Buscar

Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Deficiências Sensoriais
Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e 
Auditiva)
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Célia Regina da S. Rocha. 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin. 
5
Un
id
ad
e Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais 
(Visual e Auditiva)
Nesta Unidade, abordaremos aos fatores etiológicos das deficiências auditiva e 
visual, bem como suas definições. Os fatores etiológicos podem ser congênitos ou 
de forma gradual ou abrupta. 
O principal objetivo é fazê-lo conhecer as definições e as causas das deficiências 
auditiva e visual e seus diferentes níveis e graus de comprometimento. 
Quero lembrá-lo(a) para não se esquecer de acessar o link Materiais Didáticos, no qual encontrará 
o conteúdo e as atividades propostas para esta Unidade.
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução
• Fatores Etiológicos da Deficiência Visual
• Dificuldades primárias da criança cega
• Desenvolvimento da Mobilidade
• Surdo Cegueira
• Deficiência Auditiva
• O que é reabilitação?
Fonte: T
hinkstock / G
etty Im
ages
6
Unidade: Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)
Para iniciarmos esta Unidade, convido você a refletir acerca do tema: Estimulação precoce – 
recurso na área da reabilitação que auxilia os bebês e crianças que apresentam deficiência e/ou 
atrasos no desenvolvimento motor, social e de linguagem, pois é extremamente importante que 
este bebê seja inserido, o quanto antes, num programa de estimulação precoce. Assim, maiores 
serão os ganhos para o seu desenvolvimento global.
Estimulação precoce. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=WYEIEYYLalw
Contextualização
http://www.youtube.com/watch?v=WYEIEYYLalw
7
Introdução
As pessoas com deficiências sensoriais, auditiva e/ou visual, ao longo da história da 
Humanidade, vêm sendo envolvidas por mitos e fantasias, vez que são, invariavelmente, 
consideradas possuidoras de poderes sobrenaturais ou coitadinhas, incapazes e dependentes 
da boa vontade do outro. 
Mas afinal, o que é a deficiência sensorial?
A deficiência sensorial, como o próprio nome diz, envolve os órgãos sensoriais, 
notadamente a visão e a audição.
Iniciaremos discorrendo sobre a deficiência visual, que implica a redução ou perda total da 
capacidade de ver com o melhor olho após correção máxima. 
A capacidade funcional da visão ou visão funcional refere-se à interação da percepção visual 
e do ambiente, ou quão bem as pessoas enxergam em suas vidas cotidianas em níveis variáveis 
de iluminação. 
Fonte: Thinkstock / Getty Images
Assim, a capacidade da visão funcional inclui muitas funções, como a visão 
central ou acuidade visual +, sensibilidade à luz, aos contrastes e movimentos, 
percepção de cores, visão periférica, processos interpretativos (SME/DOT, 2007).
• + Acuidade visual: distância de um ponto ao outro, em linha reta, por meio da qual 
um objeto é visto. 
• Campo visual: amplitude e abrangência do ângulo da visão em que os objetos são focados. 
• Eficiência da visão: qualidade e aproveitamento do potencial visual. (estimulação e 
ativação das funções visuais)
8
Unidade: Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)
Desta forma, podemos entender o quanto é complexo e ao mesmo tempo único o tipo de 
aproveitamento que cada indivíduo com deficiência visual possui.
A cegueira é definida como a perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor 
olho após correção máxima, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do 
melhor olho, mesmo com o uso de lentes de correção, e visão nula à percepção de luz. 
Define-se como visão subnormal a condição de acuidade visual igual ou menor que 0,3 
no melhor olho com a melhor correção possível (OMS, 1995). O indivíduo pode ser capaz de 
perceber a projeção de luz ou ter dificuldade significativa no campo visual, que interferirá no 
seu desempenho funcional. 
As pessoas com visão reduzida são aquelas com a acuidade visual entre 6/20 e 6/60, no 
melhor olho, após correção máxima. Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual 
que permite ao educando ler impressos a tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e 
equipamentos especiais (BRASIL, 1998, p.25.).
Já baixa visão implica a alteração na capacidade funcional da visão significativa, redução 
importante no campo visual, alterações corticais e/ou sensibilidade aos contrastes que interferem 
ou limitam o desempenho visual do indivíduo (BRASIL, MEC/SEESP, 2006).
Fatores Etiológicos da Deficiência Visual
As deficiências sensoriais podem acometer os indivíduos em diferentes etapas de sua vida: 
pré-natais, perinatais e pós-natais. 
Pré - Natais – Congênitas
Catarata congênita: é a primeira causa de cegueira infantil; o período normal vai de zero 
a três anos de idade. Neste tipo de catarata, o cristalino já nasce opaco, não forma a imagem 
na retina, comprometendo o desenvolvimento da criança. Exige um atendimento especial e a 
recuperação depende de um segmento muito próximo do oftalmologista.
Outra causa congênita de cegueira é o glaucoma congênito, doença dentro do olho, com 
o aumento da pressão intraocular, ocasionando sofrimento nutricional do olho (aumento de 
tamanho), fotofobia e lacrimejamento constante.
Infecções no olho (uveítes): causadas pela toxoplasmose e outras infecções.
Na cegueira congênita, a criança vai aprender a se organizar-se e a se relacionar com o 
mundo utilizando os outros sentidos. Como ela já nasceu cega ou perdeu a visão até os cinco 
anos de idade, a memória visual antes desta idade é muito fluida, não detendo as imagens 
visuais e mentais em termos de organização cognitiva.
9
Para conhecer mais sobre os fatores de risco da cegueira, veja o estudo disponível 
em: http://www.scielo.br/pdf/rbof/v68n1/05.pdf, (prevalência de fatores de risco 
de retinopatia da prematuridade), de Borges Filho et. al, 2009; e, também, 
Doenças oculares em neonatos, disponível em http://www.scielo.br/pdf/abo/
v65n5/a10v65n5.pdf, de ENDRISS et. al, 2002.
Cegueira adquirida: a pessoa perde a organização cognitiva e perceptiva, terá uma 
reorganização perceptiva, as utilizações das imagens visuais terão de ser trabalhadas para que 
ele possa continuar a utilizá-las.
A criança cega se relaciona com o mundo modificando-se e se adaptando à sua condição; 
precisa se organizar internamente para se relacionar com o mundo.
Embora ela não tenha uma concepção de mundo, vai precisar e se utilizar dos outros sentidos para 
que isso aconteça. Além de necessitar, incessantemente, do apoio da mãe para obter estas aquisições.
A eficiência visual de duas pessoas com a mesma acuidade visual é diferente para enxergar 
melhor, portanto, é de extrema importância que a criança seja orientada e ensinada a utilizar, 
adequadamente, o resíduo visual que tem. Algumas pessoas estruturam melhor seus recursos 
que outras; por isso é importante treinamento para o melhor uso da visão residual; entretanto, 
usar da melhor forma o resíduo visual não significa melhora da visão.
Dificuldades primárias da criança cega
Os bebês que enxergam buscam suas referências no ambiente que os cerca, mas a criança 
cega apresenta dificuldades primárias nesta busca de referências, principalmente no que diz 
respeito à:
 » Formação de conceitos – nas crianças normais, ocorre o processo de identificação, 
discriminação e elaboração do conceito de objeto; já a criança cega terá dificuldades na 
formação destes conceitos e, portanto, ela dependerá de um tempo muito maior para 
poder obter a formação deles, em função de sua cegueira;
 » Mobilidade e locomoção – a visão é um grande estímulo para a mobilidade e a 
locomoção, e a falta dela prejudica esta mobilidade do indivíduo, pois ele não possui 
feedback visual da postura do outro, comprometendo sua locomoção e acarretando 
insegurança na mobilidade, no controle e na relação com o meio circundante.
http://www.scielo.br/pdf/rbof/v68n1/05.pdf
http://www.scielo.br/pdf/abo/v65n5/a10v65n5.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/abo/v65n5/a10v65n5.pdf
10
Unidade: Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)
Dificuldades Secundárias
Com a maturação biológica, a criança torna-se menos passiva e experimenta o aumento de 
frustrações, o que constitui uma ameaça ao seu estado narcísico original. 
O bebê cego, como dissemos anteriormente, necessita incessantemente da mãe, para lhe 
apresentar ao mundo externo, estimulando-o e o orientando sistematicamente. 
Em muitos casos, a falta de estimulação visual pode fazer com que a criança cega venha 
a apresentar comportamentos semelhantes ao do autista, inclusive apresentando estereotipias 
manuais e balanceio do corpo. 
Quanto à funcionalidade, é importante que a pessoa com a deficiência visual possa ter sua visão 
avaliada não apenas no aspecto cínico, mas, e principalmente, a partir de sua funcionalidade. O 
fato de várias pessoas terem a mesma acuidade visual não significa que elas possam apresentar 
o mesmo nível de aproveitamento da visão.
Quanto mais cedo ocorre a cegueira, maior será a sua influência sobre o desenvolvimento da 
personalidade e maior o peso concedido à ausência da visão.
Nas pessoas que adquiriram a cegueira até os cinco anos de idade, os efeitos sociais e as 
condições do sujeito, anteriores ao evento frustrador, tornam-se preponderantes para a sua 
inserção neste ambiente.
Durante o processo de desenvolvimento, logo ao nascer, à boca é o órgão dominante de 
busca e exploração do meio circundante, e no início do segundo período, as mãos e os olhos 
tronam-se preponderantes. 
A criança passa a usar mais e mais as suas mãos e a visão é o complemento deste movimento 
de busca e conhecimento do mundo externo. O bebê tende a se concentrar em suas próprias 
experiências corporais, experimentando a autossedução constante.
O bebê que enxerga, explora visualmente o ambiente e nesta atividade, fundamentalmente 
mental, explora e fixa um objeto e outro, aquilo que antes agarrava com as mãos, agora busca 
e capta com os olhos. 
Esta busca implica o reconhecimento do rosto da mãe. O bebê cego é privado deste 
movimento e também lhe é negado o feedback visual da mãe. Assim, a criança cega tem a falha 
na aquisição da autonomia da mão e da percepção centrada na boca, que se configura em 
nosso órgão primário de percepção. 
Como a mão, a visão fica a serviço da boca na busca e pesquisa do mundo externo, ambas 
tornam-se independentes da boca e passam a ter função sobre dois atributos de energia oral: 
libido e agressão.
A criança cega, por não ter ou receber menor quantidade e variedade de estímulos externos, 
apresenta dificuldades em suas interações com as pessoas e com o mundo circundante.
11
Desenvolvimento da Mobilidade 
Quanto à locomoção, a criança atinge a prontidão para engatinhar quando consegue 
movimentar-se no espaço em que se encontra, para buscar os objetos.
Lowenfeld (1978) considera a restrição da mobilidade uma consequência inerente à ausência 
da visão, vez que a condição fundamental do bebê quando começa a engatinhar é a busca de 
objetos, movimento que propicia a ele a aquisição da mobilidade e da independência para se 
locomover. Neste sentido, a busca de objetos é a condição fundamental para o bebê começar a 
engatinhar e adquirir sua autonomia.
A ausência de visão compromete e/ou impede o estabelecimento da mobilidade, mas, por 
outro lado, o bebê cego vai depender intensamente da locomoção para fazer distinções entre o 
EU e mundo externo e, assim, construir o seu mundo objetal.
O fato de a criança nascer cega mobiliza nos pais sentimentos de frustração e fracasso e isso 
faz com que haja pouco incentivo para que ela explore o mundo externo, que lhe é desconhecido 
e incompreensível. 
A mãe exerce um papel de primordial importância, pois ela será o agente facilitador que 
incentivará e estimulará a criança a descobrir soluções adaptativas complexas, para que seu 
bebê possa desenvolver-se. 
Este é um período crítico do desenvolvimento e qualquer tipo de falha nele poderá levar à 
interrupção ou mesmo provocar sérias perturbações no desenvolvimento.
Outro aspecto de significativa importância para a criança cega é a aquisição da linguagem. 
A falta de visão estimula a criança cega a utilizar as palavras como substitutas daquilo que 
não consegue ver, e que serve para orientar, catalogar e mencionar características que irão 
diferenciar as pessoas.
O estágio inicial da fala é um período no qual a criança cega apresenta dificuldades, porque 
raramente ela constrói sua linguagem com base apenas em suas outras percepções (auditivas, 
táteis, olfativas ou sinestésicas).
A compreensão e a aquisição dos conceitos de forma e tamanho, relações espaciais e 
temporais são modalidades de aprendizagem nas quais a criança cega apresenta um elevado 
grau de dificuldade. 
Para que estas dificuldades sejam superadas ou minimizadas, este bebê deve ser inserido, o 
quanto antes, em um programa de estimulação precoce, no qual os pais receberão orientação 
de como lidar e estimular adequadamente o seu bebê. 
Geralmente, cabem à mãe os cuidados iniciais e básicos. Obviamente, para a mãe, esta 
não é tarefa fácil, vez que ela está fragilizada e com dificuldades para lidar com a angústia e a 
frustração de ser mãe de um bebê cego. Para ela, que enxerga, ter de apresentar o mundo para 
o seu bebê, que não enxerga, é algo muito difícil.
Além de precisar superar as críticas e imposições feitas pelo seu grupo social, configurando-se 
em uma deficiência secundária. 
12
Unidade: Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)
Surdo Cegueira 
Segundo definição disponível no IBC:
Indivíduos surdo cegos devem ser definidos como aqueles que têm uma 
perda substancial de visão e audição de tal forma que a combinação das duas 
deficiências cause extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, 
vocacionais, de lazer e sociais (IBC, 2014).
Leia também:
http://www.spsp.org.br/revista_rpp/24-1-4.pdf
www
A pessoa surdo cega tem uma perda substancial de dois importantes canais sensoriais: a 
visão e a audição, e a privação destes dois sentidos acarreta imensas dificuldades para quem a 
possui, exigindo cuidado e atenção especiais. 
Segundo dados do Instituto Benjamin Constant – IBC, há poucas pessoas que são totalmente 
cegas e completamente surdas. Entretanto, há pessoas cegas congênitas que perderam a audição 
após a aquisição da fala; outras, surdas, que perderam a visão após aprenderem a língua de 
sinais e a leitura labial; outras, ainda, que perderam a audição e a visão após dominarem a 
linguagem oral; destas, algumas possuem resíduo auditivo ou visual.
Deficiência Auditiva
Deficiência auditiva é o termo utilizado para indicar uma perda de audição, ou seja, da 
capacidade de escutar os sons.
A deficiência auditiva (DA) compromete dois canais de extrema importância para comunicação 
humana: emissão (fala) e recepção (audição). 
A DA acontece quando há uma diminuição da audição e produz uma redução na percepção 
e na capacidade de escutar os sons, o que dificulta a compreensão das palavras faladas. 
Fatores Etiológicos da Deficiência Auditiva 
Saiba mais em:
http://www.scielo.br/pdf/rboto/v72n1/a06v72n1.pdf
http://www.spsp.org.br/revista_rpp/24-1-4.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rboto/v72n1/a06v72n1.pdf 
13
As causas de perdas auditivas podem ser:
 » Congênitas: resultam da transmissão, no embrião, de uma imperfeição física ou de um 
processo fisiológico que afetou a cápsula ótica, os ossos temporais, o cérebro ou algum 
elemento histológico nas áreas centrais ou periféricas, associadas com o órgão auditivo. 
Pode ser parcial ou total – causada por falha no desenvolvimento do feto, durante o período 
da formação do aparelho auditivo, ou seja, entre o 3º e 4º mês de gestação; 
 » Patológicas: quando devidas a algum tipo de infecção no período ativo do 
desenvolvimento. 
 
Diferentes tipos de perda auditiva
• Condutiva: é a lesão na orelha externa ouna orelha média, quando ocorre algum 
problema que impede a orelha externa e orelha média de exercerem uma função de 
“conduzir” o som até a orelha interna. Esse problema pode ser devido a acúmulo de 
cera no canal auditivo externo, infecções na orelha média (otites). A DA condutiva leva à 
diminuição na percepção da intensidade dos sons;
• Neurosensorial: a lesão auditiva pode também se instalar na orelha interna ou até o 
primeiro gânglio do nervo auditivo, diminuindo a capacidade de receber sons que passam 
pela orelha externa e orelha média. A DA neurosensorial leva não só a uma diminuição 
na percepção da intensidade do som, como também à dificuldade de diferenciar um som 
do outro. A DA neurosensorial pode ocorrer devido a: hereditariedade, consanguinidade, 
medicamentos indevidos durante a gravidez, infecções adquiridas pela mãe durante a 
gravidez (rubéola, toxoplasmose), incompatibilidade do RH do sangue da mãe e do bebê, 
intercorrências na hora do parto, doenças e infecções adquiridas após o nascimento 
(meningite, caxumba, sarampo), prevalentes (p = 0,002), sendo que entre elas a 
meningite e a rubéola se mostraram com maior prevalência (Barros, 2009) e ingestão de 
medicamentos ototóxicos.
• Forma mista: a DA também pode acontecer de forma mista, quando ocorre a perda 
auditiva condutiva e neurosensorial, na mesma pessoa;
• Alterações no sistema nervoso central: há, ainda, as DA por alterações no sistema 
nervoso central; nesses casos, outras alterações podem estar presentes como as: motoras, 
perceptivas, de memória e de atenção. 
As perdas auditivas podem manifestar nos níveis:
• Surdez leve/moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, mas não 
impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana, 
com ou sem utilização de um aparelho auditivo;
• Surdez severo-profunda: perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o 
indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem como de 
adquirir, naturalmente o código da língua oral (BRASIL, 2007);
14
Unidade: Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)
• Anacusia: diferente do que acontece na surdez, na qual existem resíduos auditivos, na 
anacusia não há audição.
O período em que se instala a DA e a forma como ocorreu à perda auditiva é um fator importante.
Consequências da perda auditiva
A mais significativa está relacionada à comunicação verbal, fator de capital importância para 
a vida social do indivíduo. Assim, devido à falta de estimulação auditiva, a criança sofre um 
déficit no desenvolvimento da linguagem, tanto maior quanto mais precocemente se instala o 
processo patológico. 
Dependendo do tipo de DA, do grau de perda auditiva e da época em que se instalou, a pessoa 
poderá ter melhores ou piores possibilidades de escutar os sons e desenvolver a linguagem oral.
Portanto, é importante se observar se a DA ocorreu antes ou depois da aquisição da linguagem.
Na criança com a DA, o desenvolvimento da linguagem ocorre de forma similar ao da criança 
ouvinte, ou seja, passa pela “lalação” e “balbucio”, mas a ausência do feedback auditivo faz 
com que ela fique desestimulada a repetir os sons, pois não está ouvindo o som da própria voz, 
enquanto o bebê ouvinte continua. 
Desta forma, a criança surda também é capaz de adquirir elementos de comunicação verbal; 
no entanto, é preciso que ela seja estimulada.
Muito embora a DA congênita não implique, necessariamente, relações objetais precárias, 
tudo dependerá das características individuais, físicas e psíquicas inatas da criança, do tipo de 
ambiente ao qual está exposta e, principalmente, da qualidade das relações mãe/bebê. 
A falta de modelos auditivos acarretados pela DA prejudica os processos mentais, no aspecto 
mais significativo, que é a aquisição da linguagem oral e a capacidade de comunicação. Por conta 
disso, a precocidade do diagnóstico e da estimulação é imprescindível para o desenvolvimento 
pleno da criança, proporcionando, assim, orientação à família, para garantir que a estimulação 
ocorra de forma sistemática e contínua. 
O deficiente auditivo, geralmente, necessitará da utilização de uma prótese auditiva, 
aparelho de amplificação sonora individual (AASI), assim poderá reconhecer os sons do meio 
ambiente, inclusive os sons da fala. Mesmo com a utilização de próteses, a pessoa surda pode 
ser caracterizada pela impossibilidade de se ouvir (SME/DOT, 2007).
Embora o AASI sirva basicamente para amplificar o som, ele não implica necessariamente 
que a pessoa irá ter a audição normal, sendo, portanto, necessário um período de adaptação 
para o uso do AASI, para que a pessoa possa beneficiar-se de seu uso.
A criança surda precisará receber treinamento auditivo, para que possa utilizar o AASI e 
possa aprender a distinguir e discriminar os diferentes tipos de sons existentes no ambiente. 
Todas as crianças necessitam de experiências, muitas vivências e riqueza de situações para 
que possam desenvolver-se; com a criança surda, deve acontecer o mesmo, devendo sua 
estimulação ser sistemática, contínua e repetitiva, pois, assim, o aprendizado vai sendo pouco a 
pouco ampliado e se tornando cada vez mais complexo. 
15
 A criança surda, na medida do possível, necessita, para a aquisição da linguagem, de 
experiências concretas, tanto com pessoas, com animais ou com objetos. Por exemplo: o 
conhecimento e o significado de praia, levar a criança até a praia, sua forma, tamanho, ouvir 
o seu som, permitindo à criança recolher o maior número possível de informações a partir da 
vivência e da observação direta.
Por outro lado, a brincadeira é a forma mais eficiente para despertar o interesse e a motivação 
de crianças pequenas, manter a estrutura rotineira básica é importante para que a criança tenha 
pontos de referência estáveis nos quais possa se orientar, auxiliando-a no que diz respeito à sua 
segurança (MEC, 2006).
Para a aquisição e a produção da fala, é importante que a respiração seja adequada, que 
se ofereça a sensibilização dos órgãos fonoarticulatórios, assim como a leitura orofacial e o 
treinamento auditivo e, nos casos da perda severa, um grande esforço e empenho pessoal para 
obter a aquisição da linguagem. 
O que é reabilitação?
O diagnóstico precoce de qualquer alteração no desenvolvimento de uma criança e sua 
rápida habilitação possibilita melhor prognóstico para a maioria dos casos (GAGLIARDO; 
GONÇALVES,1996).
A reabilitação visa à melhoria da funcionalidade individual, por exemplo, melhorando a capacidade 
de uma pessoa desempenhar ações cotidianas, de forma autônoma, como comer e beber sem auxílio. 
A reabilitação também pode incluir medidas interventivas no ambiente do indivíduo.
A reabilitação envolve intervenções simples ou complexas realizadas por uma pessoa ou por 
uma equipe de profissionais de reabilitação, também pode estender-se desde a fase aguda ou 
inicial do problema médico, logo após sua descoberta, até as fases pós-aguda e de manutenção, 
quando necessária.
A eficácia da intervenção precoce, enquanto modalidade de atendimento, é especialmente 
marcante em crianças que têm, ou podem vir a ter, atrasos de desenvolvimento (1998).
Os resultados da reabilitação são a melhora e modificações na funcionalidade do indivíduo, 
ao longo do tempo, atribuíveis a uma medida isolada ou a um conjunto de medidas (1998). 
As medidas de reabilitação dividem-se em categorias.
A medicina de reabilitação está relacionada à melhoria funcional por meio do diagnóstico e 
tratamento das condições de saúde, redução de deficiências, prevenção e tratamento de complicações. 
16
Unidade: Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)
A terapia cuida de restabelecer e compensar a perda de funcionalidade, bem como evitar ou 
retardar a deterioração da funcionalidade em todas as áreas de vida da pessoa, como:
 » Treinamento, exercícios e estratégias de compensação;
 » Educação;
 » Apoio e aconselhamento;
 » Modificações noambiente;
 » Disponibilização de recursos e tecnologia assistiva.
17
Material Complementar
CARLETTO, M. R. V. A estimulação essencial da criança cega. Disponível em: <http://www.
diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/488-4.pdf>
KELMAN, C. A.; SILVA, D. N. H; AMORIM, A. C. F; MONTEIRO, R. M. G.; AZEVEDO, D. C. 
Surdez e família: facetas das relações parentais no cotidiano comunicativo bilíngue. Linhas 
Críticas, Brasília/DF, v. 17, n. 33, p. 349-65, maio/ago., 2011. Disponível em: <http://periodicos.
unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/5698/4710>.
LOPES, G. B.; KATO, L. S.; CORREA, P. R. C. Os pais das crianças com deficiência: 
reflexões acerca da orientação em reabilitação motora. Psicol. teor. prat. [online]. 2002, 
vol.4, n.2, pp. 67-72. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-
36872002000200008&script=sci_arttext.
SILVA, L. S.; BASTOS, T. Pais ouvintes e filhos surdos: impasses na Comunicação. Entrelaçando 
– Revista Eletrônica de Culturas e Educação Caderno Temático: Educação Especial e 
Inclusão. nº. 8, p. 25-34, Ano IV (Junho/2013).
http://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/5698/4710
http://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/5698/4710
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-36872002000200008&script=sci_arttext
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1516-36872002000200008&script=sci_arttext
18
Unidade: Etiologia e Definição das Deficiências Sensoriais (Visual e Auditiva)
Referências
BARROS, Leny Estévez Meirelles de. Estudo de prevalência de gênero e causas da surdez 
nos alunos do Instituto Nacional de Educação. INES/Leny Estévez Meirelles de Barros, 2009.
BORGES FILHO, J.; ECKERT, G. U.; VALIATTI, F. B.; COSTA, M. C.;BONOMO,P. P.; R. S. 
PROCIANOY. Prevalência de fatores de risco de retinopatia da prematuridade: estudo com 450 
pré-termos de muito baixo peso. Rev Bras Oftalmol. 2009; 68 (1): 22-9.
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/
SEESP, 2006.
______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Adaptações Curriculares. Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação 
Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1998, p.25.
ENDRISS, D.; VENTURA, L. V. V. O.; DINIZ, J. R.; CELINO, A. C.; TOSCANO, J. Doenças 
oculares em neonatos. Arq Bras Oftalmol; 65: 551-5, 2002.
FONSECA, V. R. J. R. M. (org.). Surdez e Deficiência auditiva: a trajetória da infância à idade 
adulta. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001, p.39-58. 
GAGLIARDO, H. G. R. G.; GONÇALVES, V. M. G. Conduta visual: primórdios da comunicação. 
Arq. Neuropsiquiatria, v. 54, sup. II, 1996. 
LOWENFELD, B. The visually handicapped child in school. New York: The John Day 
Company. 1978.
MOMO, A. R. ; SILVESTRE, C.; GRACIANI, Z. O processamento sensorial como ferramenta 
para educadores: facilitando o processo de aprendizagem. São Paulo: Memnon, 2007.
Organização Mundial da Saúde (OMS), 1995. 
São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Referencial 
sobre Avaliação da Aprendizagem do aluno com necessidades educacionais especiais/
Secretaria Municipal de Educação. São Paulo: SME/DOT, 2007.
SILVA, L. P. A.; QUEIROS, F.; LIMA ,I. Fatores Etiológicos da Deficiência Auditiva em Crianças e 
Adolescentes de um Centro de Referência APADA em Salvador-BA. Rev Bras Otorrinolaringol, 
2006; 72(1): 33-6.
19
Anotações

Continue navegando