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Thaís Silva – caso 5. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 HAS – ICC Homem, 73 anos o QP: “pernas inchadas” há 1 mês Hipertenso de longa data, edema em membros inferiores há cerca de 30 dias, tendo começado pelos pés e ascendido de forma progressiva até os joelhos. Dispneia progressiva. Costuma acordar à noite com falta de ar, além de utilizar ao menos 3 travesseiros pra conseguir dormir de forma confortável, para elevar a cabeça. Tem dificuldade para deambular longas distâncias ou aclives Redução da acuidade visual de longa data, com piora nos últimos meses. Dificuldades para urinar. Dislipidemia (elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que contribuem para a aterosclerose )-faz uso de medicação. Pai falecido antes 45 anos por IAM, mãe falecida aos 77 por conta de complicações de doença vascular cerebral. Hipertensão Embora, ocasionalmente, manifeste-se de forma aguda agressiva, a pressão arterial elevada é extremamente frequente e pode permanecer silenciosa durante anos. Costuma ter início insidioso e o individuo só começa de fato ter manifestações quando as consequências dessa pressão elevada aparecem. 25% da população em geral apresenta hipertensão HIPERTENSÃO PRIMARIA - ESSENCIAL: resulta da combinação de polimorfismo genético e fatores ambientais (como o tabagismo), que favorecem o aumento do volume sanguíneo e/ou resistência periférica. (90% a 95% dos casos). HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA: à um outro transtorno, as causas podem ser renais, endócrinas, cardiovasculares, neurológicas Feocromocitoma – neoplasia de glândula adrenal que causa uma produção descontrolada de catecolaminas, em resposta a mecanismos regulatórios de feedback, isso causa uma elevação da pressão. Forma de hipertensão corrigível cirurgicamente. HIPERTENSÃO MALIGNA: aproximadamente 5% dos casos. Elevação rápida, que se não tratada, pode leva a óbito em 1 a 2 anos. A pressão arterial adequada é resultado do equilíbrio entre o débito cardíaco (influenciado pelo volume sanguíneo, força e frequência de contração) e resistência vascular periférica. A resistência periférica vai ser coordenada principalmente por fatores hormonais e neuronais que vão desempenhar a vasoconstricção ou vasodilatação e vão funcionar em equilíbrio, se a pressão esta elevada os mecanismos vão influenciar a redução do volume sanguíneo e a vasodilatação, se a pressão cai ocorrerá a vasoconstricção e aumento do volume sanguíneo. Além disso, têm-se também alguns fatores locais, como a autorregulação, causos de hipóxia que podem interferir em locais específicos do corpo. o Fatores que interferem na regulação desse aspecto são: idade, IMC, dieta (Na). Sistema renina-angiotensina-aldosterona A queda de pressão reduz a capacidade de distribuição do sangue para o corpo, o sangue se movimenta nos vasos e a pressão ideal está associada a adequada movimentação e fornecimento de nutrientes para o corpo, quando a pressão cai, isso reduz a perfusão de tecidos periféricos e isso vai ser percebido pelo rin que vai produzia a renina que converte o angiotensinogênio Thaís Silva – caso 5. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 em angiotensina I. A ECA vai converter a angiotensina I em angiotensina II o eu vai resultar no aumento da resistência vascular periférica e ativação da aldosterona que vai causar aumento do volemia pela retenção de sódio e aumenta a pressão. Sistema nervoso autônomo - Vai controlar o tônus vascular - Aumento da pressão arterial provoca distensão na parede arterial, estimulando barorreceptores que, por meio de reflexo (centro vagal no bulbo), ativam o nervo vago, inibindo a atividade simpática. Em idosos, a perda de elasticidade da parede arterial compromete esse sistema. Átrios (em alguns casos também o miocárdio ventricular) - Síntese e liberação de fatores natriuréticos, que induzem diurese e vasodilatação (vai contra o sistema renina-angiotensina-aldosterona) Vasos - Endotélio libera endotelinas (potentes vasoconstrictores), prostaciclina e oxido nítrico (NO) (vasodilatadores). Patologia vascular (o excesso de pressão vai lesionar a parede dos vasos) Todas as lesões da hipertensão são resultado de lesão vascular. A dificuldade de enxergar do paciente se deve a lesão nos vasos da retina que causas pequenas hemorragias e áreas de isquemia, e essas pequenas lesões ocorrendo durantes os anos que ele sofre com a hipertensão vão comprometer sua capacidade de enxergar: retinopatia hipertensiva. Arteriolosclerose hialina o Acumulo de material proteico na parede do vaso reduzindo o lúmen. o As arteríolas possuem somente uma ou duas camadas de células musculares, e por isso não se adaptam ao aumento da PA como as artérias. No início da hipertensão, as células endoteliais reforçam seu citoesqueleto e criam mais desmossomos, porém estes são, muitas vezes, defeituosos, sendo fácil a penetração de componentes do plasma, como fibrinogênio, na parede do vaso. Em condições normais o sangue é um liquido que exerce uma pressão na parede do vaso. O aumento da pressão arterial eleva a pressão hidrostática, e as células epiteliais tentam resistir a isso criando mais desmossomos o que causa um estresse grande nessas células e resulta na produção de desmossomos defeituoso e a formação de fendas no endotélio que vão abrir espaço permitindo a passagem de proteínas, inclusive o fibrinogênio que vai ficar retido na parece do vaso, gerando seu espessamento e reduzindo o lúmen. o Pode ocorrer necrose de células durante o processo, enfraquecendo a parede do vaso. Isso inicia um processo de reparo, com proliferação de fibroblastos (colágeno). Em casos mais graves, também há aumento na síntese de proteoglicanos na parede dos vasos. o Mais comum nos rins, podendo ocorrer em qualquer parte do corpo o Deposição de substância hialina, lipídeos e material fibrinóide entre o endotélio e a média, causando espessamento intimal e redução da luz. Mais grave em pacientes diabéticos. o Espessamento róseo e hialino das paredes das arteríolas. Arteriolosclerose hiperplásica o Ocorre a hiperplasia de células musculares, com espessamento e reduplicação da membrana basal. As próprias células musculares se multiplicam para aumentar a capacidade de resistência da parede do vaso. Thaís Silva – caso 5. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 o Principalmente em indivíduos com quadro de hipertensão grave (malígna). o Espessamento laminado concêntrico das paredes das arteríolas, tipo casca de cebola. o Estreitamento progressivo do lúmen. Arteriolosclerose necrosante o Predominante nos indivíduos com quadro de hipertensão malígna (acima de 230/130mmHg); o Necrose de células musculares por que não da tempo de se adaptar (fibrinóide); o Deposição de fibrina; o Formação de trombos. Insuficiência cardíaca congestiva O coração é incapaz de bombear sangue a uma taxa suficiente para atender às demandas metabólicas dos tecidos, isso resulta em hipóxia dos tecidos; o Processo lento: é o desfecho da maior parte das doenças cardíacas crônicas (sobrecarga, isquemia), embora possa ocorrer como consequência de processos agudos (infarto maciço). MECANISMOS COMPENSÁTORIOS Mecanismo de frank-starling (curto prazo) o A dilatação ventricular ocorre à custa de aumento na tensão das paredes e intensifica as necessidades de oxigênio de um miocárdio já comprometido. o Com o tempo, o músculo em falência não consegue mais impelir sangue suficiente para satisfazer as necessidades do corpo, e o paciente desenvolve insuficiência cardíaca descompensada. Ativação dos sistemas neuro-humorais (curto prazo); o A liberação do neurotransmissor norepinefrinapelo sistema nervoso autônomo eleva a frequência cardíaca e aumenta a contratilidade do miocárdio e a resistência vascular. o A liberação do peptídio natriurético atrial equilibra o sistema reninaangiotensinaaldosterona por meio da diurese e do relaxamento do músculo liso vascular. o A ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona estimula a retenção de sal e água (o que aumenta o volume circulatório) e eleva o tônus vascular. Alterações na estrutura do miocárdio, que incluem o aumento da massa muscular (longo prazo) o Nosso corpo possui células hábeis, estáveis e permanentes, as do miocárdio são permanentes, possuem uma capacidade baixa de divisão, e não se proliferam para compensar uma perda. o Os miócitos cardíacos não são capazes de proliferar, mas conseguem se adaptar a um aumento da carga de trabalho reunindo número maior de sarcômeros — uma alteração que é acompanhada pelo aumento de tamanho dos miócitos (hipertrofia). Essa hipertrofia ocorre de duas maneiras: - Sobrecarga de pressão = quer dizer que o coração precisa ejetar um volume x de sangue pelos vasos, mas eles estão com uma pressão elevada, então o coração Thaís Silva – caso 5. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 precisa “empurrar com mais força”. Dessa forma, novos sarcômeros tendem a ser adicionados em paralelo ao eixo maior dos miócitos, adjacentes aos sarcômeros preexistentes. - Sobrecarga de volume = acontece, por exemplo, quando tem uma obstrução. Os novos sarcômeros são adicionados em série aos sarcômeros preexistentes, de modo que o comprimento das fibras musculares aumenta. o Após uma longa parada cardíaca, esses mecanismos compensatórios falham e, nesse caso, a retenção renal de sódio torna-se novamente importante. o A retenção desse sódio vai causar a retenção de agua que vai causar expansão posterior do volume plasmático aumenta a pressão venosa pulmonar e sistêmica, aumentando a pressão hidrostática nos respectivos leitos capilares. O aumento da pressão capilar, juntamente com a diminuição da pressão oncótica do plasma, resulta no edema da insuficiência cardíaca congestiva. o Como tem uma dificuldade de perfusão do sangue, vai ter também uma hipoperfusão do rim e vai se tornar suficientemente severa a excreção diminuída de produtos nitrogenados podendo causar azotemia pré-renal (chamada azotemia pré-renal devido à sua origem vascular). o Na ICC muito avançada, a hipoperfusão cerebral pode dar origem a encefalopatia hipóxica, com irritabilidade, perda de atenção e inquietação, que podem progredir para estupor e coma com lesão cerebral isquêmica. Insuficiência cardíaca esquerda o As causas mais comuns da insuficiência cardíaca esquerda são a cardiopatia isquêmica (CI), a hipertensão sistêmica, a doença da valva da aorta ou da valva atrioventricular esquerda (mitral) e as doenças primárias do miocárdio (p. ex., amiloidose). o Os efeitos morfológicos e clínicos da ICC esquerda provêm da diminuição da perfusão sistêmica e da elevação das pressões de retorno dentro da circulação pulmonar. Sintomas: - Falta de ar, ortopnéia, dispnéia paroxística noturna (falta de ar durante o sono) – resultados do aumento nas pressões capilares pulmonares como consequência de pressões ventriculares e atriais esquerdas elevadas. - Quando o individuo está saudável e em pé o coração dele tem força suficiente para circular o sangue, associado à ação da panturrilha. - A gravidade atua puxando pra baixo, a tendência seria o acumulo de sangue, mas no individuo saudável o sangue consegue voltar. - Paciente que possui uma insuficiência cardíaca. Quando o coração falha, a panturrilha não consegue empurrar todo o sangue pra cima sozinha então vai reter sangue na parte inferior isso vai aumentar a pressão hidrostática dentro dos vasos da perna, isso vai empurrar o liquido para fora do vaso causando inchaço na perna do individuo (edema de MMI). - Além disso, esse sangue acumulado vai redução da perfusão para pulão e rim o que vai ativar o sistema renina-angiotensina-aldosterona que vai fazer a retenção de sódio e de agua reduzindo o volume urinário, essa retenção vai manter uma certa volemia. - A dificuldade de deambular se deve ao fato de as extremidades dele precisarem de uma boa perfusão e o músculo esquelético precisar de oxigênio, mas o coração não consegue desempenhar esse papel de forma adequada. Thaís Silva – caso 5. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 - O edema de membro é progressivo p a falência cardíaca é progressiva, a função cardíaca foi sendo comprometida com o tempo. - Oligúria - redução da perfusão renal durante o dia, enquanto o paciente está em pé. - Quando o paciente deita a porção baixa do copo dele muda (antes eram as pernas agora é a região das costas). O sangue que estava retido nas pernas voltam e se redistribuem pelo corpo, o que causa o aumento do volume de sangue que chega ao pulmão, aumentando a pressão hidrostática no pulmão o que prova a saída de liquido pela parede dos vasos (Edema pulmar), por isso que ele não consegue respirar bem durante a noite. (os travesseiros auxiliam o controle da pressão, tirando o foco do pulmão). - Nocturia: urina excessiva durante a noite acontece por que quando o sangue se redistribuiu houve o aumento da taxa de filtração glomerular o que aumenta o volume urinário. o O edema provavelmente estimula os receptores J justapacilares, o que, por sua vez, causa a respiração superficial e rápida reflexa. o O edema das paredes brônquicas pode levar a uma pequena obstrução das vias aéreas e produzir sibilos ("asma cardíaca"). o Dispneia paroxística noturna: devido ao reduzido suporte adrenérgico da função ventricular que ocorre com o sono, ao aumento do retorno sanguíneo. o Fadiga, confusão - devido à incapacidade do coração de fornecer quantidades adequadas de sangue aos músculos esqueléticos. Confusão pode surgir em insuficiência cardíaca avançada por causa da má perfusão do cérebro. o Dor torácica - Se a causa da falha for doença arterial coronariana, os pacientes podem apresentar dor precordial secundária à isquemia (angina pectoris). Morfologia Coração Infartos do miocárdio; Válvulas estenóticas ou regurgitantes; Ventrículo esquerdo hipertrófico e frequentemente dilatado; Dilatação secundária do átrio esquerdo; Formação de trombos. o Alterações microscópicas: Hipertrofia de miócitos; Fibrose intersticial. Ventrículo esquerdo dilatado Ventrículo esquerdo hipertrófico Thaís Silva – caso 5. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Hipertrofia das fibras miocárdicas (que também possuem proeminentes núcleos escuros) juntamente com fibrose intersticial. Insuficiência cardíaca direita o Geralmente é a consequência da insuficiência cardíaca esquerda, visto que qualquer aumento de pressão na circulação pulmonar produz inevitavelmente aumento da carga do lado direito do coração. o A insuficiência cardíaca direita isolada também pode ocorrer em algumas doenças. o o A mais comum é a hipertensão pulmonar grave (cor pulmonale) o No cor pulmonale, a hipertrofia e a dilatação do miocárdio geralmente estão confinadas ao átrio e ventrículo direitos, embora a projeção do septo ventricular para a esquerda possa causar uma disfunção do ventrículo esquerdo Cor pulmonale ( alteração cardíaca) Resultado da sobrecarga de pressão do ventrículo direito Pode ser agudo ou crônico Agudo: após embolia pulmonar maciça; dilatação importante do ventrículo direito, sem hipertrofia. O ventrículo fica com formato ovóide dilatado, parede flácida e contratilidade reduzida. Não da tempo de ter adaptação para ter hipertrofia de célula. Crônico: ocorre gradativamente, é resultado de hipertrofia e dilatação doventrículo direito secundária a uma sobrecarga de pressão prolongada (doenças pulmonares crônicas); espessamento da parede do ventrículo direito devido à hipertrofia, que pode chegar à comprimir o ventrículo esquerdo, ou levar à regurgitação e espessamento fibroso da tricúspide. A gordura transmural vista no coração normal pode desaparecer, e as fibras, normalmente difusas, podem se tornar Sintomas o Falta de ar o Edema pulmonar em casos de ICE Manifestação de doença pulmonar (embolia, DPOC) o Comprometimento da movimentação do diafragma (ascite) o Pressão venosa jugular elevada o Indicação de que a pré-carga do ventrículo é adequada, mas a função ventricular está diminuída e o liquido está se acumulando no sistema venoso. o Acúmulo de líquido na circulação venosa sistêmica gerando Anasarca, ascites, edema de extremidades; o Refluxo hepatojugular - Pressionar o fígado por 5 segundos pode levar ao deslocamento de sangue para a veia cava; quando o ventrículo direito não pode acomodar esse volume adicional, observa-se um aumento na pressão venosa jugular o Dor abdominal - A expansão do fígado a partir do acúmulo de líquido pode causar distensão da cápsula do fígado acompanhada de dor abdominal no quadrante superior direito. Morfologia o Coração: Hipertrofia e dilatação de átrio e ventrículo direitos o Pleura, pericárdio e peritônio: tem a saída de liquido (efusões) que causa atelectasia pulmonar (compressão) o Tecidos subcutâneos: Edema o Fígado e sistema porta: Hepatomegalia congestiva (fígado em noz-moscada) o Ocorre necrose centrolobular. o Fibrose central, podendo evoluir para cirrose (cardíaca) o Hipertensão venosa portal pode causar esplenomegalia congestiva e congestão das paredes do intestino Fígado de noz-moscada Thaís Silva – caso 5. MEDICINA 3º SEMESTRE 2020 Fígado de noz-moscada Necrose centrolobular Cirrose cardíaca
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