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Auditoria Médica em Enfermagem, em Odontologia e em Farmácia W B A 0 5 2 9 _ v1 _ 1 2/190 Auditoria Médica em Enfermagem, em Odontologia e em Farmácia Autoria: Jennifer Bazilio Como citar este documento: BAZILIO, Jennifer. Auditoria médica em enfermagem, em odontologia e em farmácia. Disciplina. Valinhos: 2017. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Auditoria e perícia multiprofissional em saúde 05 Unidade 2: Auditoria em procedimentos médicos 26 Unidade 3: Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 49 Unidade 4: Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos 73 2/190 Unidade 5: Auditoria em procedimentos odontológicos: 98 Unidade 6: Estatística aplicada e metas de gerenciamento de custos 121 Unidade 7: Informática aplicada à auditoria em saúde 144 Unidade 8: Estratégias de relacionamento com fornecedores 168 3/190 Apresentação da Disciplina O quadro que observamos ao longo dos anos na Saúde do Brasil e em um mundo cada vez mais globalizado, unido à plena expansão de recursos tecnológicos, exige dos profissionais uma dinâmica apurada na avaliação da prestação de serviços volta- da para racionalização e redução dos cus- tos sem comprometimento da qualidade. É neste cenário que a Auditoria em Saúde é essencial para garantir a qualidade da as- sistência com um custo pertinente às ações prestadas. A auditoria em saúde consiste na verifi- cação sistemática e independente do obje- to, e pode ocorrer por meio da observação, medição, instrumentos, ensaio ou outras técnicas apropriadas, de uma atividade, elemento ou sistema, para verificar a ade- quação aos requisitos preconizados por leis e normas vigentes; determinando assim a direção das ações e delineando resultados de acordo com tais disposições, onde a bus- ca por padrões de qualidade torna-se es- sencial. Sendo a área de saúde uma das mais diver- sificadas áreas, quando nos referimos ao conhecimento e abrangência na prestação de serviços, abarca as mais diferentes for- mas de atuação nas funções de cada profis- sional. Este panorama ocorre dentro das institu- ições de saúde e tem tornado o trabalho em auditoria complexo, um campo de saber e prática multiprofissional, em que fatores são essenciais para a riqueza do relatório fi- nal e o bom desempenho das atividades em auditoria. 4/190 Assim, durante o cursar desta disciplina buscaremos apresentar os princípios técni- cos e legislações dos serviços de saúde, em diferentes sistemas e processos multidisci- plinares, com ênfase nos serviços e proced- imentos voltados à assistência de Enfer- magem, Odontologia, Medicina e Farmácia. Desta forma, levando à compreensão dos diferentes espectros de atuação do profis- sional do auditor em diferentes campos de atuação, no atendimento e auditoria de procedimentos relacionados a áreas espe- cíficas das mais diversas instituições públi- cas e privadas. 5/190 Unidade 1 Auditoria e perícia multiprofissional em saúde Objetivos 1. Compreender os princípios das equi- pes multiprofissionais; 2. Compreender o funcionamento das equipes multiprofissionais nos pro- cessos de auditoria. 3. Conhecer a necessidade das áreas de conhecimento no processo de audito- ria. Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde6/190 Introdução Como já vimos anteriormente, a auditoria é uma importante ferramenta utilizada na gestão, sendo responsável principalmente pelo controle e avaliação nas organizações de saúde, de forma sistemática e analítica, trazendo visibilidade às questões de quali- dade, bem como resolutividade em proces- sos possíveis de mudanças a longo, médio e curto prazo. Sendo a área de saúde uma das mais diver- sificadas áreas, quando nos referimos ao conhecimento e abrangência de serviços, abarcamos as mais diferentes formas de atuação nas funções de cada profissional. Este panorama ocorre nas instituições de saúde e tem tornado o trabalho em audito- ria complexo, um campo de saber e prática multiprofissional. Fato este que vem sendo apontado pelos respectivos Conselhos Fe- derais de classe, que afirmam que os traba- lhos em auditoria podem ser realizados de forma compartilhada com profissionais das mais diversas áreas, como médicos, enfer- meiros, dentistas, farmacêuticos, contado- res, administradores, advogados, entre ou- tros. Além da opinião dos conselhos de classe, autores e estudiosos em auditoria também corroboram que o trabalho conjunto entre os saberes diversos, por meio da participa- ção de diferentes profissionais, das várias áreas de saber, com formações diferencia- das na saúde, são essenciais para a riqueza do relatório final e o bom desempenho das atividades em auditoria. Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde7/190 1. Multiprofissionalidade na Saú- de Para que possamos compreender a relação entre a multiprofissionalidade e a auditoria, uma pequena introdução sobre a temática se faz necessária, visto que o trabalho em equipe é a base estrutural deste conceito. O trabalho consiste na ação racional e estra- tégica, onde se inserem instrumentais para o alcance de um objetivo comum, buscando o êxito de um determinado resultado. Nes- te processo ocorre a interação referente à comunicação simbólica entre os pares, que definem as expectativas recíprocas entre os sujeitos. Para tanto, se regem contratos consensuais subjetivos de livre coação in- terna ou externa (HABERMAS, 2003). Seguindo a linha de raciocínio do autor, po- demos compreender que durante a intera- ção entre profissionais, trocas simbólicas são formadas, onde cada sujeito se coloca em um papel determinado a ser cumprido. O mesmo autor discute sobre a formação das equipes de trabalho, onde algumas são formadas como equipes de agrupamen- to e equipes de integração. As equipes de Link Acesse o link que se segue para ler o artigo que fala sobre o conceito de equipe multiprofissional de saúde e tipologia. Disponível em:< http://www. scielo.br/pdf/rsp/v35n1/4144.pdf >Acesso em 15.12.2017. Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde8/190 agrupamento se justapõem entre as ações a serem realizadas para um determinado fim, buscando o resultado muitas vezes de forma paralela; já nas equipes integração, ocorre a articulação das ações e a interação dos sujeitos envolvidos na ação, buscando um resultado comum. Trabalhar em equipe não implica em elimi- nar as especificidades de cada profissional ou classe, pois as diferenças nos saberes ex- pressam a contribuição na divisão do traba- lho para a melhoria dos serviços prestados, elevando o grau de produção. Na saúde, os profissionais precisam manter as especifici- dades de cada área técnica, porém a flexi- bilidade entre elas é compreendida como a divisão do trabalho, podendo coexistir com aquilo que lhe é privado (PEDUZZI, 2001). Ou seja, os profissionais realizam interven- ções próprias de suas respectivas áreas, mas também executam ações comuns, nas quais os saberes provenientes de distintos campos estão integrados, onde este arranjo é proposto pela própria equipe. Diante do exposto, podemos considerar o caráter multiprofissional da auditoria em saúde, onde a interdisciplinaridade possibi- lita a prática de um profissional se recons- truir na prática do outro. Entre as diversas fases do processo de execução da auditoria, a fase de planejamento e a fase operacio- nal requerem, em virtude da necessidade de determinar seus objetivos, uma equipe com especialistas em diversas áreas, principal- mente quando o objeto de trabalho está re- lacionado a uma instituição como um todo, Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde9/190 ou quando o instrumento seja derivado de prontuários médicos, visando desta forma aprofundar as análises no sistema de aten- ção à saúde. 2. Equipe mínima dos serviços de auditoriaQuanto à formação das equipes de auditoria em saúde, tanto em âmbito das empresas privadas, convênios ou mesmo no Sistema Único de Saúde, considerar as atribuições citadas pelo Sistema Nacional de Auditoria, que coloca segundo a Lei 8.689. Em seu in- ciso 1º, dispõe que compete ao sistema na- cional de auditoria a avaliação tecno-cientí- fica, contábil, financeira e patrimonial, sen- do esta realizada de forma descentralizada, e dá outros parâmetros para formação das equipes baseadas nesta informação. Para saber mais Os conselhos de classe, como o Conselho Regio- nal de Enfermagem (CRM) (Resolução nº 1.614), Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) (Re- solução nº 266/2001) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) (Resolução nº 781/95), pos- suem regulamentações próprias que sustentam nossa discussão. Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde10/190 Entende-se que as equipes de auditoria de- vam ser compostas por uma certa varieda- de de categorias profissionais, e estas são regidas pelo alcance que o conhecimento científico do profissional dê conta dessas atribuições. Sendo assim, recomenda-se que haja profissionais da área assistencial e da área de recursos financeiros e patrimoniais, na quantidade necessária ao desenvolvimento dos trabalhos, devendo ser incorporados outros profissionais, de acordo com a necessidade e possibilidade da instituição, secretaria ou órgão equivalente. Nos casos onde houver necessidade de es- pecialistas ou profissionais de categorias que não fazem parte do quadro do compo- nente de auditoria, para atuarem em ações pontuais, como exemplo: farmacêutico, en- genheiro, advogado, nutricionista, entre outros, estes serviços devem solicitar a par- ticipação desses profissionais de outras ins- tâncias para atuarem como peritos em uma ação de auditoria. Nesse caso, o profissional deverá ser desig- nado para a atividade pelo auditor chefe, para evitar questionamentos sobre compe- tências e legalidade dos trabalhos por ele desenvolvidos. Todos os auditores deverão Link Acesse o link que se segue para ler a respeito do Sistema Nacional de Auditoria. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rsp/v35n1/4144. pdf> Acesso em 15 de dez. 2017. http://www.scielo.br/pdf/rsp/v35n1/4144.pdf http://www.scielo.br/pdf/rsp/v35n1/4144.pdf Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde11/190 ter conhecimento técnico para as ações de auditoria, sendo a formação desses de res- ponsabilidade da gestão. 3. Características necessárias para profissionais auditores em saúde Durante a abertura dos trabalhos do au- ditor, este irá se deparar com várias situa- ções identificadas como inconformidades perante o objeto de análise. O trabalho de uma equipe multiprofissional de auditores tende a alcançar maior sucesso nos resulta- dos do que os trabalhos desenvolvidos so- mente por uma categoria profissional, pois cada uma delas audita e avalia melhor os procedimentos de sua área de formação es- pecífica. Contudo, alguns auditores que exercem essa função não reconhecem a importân- cia de cada profissional incluso da equipe, sendo que a formação na área é fundamen- tal para uma auditoria acertada e com mais consistência. A auditoria em saúde, por ser uma atividade complexa, se caracteriza por peculiaridades de cada serviço avaliado, e que apresenta uma necessidade de bom desempenho multiprofissional com todas as categorias da área de saúde inseridas. Para a formação de uma equipe multipro- fissional em saúde, algumas características do auditor devem ser levadas em considera- ção, a fim de que pessoas qualificadas con- duzam os trabalhos de auditorias, de forma que as mesmas atinjam seu objetivo, que é Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde12/190 o de buscar oportunidades de melhoria num sistema implementado. Para isso, alguns critérios devem ser obedecidos. Muito mais importante que a área de forma- ção do auditor é a forma de constituição das equipes de auditoria, que devem respeitar o saber comum e a hierarquia constituída in- ternamente. Estes critérios a serem seguidos respeitam a lógica na escolha de um profissional de acordo com o grau de dificuldade do traba- lho que o mesmo executará, respeitando o grau de formação, treinamento, experiên- cia, atributos pessoais e comportamentais. Quanto aos atributos pessoais, espera-se um profissional qualificado para planejar e conduzir auditorias, demonstrar capacidade de trabalhar de maneira profissional quan- do exposto a uma variedade de situações. Tem de ser capaz de não sofrer influências por fatores adventícios, por preconceitos ou quaisquer outros elementos materiais ou afetivos que interfiram na integridade de sua atuação. Apresentar postura ética inquestionável entre estas especificidades, que são clara- mente demonstradas pelos Códigos de ética, que podem conter especificidades segundo a categoria de cada profissional. Os manu- ais e códigos de ética contêm parâmetros fundamentais para a conduta profissional, sobretudo aos aspectos: • Sigilo; • Evitar imperícia, imprudência ou ne- gligência; Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde13/190 • Responsabilidade pelo ato profissio- nal; • Consentimento prévio do paciente; • Elaboração do prontuário do paciente; • Manuseio de prontuário; • Informações do quadro clínico ao pa- ciente. Ao se candidatar a uma vaga de auditor, re- ações comportamentais são esperadas. O auditor deve ter perspicácia para saber lidar com pessoas e remover as barreiras que po- dem ser colocadas por ocasião de uma au- ditoria. De um modo geral, a auditoria é vis- ta como uma avaliação para identificação de falhas e responsáveis, que acarretarão em punição. As pessoas ao serem avaliadas expressam sentimentos contrários ao pro- Para saber mais A Constituição Federal brasileira assegura a in- violabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas; como garantia para todos os brasileiros, principalmente no item X, artigo 5º. Link Neste link você poderá conhecer melhor as par- tes da constituição que explicitam sobre o com- promisso dos servidores públicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/de- creto/d1171.htm>. Acesso em 25 de ago. 2017. Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde14/190 cesso, sendo muitas vezes agressivas fren- te aos auditores, podendo mesmo ocorrer problemas comportamentais sérios duran- te a auditoria. Os auditores devem estar preparados para enfrentar problemas comportamentais por parte dos auditados, uma vez que muitos não entendem o motivo ou a finalidade de uma auditoria. Devido a isto, podem atra- palhar a auditoria planejada. Para integrar uma equipe multiprofissional de auditoria, é recomendado ter no mínimo segundo grau completo, saber expressar ideias, conceitos, ter senso crítico. Em todos os casos, os auditores devem ser treinados de modo a assegurar competências e habi- lidades para planejar, organizar e executar auditorias. Os cursos de pós-graduação e MBA para auditores com nível superior não são exigência para execução das funções em auditoria, porém são altamente reco- mendados, e podem influenciar diretamen- te na escolha do serviço de auditoria e na escolha do candidato. O conhecimento em línguas nos parece ser fundamental, principalmente quando o au- ditor trabalha com auditorias de 3ª parte, onde as certificações e acreditações se am- param em critérios muitas vezes estabele- cidos por padrões internacionais, e todo o conteúdo em manuais de metas e ações é escrito na língua original. A fim de manter um alto nível de desempe- nho, os auditores devem participar de trei- namentos e atualização, periodicamente. O treinamento deve assegurar que os co- Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde15/190 nhecimentos das normas e requisitos dos sistemas, bem como os conhecimentos dos procedimentose métodos de auditoria, es- tejam sempre atualizados. Segundo as normas da ISO (Organização Internacional para Padronização) 10011-2, os candidatos a auditor devem ter no míni- mo quatro anos de experiência profissional na área, em regime de tempo integral, dos quais pelo menos dois devem ter sido em atividades de garantia da qualidade. Devem ter experiência de todo o processo de audi- toria, descrito na ISO 10011-1, adquirida na participação de no mínimo quatro audito- rias, num total de 20 dias, incluindo a análi- se crítica da documentação, preparação de relatórios e execução da auditoria. Para saber mais Procure se desenvolver mais como auditor, con- sultando a ISO 10011-2, que contém o Guidelines for Selecting Quality Auditors, e todos os parâme- tros esperados nesta função. Veja também a parte 2. Disponível em: <http://licenciadorambien- tal.com.br/wp-content/uploads/2015/01/ NBR-ISO-10.011-Diretrizes-para-auditoria- -de-sistemas-da-qualidade.pdf>. Acesso em 25 ago. 2017. http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-ISO-10.011-Diretrizes-para-auditoria-de-sistemas-da-qualidade.pdf http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-ISO-10.011-Diretrizes-para-auditoria-de-sistemas-da-qualidade.pdf http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-ISO-10.011-Diretrizes-para-auditoria-de-sistemas-da-qualidade.pdf http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-ISO-10.011-Diretrizes-para-auditoria-de-sistemas-da-qualidade.pdf Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde16/190 Glossário Código de ética: É um documento que busca expor os princípios e a missão de uma determinada profissão ou empresa. Eles são feitos para enfatizar os valores que devem ser praticados pelos profissionais e instituições, com foco principal na ética e deontologia voltado à classe profissio- nal a que se destina. Conselhos federais: São conselhos formados por profissionais de cada profissão, com diretorias democraticamente eleitas pelos seus associados que representam os interesses de sua profis- são. Sua principal atribuição é a de registrar, fiscalizar e disciplinar as profissões regulamentadas. ISO: International Organization for Standardization, ou Organização Internacional para Padro- nização. É uma entidade de padronização e normatização, tem como objetivo aprovar normas internacionais, como normas técnicas, classificações de países, normas de procedimentos e pro- cessos para manter a qualidade permanente. As conhecidas são a ISO 9000, ISO 9001, ISO 14000 e ISO 14064. https://pt.wikipedia.org/wiki/Profissional https://pt.wikipedia.org/wiki/Profiss%C3%A3o https://www.significados.com.br/iso-9001/ Questão reflexão ? para 17/190 Você, como relator de um processo de auditoria, verifi- cou inconsistências em um determinado objeto que en- volve processos internos referentes a fluxos. Ao perceber que esta problemática envolve toda a equipe médica, de enfermagem e fisioterapia, que profissionais na compo- sição da sua equipe seriam primordiais para enriquecer este processo? 18/190 Considerações Finais • A auditoria é uma importante ferramenta utilizada na gestão, sendo res- ponsável principalmente pelo controle e a avaliação nas organizações de saúde, de forma sistemática e analítica. • Devemos considerar o caráter multiprofissional da auditoria em saúde, onde a interdisciplinaridade possibilita a prática de um profissional se reconstruir na prática do outro. • O auditor deve possuir um perfil profissional adequado, a fim de que pesso- as qualificadas conduzam os trabalhos de auditorias. • A fim de manter um alto nível de desempenho, os auditores devem partici- par de treinamentos e atualização, periodicamente. Unidade 1 • Auditoria e perícia multiprofissional em saúde19/190 Referências ÇENGEL, Y. A.; BOLES, M. A. Termodinâmica. 5. ed. São Paulo: Bookman, 2007. ARAÚJO, Thaise Anataly Maria et al. Multiprofissionalidade e interprofissionalidade em uma re- sidência hospitalar: o olhar de residentes e preceptores. Interface-Comunicação, Saúde, Educa- ção, v. 21, n. 62, p. 601-613, 2017. HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Tempo brasileiro, 2003. PEDUZZI, Marina. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Revista de Saúde Pú- blica, [s.l.], v. 35, n. 1, p.103-109, fev. 2001. Fap UNIFESP (SciELO). <http://dx.doi.org/10.1590/ s0034-89102001000100016>. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Sistema Nacional de Auditoria. Departamento Nacional de Auditoria do SUS. Auditoria do SUS: orientações básicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-89102001000100016 http://dx.doi.org/10.1590/s0034-89102001000100016 20/190 1. Como devem ser ampliadas as equipes de auditoria quando um processo de avaliação já estiver em andamento? a) Por afinidade do profissional b) Por experiência no setor em trabalho c) Por concurso público d) Segundo recomendação do auditor chefe e) Por concursos internos Questão 1 21/190 2. São os parâmetros fundamentais para a conduta profissional do auditor, exceto: a) Responsabilidade pelo ato profissional e sigilo b) Consentimento prévio do paciente c) Evitar imperícia, imprudência ou negligência d) Especificidades demonstradas pelos códigos de ética em geral. e) Evitar a elaboração e cautela no manuseio do prontuário do paciente Questão 2 22/190 3. Dentro dos processos de auditoria, quais profissionais podem fazer par- te dos trabalhos como auditor: a) Enfermeiro e médico b) Farmacêutico e dentista c) Contador e advogado d) Enfermeiro, médico, farmacêutico, dentista, contador e advogado e) Apenas o auditor, independente da área de formação Questão 3 23/190 4. A ação racional e estratégica, onde se inserem instrumentais para o alcance de um objetivo comum, buscando o êxito de um determinado resultado, prezando pela articulação das ações e a interação dos sujeitos envolvidos na ação, buscando resultados comuns. Refere-se a: a) Trabalho em grupo b) Trabalho multiprofissional c) Trabalho individual d) Trabalho em equipe e) Trabalho interprofissional Questão 4 24/190 5. Além das recomendações citadas pelos códigos de ética e dos Guide- lines em auditoria, podemos esperar que o auditor possua: a) Grau de formação, atributos comportamentais e atributos pessoais b) Treinamento e postura ética c) Grau de formação e treinamento prático d) Experiência técnica, atributos éticos e) Grau de formação, treinamento, experiência, atributos pessoais e comportamentais. Questão 5 25/190 Gabarito 1. Resposta: D. O auditor chefe deve designar os profissio- nais que mais podem contribuir com o pro- cesso em que audita. 2. Resposta: E. O auditor deve possuir todos os requisitos a fim de compor uma equipe de auditoria co- esa e ética. 3. Resposta: D. Todos os profissionais a fim de trazer maior amplitude nos processos e maior rigor às ações. 4. Resposta: D. Apenas um trabalho em equipe pode ser multiprofissional, grupal e articular ações e a interação dos sujeitos a um objetivo co- mum. 5. Resposta: E. Além das recomendações citadas pelos có- digos de ética e dos Guidelines, devemos considerar, ao recrutar um auditor, sua for- mação, experiência e como ele se comporta em situações estressantes. 26/190 Unidade 2 Auditoria em procedimentos médicos Objetivos 1. Apresentar as principais característi- cas das auditorias em procedimentos médicos; 2. Conhecer os processos de auditoria em procedimentos médicos; 3. Conhecer os principais aspectos éti- cos e legais envolvidos na auditoria médica. Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos27/190 Introdução A auditoria de procedimentos médicos vem tomando forma e se intensificando ao longo dos anos, principalmente após a década de 70, com a maior oferta de serviços de saúde e, principalmente, com o grande comércio da medicina como produto, ouseja, a mer- cantilização destes serviços. No momento em que os serviços médicos passam a ser oferecidos à população de for- ma geral, as taxações sobre os procedimen- tos elevaram os custos e modificaram o ca- pitalismo em sua máxima expressão. Surge então a necessidade de regulação dos cus- tos e serviços oferecidos pelos convênios e operadoras de saúde. Neste contexto, a saúde suplementar, que nada mais é que todo atendimento privado de saúde, realizado ou não por meio de um convênio com um plano de saúde, passa a estar presente em todas as esferas de saú- de, desde o Ministério da Saúde represen- tado pela Agência Nacional Saúde Suple- mentar, operadoras de planos privados, as seguradoras e os prestadores de serviço. Assim, a auditoria de procedimentos médi- cos pode ocorrer em todas as instituições que prestem serviços médicos, auditando desde os custos básicos por procedimento, como os custos mais complexos em todos os níveis de atenção, sendo eles primários, secundários ou terciários. Deste modo, o auditor tem de ter vasto conhecimento so- bre as tabelas de procedimentos médicos e ser conhecedor dos aspectos éticos e legais que envolvem esta atividade. Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos28/190 1. ASSISTÊNCIA MÉDICA SUPLE- MENTAR Você verá agora alguns aspectos históricos ocorridos: Na década de 80, iniciou-se o processo que nos trouxe a realidade do cenário de saúde hoje. Com a capitalização da medicina, o Estado mantinha a ampliação da demanda dos serviços médicos, financiando os inves- timentos e contratando os serviços na rede privada. Na década de 70, iniciou-se a prestação da assistência pública para os trabalhado- res autônomos, através de contribuição do carnê. Em 1988, através da Constituição Federal, a saúde passa a ser “Direito de to- dos e dever do Estado” formalizando o Sis- tema Único e Descentralizado de Saúde (SUDS), que, mesmo antes da Constituição, se configurava como modelo de assistência em saúde pública, defendendo a unificação descentralizada, restringindo ao nível fede- ral somente as atividades de coordenação, normatização, planejamento, e regulamen- tação do setor privado. As diretrizes do SUDS foram inseridas na Constituição e acabaram contribuindo para o surgimento do SUS e da Lei Orgânica da Saúde 8080/1990, que confirma as diretri- zes e normas do SUS, colocando o setor pri- vado em caráter suplementar de assistên- cia, mediante contratos ou convênios. Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos29/190 Porém, com o capitalismo em plena expan- são, a prestação de serviços de saúde pas- sa a ser um bem de mercado, mecanizan- do toda a assistência de saúde, e a atenção médica foi levada a uma mercadoria como outra qualquer, submetida às regras de fi- nanciamento, produção e distribuição de tipo capitalista, e em sua máxima expressão de mercantilização da saúde foram criados os seguros-saúde privados, onde para se ter acesso aos serviços de saúde, deve-se pa- gar por eles. Como lógica capitalista, o lucro é o fim, as- sim sendo, várias agências de seguro e con- vênios foram criadas, buscando a prestação de serviços conforme a conveniência, dei- xando de assistir os clientes em sua totali- dade de atenção à saúde. Assim, em 1990 foi criado por decreto o Conselho Nacional de Saúde (CNS) para es- tabelecer diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde. Por meio da Resolução Nº 33, de 23 de dezembro de 1992, passou à competência dos Conse- lhos Estaduais e Municipais de Saúde o de- ver de traçar diretrizes aos planos de saúde, adequando-os às diversas realidades dos serviços. Esta foi reforçada pela lei do con- Link Para melhor entendimento das leis que regem o SUS, leia: Brasil, Lei 8.080, Lei Orgânica da Saúde, 1990. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm> . Acesso: 17 set. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos30/190 sumidor em 1998 e, dois anos depois, a Lei 9.961, de 28 de janeiro de 2000, que criou e deu poderes à Agência Nacional de Saú- de Suplementar (ANS), agência reguladora destes serviços. Com a necessidade de intervenção estatal sobre a atuação das operadoras de planos de saúde, estas leis e regulamentações fo- ram criadas visando corrigir e atenuar as falhas do mercado, como a assimetria de informações entre clientes, operadoras e provedores de serviços e a seleção de riscos. Para saber mais O Decreto nº 99.438, de 07 de agosto de 1990, que dispõe sobre CNS, é consulta obrigatória para auditores. Dispõe sobre a organização e atribui- ções do Conselho Nacional de Saúde, e dá outras providências. Link Resolução nº 33, de 23 de dezembro de 1992: Re- comendações para a constituição e estruturação de Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde. Disponível em: < http://www.mp.go.gov.br/ portalweb/hp/2/docs/ma_-_pga_2008_-_ cns_-_resolucao_33.pdf. > Acesso: 17 set. 2017. http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/2/docs/ma_-_pga_2008_-_cns_-_resolucao_33.pdf http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/2/docs/ma_-_pga_2008_-_cns_-_resolucao_33.pdf http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/2/docs/ma_-_pga_2008_-_cns_-_resolucao_33.pdf Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos31/190 A seleção dava-se da parte das empresas de planos que preferem oferecer cobertura para os riscos menores e, por parte de clien- tes, que tendem a adquirir seguros e planos em razão de já apresentarem um problema. A regulamentação tinha como objetivos principais corrigir as distorções quanto à se- leção de riscos, praticada pelas operadoras, e preservar a competitividade do mercado. Para tanto, deveria haver ampliação de co- bertura; ressarcimento ao SUS; registro das operadoras; acompanhamento de preços pelo governo; obrigatoriedade da compro- vação de solvência; reservas técnicas; per- missão para a atuação de empresas de ca- pital estrangeiro e proibição do monopólio de atividades por uma única empresa. Em nosso entendimento, as modalidades de assistência médica que vinculam o aces- so do usuário ao sistema ou ao pagamento de um determinado plano/seguro de saúde ou qualquer forma de pagamento indepen- dentemente para serviços de saúde, partici- pam da seguridade social, que é a medicina suplementar. As várias modalidades de assistência mé- dica suplementar combinam a função de Para saber mais Consulte as leis e fique informado. BRASIL, Códi- go de Defesa do Consumidor (CDC) - LEI Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. 13. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L8078.htm>. Acesso em 16 set. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos32/190 seguro com a de prestação de serviços de atenção médica. Nesse subsetor, compre- ende empresas financeiras e não financei- ras que atuam, direta ou indiretamente, na área de prestação de serviços médicos, ser- viços hospitalares, e serviços auxiliares de diagnóstico e terapêutica, à população; os serviços prestados por estas entidades são unicamente de natureza mercantil, isto é, a prestação dos serviços gera, necessaria- mente, uma receita. Já as despesas com esses serviços de as- sistência médica envolvem diversos tipos de gastos para a prestação de serviços de natureza médica, hospitalar e de serviços diagnóstico-terapêuticos à população usu- ária do sistema. Também as despesas efetu- adas pelas empresas da área médica com a compra do material (insumos e equipamen- tos hospitalares) necessário ao exercício da assistência aos seus usuários. Na regulação dos serviços, procurando obe- decer estes princípios iniciou-se processos que buscavam diminuir custos sem que a assistência fosse prejudicada, mantendo a qualidade do serviço prestado. Neste mo- mento iniciaram as auditorias médicas. Inicialmente,as auditorias médicas foram aplicadas principalmente em gráficos se- lecionados por causa de óbitos ou compli- cações. Mais recentemente, novas aborda- gens, como a melhoria contínua da quali- dade, enfatizaram a revisão individual, que é pensada para ser contraproducente, uma vez que alimenta relacionamentos adver- sos entre colegas. No entanto, a avaliação Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos33/190 pelos pares ainda é reconhecida como uma ferramenta importante para a avaliação da qualidade, seja para detectar cuidados defi- cientes ou para fornecer pistas sobre opor- tunidades de melhoria de processo. A auditoria médica dos registros hospitala- res baseia-se principalmente no processo de atendimento. Uma grande limitação da avaliação baseada em processos é a dificul- dade em conceber padrões de cuidados. Es- forços foram feitos para desenvolver dire- trizes de prática para orientar a tomada de decisões dos médicos. Análise do Prontuário do Pa- ciente O prontuário do paciente é um documento referente à assistência médica prestada ao paciente. Como já discutido anteriormente, sua análise deve ser de competência exclu- siva dos médicos e da equipe de saúde. Link A Resolução 1.614, de 08 de fevereiro de 2001, trata da Responsabilidade do Médico no Exer- cício de Auditoria. Disponível em: <http:// www.portalmedico.org.br/resolucoes/ cfm/2001/1614_2001.htm>. Acesso em 16 set. 2017. http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2001/1614_2001.htm http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2001/1614_2001.htm http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2001/1614_2001.htm Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos34/190 Na composição do prontuário se encon- tram identificação do paciente, anamnese, exame físico, exames complementares com seus resultados, hipóteses diagnósticas, diagnóstico definitivo, tratamento efetua- do. O registro ou prontuário constitui-se de uma anotação descritiva da história de saú- de de um determinado indivíduo, diagnós- ticos, terapias e atenção atribuída a seus cuidados durante o período que esteve as- sistido em um serviço. Incluem-se neste as prescrições de enfermagem, evolução e re- gistros de enfermagem, gráficos e ficha de controle hidroeletrolítico. As leis estadu- ais ou municipais e os serviços de controle, como os envolvidos na acreditação, exigem que os hospitais e outros serviços de saúde guardem seus registros no mínimo por cin- co anos. O prontuário com informações do paciente é um documento legal e serve como evidên- cia legal. Os registros deste também podem servir como material para pesquisas na área da saúde e para dados estatísticos. Após a alta, o prontuário fica arquivado no Serviço de Arquivo Médico e Estatística, conhecido nos hospitais como SAME, a todo retorno deste paciente o prontuário será novamen- te ativado. Neste documento o auditor deve: • Analisar as indicações técnicas que motivaram as internações, princi- palmente as de emergência, assim como relatórios operatórios e bole- Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos35/190 tins de atos anestésicos. Verificar a existência da assinatura e carimbo do profissional na prescrição e evolução. Avaliar os registros de enfermagem quanto ao controle de sinais vitais, controle da administração de medi- camentos, capacidade informativa, execução de tratamentos, controle de líquidos introduzidos e eliminados e curativos. Avaliar a prescrição dietéti- ca e sua adequação; • Observar por amostragem junto a pacientes internados, cuidados dis- pensados a sondas, cateter, drenos, aspirações e nebulizações, cuidados na prevenção e tratamento de esca- ras, na administração de oxigênio, na instalação parenteral em perfusão e condições de coletores; • Verificar, por amostragem, se a me- dicação prescrita coincide com a que está sendo administrada; • Avaliar a propriedade das internações em UTI e a mobilização de recursos; • Averiguar as cobranças de Autoriza- ção para Internação Hospitalar (AIH) de Cirurgias e dos atos médicos rea- lizados; • Averiguar se está sendo emitida a so- licitação de Diária de Permanência e não a AIH; • Verificar a cobrança de uma aplicação de Nutrição Parenteral/Enteral, por dia. Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos36/190 Auditoria médica em procedimentos con- siste basicamente na verificação da vera- cidade entre os procedimentos lançados e efetiva realização dos mesmos. A veracida- de também deve ser comprovada quanto à real necessidade deste procedimento para o paciente. Muitos casos de exames desnecessários ou fraudulentos podem comprometer drasti- camente os orçamentos das prestadoras de serviços médicos. Quando estes ocorrem em serviços públicos, o auditor busca pre- servar o patrimônio público contendo tam- bém gastos desnecessários à União. Para melhor desempenho de sua função na auditoria, o auditor pode utilizar: Rela- ção de prestadores de serviços; Detalhes do contrato firmado entre as partes; Conta hospitalar; Dicionários de especialidades; Diagnósticos da Doença em Código (CID); Tabela de materiais descartáveis; Tabela dos valores BRASINDICE; Tabelas de honorários médicos; Tabela de órteses e próteses; Ta- bela de negociação adotada; Prontuários clínicos com os devidos relatórios médicos Para saber mais Consulte a lei sobre os planos e seguros de saúde, assim terá base das diretrizes sobre estes servi- ços. Lei nº 9.656, art. 3º. Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. Diário Oficial da União, 1998; 3 de junho. Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos37/190 e de enfermagem; Boletins, fichas de aten- dimentos e laudos. Cabe ao auditor ou ao analista de contas médicas do prestador confrontar os regis- tros de todas as cobranças do demonstra- tivo de pagamento enviado pelos convênios para identificar as glosas. Cada convênio dá ao prestador a oportunidade de recorrer destas, a partir uma descrição detalhada ou de um formulário de recurso que comprove o serviço prestado. Normalmente, os pra- zos para contestação de glosas e para a res- posta da operadora são equivalentes. Estes prazos devem constar de forma expressa no contrato, evitando assim interpretações er- rôneas e a falta de pagamento. Link BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar, Cartilha de Contratua- lização. Glosa, Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/images/stories/ Plano_de_saude_e_Operadoras/Area_do_ prestador/contrato_entre_operadoras_e_ prestadores/cartilha_glosa.pdf>. Acesso em: 17 de set. 2017. Link Conselho Federal de Medicina. Código de Ética Médica. Brasília, 2009. Disponível em: <Código de Ética Médica (2009/2010). Conselho Fe- deral de Medicina. Resolução CFM Nº 1931, de 17 de setembro de 2009>. Acesso em 19 set. 2017. http://www.ans.gov.br/images/stories/Plano_de_saude_e_Operadoras/Area_do_prestador/contrato_entre_operadoras_e_prestadores/cartilha_glosa.pdf http://www.ans.gov.br/images/stories/Plano_de_saude_e_Operadoras/Area_do_prestador/contrato_entre_operadoras_e_prestadores/cartilha_glosa.pdf http://www.ans.gov.br/images/stories/Plano_de_saude_e_Operadoras/Area_do_prestador/contrato_entre_operadoras_e_prestadores/cartilha_glosa.pdf http://www.ans.gov.br/images/stories/Plano_de_saude_e_Operadoras/Area_do_prestador/contrato_entre_operadoras_e_prestadores/cartilha_glosa.pdf http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=category&id=9&Itemid=122 http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=category&id=9&Itemid=122 http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=category&id=9&Itemid=122 http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=category&id=9&Itemid=122 Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos38/190 Glossário Glosas: As glosas ou correções são aplicadas quando qualquer situação gerar dúvidas em rela- ção às regras e práticas adotadas pela instituição de saúde. Quando elasocorrem, observa-se conflito na relação entre convênios e prestadores de serviços. Convênios médicos: São acordos entre empresas ou individuais que funcionam na mesma di- nâmica dos seguros, porém contratando serviços médicos através das operadoras de serviços médicos. Prestadoras de serviço: empresas que prestam serviços médicos, laboratoriais ou de diagnose. Questão reflexão ? para 39/190 Em sua opinião, qual o maior interesse das agências de saúde em realizar auditorias nos planos de saúde públi- cos e privados? 40/190 Considerações Finais A auditoria médica se consolidou devido a uma série de fatos, principalmente após a democratização dos serviços de saúde. • A auditoria médica é uma especialização em medicina voltada para a ava- liação e adequação dos custos de serviços e procedimentos médicos. • A principal finalidade do médico auditor é examinar estes procedimentos e verificar a veracidade relacionada às ações realizadas no paciente, verifi- cando os custos nas tabelas oficiais do serviço ou do prestador. • Existem variados tipos de auditoria e denominações para este trabalho, que podem diferenciar as ações desenvolvidas por este profissional. Unidade 2 • Auditoria em procedimentos médicos41/190 Referências AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. Regulação e saúde: estrutura, evolução e pers- pectivas da assistência médica suplementar. 2002. REIS, Eduardo J. F. B. dos et al. Avaliação da qualidade dos serviços de saúde: notas bibliográfi- cas. Cadernos de Saúde Pública, [s.l.], v. 6, n. 1, p.50-61, mar. 1990. FapUNIFESP (SciELO). http:// dx.doi.org/10.1590/s0102-311x1990000100006. PIETROBON, Louise; PRADO, Martha Lenise do; CAETANO, João Carlos. Saúde suplementar no Brasil: o papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar na regulação do setor. Physis: Re- vista de Saúde Coletiva, [s.l.], v. 18, n. 4, p.767-783, 2008. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi. org/10.1590/s0103-73312008000400009. http://dx.doi.org/10.1590/s0102-311x1990000100006 http://dx.doi.org/10.1590/s0102-311x1990000100006 42/190 1.Onde pode ocorrer a auditoria de procedimentos médicos: a) Hospitais, apenas b) Apenas nos convênios médicos c) Apenas em Home Care d) Apenas no nível terciário e) Em todas as instituições que prestem serviços médicos Questão 1 43/190 2. O registro ou prontuário constitui-se de: Questão 2 a) Pacientes b) Receitas médicas c) Anotações descritivas d) Tempo entre as consultas e) Dados dos enfermeiros 44/190 3. Auditoria médica em procedimentos consiste basicamente em: Questão 3 a) Avaliação dos pacientes b) Procedimentos realizados c) Veracidade entre os procedimentos realizados d) Velocidade do atendimento e) Enfermidades nos procedimentos 45/190 4. Inicialmente a auditoria médica foi aplicada em quais gráficos selecionados? Questão 4 a) Óbitos ou complicações b) Atendimento c) Melhorias na enfermagem d) Disponibilidade e) Controle de medicamentos 46/190 5. O prontuário com informações do paciente é um: Questão 5 a) Documento do plano de saúde b) Documento com procedimentos anteriores c) Documento com as características físicas d) Relatório de antigas enfermidades e) Documento legal 47/190 Gabarito 1. Resposta: E. As auditorias podem ocorrer em todas as instituições que prestem serviços médicos, auditando de custos básicos até os custos mais complexos em todos os níveis de aten- ção. 2. Resposta: C. O prontuário é constituído por uma anota- ção descritiva da história de sua saúde de um determinado indivíduo, diagnósticos, terapias e atenção atribuída a seus cuida- dos durante o período em que esteve assis- tido em um serviço. 3. Resposta: C. Auditoria médica em procedimentos con- siste basicamente na verificação da vera- cidade entre os procedimentos lançados e efetiva realização dos mesmos. 4. Resposta: A. Inicialmente, as auditorias médicas foram aplicadas principalmente em gráficos se- lecionados por causa de óbitos ou compli- cações. Mais recentemente, novas aborda- gens, como a melhoria contínua da qualida- de. 48/190 Gabarito 5. Resposta: E. O prontuário com informações do paciente é um documento legal e serve como evidên- cia legal. Os registros deste também podem servir como material para pesquisas na área da saúde e para dados estatísticos. 49/190 Unidade 3 Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuá- rio; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência Objetivos 1. Conhecer qual a importância dos proces- sos legais de auditoria em enfermagem. 2. Verificar os protocolos e meios para ava- liação do processo de auditoria em enfer- magem. 3. Conhecer o envolvimento do profissional enfermeiro em outros tipos de auditoria. 4. Avaliar o uso eficiente de materiais e in- sumos para controle e assistência. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 50/190 Introdução A qualidade é uma meta de todos os pres- tadores de serviços, por isso a melhoria da qualidade na assistência de enfermagem é foco de atenção dos profissionais enfermei- ros. Os serviços de saúde, como parte de um sis- tema, têm suas atividades comprometidas diretamente com a qualidade, resultados e com a satisfação do cliente. Em outra ver- tente tem-se o crescente surgimento de no- vos procedimentos e tecnologias, tornando os custos dos serviços cada vez maiores. A auditoria tem crescido neste contexto como importante ferramenta para mensu- ração na qualidade e nos custos atribuídos pelas instituições de saúde. Possibilitando comprovar deficiências nas atividades de- senvolvidas e apontar alternativas preven- tivas e corretivas e saneantes para tais ser- viços. Todo processo de pagamento de mate- riais, como medicamentos, procedimentos e outros serviços, está atrelado aos regis- tros dos procedimentos executados pelos profissionais de enfermagem. O principal instrumento para tais análises são as ano- tações realizadas pela enfermagem, utiliza- das para o exercício das glosas de itens fa- turados nas contas hospitalares. Assim, a presença do profissional enfer- meiro, nos processos de auditoria, torna-se fundamental, auxiliando na busca para a melhoria da qualidade, a partir de um ser- viço seguro e eficaz; contribuindo com a re- flexão profissional, facilitando a avaliação dos aspectos positivos ou negativos da as- sistência. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 51/190 1. Histórico da auditoria em en- fermagem A auditoria não se trata propriamente de uma atividade nova, na história é citada no antigo Egito, onde seus primeiros registros foram encontrados em 2600 a.C. Sua ori- gem descrita como atividade provém da área contábil, cujos registros iniciais são do século XXII d.C. Com a Revolução Industrial, esta prática recebeu novas diretrizes na busca das ne- cessidades empresariais. Na área da saúde, a auditoria surge pela primeira vez em tra- balhos realizados pelo médico George Gray Ward em 1918, nos Estados unidos, onde se verificava a condição da assistência pres- tada em termos de qualidade a pacientes através de registros em seus prontuários (KAWAMOTO, 1997). No Brasil, a auditoria criou força nos últi- mos 50 anos devido à necessidade dos pro- fissionais em identificar a metodologia, os objetivos e a validade da auditoria. Também relacionada com a instalação de novas em- presas internacionais, pois após serem im- plantadas, estas empresas precisaram ter suas demonstrações financeiras auditadas. Neste período da auditoria, toda pessoa, que possuísse a função de verificar a legali- dade dos fatos econômico-financeiros, po- deria ser considerada como auditor. A auditoria na enfermagem deixou de ser apenas um indicador da análise deregis- tros como ferramenta administrativa para a avaliação do cuidado, tornando-se instru- Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 52/190 mento de garantia da dignidade do cuidado e da assistência. A auditoria em Enfermagem é fundamen- tada na sistemática da qualidade da assis- tência, para determinar se esta assistência ocorre de acordo com os padrões conside- rados aceitáveis, mesmo por profissionais que não estejam envolvidos diretamente na sua execução. 2. Principais finalidades da audi- toria em enfermagem A auditoria pode ser compreendida como a avaliação sistemática e formal de uma ati- vidade ou do processo de qualidade da as- sistência de enfermagem, considerada um processo educativo, onde não se busca os responsáveis por falhas, mas sim questio- nar-se o porquê dos resultados. Pode ser realizada em várias instituições de saúde, como clínicas, hospitais, ambulató- rios, home care e operadoras de planos de saúde. Sendo mais comuns as aplicações: operacional/concorrente, interna/externa, contínua/periódica, retrospectivas, total/ parcial; e avalia itens indispensáveis no prontuário, como: anamnese, exame físico, Para saber mais Segundo as leis de diretrizes profissionais — Lei n. 7.498/86 (ANEXO II), art. 11, inciso I, alínea h, e Decreto n. 94.406/87 (ANEXO III) que regulamen- ta a lei, cabe ao enfermeiro privativamente a con- sultoria, a auditoria e a emissão de parecer sobre matéria de enfermagem (artigo 8º, inciso I, alínea d do Decreto). Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 53/190 identificação do paciente, exames comple- mentares com seus resultados, HD (hipóte- ses diagnósticas), diagnóstico definitivo e o tratamento efetuado para embasamento de seus relatórios. A Enfermagem abrange uma vasta área de atuação em auditoria. Enfermeiros audito- res estão presentes nas instituições de saú- de executando esta função como: Auditores nos serviços de Educação Per- manente/Continuada: É realizado por um profissional enfermeiro, responsável pela orientação de toda equipe multidiscipli- nar que tem acesso ao prontuário, para de- senvolver programas de conscientização e aperfeiçoamento sobre as implicações le- gais envolvidas no preenchimento, clarean- do as dúvidas, orientando de forma perma- nente e contínua, avaliando os padrões dos registros de enfermagem para melhoria do serviço prestado e registrado. Auditores do Serviço de Faturamento: Re- alizado por profissional enfermeiro, respon- sável pela análise das contas hospitalares, conferindo a compatibilidade entre o con- teúdo descrito no prontuário e a cobrança efetuada pelo faturamento nas contas após alta do paciente. Link Para conhecer a opinião de enfermeiros sobre a auditoria, veja: Enfermeiro auditor. Disponível em: <http://portal.coren-sp.gov.br/sites/de- fault/files/46_auditoria.pdf>. Acesso em 30 ago. 2017. http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/46_auditoria.pdf http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/46_auditoria.pdf Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 54/190 No trabalho realizado por enfermeiros den- tro das instituições, as principais finalida- des ou objetivos da auditoria de enferma- gem são: • Fornecer dados para melhoria dos processos de enfermagem, bem como na qualidade do cuidado de enferma- gem; • Identificar as áreas deficientes do ser- viço com ou sem relação à assistência de enfermagem; • Obter dados para a programação de formação e atualização profissional. Para o alcance destes objetivos, o transcor- rer do processo de auditoria pode ter classi- ficações, as mais conhecidas são: • Auditoria de custos: tem a finalidade de conferir e controlar o faturamento enviado para os planos de saúde, efe- tuar visitas de rotina a pacientes inter- nados, cruzando as informações rece- bidas com as que constam no prontu- ário do paciente e verificar exames e procedimentos realizados. Apura as características dos custos e gastos nos processos de pagamentos, anali- sa as estatísticas, confere os sistemas de faturamento das contas médicas e indicadores hospitalares, elabora a partir destes dados os processos de glosas administrativas e contratuais. • Auditoria de Cuidados: realiza, atra- vés das anotações de enfermagem no prontuário do paciente, uma avalia- Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 55/190 ção sistemática da qualidade da as- sistência prestada aos indivíduos. Existem outras duas classificações bastante utilizadas no meio de auditoria, como inter- na ou externa. Na maioria das operadoras de planos de saúde a auditoria interna será realizada dentro das instalações da opera- dora, pela análise das contas hospitalares, clínicas e laboratórios. Contudo, a auditoria externa será realizada dentro das instala- ções da prestadora de serviço, pela análise das contas hospitalares após a alta do pa- ciente, ou seja, in loco ou mesmo quando o paciente ainda estiver internado, pela aná- lise do prontuário e por visita ao paciente. A comissão de auditoria deve estar ligada ao departamento de enfermagem. O nú- mero de membros depende do tamanho e tipologia da instituição ou operadora. Em certos casos, a enfermeira responsável pela EP (educação permanente) poderá efetuá- -la, pois tem acesso a toda a equipe hospi- talar, podendo também realizar o trabalho de conscientização da importância dos pro- cessos. Para melhor se guiarem e embasarem as análises, alguns instrumentos devem ser utilizados durante a auditoria, e é de grande importância para execução da mesma, pois estes que finalizam, indicam e comprovam os resultados. Segundo Kawamoto (1997), para que os atributos possam garantir grau de excelência a um indicador, devem dispor de: • Disponibilidade: dados devem ser Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 56/190 acessíveis de fácil aquisição. • Confiabilidade: os dados verdadeiros, fidedignos. • Validade: deve caracterizar o fenô- meno, ser apenas voltado à função do que medir. • Simplicidade: deve facilitar os cálculos a partir das informações básicas con- tidas. • Utilidade: as informações adquiridas devem ser aproveitadas para a toma- da de decisão de quem coleta ou ge- rencia o serviço. • Discriminatoriedade: indicar altera- ções que ocorram com o tempo, re- fletir diferentes níveis de condições de saúde, epidemiológicos ou operacio- nais. • Sensibilidade: ter o poder de distinguir as variações aleatórias e tendenciais do problema. • Abrangência: capacidade de sintetizar o maior número de condições ou fato- res diferentes que afetam a situação que se quer descrever. • Objetividade: ser preciso, ter objetivos claros. • Baixo custo: custos financeiros altos podem inviabilizar a utilização roti- neira. Em qualquer um dos tipos de auditoria, os procedimentos básicos constituem em rea- lizar a coleta de informações, que posterior- Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 57/190 mente serão analisadas frente a um padrão preestabelecido e elaborado. Contando com relatório que apresentará parecer de natureza técnica sobre o que foi auditado, sugestões que visam o aperfeiçoamento ou mesmo correção de problemas na assistên- cia de enfermagem prestada. Finalidades do prontuário do pacienteA principal ferramenta da auditoria é o pron- tuário, possibilita a avaliação sistemática do processo de qualidade da assistência de enfermagem. A revisão dos prontuários dos pacientes é feita através da documentação contida nele. Os primeiros registros de casos clínicos em documentos foram na Grécia antiga. Hipó- crates fez os primeiros registros de seus pa- cientes no ano de 460 a.C. Em 1580, na Itá- lia, Camilo de Lellis passou a exigir que den- tre os documentos dos pacientes constasse a prescrição médica individual, alimentar relatórios de enfermagem e a passagem de plantão. Em 1877, o Hospital Geral de Mas- sachussets, nos EUA, começou a arquivar os documentos clínicos, organizando assim o primeiro serviço de registros médicos. Para saber mais No Brasil foi criada no ano de 1952 a Lei Alípio Correa Neto, pela qual passou a ser dever dos hos- pitais documentar as histórias diárias completas de todos os pacientes em prontuários. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 58/190 O prontuário compõe vários registros, ou anotações descritivas e cronológicas da história de saúde de um determinado indi- víduo com diagnósticos, terapias e atenção atribuída a seus cuidados durante o período em que esteve assistido em um serviço. In- cluem-se neste as prescrições de enferma- gem, evolução e registros de enfermagem, gráficos e ficha de controle hidroeletrolítico. As leis estaduais ou municipais e os serviços de controle, como os envolvidos na acredi- tação, exigem que os hospitais e outros ser- viços guardem estes registros no mínimo por cinco anos. O prontuário com informações do paciente é um documento legal e serve como evidên- cia processual. Os registros deste também podem servir como material para pesqui- sas na área da saúde e para dados estatís- ticos. Após alta, o prontuário fica arquivado no Serviço de Arquivo Médico e Estatística, conhecido nos hospitais como SAME, a todo retorno deste paciente o prontuário será novamente ativado. Existem hoje serviços onde ocorre a implan- tação de prontuários eletrônicos, na tenta- tiva de relacionar as informações contidas em diversos serviços de saúde interligados em rede. Este novo método traz benefícios na eficiência contínua nos serviços presta- dos por todos os profissionais envolvidos com o prontuário. Integra os profissionais com a verdadeira missão da empresa, traz comodidade no atendimento, tanto para o paciente quanto para o profissional. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 59/190 Os prontuários eletrônicos podem tam- bém auxiliar no desempenho e qualificação profissional, fazer buscas e estatísticas em tempo hábil para todos os setores. Nos pro- cessos de auditoria, facilitam o copilar dos dados. Evitam a perda e duplicidade de in- formações. A partir da implementação des- se modelo de sistema, acredita-se em uma melhoria gradativa nos serviços de saúde e no desenvolvimento de grupos de pesqui- sas e treinamento profissional. Auditoria através dos registros de enfer- magem A anotação de enfermagem é um registro de informações relativas ao paciente, or- ganizada de tal maneira que reproduza a ordem como os fatos se sucedem. Estes re- gistros não seguem normas rígidas ou pa- dronização, mas seguir as resoluções que deem orientação para o mesmo é de grande importância a fim de buscar maior objetivi- dade. Todos os dados ocorridos devem ser regis- trados imediatamente após o fato, evitando esquecimentos e/ou falhas no cuidado por Link A resolução do COFEN Nº 0514/2016 descreve os passos necessários para execução da anotação de enfermagem em prontuários. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-co- fen-no-05142016_41295.html>. Acesso em: 30 ago. 2017. http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05142016_41295.html http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05142016_41295.html Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 60/190 falta de comunicação. As anotações de en- fermagem devem preservar a exatidão dos fatos, anotados com precisão e preservan- do a verdade. Registros errados e a omissão de dados demonstram inexatidão. As ob- servações devem ser especificadas, exatas, feitas de forma nítida e legível. A legislação prevê que é dever da equipe de enfermagem manter a anotação de perfeita forma. A lei 7.498, de 25 de junho de 1986, em seu artigo 14 ressalta a incumbência a todo pessoal de enfermagem da necessida- de de anotar no prontuário do paciente to- das as atividades da assistência prestada. Entre as principais recomendações para os registros, é aconselhável serem feitos a caneta e nunca a lápis, não pular linhas ou Link A resolução do COFEN 191/96 para execução da anotação de enfermagem e necessária a aten- ção para alguns detalhes nas anotações de en- fermagem, revogada pela RESOLUÇÃO COFEN Nº 0545/2017. Disponível em: COFEN (Brasília) (Org.). RESOLUÇÃO COFEN Nº 0545/2017: Ano- tação de Enfermagem e mudança nas siglas das categorias profissionais. 2017. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-co- fen-no-05452017_52030.html>. Acesso em: 30 ago. 2017. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 61/190 deixar espaços vazios, a cor da tinta deve ser preferencialmente azul ou preta, utilizar os impressos próprios do serviço, preencher adequadamente o cabeçalho, indicar sem- pre o horário, data, ler as anotações ante- riores antes de realizar qualquer outro re- gistro, não rasurar, utilizar sequência lógica, evitar vocabulários desnecessários, utilizar a terminologia própria para a área de atu- ação, checar sempre todas as prescrições médicas e de enfermagem, assinar todos os procedimentos anotados e também as ano- tações realizadas. No decorrer de processos de auditorias, fre- quentemente são constatadas ausências de dados básicos para o esclarecimento de determinadas ações realizadas pela equipe, bem como registros feitos de forma indevi- da, por este motivo estas recomendações devem ser realizadas sempre em proces- sos de auditoria nos relatórios, pois a não adequação das anotações de enfermagem acarretará um processo de auditoria mais lento, e poderá confundir o auditor quanto à exatidão do procedimento prestado. Devido a este fato, a prática de glosas dos itens faturados nas contas hospitalares tem sido significativamente menor do que pode- ria ser realizada para diminuir o orçamento das instituições. As glosas/correções são aplicadas quando alguma situação gerar dúvidas em relação às regras ou práticas adotadas pela institui- ção de saúde, gerando conflito na relação entre plano de saúde e prestador de servi- ços. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 62/190 Para saber mais A Agência Nacional de Saúde Suplementar é uma agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde (MS) do Brasil, que regula o mercado de planos privados de saúde por determinação da Lei n° 9.656, de 3 de junho de 1998. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 63/190 Glossário Glosas: cancelamento ou recusa, parcial ou total, de orçamento, conta, verba, por serem consi- derados ilegais ou indevidos. SAME: Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), responsável pela organização, guarda e preservação de prontuários médicos.Está presente em todo sistema hospitalar. Home Care: termo de origem inglesa, em que a palavra significa cuidados no lar, ou seja, são os cuidados prestados por profissionais de enfermagem e outros na residência do cliente. Operadoras de planos de saúde: É a representação da pessoa jurídica que opera, administra, comercializa ou disponibiliza planos de saúde ou convênios. Questão reflexão ? para 64/190 Sendo o prontuário médico uma das principais ferra- mentas a serem utilizadas na auditoria; o prontuário contendo todas as anotações e cuidados prestados aos pacientes; constando no prontuário todo material e tempo dispensado ao cuidado. Qual sua opinião a estas anotações serem subjetivas, incompletas e desconexas? 65/190 Considerações Finais • A auditoria em Enfermagem é fundamentada na sistemática da qualidade da assistência, nos custos hospitalares e em recursos materiais. • As principais finalidades ou objetivos da auditoria de enfermagem são de fornecer dados para melhoria dos processos de enfermagem, bem como na qualidade do cuidado e identificar as áreas deficientes do serviço. • O profissional enfermeiro busca na auditoria não apenas manter as normas e obedecer a padrões de qualidade, mas também obter dados para a pro- gramação de formação e atualização profissional baseado nas não confor- midades. • O prontuário com informações do paciente é um documento legal e serve como evidência processual. É um dos principais instrumentos para realiza- ção de auditorias. Unidade 3 • Auditoria em enfermagem: aspectos legais; fluxogramas e protocolo para análises em prontuário; uso eficiente de materiais e insumos, controle da assistência 66/190 Referências KAWAMOTO, Emilia Emi. Fundamentos de Enfermagem. 2ª ed. São Paulo: EPU, 1997. ADAMI, N. P., MARANHÃO, A. M. S. A. Qualidade dos serviços de saúde: conceitos e métodos avaliativos. Acta Paul Enferm, 1995; 8(4): 47-55. ATTIE, W. Auditoria conceitos e aplicações. São Paulo, SP: Atlas, 2011. COREN, Conselho Regional de Enfermagem. Principais legislações para o exercício da enfer- magem. São Paulo, SP: COREN, 2003. FARACO, M. M.; Albuquerque, G. L. Auditoria do método de assistência de enfermagem. Rev Bras Enferm, 2004; 57(4):421-4. 67/190 1. A auditoria criou força nos últimos 50 anos no Brasil devido a que? a) À globalização b) À política internacional c) A novas colonizações d) A novas empresas internacionais e) À competitividade do mercado Questão 1 68/190 2. Quanto à auditoria em saúde, podemos afirmar que: a) É fundamentada na sistemática da qualidade da assistência b) É fundamentada nos custos c) É fundamentada em encontrar erros d) É fundamentada na busca por glosas hospitalares e) É fundamentada apenas na busca de inconformidades hospitalares Questão 2 69/190 3. A auditoria em enfermagem pode ocorrer em: a) Hospitais, apenas b) Apenas no SUS c) Somente em operadoras de planos de saúde d) Pode ser realizada em várias instituições e) Apenas nas empresas privadas Questão 3 70/190 4. Quais as classificações mais utilizadas para a auditoria em enfermagem? a) Auditoria de serviço e médico b) Auditoria de compras e interna c) Auditoria interna e externa d) Auditoria interior e exterior e) Auditoria in loco e regional Questão 4 71/190 5. Quanto às principais finalidades do prontuário médico, podemos afirmar que: a) Serve de material para escrita do paciente b) Determina o diagnóstico do paciente c) Serve de arquivo para todo tipo de fim referente ao paciente d) Serve apenas para o Serviço de Arquivo Médico e Estatística e) Serve de documento legal, como evidência processual. Questão 5 72/190 Gabarito 1. Resposta: D. A auditoria vem criando forças desde me- ados dos anos cinquenta, principalmente pela instalação de novas indústrias no Bra- sil. 2. Resposta: A. A auditoria em enfermagem, no decorrer dos anos, deixou de ter um caráter voltado apenas para os custos hospitalares e passou a se preocupar com a sistemática da quali- dade da assistência. 3. Resposta: D. A auditoria pode ocorrer em qualquer ins- tituição, pública ou privada, desde que esta seja a necessidade e vontade da instituição. 4. Resposta: C. A auditoria pode ter várias classificações dependendo do local que acontece, da fina- lidade que se destina e do tipo de auditor. Porém as mais utilizadas em enfermagem são as auditorias internas e externas. 5. Resposta: E. O prontuário médico é o documento onde são guardadas as informações referentes à condição de saúde do paciente, tendo valor processual e legal. 73/190 Unidade 4 Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos Objetivos 1. Apresentar as principais atribuições do enfermeiro auditor 2. Conhecer os processos de auditoria em enfermagem 3. Conhecer os principais aspectos éti- cos e legais envolvidos na auditoria em enfermagem. Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos74/190 Introdução Com a evolução da assistência à saúde, a evolução tecnológica e a rapidez no consu- mo de serviços de saúde, surge também a necessidade de os profissionais possuírem mais conhecimentos, tornando-se impres- cindível o aprofundamento sobre os pro- cedimentos envolvidos em auditoria. Pois neste cenário, as instituições carecem de diminuir perdas, reduzir custos e eliminar os desperdícios hospitalares, sem perder a qualidade da assistência ao cliente. A En- fermagem é o maior consumidor interme- diário dos serviços de saúde, sendo natural que sobre ela recaia grande parte da res- ponsabilidade de conter custos. Várias são as funções dos enfermeiros nas instituições de saúde, a auditoria está entre estas fun- ções, sendo que, segundo o Conselho Re- gional de Enfermagem, é privativo do en- fermeiro exercer todas as atividades de en- fermagem, cabendo-lhe a consultoria, au- ditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem. Para que esta função seja realizada de forma correta, longe de negli- gências e imperícias, o enfermeiro precisa conhecer os principais procedimentos a se- rem realizados na execução de suas funções como auditor e durante o conduzir de pro- cessos auditais. Cabe ao enfermeiro auditor o conhecimento tanto das funções opera- cionais, quanto das leis e pareceres acerca dos procedimentos em auditoria, sem es- quecer-se de manter uma postura ética. Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos75/190 1. Atribuições do Enfermeiro Au- ditor Os primeiros trabalhos registrados em au- ditoria de enfermagem foram publicados em 1955, no Hospital Progress (EUA). Hoje a auditoria tem sua atuação em variados campos, sendo eles hospitalares, saúde pú- blica, convênios médicos, agências de saú- de e atenção domiciliária. Os programas de auditoria constituem pro- cessos constantes com funções que ga- rantam a qualidade assistencial, buscando sempre melhores padrões para que os clien- tes recebam uma assistência cada vez mais aprimorada, segura e com menos riscos. Com a existência de programas de auditoria, os profissionais envolvidos são motivados a prestar melhor assistência, proceder regis- tros mensuráveis, e a participarem dos pro- cessos. Com a retroalimentação constante e a correção de deficiências a curto prazo, há melhoria também dos processos de treina- mento em serviço e técnicas assistenciais. Auditoria na enfermagem é um dos princi- pais instrumentos de controle da qualidade do trabalho, sendo utilizada pela chefia de serviços de enfermagem, supervisores e ad- Para saber mais A Sociedade Brasileira de Enfermeiros Auditores em Saúde (SOBEAS) possui um site com informa- ções importantes que podem ajudar a conhecer mais sobre a auditoria para esta categoria. Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos76/190 ministradores com o objetivo de melhorar a qualidade do cuidado prestado. A qualidade da assistência prestada em uma determina- da instituição pode caracterizara qualidade de forma total, sendo o serviço visto a partir desta avaliação como um serviço de exce- lência ou não. Devido à importância desta avaliação para as instituições, as mesmas não podem ser feitas de forma empírica, sem fortes bases nas constatações realizadas por um proces- so baseado num sistema de referência que permita uma comparação sistemática. Tal sistematização deve provir como resultado de investigações e estudos profundos sobre a prática de enfermagem, estes estudos da- rão subsídios para estabelecer critérios de comparativos do que se pretende avaliar. Na auditoria em enfermagem também po- dem ocorrer variâncias da forma de execu- ção dos processos. Este fator está relacio- nado quanto ao tipo de auditoria a ser exe- cutada, não sendo apenas a área de atuação do enfermeiro a auditoria em enfermagem, ou seja, dos processos de enfermagem, pois este profissional pode atuar em outros di- versos tipos de auditoria. Para saber mais Vários são os tipos de auditoria realizados em instituições de saúde. Segundo as normas inter- nacionais de auditoria interna do The Institute of Internal Auditors, que explica todas estas aborda- gens. Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos77/190 assistência do paciente, utilizando os regis- tros de enfermagem, são a auditoria pro- priamente dita. Dentro dos processos de auditoria, o en- fermeiro que participa destes é conheci- do como enfermeiro auditor. O enfermeiro auditor tem dentro do processo algumas responsabilidades e competências, como: dominar a legislação vigente; atuar em con- cordância da mesma; agir com ética, dentro dos preceitos do exercício da profissão; do- minar o conteúdo da composição da con- ta hospitalar; conhecer os contratos entre prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde; manter-se atualizado so- bre os aspectos científicos da enfermagem (MOTA, 2003). Essas atividades na auditoria em enferma- gem são registradas em relatórios ou fazem parte do prontuário do paciente, onde cons- tam informações para sua avaliação das ações e evolução. Lembrando que no pron- tuário médico se encontram as prescrições médicas e de enfermagem, evolução do pa- ciente, anotações das equipes multiprofis- sionais, procedimentos realizados, histórico das doenças, exames laboratoriais, entre outras documentações. Para auxiliar as avaliações realizadas por meio destes registros são necessários pa- drões preestabelecidos que definam qual/ como e quando a assistência deveria ser prestada. Estes processos sistematizados, que buscam encontrar os padrões de cui- dados de enfermagem a serem seguidos na Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos78/190 Para a sua atuação prática, o enfermeiro auditor deve executar várias condutas fren- te ao material que irá analisar, entre elas es- tão: Prontuário médico: audita concordância das prescrições e das evoluções médicas com as anotações de enfermagem; utiliza- ção de materiais conforme orientação mé- dica; tempo de cirurgia nos relatórios de anestesia; materiais e medicamentos usa- dos no centro cirúrgico conforme relatório de anestesia, administração e prescrição de medicamentos conforme prescrição. Posto de enfermagem: auditar possibilidade de fracionamento e compartilhamento de medicamentos; validade estabelecida, reu- tilização, periodicidade de troca e qualida- de de materiais descartáveis; conservação e calibração dos equipamentos utilizados nos pacientes; tipo de acomodação do pa- ciente; protocolos de enfermagem da Co- missão Infecção Hospitalar; protocolo mé- dico; além de checagem precisa, verificar o aprazamento, medicamentos, multidoses, fracionamento de pomadas, estabilidade de medicamento. Contas médicas: auditar o número de diá- rias; tipo de acomodação; porte da sala de cirurgia; serviços complementares; taxas hospitalares; quantidade de materiais e medicamentos. Avaliando cabeçalho, iden- tificação do local de atendimento, identifi- cação do cliente, identificação do médico assistente, identificação do procedimento realizado, diárias, taxas, discriminação dos materiais e medicamentos; honorários mé- dicos. Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos79/190 O material a ser analisado dentro dos pro- cessos de auditoria está diretamente liga- do ao processo de enfermagem, ou seja, as práticas realizadas dentro da atuação des- tes profissionais. Dentro de cada ação são estabelecidos padrões e registros do cuida- do que deverá ser avaliado como perguntas padrão. Para cada pergunta será atribuído um nú- mero determinado de pontos, pela quanti- dade dos pontos realiza-se um julgamento da qualidade dos cuidados prestados com- parados aos níveis estabelecidos. Esta clas- sificação pode ser definida de diferentes formas, dependendo do autor, como base da metodologia, porém os níveis mais utili- zados são classificados em excelente, muito bom, bom, regular e insuficiente. A análise é feita de acordo com a relação a cada função frente à soma total das funções. Para Kurcgant (1976), alguns fatores devem ser levados em consideração ao realizar-se uma auditoria em enfermagem nestes mol- des: Para saber mais Para melhor realizar um processo de auditoria, conhecer algumas ferramentas que permitam esse trabalho é necessário. Estas informações podem ser encontradas nas Tabelas da Associa- ção Médica Brasileira, disponíveis no site <http:// amb.org.br/>; em resoluções do CRM - Conselho Regional de Medicina e nas revistas Simpro e Bra- síndice. Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos80/190 a) A auditoria não avalia o cuidado pres- tado a pacientes internados ou em tra- tamento, mas sim realiza uma auditoria retrospectiva da assistência prestada, ou seja, após a alta hospitalar. Para pa- cientes internos ou em tratamento, são utilizados para avaliação dos cuidados outros instrumentos, como a avaliação do plano de cuidado. b) A auditoria em enfermagem não ava- lia a assistência total do paciente, este inclui a atuação de outros profissionais que participam desse cuidado. Para a avaliação da assistência total seria ne- cessária uma auditoria integrada com equipe de auditoria ampliada. c) A auditoria de enfermagem é limitada à avaliação do cuidado de enfermagem do paciente, não tem finalidade puniti- va, verificando apenas o cuidado, sen- do os erros detectados e analisados quanto à natureza do significado. For- necendo indicadores e subsídios para a modificação de procedimentos, fluxos e técnicas, que são de responsabilidade administrativa. d) A auditoria não tem como objetivo pri- mordial a melhoria dos registros de enfermagem, porém chama a atenção para as características básicas do cui- dado de enfermagem, consequente- mente fornecendo elementos para a melhoria dos registros. Unidade 4 • Atribuições do enfermeiro auditor: aspectos legais e éticos81/190 A auditoria não se limita à simples verifica- ção dos fatos, estes são analisados deta- lhadamente pelo auditor, incluindo as con- dições favoráveis à melhoria do serviço de enfermagem. O processo auditorial exige pessoal devidamente credenciado com ca- racterísticas de eficiência e desempenho. O auditor, no desempenho de suas fun- ções, provavelmente encontrará limitações, como a existência de fatores imponderá- veis, dificuldade na mensuração dos dados, valores referentes ao hospital e não a cada clínica e parâmetros não correspondentes à realidade local. Fatores estes que podem diminuir a excelência dos relatórios. Assim, o auditor deve se guiar em alguns critérios preestabelecidos como metas para a equipe de auditoria. Os serviços de enfermagem, ao solicitarem uma auditoria, devem ter objetivos claros, precisos e mensuráveis, permitindo com- binar as condições de pessoal, ambiente e equipamento com a situação do paciente e compará-los a padrões estabelecidos. Estar atentos