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FISIOPATOLOGIA: DOENÇAS CARDIOVASCULARES 1 Insuficiência Cardíaca INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR ESQUERDA Etiologia A insuficiência cardíaca esquerda (ICE) é determinada como uma disfunção do coração, podendo ter diversas causas possíveis, como: • Cargas de trabalho inadequadas colocadas sobre o coração, como sobrecarga de volume ou sobrecarga de pressão • Diminuição () do enchimento ventricular • Perda de miócitos • da contratilidade dos miócitos Fisiopatologia Alterações hemodinâmicas O coração pode sofrer de insuficiência devido a alterações da função sistólica e/ou diastólica: • Disfunção sistólica: curva de pressão isovolumétrica é desviada para baixo → do débito cardíaco (DC); para a resolução disso, o coração pode fazer 3 mecanismos (que eleva o DC por um tempo, depois o coração entra em falência); o Aumentar a contração dos sarcômeros (relação de Frank-Starling), por meio do amento do sangue que chega ao coração → DC o Liberação de catecolaminas → a frequência cardíaca (FC) → DC o Hipertrofia do músculo cardíaco e do volume ventricular → DC • Disfunção diastólica: a curva pressão-volume diastólica (momento em o coração começa a receber sangue na diástole) está movimentada para a esquerda, o que diminui o volume total que o coração comporta → o DC. Essa condição pode estar presente em doenças que cause relaxamento diminuído do coração, diminuição da retração elástica ou aumento da rigidez do ventrículo. As seguintes condições mais comuns são vistas: o Hipertensão: leva a aumentos da espessura da parede do VE, o que diminui o lúmen ventricular o Isquemia do coração pode causar diminuição do relaxamento → no infarto, o dano aos miócitos pode ser irreversível e levar a substituição por fibrose (coração perde a sua complacência) É importante ressaltar que na maioria dos pacientes é visto ambas as disfunções juntas. Alterações neuro-hormonais Além disso, para compensar a ICE, o organismo aumenta a secreção de neuro-hormônios endógenos e citocinas, principalmente relacionado ao sistema adrenérgico e o sistema renina-angiotensina- aldosterona (R-A-A). O da atividade simpática ocorre precocemente na ICE, pois níveis elevados de noradrenalina vão a contratilidade cardíaca e FC, que, inicialmente, o DC. Todavia, aumentos elevados de atividade simpática causam aumento do retorno sanguíneo para o coração, ou seja, uma pré- carga aumentada (pela vasoconstrição venosa) e da pós-carga (vasoconstrição arterial → a pós-carga é a resistência enfrentada durante a ejeção do ventrículo para entrar nas artérias), fatores que pioram a ICE num longo período. Já o R-A-A é ativado devido à baixa pressão sanguínea renal tida no início da ICE. A liberação de angiotensina II provoca: • Vasoconstrição arteriolar glomerular eferente → mantém a filtração glomerular apesar do débito cardíaco diminuído. • Secreção de aldosterona → leva à reabsorção de Na e secreção de K nos rins, que vai levar ao aumento da reabsorção de água e, assim, aumentar a pressão e volume sanguíneo. Entretanto, tem-se a formação de um ciclo vicioso quando o SAA leva à vasoconstrição intensa, FISIOPATOLOGIA: DOENÇAS CARDIOVASCULARES 2 pois causa um da pós-carga, do DC e da taxa de filtração glomerular. A insuficiência cardíaca está associada com liberação aumentada de vasopressina pela neuro- hipófise. A vasopressina é outro vasoconstritor potente que também promove reabsorção de água nos túbulos renais. Por fim, a ICE está associada à liberação de citocinas e outros peptídeos circulantes. Pacientes com ICE aparentam tem níveis de TNF, IL-1 e endotelina: • TNF: faz papel importante no ciclo de hipertrofia dos miócitos e na apoptose • IL-1: acelera o processo de hipertrofia dos miócitos • Endotelina: responsável pela hipertensão arterial pulmonar observado em pacientes com ICE, bem como associada ao crescimento de miócitos e depósito de colágeno na matriz do coração Alterações celulares As alterações fisiopatológicas que ocorrem no coração são: • Mudanças no manejo de Ca: o aporte de Ca e a recaptação de Ca no aparelho contrátil estão diminuídos, devido à de mRNA para canais especializados de liberação de Ca, como a fosfolambam (proteína inibidora da SERCA, que por sua vez é a proteína que faz o transporte ativo de cálcio para o retículo sarcoplasmático após a contração dos sarcômeros) e Ca-ATPase (é a SERCA) • dos níveis de receptores α1-adrenérgico e dessensibilização do receptor β1-adrenérgico (faz a fosforilação de diversos canais de cálcio no miócito e levaria ao da permeabilidade desses canais → o que a frequência de disparo cardíaco), devido à ativação simpática crônica • Remodelamento ventricular esquerdo → é o conjunto de alterações dos miócitos causado pela ICE, que ocasiona em remodelamento de toda a estrutura do VE: o Em resposta aos esforções hemodinâmicos, ocorre a indução da síntese de proteínas contráteis por meio de mediadores gênicos, causando a hipertrofia do miócito, o que leva à uma contração anormal dos seus sarcômeros e atividade diminuída de ATPase ou remodelamento o Apoptose de miócitos (TNF e IL-1), que leva ao dos esforços dos miócitos remanescentes o da quantidade de tecido fibroso nos espaços intersticiais do coração, devido à morte de miócitos e ativação de fibroblastos, bem como liberação de TNF, IL-1 e endotelina → deixam a parede do coração mais rígida (disfunção diastólica) o Ativação de colagenases desintegram a rede de colágeno → deixa o lúmen ventricular maior. Manifestações clínicas Sintomas • Dispneia, ortopneia e dispneia paroxística noturna → causado pela das pressões dos capilares pulmonares pelo aumento da pressão ventricular e atrial esquerdas, que pode ocasionar em movimento de líquido para o espaço intersticial pulmonar (edema pulmonar): com isso, temos: o ativação de receptores J o de espaço respiratório por líquido o fadiga dos músculos respiratórios pela tendência a distender um pulmão mais rígido pela água o alterações na distribuição da razão ventilação- perfusão o obstrução das vias aéreas brônquicas pelo edema (produz sibilância → asma cardíaca) OBS! A ortopneia vai ocorrer devido ao acúmulo de sangue reduzido nas extremidades e no abdome, e, como o paciente está operando na porção íngreme da curva pressão-volume diastólica (o coração não consegue distender e comportar grande volume sanguíneo), qualquer aumento no retorno de sangue leva a elevações acentuadas das pressões ventriculares OBS! Já a dispneia paroxística noturna ocorre em razão da redução do suporte adrenérgico da função ventricular que ocorre com o sono, do aumento do retorno de sangue como descrito previamente, e da depressão noturna normal do centro respiratório. • Fadiga e confusão: vão ocorrer devido à incapacidade do coração de suprir os mm. esqueléticos e o cérebro • Nictúria: a insuficiência cardíaca pode levar à perfusão renal reduzida durante o dia enquanto o paciente está de pé, que se normaliza somente à noite enquanto o paciente está em supinação, com diurese consequente • Dor torácica: mecanismos desconhecidos • Dor abdominal: causada por uma congestão hepática, que causa dor em hipocôndrio direito → hepatite isquêmica ( perfusão hepática) FISIOPATOLOGIA: DOENÇAS CARDIOVASCULARES 3 • Anorexia, náuseas, vômitos, constipação intestinal: causada pela perfusão sanguínea às vísceras abdominais, o que leva a uma congestão visceral. Exame físico • Estertores crepitantes: do líquido nos espaços alveolares • Derrame pleural: pode ser causado por pressões capilares aumentadas, que leva também ao acúmulo de líquido entre as pleuras • Íctus deslocado e mantido: em uma pessoa normal, o íctus está presente na linha medioclavicular no 4 ou 5º espaço intercostal e pode ser percebido apenas na primeira parte da sístole;já em pessoas com IC, o aumento do coração ocasionam e possibilidade de sentir a parte mais tardia da sístole (íctus mantido) e pode ser deslocado lateralmente (íctus deslocado) • Terceira bulha cardíaca (B3): é um som de timbre baixo que é ouvido durante o enchimento rápido do ventrículo no início da diástole; não é incomum ser encontrada em jovens e crianças, mas em adultos com mais de 40 anos é quase patognomônica de insuficiência ventricular. Os volumes e pressões sistólicos mais aumentados do coração com insuficiência provavelmente são responsáveis pela terceira bulha cardíaca proeminente • Quarta bulha cardíaca (B4): ocasionado pela contração atrial, que vai ser um som de baixo timbre no fim da diástole; esse som provavelmente se origina da desaceleração súbita de sangue em um coração não complacente, ou do impacto repentino de um ventrículo rígido contra a parede torácica. Vai ser bem ouvida lateralmente sobre o ápice em qualquer paciente com disfunção diastólica • Pele pálida, fria e suada: pacientes com insuficiência cardíaca grave frequentemente têm vasoconstrição periférica, o que mantém o fluxo de sangue para os órgãos centrais e a cabeça • Radiografia de tórax: aumento do coração ( do índice cardiotorácico), cefalização do fluxo sanguíneo e/ou edema pulmonar. INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA Etiologia A causa da insuficiência cardíaca direita (ICD) pode ser por uma ICE (aumento da pré-carga imposta ao VD), por anormalidade das artérias ou dos capilares pulmonares (pós-carga aumentada), por sequela de doença pulmonar ou por isquemia do VD em um infarto. Fisiopatologia A fisiopatologia é semelhante à da ICE. Uma pessoa com ICD isolada pode ter uma razão mecânica para desenvolver uma ICE. O septo interventricular tem um abaulamento para o ventriculo direito, pois este apresenta menor pressão comparado ao esquerdo. Assim, com o aumento da pressão intraventricular com a IVD, o septo pode ter seu abaulamento virado para a esquerda, o que diminui o lúmen do VE e causa a ICE. Manifestações clínicas • Dispneia: pode ser causada por: o IVE associada; o pela doença pulmonar que causou a IVD; o congestão das veias hepáticas, com formação de ascite e interferência da atividade do diafragma o débito cardíaco direito reduzido causa hipóxia e acidose • Turgência jugular (pressão venosa jugular ): o aumento da pressão atrial vai causar essa turgência jugular, que pode ser analisada em relação à altura do Ângulo de Louis, que está 5 cm acima do AD. As pulsações venosas jugulares geralmente são observadas menos de 7 cm acima do átrio direito. Pressões atriais elevadas estão presentes em qualquer tempo em que essa distância seja maior que 10 cm e indicam que a pré-carga do ventrículo é adequada, mas a função ventricular está diminuída e o líquido está se acumulando no sistema venoso FISIOPATOLOGIA: DOENÇAS CARDIOVASCULARES 4 • Anasarca, ascite, edema de membros inferiores, refluxo hepatojugular e dor abdominal: a pressão elevada no lado direito leva a acúmulo de líquido na circulação venosa sistêmica. A congestão venosa pode ser manifestada por edema generalizado (anasarca), ascite (acúmulo de líquido no espaço peritoneal) e edema gravitacional (inchaço dos pés e das pernas). A pressão sobre o fígado por aproximadamente 5 segundos pode causar deslocamento de sangue para a veia cava; quando o ventrículo direito não pode acomodar esse volume adicional, um aumento da pressão venosa jugular ("refluxo hepatojugular") pode ser observado. A expansão do fígado por acúmulo de líquido pode causar distensão da cápsula hepática com dor abdominal acompanhante no quadrante superior direito.
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