda, outra forma de aquisição da propriedade imóvel, relacionada ao Direito Administrativo, e não ao Civil, que é a desapropriação. Por meio desta, o Poder Público retira a propriedade de um particular e a integra no seu patrimônio, gerando ao expropriado o direito de indenização em dinheiro ou em títulos da dívida pública, dependendo do caso. Registro de imóveis Laura Beck Varela (2005, p. 231) sintetiza o panorama de como se foi desenhando a propriedade imobiliária no Brasil e sua regulamentação, da seguinte maneira. A propriedade privada imobiliária brasileira é, fruto de um longo processo que marca a saída dos bens do patrimônio público régio, um esforço gradativo de delimitação da esfera privada, em oposição ao que era público – as terras do rei. A cristalização do direito de M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 125 propriedade privada foi, certamente, o resultado de uma complexa “construção”, forjada em meio às tensões sociais e às condicionantes da infraestrutura econômica. Hoje, o sistema registral está regulamentado por um emaranhado de normas jurídicas, todas sob a regência infraconstitucional da Lei de Registros Públicos (LRP), como veremos a seguir. Decreto no 4.857/1939 O Decreto no 4.857/1939 foi o primeiro diploma legal brasileiro que normatizou, de maneira exaustiva, os registros públicos em geral (registro civil, títulos e documentos, imóveis e propriedade literária, científica e artística), deixando claro em seu art. 1º que sua finalidade precípua foi dar autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos sujeitos ao seu regime. Especificamente com relação ao registro imobiliário, que é o objeto de nosso estudo, o Decreto no 4.857/1939 instituiu um sistema de registros chamado “sistema do fólio pessoal”, exatamente porque seu foco estava na transação imobiliária e seus atores, ou seja, no tipo do negócio jurídico celebrado e nas pessoas dos contratantes. Lei no 6.015/1973 A Lei no 6.015/1973, mais conhecida como Lei de Registros Públicos (LRP) revogou expressamente o Decreto no 4.857/1939 e está em pleno vigor até os dias de hoje. É ela a “lei maior” dos registros públicos no Brasil, e, por consequência, do registro imobiliário brasileiro. Tal qual o decreto revogado, a LRP diz, claramente, em seu primeiro artigo, que os registros públicos, e, por conseguinte, o registro de imóveis, tem a finalidade de conferir autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos sujeitos ao regime da lei. Essa lei aperfeiçoou bastante o registro imobiliário brasileiro, instituindo um novo sistema registral, ao qual foi dado o nome de Sistema do Fólio Real, pois colocou o imóvel no centro do sistema, e não mais as pessoas ou os negócios jurídicos a ele relativos, como acontecia anteriormente. E isso se deu com a criação da matrícula do imóvel, ou seja, o fólio real ou “folha do imóvel”. A matrícula é como se fosse o curriculum vitae do imóvel, porque junta todos os atos a ele relativos num documento só, num livro só, numa “folha” só. Quanto aos livros registrais, vê-se uma drástica mudança, com a diminuição para cinco livros, mais o “Livro Auxiliar das Aquisições de Terras Rurais por Pessoas Estrangeiras”, ficando assim formatada a biblioteca registral (art. 173). Ô LIVRO No 1 – Protocolo (prenotação do título) Ô LIVRO No 2 – Registro Geral (matrículas) Ô LIVRO No 3 – Registro Auxiliar (atos que não digam respeito diretamente a imóvel ou que o apresentante requeira o seu registro nesse livro, sem prejuízo do registro no Livro no 2) Ô LIVRO No 4 – Indicador Real (dados do imóvel envolvido no título) Ô LIVRO No 5 – Indicador Pessoal (dados da pessoa envolvida no título) Ô LIVRO AUXILIAR DAS AQUISIÇÕES DE TERRAS RURAIS POR PESSOAS ESTRANGEIRAS (a LRP não faz menção a esse livro, mas a Lei no 5.709/1971 continua em vigência) A nomenclatura dos atos registrais foi alterada: o que antes era “transcrição” e“inscrição” passou a ser “Registro” (art. 169 da LRP). Portanto, estes são os atos registrais atuais. Ô Matrícula é o ato de criação do fólio real, ou seja, a abertura da folha do imóvel, contendo o número de ordem, a identificação do imóvel, o nome do proprietário e sua qualificação, o número do registro anterior e a data de abertura (só se faz no Livro no 2). Ô Registro para os atos de transmissão e constituição de todos os direitos reais (faz-se nos Livros nos 2 e 3). Ô Averbação para atos acessórios, cancelamentos e direitos pessoais. Não são feitos “à margem da matrícula”, mas, sim, “na matrícula” ou no Livro no 3 (faz-se nos Livros nos 2 e 3). M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 126 Essa é a posição doutrinária acerca dos atos registrais, entretanto, na prática legislativa, a orientação doutrinária é esquecida, levando o legislador a determinar muitas vezes o registro de atos que não correspondem à transferência ou constituição de direitos reais (exemplo: registro de penhora; registro de arrolamento de bens pela Receita Federal; registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias etc.), e, em contrapartida, a determinar a averbação daquilo que configura transferência ou constituição de direito real (exemplo: averbação de partilha em separação ou divórcio em que o imóvel passa a pertencer a apenas um dos cônjuges; averbação de incorporação societária quando um imóvel passa da empresa incorporada para a incorporadora etc.). Quanto aos atos pertinentes aos Livros nos 1, 4 e 5, permanece a nomenclatura de Lançamento,Anotação ou Apontamento. Em contrapartida, o ato registral chamado “Inscrição” deixou de existir, sendo que hodiernamente esse vocábulo é usado como designação genérica para todos os atos efetuados no Registro de Imóveis, da mesma forma que a própria palavra “registro”, muitas vezes usada com essa conotação genérica. Fato é que a Lei no 6.015/1973 trouxe mais praticidade e segurança ao registro imobiliário, especialmente em razão da criação da matrícula, sua principal inovação, acabando com a diversidade de livros contendo atos registrais (transcrições, inscrições e averbações) sobre o mesmo imóvel. Lei no 8.935/1994 A Lei no 8.935/1994, mais conhecida como Lei dos Notários e Registradores (LNR), regulamenta o exercício das atividades notariais e registrais, definindo atribuições, competências, responsabilidades, direitos, deveres e fiscalização, esta última exercida pelo Poder Judiciário. Fora essas leis que tratam especificamente dos registros públicos, inúmeros diplomas legais tratam pontualmente da matéria registral, tais como Lei no 4.591/1964 (condomínios e incorporações); Decreto- Lei no 58/1937 (parcelamento do solo rural); Lei no 6.766/1979 (parcelamento do solo urbano); Lei no 9.514/1997 (alienação fiduciária de imóveis); Lei no 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) etc. O Direito Registral Imobiliário brasileiro é regido por alguns princípios normativos, que orientam a aplicação dos dispositivos legais relativos ao registro de imóveis, a fim de que seja alcançado o objetivo institucional deste, qual seja, dar segurança, autenticidade e eficácia aos atos jurídicos imobiliários, por meio da publicidade registral. Os princípios mais consolidados na doutrina são os seguintes. Ô Inscrição – Os direitos reais imobiliários só se constituem ou se transmitem ou se extinguem com o registro (inscrição) no serviço imobiliário respectivo, salvo as exceções legais (usucapião, acessões, herança, abandono, perecimento, desapropriação e casamento sob o regime da comunhão universal de bens). Pode ser resumido pela máxima: “QUEM NÃO REGISTRA NÃO É DONO” ou “QUEM NÃO REGISTRA NÃO TEM DIREITO REAL SOBRE O IMÓVEL”. Este princípio pode ser visto nos arts. 167, I e II, 168, 169 e 172 da LRP e 1.227 e 1.245, §1o, do CC. Ô Legalidade – O registrador tem a obrigação de examinar a legalidade, validade e eficácia dos títulos apresentados à inscrição imobiliária, obstando aqueles que porventura possuam vícios materiais ou formais (art. 198 da LRP). “A validade da inscrição depende da validade do negócio jurídico que lhe dá origem e da faculdade de disposição do alienante”. (AFRÂNIO DE CARVALHO, 1982, p. 269) Ô Publicidade – O ato registral gera presunção absoluta de que todas as pessoas têm conhecimento de sua existência (ficção de conhecimento), garantindo a oponibilidade erga omnes dos direitos inscritos (art. 172 e 16 da LRP e art. 1o da LNR). Ô Fé Pública (ou Legitimação) – Os registros efetuados e as certidões expedidas pelo registrador são garantia da existência e autenticidade dos atos praticados na serventia (art. 3o da LNR). Se tanto o ato de registro quanto o de averbação possuem a mesma estrutura, ou seja, ambos são praticados na matrícula, recebem numeração sequencial ininterrupta, geram os mesmos efeitos de publicidade erga omnes, e a prática de um no lugar do outro não gera nulidade (conforme jurisprudência hoje pacífica), o que justifica a permanência dessa diferenciação entre registro e averbação? M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 127 Ô Presunção – A presunção de validade e eficácia dos atos jurídicos inscritos no registro de imóveis – regra geral – é iuris tantum (registro comum), ou seja, até prova em contrário, nos termos do art. 252 da LRP e art. 1.245, §2o, do CC. A exceção é o Registro Torrens, que tem presunção de validade e eficácia iuris et de iure, impossibilitando que o registro seja atacado (art. 277 e seguintes da LRP). Ô Prioridade – O título que primeiro ingressar no Livro Protocolo terá prioridade e preferência à inscrição. É um princípio que afasta a contradição entre títulos. Ô Especialidade – Para que a inscrição possa ser efetuada, tanto a descrição do imóvel (especialidade objetiva) quanto a do sujeito do direito (especialidade subjetiva) devem guardar perfeita correlação com o registro anterior (art. 176, §1o, II, 3 e 4, e arts. 222 e 225 da LRP). Ô Continuidade (ou Trato Sucessivo) – Deve existir uma cadeia de atos e de titularidade de direitos, sequencial e ininterrupta, gerando uma coerência jurídica e cronológica dos atos inscritos, sendo os mais recentes apoiados nos mais antigos (arts. 195 a 197, 222, 225, 228, 229, 236 e 237 da LRP). A exceção a este princípio fica por conta da usucapião. Ô Disponibilidade – Ninguém pode transferir mais bens ou direitos do que efetivamente possui (arts. 172 da LRP). Ô Rogação (ou Instância) – Em regra, o ato registral é de iniciativa do interessado (arts. 13 e 217 da LRP), vedado ao registrador atuar ex officio, à exceção dos casos previstos no art. 167, II, 13 e art. 213, I, da LRP. Ô Territorialidade – O registrador imobiliário só pode praticar atos relativos a imóveis da sua circunscrição, que é definida por lei, sob pena de nulidade, salvo as exceções previstas no art. 169 da LRP. Ô Retificação – O ato inscrito pode ser retificado ou anulado, se não exprimir a verdade dos fatos (art. 213 da LRP e art. 1.247 do CC). Ô Cindibilidade – Um título que contenha mais de um ato a ser inscrito poderá ser objeto de inscrição parcial, desde que um não dependa do outro, porém, o apresentante deverá solicitar expressamente a cisão do título (Ex.: formal de partilha que contenha mais de um imóvel). Ô Unitariedade Matricial – Para cada imóvel, só deve haver uma matrícula, e cada matrícula só deve corresponder a um imóvel (art. 176, §1o, I da LRP). Ô Concentração – Nenhum fato ou ato jurídico que diga respeito ao imóvel ou às pessoas com ele envolvidas deve ficar de fora do sistema registral, mesmo que seja apenas para dar publicidade ao referido fato ou ato jurídico (art. 167, II, 5 e art. 246 da LRP). Documentação imobiliária O problema das documentações é o de se poder vender ou comprar com segurança. A função do agente de negócios imobiliários não é só aproximar vendedor e comprador, é orientar também. Se a questão estiver complexa, é bom que indiquem um advogado especializado em direito imobiliário, para que não sejam acusados de culpa. Nesta fase, muitos compram verdadeiras dores de cabeça. Apesar de a vistoria focar exclusivamente sobre os aspectos físicos do imóvel, é indispensável ter em mão, no mínimo, o título de propriedade do imóvel, para verificação da sua situação legal, procedimento importante para garantir um seguro e eficaz desenvolvimento do trabalho. Nesse sentido, é interessante que o Avaliador entreviste o proprietário do imóvel ou o requerente da avaliação e solicite a documentação do imóvel, para que possa tomar conhecimento da documentação disponível. De acordo com Mendonça (2010), “a documentação solicitada engloba plantas do imóvel, o título de propriedade, o Documento Imobiliário Municipal (DIM), bem como eventuais outros documentos que possibilitem ao avaliador ter uma visão mais ampla da situação legal do imóvel que irá avaliar”. Existem diversos tipos de plantas do imóvel, entre elas, estão as seguintes. Ô Planta baixa Ô Planta de cobertura, que é a planta do telhado visto de cima M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 128 Ô Planta de situação, que é a planta da casa situada no terreno Ô Planta de localização, que é a planta da casa e do terreno localizado com as ruas Ô Cortes, que são as elevações do projeto Ô Fachada, que é a vista de frente da casa Em regra, os documentos necessários para a venda do imóvel são os seguintes. Do imóvel Ô Título de propriedade registrado no Cartório do Registro de Imóveis competente(escritura pública, carta de arrematação, formal de partilha etc.). Ô Certidão atualizada, expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis, expedida nos últimos 30 dias. Este documento talvez seja o mais importante, porquanto além de atestar a titularidade do imóvel, também esclarecerá se o imóvel está gravado com algum ônus real. A presente certidão, ainda, traça todo o histórico do imóvel, indicando se possui “habite-se”. Ô Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI): Deve ser pago pelo comprador ao município e apresentado na hora de dar entrada na escritura do imóvel. A taxa é de 2% do valor do bem e pode ser paga diretamente na Prefeitura. Atualmente, nos financiamentos imobiliários, cuja linha de crédito ocorrerem dentro do SFH, ensejará ao comprador pagar 0,5% de taxa de ITBI e 2% sobre o valor não financiado. Ô Certidão de Situação Fiscal Imobiliária: Certidão que serve para levantar se o imóvel tem algum imposto pendente e que ainda não foi ajuizado. Juntamente com esta certidão devem ser apresentados os carnês originais de IPTU dos 2 (dois) últimos anos pagos, até a data da escritura. Ô Certidão para se conhecer a situação enfitêutica, isto é, se o imóvel é foreiro, ou seja, se tem domínio útil de órgãos públicos ou privados, como a Marinha e a Igreja. Deve ser solicitada na prefeitura municipal. Ô Planta baixa: Apresentada em casos de financiamento ou utilização do saldo do FGTS. Ô Declaração de quitação condominial: Declaração do Síndico ou da Administradora, afirmando que o imóvel se encontra em dia com o pagamento das cotas condominiais. Se a declaração for dada pelo síndico, deve vir acompanhada da Ata da Assembleia que o elegeu. Da escritura Ô A escritura deverá ser lavrada em cartório, após a entrega de todos os documentos acima. Após lavrada a escritura, deverá ser providenciada a sua transcrição no Registro Geral de Imóveis. Na entrevista, o avaliador informa-se sobre a finalidade da avaliação, inclusive inteirando-se de toda a situação do imóvel, coletando detalhes sobre o imóvel, a região onde ele está situado, bem como eventuais aspectos que possam influir no resultado da avaliação e na valorização ou desvalorização do imóvel avaliando. CAPÍTULO 3 Vistoria A vistoria é imprescindível na avaliação de um imóvel e caracteriza-se pelo exame cuidadoso do bem avaliando, em que são verificadas todas as características do imóvel e as condições que o cercam. Algumas dessas características serão encontradas na certidão de registro de imóveis, plantas etc. A Norma NBR 14.653-1 define vistoria como a “constatação local de fatos, mediante observações criteriosas em um bem e nos elementos e condições que o constituem ou o influenciam”. Isso significa dizer que a vistoria compreende uma verificação criteriosa do imóvel, observando as possíveis características que possam valorizá-lo (proximidade a shopping centers, universidades, parques, praças etc.) ou desvalorizá--lo (proximidade a favelas, aterros sanitários, córregos poluídos etc.), bem como a observação do espaço geográfico de sua localização. De acordo com Mendonça (2010): M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 129 o avaliador deverá perceber as peculiaridades de cada imóvel individualmente, dando mais ênfase a uma do que a outras, de acordo com o tipo de imóvel objeto da sua avaliação, observando, entre outros aspectos, topografia, natureza, características arquitetônicas, tipo do solo, área construída, área de terreno, vocação, padrão construtivo, número de quartos e de garagens e estado de conservação. No que se refere à área geográfica, é importante que sejam observados o meio ambiente, a infraestrutura urbana, os melhoramentos públicos existentes, como, por exemplo, redes de energia elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário, telefonia, gás, coleta de lixo etc., o sistema viário, o transporte coletivo, a segurança, o comércio local (bancos, farmácias etc.), inclusive o mercado de trabalho local. É durante a vistoria que o avaliador realiza o levantamento de dados técnicos e as características físicas e de utilização do imóvel e outros fatores relevantes para a formação do valor. Por este motivo, ao proceder à vistoria, avaliador deve ter em mão um formulário para anotar as informações e observações levantadas e uma máquina fotográfica para registar os pontos principais do imóvel, tanto interno quanto externo. As fotografias proporcionam ao interessado, uma melhor ideia das características do imóvel, seu estado de conservação e padrão construtivo. Elas propiciam, também, uma análise mais tranquila e detalhada pós-vistoria e devem compor o parecer técnico (PTAM). A NBR 14.653-1 tem algumas regras em relação à vistoria de imóveis, descritos a seguir. 7.3.1 Nenhuma avaliação poderá prescindir da vistoria. Em casos excepcionais, quando for impossível o acesso ao bem avaliando, admite-se a adoção de uma situação paradigma, desde que acordada entre as partes e explicitada no laudo. 7.3.2 A vistoria deve ser efetuada pelo engenheiro de avaliações com o objetivo de conhecer e caracterizar o bem avaliando e sua adequação ao seu segmento de mercado, daí resultando condições para a orientação da coleta de dados. 7.3.3 É recomendável registrar as características físicas e de utilização do bem e outros aspectos relevantes à formação do valor. 7.3.4 O conhecimento de estudos, projetos ou perspectivas tecnológicas que possam vir a afetar o valor do bem avaliando deverá ser explicitado e suas consequências apreciadas. Gonzales (1997) assevera que a inspeção local é de extrema importância, principalmente para métodos baseados em comparação de dados. Para Dantas (1998), a vistoria consiste em verificar a veracidade dos fatos, além de verificar outros fatores importantes na determinação final do valor. Por isso, deve-se vistoriar não apenas o imóvel, mas também todos os fatores relevantes sobre ele. Fazer o levantamento de todas as suas características físicas e locacionais, com o objetivo de identificar, preliminarmente, as possíveis variáveis responsáveis pela formação dos preços de bens. Vale destacar que, na Seção 7.3.5 da referida Norma, que trata de situações especiais, fica clara a importância deste tópico. Observa-se, pelas exigências impostas, a importância dada ao contato direto com o bem a avaliar. Tal Norma recomenda, em casos de dificuldades de executar a vistoria, os seguintes procedimentos. Seção 7.3.5.1, que diz respeito à vistoria por amostragem Na avaliação de conjunto de unidades autônomas padronizadas, é permitida vistoria interna por amostragem aleatória de uma quantidade definida previamente pelas partes ou, se houver omissão no contrato, de um percentual mínimo de 10% do total das unidades de cada bloco ou conjunto de unidades de mesma tipologia. Seção 7.3.5.2, que trata da impossibilidade de vistoria Quando não for possível o acesso do avaliador ao interior do imóvel, o motivo deve ser justificado no laudo de avaliação. Neste caso, em comum acordo com o contratante, a vistoria interna pode ser prescindida e a avaliação pode prosseguir com base nos elementos que for possível obter ou fornecidos pelo contratante, tais como: M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 130 a) descrição interna; b) no caso de apartamentos, escritórios e conjuntos habitacionais, a vistoria externa de áreas comuns, a vistoria de outras unidades do mesmo edifício e informações da respectiva administração; c) no caso de unidades isoladas, a vistoria externa. As considerações hipotéticas sobre o imóvel que configuram a situação paradigma, devem estar claramente explicitadas no laudo de avaliação. Seção 7.3.5.3, sobre planta de valores Nas avaliações em massa, a partir de dados cadastrais, recomenda-se vistoria por amostragem, com o objetivo de aferir os critérios e percepções considerados no cadastro. Vejamos os elementos que devem ser observadose anotados na inspeção do imóvel: caracterização da região, caracterização do terreno e caracterização das edificações. Caracterização da região O início de uma vistoria dá-se, de fato, antes do contato com o imóvel, ou seja, o trabalho do avaliador inicia-se com o reconhecimento da região. Preliminarmente, é importante conhecer a localidade em que está situado o imóvel avaliando e verificar sua compatibilidade com o universo em que está inserido. Determinar o perfil do bairro ou da região, então, é o primeiro passo. Assim, deve-se levantar os aspectos que valorizam e desvalorizam o bem a avaliar, por meio da identificação de suas principais características. A norma NBR 14.653-2 (ABNT, 2004) descreve os elementos que devem ser checados, no momento da vistoria do imóvel. 7.3.1 Caracterização da região � Aspectos gerais: análise das condições econômicas, políticas e sociais, quando relevantes para o mercado, inclusive usos anteriores atípicos ou estigmas. � Aspectos físicos: condições de relevo, natureza predominante do solo e condições ambientais. � Localização: situação no contexto urbano, com indicação dos principais polos de influência. � Uso e ocupação do solo: confrontar a ocupação existente com as leis de zoneamento e uso do solo do município, para concluir sobre as tendências de modificação em curto e médio prazo. � Infraestrutura urbana: sistema viário, transporte coletivo, coleta de resíduos sólidos, água potável, energia elétrica, telefone, redes de cabeamento para transmissão de dados, comunicação e televisão, esgotamento sanitário, águas pluviais e gás canalizado. � Atividades existentes: comércio, indústria e serviço. � Equipamentos comunitários: segurança, educação, saúde, cultura e lazer. Existem autores que citam as mesmas especificações que a ABNT, porém outros descrevem itens diferenciados, como os relacionados a seguir. � Aspectos físicos: Condições topográficas, natureza predominante do solo, condições ambientais, ocupação existente e tendências de modificação em curto e médio prazo. � Aspectos relativos à infraestrutura urbana: Sistemas viário e de coleta de lixo, redes de abastecimento de água potável, de energia elétrica, de telefone, de esgotamento sanitário, de águas pluviais e de gás canalizado. � Aspectos relativos aos equipamentos comunitários e às atividades existentes: sistemas de transporte coletivo, escolas, mercado de trabalho, comércio, rede bancária, segurança, saúde e lazer. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 131 � Aspectos ligados às possibilidades de desenvolvimento local, posturas legais para o uso e a ocupação do solo, restrições físicas e legais condicionantes do aproveitamento. � Aspectos relacionados às possibilidades de desenvolvimento local, definido por planos diretores e pela legislação específica do parcelamento do solo, confrontando as leis de Zoneamento e uso do solo do município com a realidade verificada no local. E ainda: � Características e padrão médio das edificações. � Vulnerabilidade a intempéries � Existência de planos ou projetos públicos que venham a interferir na estrutura urbana do bairro, em curto e médio prazo. .... Caracterização do terreno Situado o imóvel sob aspecto geral (região e logradouro), cumpre iniciar a análise das suas particularidades e características específicas. É por meio do levantamento das características do terreno que se inicia, propriamente, a inspeção do imóvel. A partir da observação panorâmica do espaço, o terreno deve ser descrito o mais detalhadamente possível. A norma 14.653-2 (ABNT, 2004) traz elementos que devem ser observados para a caracterização do terreno. 7.3.2 Caracterização do terreno � Localização: situação na região e via pública, com indicação de limites e confrontações. � Utilização atual e vocação, em confronto com a legislação em vigor. � Aspectos físicos: dimensões, forma, topografia, superfície, solo. � Infraestrutura urbana disponível. � Restrições físicas e legais ao aproveitamento. Para alguns autores, existem elementos necessários para a avaliação que não foram citados na Norma. Dantas (1998) cita alguns itens que acredita ser essenciais e que não foram destacados. Ô Distância à via pavimentada mais próxima e ao centro urbano principal. Ô Aproveitamento (área líquida disponível para lotes). Ô Restrições físicas (rochas, córregos, acidentes etc.). Ô Restrições legais (servidões de passagem, faixas de domínio, linhas de transmissão). Ô Tipo de ocupação. Ô Utilização atual e vocação. Caracterização das edificações É a caracterização da edificação e benfeitorias propriamente dita. Benfeitorias são melhoramentos do imóvel, que, por sua vez, valorizam a edificação. Essa caracterização envolve vários aspectos conforme descrito na NBR 14.653-2. 7.3.3 Caracterização das edificações e benfeitorias � Aspectos construtivos, qualitativos, quantitativos e tecnológicos, comparados com a documentação disponível. � Aspectos arquitetônicos, paisagísticos e funcionais, inclusive conforto ambiental. � Adequação da edificação em relação aos usos recomendáveis para a região. � Condições de ocupação. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 132 Gonzalez (1997) descreve os elementos que considera importantes de forma mais detalhada que a Norma. Características físicas do imóvel Ô Padrão de construção Ô Idade aparente (estado de conservação) Ô Fachada: material, estado Ô Esquadrias: material, estado Ô Jardim: tipo, tamanho Ô Afastamento lateral e posição no quarteirão (meio ou esquina) Ô Prédios: números de andares, número de apartamentos, existência de porteiro eletrônico, salão de festas, piscina coletiva, playground e outros equipamentos, quantidade de prédios iguais no quarteirão Ô Aparência geral do prédio Dados de cadastros municipais Ô Área do terreno Ô Área total construída Ô Idade (“idade fiscal”, do Habite-se) Ô Tipo e quantidade da construção Ô Zona ou referência espacial Ô Estimativa fiscal (valor cadastrado no IPTU) Todos os elementos, sejam eles a respeito da região, sejam eles do terreno, sejam eles da edificação, são únicos e singulares a cada imóvel e, portanto, cada vistoria terá seus próprios elementos. Mendonça (2010) apresenta o seguinte quadro, especificando os principais itens de uma vistoria em apartamento, casa, sala, loja, terreno e áreas. APARTAMENTO CASA SALA LOJA TERRENO ÁREAS Localização Localização Localização Localização Localização Localização Andar ---- Andar ---- ---- ---- Posição no pavimento ---- Posição no pavimento Posição no pavimento ---- ---- Orientação solar Orientação solar Orientação solar Orientação solar Orientação solar ---- Nº de unidades por andar ---- ---- ---- ---- ---- Nº de banheiros Nº de banheiros Nº de banheiros Nº de banheiros ---- ---- ---- ---- Banheiro privativo Banheiro privativo ---- ---- Nº de quartos Nº de quartos ---- ---- ---- ---- Nº de suítes Nº de suítes ---- ---- ---- ---- Nº de garagens Nº de garagens Nº de garagens Nº de garagens ---- ---- Nº de elevadores ---- Nº de elevadores Nº de elevadores ---- ---- Infraestrutura ---- Infraestrutura Infraestrutura ---- ---- Tempo e construção Tempo e construção Tempo e construção Tempo e construção ---- ---- M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 133 APARTAMENTO CASA SALA LOJA TERRENO ÁREAS Padrão construtivo (pisos, paredes, forros, esquadrias, instalações elétricas e hidráulicas) Padrão construtivo (pisos, paredes, forros, esquadrias, instalações elétricas e hidráulicas) Padrão construtivo (pisos, paredes, forros, esquadrias, instalações elétricas e hidráulicas) Padrão construtivo (pisos, paredes, forros, esquadrias, instalações elétricas e hidráulicas) ---- ---- Área útil ---- Área útil Área útil ---- ---- Área construída Área construída Área construídaÁrea construída ---- ---- ---- Área do terreno ---- ---- Área do terreno Área do terreno ---- ---- ---- ---- ---- Limites e confrontações ---- Testada do terreno ---- ---- Testada do terreno ---- Estacionamento para visitantes ---- Estacionamento para visitantes Estacionamento para visitantes ---- ---- ---- ---- ---- ---- Posição na quadra (meio da esquina) ---- ---- ---- ---- ---- Área edificável Área edificável ---- ---- ---- ---- Vegetação Vegetação ---- ---- ---- ---- Tipo de solo Tipo de solo ---- ---- ---- ---- Topografia Topografia ---- ---- ---- ---- ----- Recursos hídricos ---- Vocação ---- ---- Vocação Vocação Infraestrutura da região Infraestrutura da região Infraestrutura da região Infraestrutura da região Infraestrutura da região Infraestrutura da região ---- Lado da rua onde se situa ---- ---- Lado da rua onde se situa ---- Fonte: MENDONÇA (2010, p. 66). Ficha de vistoria de imóvel Para melhor compreensão do assunto, apresentamos a seguir um modelo de ficha de vistoria, composta de uma série de itens que devem ser observados por ocasião da vistoria e considerados para efeito de constatação do valor do imóvel avaliando. É importante ressaltar que o imóvel avaliando poderá apresentar peculiaridades que não estão contempladas no formulário, fazendo-se necessárias as adaptações para cada caso. As primeiras informações devem conter os dados gerais sobre o imóvel e sobre o contratante do serviço: solicitante, endereço do imóvel, classificação do imóvel, conforme a NBR 14.653-2 e os objetivos da vistoria, que pode ser realizada com diferentes finalidades, como subsidiar a avaliação do imóvel e compor seu laudo, ou verificar o estado de conservação de um imóvel que será alugado. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 134 FICHA DE VISTORIA DE IMÓVEL Solicitante: Endereço/Identificação: Bairro: Município: Estado: Objetivo da avaliação: Terreno Topografia Plana Ondulada Active Dective Forma Regular Irregular Triangular Solo Arenoso Argiloso Rochoso Alagadiço Vegetação Mato Pomar Pasto Proteção Muro Cerca Prédio divisa Nenhuma Simulação Meio da quadra Esquina Duas frentes Orientação Norte Sul Leste Oeste Área do terreno Frente Fundos Lado direito Lado esquerdo Edificação Tipo Apartamento Casa Loja Sala Prédio comercial Prédio industrial Galpão Imóvel rural Área de construção Área útil Área comum Padrão de construção Alto Médio Baixo Estrutura Concreto Metálica Alvenaria Madeira Piso Cerâmica Granito Concreto Paredes Pintura sobre reboco Pintura sobre massa Azulejo Cobertura Pintura sobre reboco Telha de barro Fibrocimento Conservação Nova Muito boa Boa Regular Reparos simples Reparos diversos Precária Orientação Norte Sul Leste Oeste Posição do empreendimento Frente Fundos Lateral Imóvel No de pavimentos Andar No de garagens Edifício onde se situa Número de pavimentos do edifício Apartamentos por andar Piscina Playground Estacionamento Guarita Salão de festas Elevadores Número Marca M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 135 Taxa de condomínio Mensal Valor Taxa extra Valor Ocupação Vazio Proprietário Locatário Valor do aluguel Cômodos do imóvel Sala de estar Terraço Banheiro Área de serviço Sala de jantar Escritório Lavabo Dependência de empregada Sala de TV Quarto Cozinha Varanda Suíte Despensa Infraestrutura Rede de água Sim Não Esgoto Sim Não Energia Sim Não Iluminação pública Sim Não Coleta de lixo Sim Não Transporte coletivo Sim Não Pavimentação Sim Não Telefone Sim Não Zoneamento Comercial Residencial Misto Taxa de ocupação Recuo frente Coeficiente de aproveitamento Recuo fundo Recuo lateral Gabarito Vizinhança Padrão de construção Escolas Atividades poluentes Comércio Atividades incômodas Estacionamento Arborização/Área verde trânsito Observações/Croquis Fonte: Mendonça (2010) Vistoria de um apartamento Cada imóvel possui suas particularidades. No caso da vistoria de um apartamento, o corretor avaliador deve observar, com atenção especial, os seguintes itens. Ô Localização do edifício: este é um dos fatores que mais impactam no valor de um imóvel, qualquer que seja o seu tipo. Ô Andar do apartamento: em geral, quanto mais alto o andar, maior o valor de mercado. Ô Posição no pavimento: se é de frente, lateral ou de fundos. Geralmente, os imóveis de frente são mais valorizados. Da mesma forma, apartamentos situados num determinado lado de um prédio pode valer mais do que os do lado oposto, por exemplo, em função de desfrutarem de uma vista panorâmica privilegiada. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 136 Ô Posição solar: se é voltado para oeste, para o leste ou outra direção. O desejável é que os quartos, a sala e a varanda sejam voltados para o nascente. Ô Número de unidade por pavimento: quanto menos apartamentos por andar, em tese, mais valorizadas são as unidades do empreendimento. Ô Número de quartos: teoricamente, quanto maior o número de quartos, mais elevado é o valor do imóvel. Um apartamento de quatro quartos, em princípio, valerá mais do que outro com apenas três, ainda que possuam a mesma área útil. Ô Número de suítes: assim como acontece com a quantidade de quartos, o número de suítes eleva o valor de um apartamento, tanto por ser de construção mais dispendiosa quanto por tornar o imóvel mais sofisticado. É comum vermos um apartamento, apesar da mesma metragem que outro ou com um número de quartos menor que o outro, ser mais bem avaliado, possuir mais liquidez ou ser vendido por um preço maior. Vejamos alguns itens que podem ser determinantes nesses casos. Ô Número de garagens e o número de elevadores: nos dias atuais, podem elevar o valor de mercado de um imóvel. Ô Infraestrutura do edifício: existem edifícios com salão de festas, quadra poliesportiva, guarita de segurança, playground, piscina, estacionamento para visitantes entre outras benfeitorias enquanto outros, não têm sequer elevador. Pode-se concluir que o edifício com melhor infraestrutura vale mais do que outro que possua infraestrutura mais modesta. Ô Tempo de construção: esse fator é relativo, uma vez que a valorização ou desvalorização está relacionada aos cuidados que o condomínio dispensa ao edifício. Ô Padrão construtivo: quanto mais requintados os materiais e o acabamento empregados no apartamento, bem como na construção do edifício, mais alto deverá ser o valor do imóvel. Ô Área: é comum perguntarmos o tamanho da área útil quando estamos vendo um imóvel. Mendonça (2010) assevera que não é apenas a área útil, fator importante e que causa impacto no valor de mercado do imóvel. Existe uma relação significativa entre tamanho da área útil do imóvel (da porta de entrada do apartamento para dentro, digamos assim) e o da sua área comum (da porta do apartamento para fora), por ser, esta segunda, composta entre outras coisas, das benfeitorias do empreendimento, que muito impactam no valor de mercado do apartamento, como número de elevadores, garagens, quadras de esportes, piscina, salão de festas, pista de correr, jardins etc. como visto anteriormente. Portanto, pode ocorrer de um imóvel com menor área útil valer mais que outro com uma área útil maior, obviamente. Vistoria de uma casa Na vistoria desse tipo de imóvel, o corretor avaliador deve considerar além de fatores como a localização, posição solar, número de quartos, número de suítes, tempo de construção e padrão construído, itens comuns à vistoria do apartamento, deve atentar para os seguintes itens. Ô Área construída. Ô Área do terreno. Ô Vocação do imóvel: consiste na tendência do imóvel a determinado fim ou atividade. Ô Testada do terreno: frente do imóvel, ou seja, parte do imóvel que se confronta com a rua. Ô Lado darua onde se situa o imóvel. Vistoria em outros tipos de imóveis Embora existam diversos aspectos comuns a vários tipos de imóvel, por ocasião da vistoria, cada imóvel deve ser estudado e considerado de acordo com a sua realidade, principalmente, em razão de seu tipo, sua natureza e suas particularidades. Entretanto, independentemente do tipo de M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 137 imóvel que está sendo avaliado, a localização é um dos itens mais importantes a ser observado, pois se trata, talvez, do item em comum a todos os imóveis. Sala Uma sala, por exemplo, pode ter banheiro privativo ou não, assim como o edifício onde esteja situada poderá ter ou não vagas de estacionamento destinadas a clientes. Apenas esses dois itens já influem sobremaneira no seu valor de mercado. Deve-se considerar também a dimensão das áreas do imóvel (de terreno, de construção, útil, comum etc.), o padrão, o tempo de construção, as vagas de estacionamento, o número de elevadores, a infraestrutura do edifício, entre outros, de acordo com o seu tipo. Loja Numa loja, é importante observar a área útil, a posição no pavimento (frente, interna, de esquina etc.), o padrão construtivo, o tipo de banheiro (privativo ou coletivo), o número de vagas de garagem, o tamanho do estacionamento destinado a clientes, o número de elevadores, a infraestrutura e o tempo de construção do edifício. A vocação da região também exercerá uma importante influência no valor de mercado do imóvel, principalmente se for uma região com vocação comercial, onde exista um fluxo intenso de pessoas, a ponto de, em caso de locação, existir cobrança de “luvas” ou “ponto”. Terreno Na vistoria de um terreno, é importante considerar sua área quadrada, sua testada e profundidade (fatores que podem influenciar no preço de um terreno se comparado a outro), sua posição em relação ao sol, sua posição na quadra (de meio ou de esquina), sua vocação (comercial, residencial ou industrial) e a infraestrutura da região (sistema viário, esgotamento sanitário, redes de abastecimento de água, energia elétrica, telefone etc.). Gleba urbanizável É recomendável que o avaliador tenha especial atenção quanto à topografia do imóvel, à sua vocação (loteamento residencial, condomínio, áreas industriais etc.) e à infraestrutura da região (sistema viário, esgotamento sanitário, redes de abastecimento de água, energia elétrica, telefone etc.). Imóvel rural Deve-se considerar, entre outros aspectos, a topografia do imóvel, o tipo de solo, a vegetação (no local e na região), a vocação (agricultura, pecuária), as benfeitorias existentes (cerca de estacas de concreto e arame farpado, muro, poço artesiano, estábulos etc.) e a infraestrutura da região (sistema viário, esgotamento sanitário, redes de abastecimento de água, energia elétrica, telefone etc.). Para exercitar o que vimos até este momento, faça a vistoria do imóvel onde você reside, ou outro de sua escolha, atentando para as particularidades desse imóvel. Utilize a Ficha de Vistoria para fazer suas anotações e tire fotos. Após este procedimento, leia cuidadosamente suas anotações e verifique os detalhes relevantes sobre o imóvel. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 138 Para avaliar um imóvel, é preciso conhecê-lo bem. E isso é possível por meio da vistoria, em que são observados aspectos intrínsecos ao imóvel: as áreas, os limites e formas geométricas, os recuos, a invasão dos limites dos terrenos etc. Não podemos esquecer de verificar a orientação solar, as benfeitorias e atentar para a localização, a infraestrutura básica e a existência de polos de influência (centros comerciais ou implantação de novos empreendimentos). LEITURA COMPLEMENTAR Da vistoria resultam as condições para orientar a Coleta de Dados, tema que trataremos a seguir. CAPÍTULO 4 Pesquisa de Mercado A Pesquisa de Mercado é o principal segmento da avaliação de imóveis, pois fundamenta e deixa mais transparente ao contratante o trabalho do avaliador, sendo constituída pelas seguintes etapas. Ô Preparação do trabalho (planejamento) Ô Trabalho de campo (coleta de dados) Ô Processamento e Análise dos dados Ô Interpretações dos resultados É por meio da pesquisa que o avaliador obterá uma amostragem válida, confiável e representativa do mercado imobiliário da região, possibilitando a comparação dos dados coletados com o imóvel avaliando. De acordo com Moreira (2001), é nesse momento que o avaliador deverá se tornar um verdadeiro detetive que terá de buscar o máximo de informações analógicas para sustentação da sua avaliação. O avaliador deve perceber que o assunto “pesquisa” se encontra intimamente ligado à realidade do mercado imobiliário local. Para tanto, deve percorrer a região geoeconômica na qual está inserido o imóvel avaliando no intuito de pesquisar e coletar os necessários elementos comparativos. [...] Premissas básicas: a pesquisa dever ser contemporânea à data da avaliação e contemplar imóveis semelhantes. (D´AMATO, 2009, p. 78) Os dados e informações que interessam, basicamente, ao avaliador: a respeito de preços de imóveis em oferta à época da pesquisa ou negociações efetivamente realizadas, com suas principais características físicas, locacionais e econômicas, bem como a perfeita identificação das fontes consultadas. [...] As fontes utilizadas são principalmente: Cartórios de Notas e de Registro Geral de Imóveis; empresas imobiliárias; corretores especializados; anúncios de jornais; banco de dados existentes; visita ao campo; construtores/incorporadores; compradores/ vendedores; investidores; bancos oficiais; bancos de crédito imobiliários, prefeituras, companhias de habitação, órgãos de planejamento urbano etc. (DANTAS, 2005, p. 59) Planejar a coleta de dados com antecedência é fundamental. O planejamento da pesquisa define a abrangência da amostragem, quantitativa e qualitativa, e a forma de sua coleta e compilação, com utilização de fichas, planilhas, roteiro de entrevistas, entre outros. No planejamento, devem ser considerados os aspectos relevantes e limitadores para a avaliação, como “as características do bem avaliando, que determinarão os tipos de dados de mercado que precisam ser obtidos e as condições estabelecidas para a realização do trabalho, como a disponibilidade dos recursos para avaliação e o prazo para a execução dos serviços”. (NBR 14.653-1) M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 139 Na fase de planejamento, fazem-se a escolha, a definição e a delimitação do problema em análise, observam-se as teorias e as abordagens a serem empregadas, os conceitos e as hipóteses que devem ser levados em consideração e os métodos a serem utilizados. Num trabalho avaliatório em que se opta pelo método comparativo direto de dados de mercado, um possível delineamento da pesquisa pode ser assim estabelecido. Ô Estudo de campo (objetivo: conhecer o avaliando e o contexto urbano em que o bem está inserido; estratégia: vistoria e visita à região). Ô Seleção das variáveis que julgamos influenciantes na formação dos preços do imóvel (objetivo: focalizar as características mais importantes da população; estratégia: consulta a trabalhos anteriores). Ô Planejamento da coleta de dados (objetivo: identificar a técnica mais adequada para obtenção dos preços de mercado; estratégia: entrevista mediante aplicação de questionário diretamente ao proprietário do imóvel). Ô Definição de um método de avaliação (objetivo: identificar a metodologia avaliatória para estimar o valor do bem; estratégia: lançar mão de todas as evidências disponíveis, tais como, tipologia do avaliando, tipo de informação coletada etc.) Ô Verificação das hipóteses (objetivo: confrontar com a realidade as suposições sobre o mercado estabelecidas pelo pesquisador, tais como terrenos de esquina são mais valorizados que terrenos situados no meio da quadraou, ainda, terrenos planos são mais valorizados que terrenos acidentados; estratégia: estudo exploratório dos dados com ênfase na análise dos diagramas de dispersão, testes de hipóteses entre outros). Ô Escolha de uma técnica para tratamento dos dados (objetivo: examinar o comportamento da variação dos preços dos imóveis com base na variação de algumas variáveis explicativas, ou seja, construir modelos elucidativos do mercado imobiliário; estratégia: análise da regressão...). Ô Explicação dos resultados (objetivo: interpretar o comportamento do mercado em relação a cada variável; estratégia...) Ô Relatório da pesquisa (objetivo: descrever o raciocínio desenvolvido e os resultados obtidos; estratégia: elaborar o laudo e a avaliação baseados na descrição da metodologia utilizada e nos resultados alcançados em cada etapa do processo avaliatório). A NBR 14.651-1 traz as seguintes recomendações que devem ser observadas pelo avaliador no momento da coleta de dados. Ô Buscar dados de mercado com atributos mais semelhantes possíveis aos do bem avaliando. Ô Identificar e diversificar as fontes de informação, sendo que as informações devem ser cruzadas, tanto quanto possível, com objetivo de aumentar a confiabilidade dos dados de mercado, ou seja, buscar dados contemporâneos e os mais semelhantes possíveis ao imóvel avaliando. Se for o caso, que sejam no mesmo empreendimento ou na mesma rua, ou, ao menos, que estejam localizados na mesma região do imóvel avaliando. (MENDONÇA, 2010) Ô Identificar e descrever as características relevantes dos dados de mercado coletados. Ô Buscar dados de mercado de preferência contemporâneos com a data de referência da avaliação. É recomendável buscar a maior quantidade possível de dados de mercado e com atributos comparáveis aos do bem avaliando. Na pesquisa de elementos, transações ou ofertas deverão constar os seguintes dados. Ô Estejam na mesma região e em condições econômico-mercadológicas equivalentes às do bem avaliando. Ô Sejam do mesmo tipo (terrenos, lojas, apartamentos etc.). Ô Data da transação, do compromisso, do anúncio ou da oferta. Ô Fontes de informação. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 140 Ô Se for transação ou compromisso: tabelionato, cartório ou registro de imóveis, número de transcrição, da inscrição ou do registro, número do livro e folhas e natureza do documento pesquisado. Ô Se for anúncio: nome do jornal ou da publicação, página, nome, endereço e telefone. Ô Se for oferta ou informação: nome, endereço e telefone do informante. Ô Localização: endereço do imóvel pesquisado (rua e número, ou quadra e lote), distância da esquina mais próxima ou da via pública mais conhecida, bairro, setor e quadra da planta genérica de valores da prefeitura; no caso de terrenos urbanos e imóveis rurais devem ser fornecidas as indicações que possibilitem a sua localização. Ô Dimensões: testada, profundidade e área. Ô Preço e condições de venda. Ô Croqui elucidativo com a posição do imóvel pesquisado na quadra, sua forma aproximada e dimensões. A pesquisa deve constar no PTAM, de forma objetiva, preferencialmente por meio de um quadro amostral, conforme o exemplo a seguir, pois isso evidencia o critério de transparência do trabalho realizado pelo avaliador. Recomenda-se que o quadro seja composto de no mínimo cinco amostras. Exemplo de dados para elaborar o quadro amostral. Localização: Av. das Castanheiras Pronto – Novo Cidade: Águas Claras – Bairro: Norte – Tipo: Apartamento Quartos: 2 Suítes: 1 Garagens: 1 Elevador: 2 Valor total do imóvel: R$ 290.000,00 (valor fictício) Valor m2 R$: 4.915,25 Área útil: 59m2 Localização: Rua 24 Semivazado – Manaíra, Nascente Cidade: Águas Claras – Bairro: Norte – Tipo: Apartamento Quartos: 2 Suítes: 1 Garagens: 1 Elevador: 2 Valor total do Imóvel: R$ 293.535,00 (valor fictício) Valor m2: R$ 4.950,00 Área útil: 59,3 m2 Localização: Rua 24 Residencial Águas de Manaíra Cidade: Águas Claras – Bairro: Norte – Tipo: Apartamento Quartos: 2 Suítes: 1 Garagens: 1 Elevador: 0 Valor total do imóvel: R$ 290.000,00 (valor fictício) Valor m2: R$ 5.272,73 Área útil: 55 m2 Localização: Rua 24 Residencial Águas de Manaíra Cidade: Águas Claras – Bairro: Norte – Tipo: Apartamento Quartos: 2 Suítes: 1 Garagens: 1 Elevador: 3 Valor total do imóvel: R$ 285.000,00 (valor fictício) Valor m2: R$ 5.181,82 Área útil: 55 m2 M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 141 Localização: Rua 24 – Águas de Manaíra Cidade: Águas Claras – Bairro: Norte – Tipo: Apartamento Dormitórios: 2 Preço: R$ 430.000,00 (valor fictício) m²: 78 m² Preço/m²: R$ 5.513,00 m² Localização do Imóvel Fonte Consultada Valor (R$) Área (m2) R$ (m2) Castanheiras Imobiliária X Fone: 290.000,00 59 4.915,25 Castanheiras Imobiliária Y Fone: 293.535,00 59,3 4.950,00 Castanheiras Imobiliária XY Fone: 290.000,00 55 5.272,72 Castanheiras Particular Fone: 285.000,00 55 5.181,82 Castanheiras Imobiliária Z Fone: 430.000,00 78 5.513,00 Tendo como parâmetro o imóvel que você fez a vistoria, elabore um quadro amostral, com no mínimo 5 amostras. CAPÍTULO 5 Noções de Estatística Adquirir conhecimentos e transformá-los foram as preocupações constantes do homem na história da humanidade. Muitos desses conhecimentos, que se transformaram em descobertas desfrutadas por nós todos os dias, vieram de fontes ignoradas por muitos, a Estatística. A Estatística é utilizada praticamente por todos os setores da pesquisa, tanto governamentais quanto privados, das ciências humanas, sociais, aplicadas, exatas, enfim, por todos os ramos. Ela possibilita visualizar e ampliar o conhecimento de uma forma mais generalizada, extrair as informações necessárias e, se necessário, interferir em diferentes localidades. Um outro setor que se apropria das informações obtidas pelas pesquisas estatísticas é o da comunicação, pois a representação em tabelas e gráficos, com todas as suas técnicas, faz com que as informações sejam compreendidas mais rapidamente na totalidade. Essa forma de transposição das informações cria uma nova forma de leitura das pesquisas acadêmicas e do mundo. Os profissionais, de forma geral, devem possuir conhecimentos de Estatística para tomar decisões e para evitar apresentações viciosas. Estatística Descritiva Quando temos um conjunto de dados para buscarmos, através deles, uma referência para formarmos uma opinião ou mesmo uma “tese” a respeito de um objeto de estudo, como no caso é o imóvel, temos que nos balizar pela ciência estatística para saber promover a análise correta e consequente interpretação e conclusão. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 142 Segundo Menezes (2019), e outros diversos autores, podemos conceituar a estatística descritiva como o ramo da estatística que aplica várias técnicas para descrever e sumarizar um conjunto de dados. Desta forma, entenda-se como a técnica que descreve os dados como eles se encontram, além de fornecer ferramentas de análise preliminares, inclusive para análises mais avançadas. Podemos inferir que os objetivos principais da estatística descritiva são: Organizar e Sumarizar os dados, fornecendo base para outras aplicações necessárias. Segundo Menezes (2019), a descrição dos dados também tem como objetivo identificar anomalias, até mesmo resultante do registro incorreto de valores, e dados dispersos, aqueles que não seguem a tendência geral do restante do conjunto. O aluno pode se perguntar: “Mas para que serve a estatística descritiva em relação ao valor do imóvel que eu quero encontrar?” Na formulação de um preço do imóvel, a grande maioria dos métodos utiliza a pesquisa de mercado, que por sua vez fornece dados sobre imóveis na mesma localização, com área métrica próxima, com padrão de acabamento semelhante e etc. Tudo isto em função da unidade que se quer estudar e saber, ou seja, o valor(seja ele total ou unitário). Logo, estamos trabalhando com dados que deverão ser “colhidos”, através de uma pesquisa de mercado, e deverão ser estudados ou mesmo “filtrados” pela análise da estatística descritiva. A estatística descritiva também é base para o conceito de análise exploratória, onde o conjunto de dados fornece as características principais, que serão utilizados em métodos visuais (como exemplo os métodos gráficos). Além disto, os dados oriundos da estatística descritiva fornecerão bases para o processo de teste de hipóteses, tão frequentemente utilizados em aplicações mais potentes, como a estatística inferencial. Veremos a seguir os principais conceitos que compõe o perfeito entendimento sobre a estatística descritiva e as informações fornecidas de sua análise. Amostra Chama-se de amostra o ponto coletado em uma pesquisa, que junto com outros, forma o Conjunto Amostral. O conjunto amostral, ou também chamado Espaço Amostral, é um conjunto de dados que tenta reproduzir a base de um estudo quantitativo, em função de uma população a ser observada. Digamos que se queira saber sobre o peso médio de pessoas do sexo masculino entre 35 a 45 anos de idade. Se fôssemos pegar todos os homens desta faixa etária no mundo, com toda certeza seria muito difícil coletarmos estes dados, vista a própria limitação de distâncias geográficas a ser percorrida. Logo, utilizamos uma amostragem de indivíduos do sexo masculino, que estejam nessa faixa de idade, em uma dada região (que seja mais próxima ou a mesma onde estamos) para que possamos aferir estes dados e tentar estabelecer um parâmetro que represente a população existente deste tipo de indivíduos. A cada indivíduo deste chamamos de amostra. Veja que a amostragem pode ser a mais variada possível. No caso dos imóveis, cada imóvel utilizado na análise do método a ser escolhido compõe uma amostra. População Se a amostra é um ponto coletado, para estudarmos um determinado caso, nós temos que entender que ela foi recolhida de um espaço enorme, visto que podem existir limitações que impeçam de trabalharmos com todas as amostras disponíveis e existentes em nossa realidade. A esse espaço enorme onde coletamos as amostras nós chamamos de POPULAÇÃO. No grosso modo, a população é a mais variada possível, cabendo chamarmos simplesmente de o “todo” existente. Esse “todo” também chamamos de população geral existente. Esta pode ser dividida ainda em: a) População Específica: é a parcela da população geral que se quer estudar ou aferir uma informação. No exemplo anterior, nossa população geral seria todos os seres humanos (homens ou mulheres), cuja população específica foi reduzida aos homens (sexo masculino); b) População Intraespecífica: é a parcela mais específica a ser selecionada por uma característica ainda mais comum a ser estudada. No exemplo anterior, reduzimos a população específica M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicAMétodos e MetodologiAs 143 aos homens (sexo masculino) e estabelecemos que não são todos os queremos estudar, mas apenas os que estivesse entre 35 a 45 anos de idade. Esta é a nossa população intraespecífica; c) Espaço Amostral: é a quantidade total de amostras, que tem caráter representativo, que servirá para representar um determinado estudo a respeito da população intraespecífica. Uma característica deste espaço é que deve existir uma quantidade representativa, ou seja, não podemos conduzir um experimento ou uma análise com um número extremamente reduzido de amostras, visto que este efeito (a ser estudado) deverá ocorrer com frequência e não em caso isolado. Entretanto, sabemos que esta representação será limitada, ou seja, também não será tão numerosa quanto se deseja. Em suma, obedecerá a um critério normalmente indicado, sobre a quantidade mínima apropriada para realização do estudo que se deseja alcançar. Nesse sentido, para a análise sobre o valor do imóvel, a quantidade de amostras influencia sobre o resultado, pois deverá ser representativa sobre a qualidade que se quer estudar e mesmo informar seu valor, em relação à população existente no mercado imobiliário. Sem um número considerável de amostras, podemos estar tendenciando resultados e chegando a cometer uma “fraude” de estudo. Aleatoriedade e Variabilidade Uma questão que deverá ser observada em qualquer procedimento, em que a estatística seja empregada, é a aleatoriedade e a variabilidade dos dados colhidos. Adotaremos o exemplo mencionado por Menezes (2019), descrito abaixo. Exemplo: Imagine que você, caro aluno ou aluna, queira realizar um estudo para saber quantas vezes um “dado de jogo” ao ser lançado no chão apresentará o número seis. A primeira coisa que você deverá ter, é claro, será o “dado de jogo” em mãos. Só que você não foi e uma loja comprar o dado novo, ou mesmo comprou mais de um dado de jogo, você resolveu “pegar emprestado” de um parente que é jogador profissional. Ao lançar 20 vezes o dado ao chão, você comprovará que 20 vezes ele apresentou o número seis. E aí você publica o estudo que “o seis sempre sairá todas as vezes que alguém jogar o dado de jogo ao chão”. Claramente as pessoas que lerem este estudo vão discordar, pois sabemos que o “dado de jogo” não estará sempre apontando para o seis, se uma pessoa, em outra localidade, for a uma loja e comprar um dado de jogo qualquer (ou mesmo mais de um) e lançar 20 vezes ao chão, de cara vai apontar que o estudo teve um vício, ou seja, uma tendência intencional, mesmo que o propósito da pessoa que fez o estudo não tenha sido esse no início. Definimos como aleatoriedade um evento natural que “quebra” a ordem, o propósito, a causa, tornando os acontecimentos imprevisíveis. Já a variabilidade está relacionada à variação existente a respeito de um ponto, de uma coisa, ou de um conjunto de amostras. Veja que, no exemplo anterior, uma pessoa pode ir a uma loja e solicitar simplesmente “alguns dados de jogo” e o vendedor poderá mostrar uma bandeja ou uma caixa com uma quantidade grande de dados de diferentes cores, tamanhos ou mesmo de diferentes materiais de fabricação. Note que, neste caso, todos os objetos são “dados de jogo”, porém, todos tem alguma diferença, por mais singela possível que seja. No mercado imobiliário, se uma pessoa perguntar para você quantos tipos diferentes de apartamentos de 3 quartos existem em um determinado bairro residencial, porque ela tem interesse na compra de um, e você for consultar o mercado da região, verá que existe uma diversidade tão grande, que terá que retornar a pessoa que originou a pergunta inicial e pedir para que a mesma seja mais específica sobre o que ela realmente deseja, pois existem muitos modelos e tipos deste produto. Logo, você constatou que no mercado imobiliário, existe uma grande variabilidade deste tipo de produto, ou seja, nenhum imóvel é exatamente igual ao outro, mesmo que seja de mesma tipologia geral. A esse princípio damos o nome de variabilidade. M ét o d o s A vA li At ó ri o s UnidAde ÚnicA Métodos e MetodologiAs 144 Variáveis Segundo Menezes (2019), variáveis são as informações ou características que se quer mensurar em um estudo estatístico. Como falamos anteriormente, no exemplo do apartamento de 3 quartos, se você for procurar quantos tipos de apartamentos desta natureza podem existir em um bairro residencial, poderá chegar à seguinte conclusão: Ô Temos apartamentos de 3 quartos, com 1 banheiro social, sala e cozinha; Ô Temos apartamentos de 3 quartos, sendo 1 quarto em suíte, com 1 banheiro, sala e cozinha; Ô Temos apartamentos de 3 quartos, sendo com 2 suítes, 1 banheiro social, sala, cozinha; Ô E etc. Logo, nessa descrição poderemos notar várias características que tornam um apartamento diferente do outro. Se colocarmos no exemplo acima, a especificação da metragem quadrada do apartamento poderá ser constatado que essa variabilidade poderá aumentar ainda mais. Se colocarmos no estudo a disponibilidade
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