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Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 1 Apostila de Direito Tributário Sumário Sistema Tributário Nacional ..................................................................................................... 4 Introdução ao Direito Tributário ......................................................................................... 4 1.1. A origem do tributo ............................................................................................... 4 1.2. Conceito de tributo ............................................................................................... 4 1.3. Fontes do direito tributário .................................................................................. 6 1.4. Classificações tributárias ...................................................................................... 7 Tributos ........................................................................................................................................ 8 Espécies tributárias ............................................................................................................... 8 1. Impostos ........................................................................................................................ 10 2. Taxas .............................................................................................................................. 10 3. Contribuições de melhoria ........................................................................................ 12 4. Empréstimos compulsórios ....................................................................................... 13 5. Contribuições especiais ............................................................................................. 14 Competências tributárias ....................................................................................................... 15 Conceito ................................................................................................................................ 15 Repartição de receita tributária ........................................................................................ 16 Competências privativas .................................................................................................... 16 Competência residual ......................................................................................................... 17 Competência extraordinária .............................................................................................. 18 Competências comuns ....................................................................................................... 18 Bis in idem e bitributação................................................................................................... 18 Princípios ................................................................................................................................... 19 Limitações ao poder de tributar ....................................................................................... 19 Conceito ............................................................................................................................ 19 Princípios ........................................................................................................................... 20 Imunidades................................................................................................................................ 27 Imunidades em espécie ...................................................................................................... 27 Imunidade recíproca ....................................................................................................... 27 Imunidade de templos .................................................................................................... 28 Imunidade de partidos políticos ................................................................................... 29 Imunidade de sindicatos ................................................................................................ 29 Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 1 Imunidade de instituições de educação e assistência social .................................. 29 Imunidade de livros ......................................................................................................... 30 Imunidade musical........................................................................................................... 30 Obrigação tributária ................................................................................................................ 31 Conceito ................................................................................................................................ 31 Elementos da obrigação tributária ................................................................................... 31 Sujeitos da obrigação tributária ........................................................................................ 31 Solidariedade tributária ...................................................................................................... 32 Obrigação principal e acessória ....................................................................................... 32 Fato gerador ......................................................................................................................... 33 Domicílio tributário ............................................................................................................. 34 Planejamento tributário ...................................................................................................... 34 Elisão ...................................................................................................................................... 34 Elusão ..................................................................................................................................... 34 Evasão .................................................................................................................................... 35 Responsabilidade tributária ................................................................................................... 35 Introdução ............................................................................................................................. 35 Modalidades de responsabilidade ................................................................................... 36 Responsabilidade por substituição .................................................................................. 36 Responsabilidade por transferência ................................................................................ 36 Responsabilidade por sucessão .................................................................................... 37 Responsabilidade de terceiros ...................................................................................... 37 Responsabilidade por infrações ....................................................................................... 38 Lançamento tributário ............................................................................................................ 39 Conceito ................................................................................................................................ 39 Competência ........................................................................................................................ 40 Princípios do lançamento .................................................................................................. 41 Princípio da vinculação à lei ..........................................................................................41 Princípio da irretroatividade .......................................................................................... 41 Princípio da irrevisibilidade ........................................................................................... 42 Princípio da inalterabilidade dos critérios jurídicos .................................................. 42 Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 2 Modalidades de lançamento ............................................................................................. 42 Lançamento por declaração .......................................................................................... 43 Lançamento por arbitramento ...................................................................................... 43 Lançamento de ofício ..................................................................................................... 43 Lançamento por homologação ..................................................................................... 44 Crédito Tributário .................................................................................................................... 44 Suspensão do crédito tributário ....................................................................................... 44 Conceito ............................................................................................................................ 44 Moratória e parcelamento ............................................................................................. 45 Depósito do montante integral ..................................................................................... 46 Reclamações e recursos ................................................................................................. 46 Liminares ........................................................................................................................... 46 Extinção do crédito tributário ........................................................................................... 47 Conceito ............................................................................................................................ 47 Pagamento ........................................................................................................................ 48 Compensação .................................................................................................................. 49 Transação .......................................................................................................................... 49 Remissão ........................................................................................................................... 49 Prescrição e decadência ................................................................................................ 50 Conversão de depósito em renda ................................................................................ 51 Pagamento antecipado e a homologação do lançamento ..................................... 52 Consignação em pagamento ........................................................................................ 52 Decisão administrativa ou judicial irrecorríveis ......................................................... 53 Dação em pagamento em bens imóveis ..................................................................... 53 Exclusão do crédito tributário ........................................................................................... 53 Conceito ............................................................................................................................ 53 Isenção ............................................................................................................................... 54 Anistia ................................................................................................................................. 55 Garantias e privilégios do crédito tributário................................................................... 56 Introdução ......................................................................................................................... 56 Garantias ............................................................................................................................... 56 Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 3 Privilégios .......................................................................................................................... 57 Preferências ...................................................................................................................... 58 Impostos .................................................................................................................................... 59 Impostos em espécie .......................................................................................................... 59 Impostos federais ............................................................................................................ 59 Impostos estaduais .......................................................................................................... 64 Impostos municipais ....................................................................................................... 67 Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 4 Sistema Tributário Nacional Introdução ao Direito Tributário 1.1. A origem do tributo O conceito de tributo variou ao longo da história. Prova disso é que os autores afirmam que o tributo surgiu como uma prestação voluntária, quando líderes tribais, guerreiros e políticos recebiam presentes por sua atuação em favor da comunidade. Com o passar do tempo, o caráter voluntário acabou se perdendo com o surgimento de guerras. Isso, porque, os vencidos nesses combates eram obrigados a entregar seus bens aos vencedores, o que caracterizaria uma Com a estruturação do Estado e a necessidade de obtenção de recursos para a realização de suas atividades, o tributo ganhou contornos definitivos de compulsoriedade, pautando-se na ideia de dever comunitário fundamental. 1.2. Conceito de tributo Historicamente, o conceito de tributo sofreu grandes modificações como já visto. No entanto, modernamente o tributo está intrinsecamente ligado ao custeio das despesas públicas, de modo que restou assim definido pelo Código Tributário Nacional que diz em seu artigo 3º: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade -se que o tributo é: i) uma prestação pecuniária compulsória em moeda ou Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 5 cujo valor nela se possa exprimir; ii) que não constitua sanção de ato ilícito; iii) instituída em lei; e, iv) cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Para fins didáticos, esse conceito costuma ser destrinchado para que se possa compreender o que cada termo significa no Direito Tributário: i) Prestação pecuniária: o tributo é uma prestação. Ou seja, deriva de uma relação obrigacional consistente em dar dinheiro ao Estado. O tributo deve ser pago em dinheiro, pois visa custear as atividades estatais. ii) Compulsória: o tributo é compulsório. Sua cobrança independe da manifestação de anuência do contribuinte ou até mesmo da discricionariedade do credor. Basta que se pratique o fato gerador para que o tributo seja devido. No entanto, para que seja obrigatório, deve ser oriundo de lei, em razão do disposto no artigo5º, II da CF/88. iii) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: o tributo deve ser pago em moeda, ou seu equivalente, desde que previsto em lei (artigos 156, IX e 162, I e II, ambos do CTN). iv) Que não constitua sanção de ato ilícito: o tributo se distingue da multa nesse aspecto. Enquanto a multa caracteriza uma sanção para reprimir a prática de um ato ilícito, o tributo nunca terá essa finalidade, pois seu nascimento decorre da prática do fato gerador e não de um ato ilícito. A finalidade do tributo é, em regra, arrecadatória (o tributo também pode possuir algumas finalidades específicas, como a de intervenção no domínio econômico). v) Instituída em lei: em regra, o tributo só pode ser criado por intermédio de lei formal. No entanto, há algumas hipóteses em que Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 6 é permitida a criação por medida provisória (ato normativo equivalente à lei). vi) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: o ato administrativo da Fazenda Pública credora é vinculado. O administrador público não possui discricionariedade na cobrança do tributo. Ocorrendo a prática do fato gerador o tributo deve ser cobrado. 1.3. Fontes do direito tributário As fontes do Direito Tributário são de onde emanam as normas que regerão este ramo do direito como um todo. Elas podem se dividir em fontes formais ou materiais. 1.3.1. Fontes formais e materiais A principal fonte formal é a legislação tributária em sentido amplo. Desse conceito podem ser extraídas não só as leis em sentido estrito, como também as convenções, tratados, decretos, emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, resoluções e decretos legislativos. Já as fontes materiais do direito tributário são as hipóteses de incidência previstas em lei para o surgimento da obrigação tributária. 1.3.2. Fontes primárias e secundárias As fontes do direito de tributário podem ser divididas, ainda, em fontes primárias e secundárias. Sob esse prisma, seriam fontes primárias a Constituição Federal e suas emendas, as leis complementares e ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 7 Enquanto que as fontes secundárias seriam os atos normativos veiculados por meio de decretos, regulamentos, instruções ministeriais, circulares, ordens de serviço e demais normas complementares. 1.4. Classificações tributárias A doutrina costuma distinguir os tributos a partir de algumas definições para que se possa compreender o alcance de cada espécie tributária e o regime jurídico ao qual ela estará submetida. i) Quanto à discriminação das rendas por competência: essa classificação diz respeito à competência (federal, estadual ou municipal) para instituição do tributo, independentemente das regras de repartição de receita tributária; ii) Quanto ao exercício da competência impositiva: aqui se distingue se o tributo é de competência privativa de determinado ente, de competência comum ou residual; iii) Quanto à finalidade: essa classificação é importante para que se possa compreender o objetivo do tributo. Se fiscal, busca arrecadar recursos para os fazeres estatais. Se extrafiscal, busca intervir em determinada situação social ou econômica. Por fim, há ainda a finalidade parafiscal, que se caracteriza pelo fato de ser instituído por determinado ente, mas outra pessoa possuir a capacidade tributária ativa para o implemento de seus objetivos; iv) Quanto à hipótese de incidência: nessa perspectiva, os tributos se distinguem em vinculados e não vinculados. Os vinculados estariam ligados diretamente a um fazer estatal. Por outro lado, os não vinculados estariam ligados a um fato exclusivo do contribuinte, que não depende de qualquer conduta do Estado; Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 8 v) Quanto ao destino da arrecadação: a arrecadação vinculada deve ser destinada à uma atividade específica, enquanto que nos tributos de arrecadação não vinculada o Estado pode fazer uso dos recursos com bem lhe convier; vi) Quanto à repercussão do encargo econômico-financeiro: os tributos podem ser classificados como indiretos e direitos sob essa conceituação. Diretos seriam os tributos em que o próprio sujeito passivo suporta a tributação. Já nos indiretos, o sujeito passivo pode transferir o encargo econômico-financeiro para pessoa distinta; vii) Quanto aos aspectos objetivos e subjetivos da hipótese de incidência: são reais os tributos que incidem sobre as coisas, desconsiderando aspectos subjetivos do sujeito passivo. Pessoais são os tributos que consideram aspectos subjetivos, pessoais, do contribuinte (como o imposto de renda). viii) Quanto às bases econômicas de incidência: por fim, os tributos pode recair sobre atividades ligadas ao comércio exterior, ao patrimônio e a renda, e à produção e circulação. Tributos Espécies tributárias O artigo 5º do Código Tributário Nacional indica que os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. Essa classificação é seguida pelo artigo 145 da Constituição Federal que dispõe: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 9 potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. No entanto, o entendimento consolidado atualmente é que existem cinco espécies tributárias: i) impostos; ii) taxas; iii) contribuições de melhoria; iv) empréstimos compulsórios; e, v) contribuições especiais. Em acréscimo às espécies previstas no artigo 145 da Constituição Federal, os artigos 148 e 149 do texto constitucional preveem a competência da União para instituir empréstimos compulsórios e as contribuições especiais (contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais e econômicas), em regra, também de competência da União. Sob esse ponto, os tributos costumam ser divididos pela doutrina, ainda, a partir de dois critérios: i) Critério quantitativo: o direito tributário brasileiro adotou a chamada (impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais). ii) Critério qualitativo: nessa linha, os tributos podem ser classificados em vinculados ou não vinculados, a depender da existência ou não de uma atividade estatal específica relacionada ao contribuinte. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 10 1. Impostos está ligada a qualquer contraprestação estatal. A principal finalidade do imposto é arrecadatória, fiscal. O Estado precisa de recursos e, para isso, institui impostos sobre a manifestação de riqueza dos devedores para custear suas atividades. O imposto possui caráter meramente contributivo. Todavia, intuito de intervir ou regular uma situação específica abrangida pelo seu poder de império (v.g. artigo 182, § 4 o , II, da Constituição Federal). 2. Taxas O artigo 145, II, da Constituição Federal prevê a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para instituição de taxas. As taxas se distinguem dos impostos pela sua natureza contraprestacional. Assim, enquanto os impostos são instituídostendo como única finalidade a arrecadação e não estão vinculados a nenhuma conduta estatal, as taxas dependem necessariamente de um fazer do Estado, consistente no exercício do poder de polícia ou na prestação de um serviço público. As taxas podem ser de duas espécies, como prevê o próprio texto constitucional: i) Taxa de polícia: em razão do exercício do poder de polícia; ii) Taxa de serviço: pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. As taxas também estão previstas no artigo 77 do CTN, que corrobora o disposto no texto constitucional e define as duas espécies de taxa. A Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 11 competência para a instituição de taxas é comum de todos os entes federativos cabendo, na hipótese, ao ente que exerceu o poder de polícia ou que prestou (ou disponibilizou) o serviço público. Importante distinguir as taxas das tarifas, já que as taxas, como dito, são uma espécie tributária e as tarifas não. Embora ambas se destinem a remunerar um serviço público prestado não se confundem, conforme quadro abaixo: 2.1. Taxa de polícia A taxa de polícia pressupõe o exercício do poder de polícia por parte do Estado. Por essa razão, o artigo 78 do CTN tratou de definir o que vem a ser o poder de polícia: Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. A remuneração do exercício do poder de polícia só poderá ocorrer por intermédio da taxa se ele for válido, regular, nos termos do artigo 78, parágrafo único do CTN. Ou seja, se a atuação estatal ocorrer em violação à lei, a taxa TAXAS TARIFAS COMPULSORIEDADE DO SERVIÇO PÚBLICO OBRIGATÓRIA FACULTATIVA UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO POTENCIAL OU EFETIVA EFETIVA NATUREZA TRIBUTÁRIA SIM NÃO Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 12 não poderá ser cobrada. Um exemplo comum de taxa pelo exercício do poder de polícia é a taxa de vigilância sanitária. A esse respeito, a jurisprudência tem entendido que não se faz necessária a efetiva fiscalização para que a cobrança da taxa seja possível bastando que exista órgão fiscalizador da atividade. 2.2. Taxa de serviço A taxa de serviço pode ser cobrada pela utilização efetiva (ou seja, pelo serviço, de fato, prestado) ou potencial (no caso de o serviço ser compulsório, como se observa na taxa de coleta de lixo domiciliar) do serviço. Além disso, o serviço tem que ser específico (deve corresponder a um serviço público definido) e divisível (que possa se identificar individualmente o usuário do serviço). Por meio desse conceito se extrai que apenas os serviços públicos uti singuli (singulares) podem ser remunerados por taxas. Os chamados serviços uti universi (universais) não podem ser custeados por essa espécie tributária, pois não possuem a característica da divisibilidade. Por essa razão o STF editou a Súmula nº. 670 aduzindo que o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado por taxa, dada a impossibilidade de fracioná-lo e de se identificar o real contribuinte da exação. Um exemplo de taxa de serviço é a taxa de coleta de lixo domiciliar, considerada constitucional pelo STF (súmula vinculante nº. 19) por atender às características de especificidade e divisibilidade do serviço prestado. 3. Contribuições de melhoria As contribuições de melhoria são tributos vinculados, devidos em razão da valorização de um imóvel gerada pela realização de obra pública. A obra pública a ser objeto da contribuição de melhoria deve estar expressamente Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 13 prevista no DL 195/67, que foi recepcionado pela Constituição Federal com status de lei complementar. O artigo 145, III, da CRFB/88 é expresso ao definir que todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) podem instituir cia, assim, será do ente que realizar a obra pública. Importante observar que a contribuição visa retribuir os gastos da obra pública que geraram valorização imobiliária para o contribuinte, de modo que possuem como limite total de arrecadação a despesa realizada pelo ente público, e como limite individual o acréscimo de valor que cada imóvel obteve. A soma de cada contribuição de melhoria devida não pode ultrapassar o montante gasto com a obra pelo ente público. E a cobrança do tributo só pode ocorrer após o término das obras. 4. Empréstimos compulsórios É um tributo de competência exclusiva da União que visa arrecadar recursos para custear despesas adicionais imprevistas, sendo o valor arrecadado devolvido ao final do período estabelecido pela lei que instituir esse tributo. O artigo 148 da Constituição Federal traz dois pressupostos para sua cobrança: i) guerra ou calamidade pública; e, ii) investimento público relevante. Assim, pode-se dizer que os empréstimos compulsórios podem ser cobrados em duas ocasiões: i) Em razão de despesas extraordinárias que decorram de calamidade pública ou de guerra externa (hipótese que excepciona o princípio da anterioridade tributária e da noventena); ii) Em razão de investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional ((hipótese que excepciona o princípio da anterioridade tributária e da noventena) Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 14 O artigo 15, III do CTN também previa a hipótese de criação de No entanto, essa hipótese não consta do texto constitucional, de modo que não foi recepcionada pela CRFB/88. A arrecadação dos recursos obtidos com a criação do empréstimo compulsório é vinculada aos motivos que ensejaram sua criação. O fator principal que o distingue das demais espécies tributárias é a sua restituição. A lei complementar que instituir o empréstimo compulsório deve fixar o prazo do empréstimo e os requisitos para o resgate. A restituição deve ser sempre nos mesmos termos do pagamento, ou seja, em dinheiro. 5. Contribuições especiais As contribuições especiais são espécies tributárias destinadas a custear despesas específicas que devem ser realizadas pelo ente tributante. Antes do não possuíam natureza tributária. Em regra, possuem uma finalidade de custeio específica, de modo que os valores arrecadados devem ser utilizados apenas para o custeio da atividade que a originou. O texto constitucional prevê quatro espécies de contribuições: i) Contribuições sociais: as contribuições sociais se destinam a custear as atividades na área social e podem ser subdivididas em três categorias: a) as contribuições sociais gerais (que estão fora da seguridade social, como as destinadas à educação previstas no artigo 212, §5º, da CRFB/88); b) as contribuições de seguridade social (que financiam as atividades relacionadas à previdência, saúde e assistência social, previstas no artigo 195, da CRFB/88); e, c) as outras contribuições de seguridade social (criadas em razão da competência residual da União, prevista no artigo 195, §4º, da CRFB/88); Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 15 ii) Contribuições de intervenção no domínio econômico(CIDE): são contribuições instituídas por meio de lei ordinária, a fim de concretizar os princípios que norteiam a atividade econômica (artigos 170 a 181 do texto constitucional) ou para fomentar algum setor da economia (artigo 174, da CRFB/88). São tributos de competência exclusiva da União; iii) Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas (contribuições corporativas): as contribuições de interesse das categorias profissionais visam financiar as atividades de fiscalização e regulamentação do exercício da profissão (cobradas pelos conselhos profissionais à exceção da OAB). Já as contribuições de interesse das categorias econômicas visam financiar os interesses de determinada categoria econômica, chamada de contribuição sindical. São tributos de competência exclusiva da União; iv) Contribuições para o custeio da iluminação pública (COSIP): introduzida no texto constitucional pela EC 39/02 tem por objetivo o custeio da despesa inerente ao serviço de iluminação pública e é de competência dos Municípios e do Distrito Federal. Competências tributárias Conceito A competência tributária consubstancia a delimitação do poder de tributar. Em outras palavras, é o poder de criar, instituir um tributo por meio de lei. Sob essa perspectiva, só possui competência tributária quem detiver competência legislativa. Logo, apenas os entes da federação possuem competência tributária. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 16 O exercício da competência tributária é facultativo. Todavia, a competência tributária é indelegável. A Constituição Federal define quais entes podem criar quais tributos e, mesmo que um determinado ente opte por não instituir o tributo (como se observa no caso do Imposto sobre Grandes Fortunas, ainda não instituído pela União), outro ente não poderá avocar tal competência a fim de instituí-lo. Repartição de receita tributária A repartição de receitas tributárias não se confunde com a repartição da competência tributária. Enquanto a repartição da competência tributária é definida pelo texto constitucional para indicar o ente legitimado para instituir o tributo, a repartição de receitas prevista na Constituição se destina indicar o ente menor que receberá parte do produto da arrecadação realizada pelo ente tributante. Assim, o produto de alguns tributos, apesar de serem de competência de determinado ente maior, devem ser transferidos a entes menores por força de determinação constitucional. Essa transferência de recursos advindos da tributação pode se dar de duas formas: i) Repartição direta: o ente maior transfere o recurso diretamente à conta do ente menor dentro do prazo previsto em lei. ii) Repartição indireta: o ente maior transfere o recurso para um fundo de participação que, posteriormente, o repassará para os entes menores. Competências privativas Competência privativa é a definida com exclusividade a cada ente da federação. Também é chamada de competência exclusiva. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 17 A Constituição Federal definiu as competências privativas de cada ente da seguinte forma: COMPETÊNCIAS PRIVATIVAS UNIÃO - Impostos federais (art. 153 CF/88); - Contribuições especiais (art. 149, CF/88) - Empréstimo compulsório (art. 148, CF/88) ESTADOS E DF - Impostos estaduais (art. 155, CF/88) MUNICÍPIOS E DF - Impostos municipais (art. 156, CF) - COSIP (art. 149-A, CF/88) A partir da tabela acima nota-se que o Distrito federal possui competência tributária híbrida. Ou seja, ele poderá pode instituir todos os impostos estaduais e municipais, além da COSIP, por força do disposto nos artigos 32, §1º c/c art. 155, caput c/c 147, ambos da CF/88. Portanto, estabelecidas as competências exclusivas pelo constituinte, caso algum ente institua tributo de competência reservada a outro, a lei que o instituiu será manifestamente inconstitucional. Competência residual A competência residual possibilita a criação de tributos cujos fatos geradores não estão previstos no texto constitucional. Ela é atribuída à União para criar: i) novos impostos e ii) contribuições para a seguridade social que não estejam previstas em sua competência privativa. A competência residual está prevista nos artigos 154, I, e 195, §4º, ambos da CF/88. O exercício da competência residual prevista no artigo 154, I, da CF/88 depende do preenchimento de 3 requisitos, quais sejam: i) o novo imposto deve ser criado por intermédio de lei complementar; ii) o novo imposto deve Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 18 ser não-cumulativo (ou seja, em cada operação deve-se descontar o que já foi cobrado em operação anterior); e, iii) o novo imposto não pode ter fato gerador ou base de cálculo próprios dos demais impostos previstos na CF/88. Já a contribuição para a seguridade social prevista no artigo 195, §4º, da CF/88 depende, de acordo com o entendimento do STF, da observância de apenas um requisito: ser instituída por lei complementar. Competência extraordinária A competência extraordinária também é atribuída apenas à União e está prevista no artigo 154, II, da CF/88. Essa competência consiste na possibilidade externa. Nessa hipótese, a União poderá utilizar, excepcionalmente, fato gerador de outro imposto já existente, ainda que não seja de sua competência tributária. Competências comuns A competência comum é atribuída aos entes da federação para a criação de tributos, de acordo com a sua respectiva competência administrativa. Os tributos que podem ser criados por quaisquer entes, com base em competência comum, são as i) contribuições de melhorias; ii) taxas; e, iii) contribuições previdenciárias de seus respectivos servidores. Bis in idem e bitributação Tanto o bis in idem quanto à bitributação são exemplos de dupla incidência tributária. No entanto, enquanto na bitributação mais de um ente Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 19 institui tributo sobre o mesmo fato gerador, no bis in idem um ente da federação cobra mais de um tributo sobre o mesmo fato gerador. Em regra, não há norma que proíba o bis in idem, já que o próprio texto constitucional prevê hipóteses permitindo que o mesmo ente cobre mais de um tributo sobre o mesmo fato gerador (v.g. União cobra COFINS e PIS sobre o mesmo fato gerador com respaldo no art. 195, I, b, da CF/88). Contudo, ao contrário do bis in idem, a bitributação é, em regra, vedada pelo ordenamento jurídico, já que cada ente deve instituir o tributo dentro de sua respectiva competência tributária. Excepcionalmente, o constituinte permite a bitributação pela União ao instituir o imposto extraordinário em caso de guerra ou em caso de bitributação internacional (quando determinado fato gerador também é tributado por outro país). Princípios Limitações ao poder de tributar Conceito A doutrina define que as limitações ao poder de tributar nada mais são que os princípios constitucionais tributários e as imunidades. Tais limitações encontram previsão nos artigos 145, §1º e 150 a 152, todos do texto constitucional. Em atenção ao disposto no artigo 146, II, da CF/88, as limitações ao poder de tributar devem estar regulamentadas por meio de lei complementar. Assim, no que toca à alguma limitação ao poder de tributar o CTN foi recepcionado com status de lei complementar. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 20 Hodiernamente, é pacífico o entendimento que essas limitações ao Fisco são garantiasindividuais do contribuinte, estatuídas como cláusulas pétreas. Por essa razão, não podem ser suprimidas por emendas constitucionais. Princípios Princípio da legalidade O princípio da legalidade possui previsão no artigo 5º, II, da CF/88, ao passo que o princípio da legalidade tributária está disposto no artigo 150, I, do texto constitucional. A legalidade tributária estabelece que nenhum tributo pode ser criado ou majorado, senão em virtude de lei. A razão de ser desse princípio é a segurança jurídica. Todavia, é cediço que princípios podem ser ponderados e o próprio legislador constitucional traz hipóteses que excepcionam a necessidade de lei em sentido estrito para a majoração de tributo (para a criação de tributo não há exceção): i) II, IE, IPI e IOF (art. 153, I, CF/88): por razões de extrafiscalidade; ii) CIDE combustível (art. 177, §4º, I, b, CF/88): a fim de intervir na economia permite-se a redução e restabelecimento da alíquota; iii) ICMS monofásico (art. 155, §4º, IV, CF/88):pode ser estabelecido por meios dos convênios no âmbito do CONFAZ . Importante ressaltar que o constituinte só previu a necessidade de lei para se criar ou majorar o tributo. Todavia, o artigo 97, II, do CTN foi além e dispôs que a lei faz-se necessária também para reduzir o tributo. A legalidade tributária se consubstancia, em regra, por lei ordinária. Os tributos são criados, majorados e reduzidos por lei ordinária. O mesmo ideia se aplica para a concessão de benefício fiscal (se o tributo foi criado por lei ordinária, o benefício também deverá ser concedido por lei ordinária). Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 21 O texto constitucional exige, excepcionalmente, a instituição do tributo por meio de lei complementar nas hipóteses de i) criação de tributo pela União no exercício de sua competência residual, ii) instituição de empréstimo compulsório e iii) instituição do imposto sobre grandes fortunas. Importante destacar que a possibilidade de majoração do tributo não se confunde com a possibilidade de correção monetária do tributo, já que a mera atualização dos valores da exação não é considerada aumento de tributo. Por fim, atualmente está pacificado que medida provisória também pode instituir tributo se presentes os requisitos constitucionais de relevância e urgência para a edição da MP. Entretanto, caso o tributo seja criado por meio de lei complementar como salientado acima, há expressão vedação constitucional para a edição de MP no artigo 62, §1º, III. Princípio da tipicidade O princípio da tipicidade é corolário do princípio da legalidade, pois estabelece que a instituição do tributo não exige apenas a edição de lei, mas que essa lei preveja, ainda, todos os elementos necessários para a cobrança da exação (principalmente o fato gerador, base de cálculo e a alíquota). Princípio da isonomia ou igualdade tributária O princípio da isonomia, também chamado de princípio da igualdade tributária, está previsto no art. 150, II, da CF/88 e estabelece que não se pode dar tratamento distinto a contribuintes que estejam em situações econômicas equivalentes. Ele deve ser ponderado em cotejo com outros princípios (como o da capacidade contributiva, por exemplo) em concessões de benefícios fiscais para que não seja violado. A concessão de qualquer benefício fiscal deve possuir robusta fundamentação para que não configure privilégio odioso. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 22 Princípio da irretroatividade O princípio da irretroatividade está previsto no art. 150, III, a, da CF/88 e estabelece que a lei que cria ou majora o tributo não pode retroagir para atingir fatos geradores já ocorridos antes do início da sua vigência. Assim, norma tributária que majore ou crie tributos só produzirá efeitos a partir da sua instituição. Ele está relacionado à ideia de segurança jurídica. Referido princípio da irretroatividade está regulamentado pelos artigos 105 e 106 do CTN. O artigo 105 do Código Tributário Nacional é claro ao dispor que a lei tributária se aplica imediatamente aos fatos geradores futuros e aos fatos geradores pendentes. Como a lei tributária não pode retroagir, ela vai se aplicar para o futuro, mas a lei faz menção a fato gerador futuro (fato gerador ainda irá iniciar) e pendente (fato gerador já iniciou, mas ainda não está completo e acabado). Já o artigo 106 do CTN permite que a norma tributária retroaja sempre que for meramente interpretativa ou quando o ato ainda não ter sido definitivamente julgado e a norma i) deixar de defini-lo com infração; ii) deixar de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; e, iii) lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Princípio da anterioridade O princípio da anterioridade está previsto nos exercício financeiro da lei que os instituiu ou majorou, tampouco antes de decorridos 90 dias da edição da norma. Ele está relacionado com a segurança Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 23 jurídica, com a concretização do princípio da não supresa (que objetiva impedir que o contribuinte seja surpreendido por uma alteração legislativa prejudicial). quando prevê que os entes tributantes não podem cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou os majorou. A cobrança tributária deverá acontecer apenas no exercício seguinte àquele que tenha sido publicada a lei, a fim de evitar que o contribuinte seja pego de surpresa pelo Fisco. proíbe a cobrança de tributos antes de decorridos 90 dias da data que houver sido publicada a lei que os tenha instituído ou majorado. Parte da doutrina também chama essa anterioridade Entretanto, há quem defenda que a anterioridade nonagesimal e a noventena são figuras distintas. Para esses autores, a noventena est os tributos, como regra geral. Enquanto que a anterioridade nonagesimal estaria prevista no artigo 195, §6º, da CF/88 e se aplicaria somente às contribuições de seguridade social. Em regra, devem ser observadas as duas anterioridades, a geral e a nonagesimal. Todavia, o próprio texto constitucional traz algumas exceções à essa regra: EXCEÇÕES ANTERIORIDADE NOVENTENA Art. 150, §1º: Imposto de Importação (153, I), Imposto de Exportação (153, II), Imposto sobre Operações Financeiras (153, V) Imposto sobre Produtos Industrializados (153, IV), Empréstimo Art. 150, §1º: Imposto de Importação (153, I), Imposto de Exportação (153, II), Imposto sobre Operações Financeiras (153, V) Imposto sobre a Renda (153, III), Empréstimo Compulsório (148, I) e Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 24 Compulsório (148, I) e Imposto Extraordinário (154, II). Imposto Extraordinário (154, II), base de cálculo do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (155, III0 e base de cálculo do Imposto Predial e Territorial Urbano (156, I). Art. 195, §6º: Contribuições de Seguridade Social. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS monofásico). Art. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE combustível). Princípio da vedação ao confisco O princípio da vedação ao confisco está previsto no art. 150, §4º da CF/88 e tem por objetivo impedir que os entes tributantes instituam alíquotas exorbitantes e tenham caráter confiscatório, o que pode comprometer o desenvolvimento das atividades econômicas, bem como impossibilitar ocontribuinte de suprir suas necessidades básicas vitais. Ele está intrinsecamente ligado ao princípio da capacidade contributiva, já que seria uma maneira de graduar a capacidade contributiva do indivíduo. a hipótese confiscatória deve ser analisada no caso concreto. Contudo, os autores ressaltam que o tributo será confiscatório se retirar parcela considerável do patrimônio do contribuinte ou se o tributo inviabilizar o exercício de sua atividade econômica. A doutrina aduz, ainda, que o confisco pode decorrer do tributo em si mesmo ou em decorrência do sistema tributário como um todo. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 25 Princípio da liberdade de tráfego Também chamado de princípio da não limitação ao tráfego de bens e pessoas, referido princípio proíbe que se estabeleçam empecilhos à livre circulação de bens ou de pessoas por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. Ele traduz a ideia de que nenhum tributo poderá ter como fato gerador a transposição de bens ou de pessoas entre Municípios ou entre Estados. O princípio da liberdade de tráfego não veda a tributação em si, mas, apenas, a tributação excessiva que inviabilize o exercício do direito de ir e vir. Princípio da capacidade contributiva O princípio da capacidade contributiva está previsto no art. 145, §1º da CF/88 e estabelece que cada um deve contribuir na proporção de seu patrimônio e renda. Decorre diretamente da ideia de isonomia tributária. Ele norteia a atuação do intérprete, a fim de que se observe se o indivíduo possui capacidade econômica para suportar aquela tributação. A doutrina extrai alguns subprincípios do princípio da capacidade contributiva, quais sejam: i) Subprincípio da progressividade: traduz a ideia de que quanto maior for a base de cálculo, maior deverá ser a alíquota do tributo; ii) Subprincípio da proporcionalidade: indica que o tributo incide sempre pela mesma alíquota, independentemente da variação da base de cálculo; iii) Subprincípio da personalização: estabelece que sempre que possível o imposto deverá ter caráter pessoal, levando-se em consideração as características do indivíduo, sempre que isso for compatível com o tributo, para torná-lo mais justo; Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 26 iv) Subprincípio da seletividade: está relacionado com a ideia de essencialidade do produto. Quanto maior a essencialidade do produto, menor deverá ser a alíquota. Princípio da uniformidade geográfica O princípio da uniformidade geográfica está previsto no artigo 151, I da CF/88 e estabelece que a União deverá tributar todo o território nacional de modo uniforme. Referido princípio veda a criação de distinções quanto ao fato gerador, base de cálculo, alíquota entre Estados ou Municípios. Ele decorre da ideia de isonomia entre os entes federativos. Excepcionalmente, a tributação poderá ocorrer de modo distinto para fomentar o desenvolvimento econômico de determinada região. Princípio da proibição de isenção heterônoma Está previsto no art. 151, III da CR/88 e estabelece que quem não possui a competência tributária para instituir o tributo não poderá conceder isenção sobre ele. Com efeito, esse princípio abrange qualquer benefício fiscal e não somente as isenções. Uma exceção a essa regra é a hipótese em que tratados e convenções internacionais podem conceder benefícios fiscais de tributos municipais e estaduais. Nesse caso, não se trata de isenção heterônoma, pois os tratados e convenções são assinados pelo Presidente da República em sua função de Chefe de Estado e não como representante da União Federal. Princípio da não discriminação tributaria em razão da procedência ou destino Está previsto no art. 152 da CF/88. Se destina aos Estados, Distrito Federal e Municípios, que não poderão criar diferenças tributárias em razão da procedência ou do destino de bens. Visa proteger o pacto federativo. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 27 Imunidades Imunidade tributária é uma limitação ao poder de tributar consistente em uma exclusão, imposta pela Constituição Federal, e dirigida ao legislador, que fica impedido de exercer a competência tributária nos casos especificados no texto constitucional. A imunidade somente se aplica aos impostos e é considerada uma cláusula pétrea da Constituição Federal. O reconhecimento da imunidade tributária não exclui a necessidade de se cumprir as obrigações acessórias do tributo. Se distingue da figuração da isenção, eis que na imunidade o ente não pode criar o tributo. Já na isenção o ente exerce a competência e, posteriormente, edita nova regra isentando o contribuinte do pagamento do tributo. Importante consignar, ainda, que ambas não se confundem com a de modo que o que não estiver nele abrangido não sofrerá a incidência tributária. Imunidades em espécie Imunidade recíproca A imunidade recíproca contempla apenas impostos e está prevista no poderão cobrar impostos sobre patrimônio (IPTU, ITR, IPVA, IGF, ITD e ITBI), renda (IR e IOF) ou serviços (ISS e ICMS) uns dos outros. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 28 Essa imunidade é extensiva às autarquias e às fundações públicas desde que o patrimônio, renda e os serviços estejam vinculados às atividades essenciais desenvolvidas por essas pessoas jurídicas de direito público ou dela sejam decorrentes. No entanto, as sociedades de empresas de economia mista e as empresas públicas, por desenvolverem atividade econômica, não estão abarcadas pela imunidade recíproca, pois se submetem ao regime de direito privado. Excepcionalmente, a jurisprudência do STF tem estendido a imunidade às estatais quando essas forem prestadoras de serviço público (como é o caso da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). A imunidade recíproca almeja proteger o pacto federativo, de modo que quando o particular adquire imóvel público deve arcar com os tributos decorrentes da transmissão do bem. Por outro lado, a imunidade recíproca só atinge os contribuintes de direito do tributo. Assim, quando o poder público for locatário de imóvel particular deve arcar com os tributos já que, nessa hipótese é contribuinte de fato, enquanto que o contribuinte de direito é, na verdade, o proprietário do bem. Imunidade de templos A imunidade de templos está prevista no artigo da CF/88. Ela tem como fundamento a liberdade religiosa que é estatuída como direito fundamental previsto no artigo 5º, VI, da Constituição Federal. Essa imunidade alcança apenas o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às atividades essenciais das entidades. Excepcionalmente, se estende a outras atividades, desde que os recursos obtidos com atividades sejam revertidos às suas finalidades essenciais. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 29 Imunidade de partidos políticos da CF/88. O fundamento dessa imunidade é o pluralismo partidário. A ideia de que se assegure uma pluralidade de partidos. Para que o partido político possa gozar dessa imunidade, deverá estar regularmente constituído aos moldes do disposto previsto no artigo 17, parágrafos 1º e 2º, da CF/88. Ela também só abrange o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às atividades essenciais dessas entidades. Imunidade de sindicatos CF/88 e possui como fundamento o direito fundamental à liberdade de associação. Ela visa garantir a liberdade política e o pluripartidarismo. Por essa razão, alcança apenas o patrimônio, a renda e os serviços vinculados àsatividades essenciais das entidades. Importante ressaltar que a imunidade dos sindicatos se destina apenas aos sindicatos de trabalhadores, de modo que os sindicatos patronais não estão contemplados com essa limitação constitucional. Da mesma maneira, as constitucional. Imunidade de instituições de educação e assistência social A imunidade de instituições de educação e assistência social está sem fins lucrativos. Essa imunidade alcança apenas o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às atividades essenciais dessas entidades. No entanto, para que a imunidade seja concedida a instituição deve atender aos requisitos previstos no artigo 14 do CTN e na lei 9.532/97. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 30 Imunidade de livros A imunidade dos assegurar a liberdade de pensamento e fomentar o acesso à cultura e à informação. É uma imunidade objetiva, ou seja, contempla apenas os tributos que incidem diretamente sobre livros, jornais periódicos, e os papeis destinados à sua impressão (ICMS, IPI, II e IE). Trata-se de imunidade objetiva, pelo que não se estende ao fabricante do produto. A sua concessão independe do conteúdo da publicação bastando que seja, de fato, livro, jornal ou periódico, como previsto no texto constitucional. Recentemente, o STF estendeu essa imunidade também aos livros eletrônicos ampliando, assim, o objeto dessa imunidade previsto no texto constitucional. Imunidade musical A imunidade musical está prevista no art. introduzida pela EC 75/2013, e visa combater a corriqueira pirataria no ramo musical. Referida imunidade abrange apenas: i) fonogramas e videofonogramas nacionais; ii) produzidos no Brasil; iii) contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros; iv) bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham; v) salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. Trata-se de uma imunidade objetiva, que engloba apenas os impostos que incidiram sobre a produção e a venda do produto (principalmente, ISS e ICMS, respectivamente), de modo que não inviabiliza a cobrança de demais tributos. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 31 Obrigação tributária Conceito A obrigação é um instituto do direito privado, sendo tradicionalmente conceituado como uma relação jurídica entre um credor e um devedor que tem por objeto uma prestação. No campo tributário, a obrigação surge com a ocorrência do fato gerador, da mesma forma que o crédito surge com o lançamento do tributo. A obrigação tributária é definida como ex lege, pois independe de qualquer manifestação de vontade do sujeito passivo. Elementos da obrigação tributária Pode-se dizer a obrigação tributária é composta, necessariamente, por quatro elementos essenciais: i) Elementos subjetivos: aqui se tem o sujeito ativo (Fisco) e o sujeito passivo (contribuinte ou responsável tributário); ii) Elementos objetivos: se dividem em obrigação principal (dar dinheiro) e acessória (obrigação de fazer, não fazer ou tolerar); iii) Lei: prevê a hipótese de incidência do tributo (fato gerador abstrato); iv) Fato: fato imponível (fato geral concreto). Sujeitos da obrigação tributária Os sujeitos da obrigação tributária se dividem em: sujeito ativo (previsto nos artigos 119 e 120, do CTN) e sujeito passivo (previsto nos artigos 121 a 123, do CTN). Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 32 Sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público (União, Estados, DF e Municípios), titular da competência constitucional para exigir o seu cumprimento. É quem detém a capacidade tributária, o crédito a se receber. Já o sujeito passivo da obrigação tributária é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Pode ser o contribuinte (aquele que pratica o fato gerador da obrigação tributária) ou o responsável (terceiro a quem a lei atribui a qualidade de sujeito passivo). Importante não confundir os conceitos acimas com as pessoas que detém capacidade tributária ativa e capacidade tributária passiva. A capacidade tributária ativa diz respeito à pessoa que possui legitimidade para arrecadar, fiscalizar e julgar recursos administrativos. Enquanto que a capacidade tributária passiva está relacionada à possibilidade de a pessoa constar do pólo passivo na relação tributária (e independe completamente da capacidade civil). Solidariedade tributária Não se distingue do conceito civil, de modo que o Fisco pode cobrar o tributo de qualquer dos devedores solidários. Nos termos do artigo 124 do Código Tributário Nacional, são solidariamente obrigados: i) As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; ii) As pessoas expressamente designadas por lei. Obrigação principal e acessória O artigo 113, do CTN distingue a obrigação tributária em principal e acessória. Diante do conceito legal, tem-se que obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, e extingue-se juntamente com o crédito dela Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 33 decorrente. Enquanto que a obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. O não cumprimento da obrigação acessória faz com que se converta em obrigação principal, por meio de penalidade pecuniária. No direito tributário, as obrigações acessórias não seguem, necessariamente, a obrigação principal, pois ainda que o contribuinte esteja dispensado do cumprimento da obrigação principal, permanecerá obrigado a cumprir a obrigação acessória. Fato gerador O fato é a circunstância da vida que prevista, abstratamente, na norma é capaz de gerar a obrigação tributária. Ele está regulamentado pelos artigos 114 a 118, do CTN. É a partir do fato gerador que surge a obrigação tributária. Importante distinguir o conceito de fato gerador da hipótese de incidência, já que essa é a previsão abstrata contida na norma. Na verdade, a lei não prevê o fato gerador, mas a hipótese de incidência do tributo. O fato gerador nada mais é que a concretização da hipótese de incidência. A doutrina costuma decompor o fato gerador em elementos subjetivos (pessoas que compõem a relação tributária) e objetivos (o fato sobre o qual recai o tributo). Em atenção ao princípio da tipicidade o elemento objetivo do fato gerador deve indicar o contribuinte (aspecto subjetivo), a conduta que se amoldará ao fato gerador (aspecto objetivo), o lugar onde o fato gerador ocorrerá (aspecto espacial) e quando que ele ocorrerá (aspecto temporal). Há, ainda, os chamados elementos quantitativos do fato gerador, quais sejam: alíquota e a base de cálculo. A base de cálculo é a delimitação da alíquota, a grandeza sobre a qual a alíquota incidirá que, via de regra, é Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 34 definida por um valor em dinheiro. Já a alíquota é um percentual, definido em lei, que recairá sobre a base de cálculo. Domicílio tributário Nos termos do artigo 127, do CTN, trata-se do local onde o indivíduo exerce suas atividades com o Fisco. Aqui, há distinção entre o domicílio civil e o domicílio tributário, pois na seara tributária, em regra, o domicílio é escolhido livremente pelo contribuinte. O único obstáculo para tal manifestaçãode vontade seria caso ele objetive dificultar a fiscalização do tributo. Planejamento tributário Dentro do tema da obrigação tributária, aspecto relevante a ser estudado diz respeito às formas de atenuar o impacto da tributação por meio de planejamento tributário. Esse planejamento pode se dar por intermédio de condutas lícitas e ilícitas, que são conceituadas pela doutrina como: elisão, elusão e evasão. Elisão A elisão consiste na prática de atos lícitos para a economia de tributos. Se pauta em planejamento fiscal para economia de tributos através da interpretação da lei tributária. Só se pratica a elisão antes da ocorrência do fato gerador. Elusão A elusão ocorre quando o contribuinte simula negócio jurídico, a fim de dissimular a ocorrência do fato gerador, adotando conduta artificiosa. Assim, percebe-se que, a norma geral antielisão, exposta no Código tributário (artigo Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 35 116, parágrafo único) seria, na verdade, determinação de impedimento à Evasão A evasão configura conduta ilícita do contribuinte, que a pratica no intuito de não pagar o tributo. Em muitos casos configura crime de sonegação fiscal. Responsabilidade tributária Introdução Como já dito, contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador. Todavia, a lei pode atribuir a responsabilidade pelo pagamento do tributo a pessoa diversa do contribuinte. Ou seja, a lei atribui terceiro que, de alguma forma, possua algum vínculo com o fato gerador da respectiva obrigação, a qualidade de sujeito passivo. Essa é a dicção do artigo 128 do Código Tributário Nacional. Partindo da dessa premissa, pode-se afirmar que o responsável tributário pode ser: i) Substituto tributário: o contribuinte fica excluído da relação tributária. ii) Responsável solidário: o contribuinte e o responsável respondem solidariamente pela obrigação tributária sem qualquer benefício de ordem. iii) Responsável subsidiário: o contribuinte responde diretamente e o responsável tributário responde subsidiariamente (a lei pode Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 36 inverter essa regra, o responsável tributário responder diretamente e o contribuinte subsidiariamente). Modalidades de responsabilidade A responsabilidade pode ser classificada como responsabilidade por sucessão ou transferência, a depender do momento em que surge o vínculo jurídico entre o sujeito ativo da exação e o responsável tributário. Responsabilidade por substituição É um mecanismo de arrecadação do Fisco, em que o sujeito ativo irá cobrar o tributo diretamente do substituto tributário. Isso porque a lei poderá atribuir a sujeito passivo da obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente. Ela exclui o contribuinte da relação tributária. Essa modalidade de responsabilidade é aplicada aos tributos indiretos (ou plurifásicos). Pode ocorrer de duas formas: i) substituição tributária regressiva (para trás), ou por ii) substituição tributária progressiva (para frente). Na substituição r contribuinte anterior, o que gera o adiamento do o pagamento do tributo para uma fase seguinte. pagamento do tributo substituindo, assim, o contribuinte posterior. Note-se que há o pagamento do tributo antes mesmo da ocorrência do fato gerador. Responsabilidade por transferência Ocorre quando a lei transfere a obrigação, que teria nascido em sua origem para o contribuinte, a terceiro Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 37 Responsabilidade por sucessão Essa hipótese de responsabilidade concerne à responsabilização do sucessor pelas obrigações tributárias em razão do evento que originou a sucessão. Ela está tratada nos artigos 129 a 133 do CTN. São responsáveis tributários por sucessão: i) O adquirente do bem (a qualquer título) ou o remitente (que pagou a dívida para resgatar o bem) ii) O sucessor a qualquer título (por ato inter vivos ou causa mortis); iii) O cônjuge meeiro; iv) O espólio do devedor; v) A empresa sucessora, de modo integral (se assumiu o negócio) ou subsidiário (se não tiver assumido o negócio). Responsabilidade de terceiros Trata-se de responsabilidade subsidiária que ocorre quando se tornar impossível a exigência da obrigação principal do contribuinte sendo, assim, transferida a terceiro. O terceiro será solidariamente responsável com o contribuinte. Está prevista nos artigos 134 e 135 do CTN. Observa-se que o caput do artigo 134 fala em responsabilidade como no direito privado. Aqui, sustenta- Assim, o Fisco deve cobrar primeiro do contribuinte e se não conseguir satisfazer o seu crédito é que poderá redirecionar a execução para o terceiro responsável. Ainda assim, o terceiro só irá responder se por ação ou omissão ele tenha acarretado aquele débito. Portanto, não se trata de hipótese de Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 38 responsabilização objetiva, o terceiro deve ter gerado ou participado de alguma fora daquele débito, seja por ação, seja por omissão. Em relação às penalidades, a responsabilidade se estende apenas às de caráter moratório e não responderá por multas decorrentes de obrigações acessórias, exceto se a lei assim o previr. O rol é taxativo e consiste em: i) Os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; ii) Os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; iii) Os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; iv) O inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; v) O síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; vi) Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; vii) Os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. No caso de ação com excesso de poderes ou com infração à lei, além das pessoas acima, serão corresponsáveis pela obrigação tributária os mandatários, prepostos, empregados, diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Responsabilidade por infrações Trata-se de responsabilização objetiva por violações à legislação tributária. Ela atribui responsabilidade pessoal ao agente que estiver inserido em alguma das hipóteses previstas no artigo 137 do Código Tributário Nacional, quais sejam: Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 39 I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem; b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores; c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas. Não obstante as hipóteses acima versarem sobre responsabilidade objetiva, a responsabilidade do agente será excluída pela denúncia espontânea da infração, desde que acompanhada pelo respectivopagamento do tributo. Para tanto, a denúncia deve ser antes da realização de qualquer procedimento administrativo. Lançamento tributário Conceito Lançamento tributário é o procedimento administrativo ou ato administrativo oriundo dele, como parte da doutrina sustenta que dá liquidez à obrigação tributária principal. De acordo com o artigo 142 do CTN, o lançamento é ato privativo do Fisco e por meio do qual se constitui o crédito tributário, após a apuração do fato gerador: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 40 Há discussão doutrinária acerca da natureza jurídica do lançamento, porém, atualmente, tende-se para o entendimento de que o lançamento possui natureza constitutiva. Essa posição não se confunde com o caráter declaratório da obrigação tributária que é formalizada pelo lançamento. Apesar do disposto no artigo 142 do CTN, para parcela da doutrina, não é apenas o lançamento que constitui o crédito tributário, uma vez que o crédito tributário poderia se constituir também por i) mera declaração ou confissão do contribuinte; ii) atos judiciais (v.g., sentenças trabalhistas formalizam crédito relativo às contribuições previdenciárias); ou, até mesmo, iii) outros atos administrativos (v.g., lavratura de auto de infração). O lançamento tributário possui natureza vinculada e obrigatória, de modo que verificada a ocorrência do fato gerador a autoridade fiscal deve lançar o tributo, sob pena de responsabilidade funcional, como prevê o parágrafo único do artigo 142 do CTN. Competência privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo entanto, isso não se confunde com a possibilidade - que parte da doutrina defende de se constituir o crédito tributário por outras formas, como exposto no tópico anterior. inventário e que, portanto, isso excepcionaria a regra da competência privativa da autoridade administrativa. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 41 Princípios do lançamento Princípio da vinculação à lei O princípio da vinculação à lei está exposto no artigo 142, parágrafo único, do CTN já mencionado. Pela redação do referido dispositivo, a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de Assim, o lançamento, na tradicional classificação de atos discricionariedade na atuação do Fisco. Se o fato gerador ocorreu a autoridade fiscal deve, por imposição de lei, lançar o tributo, sob pena de responsabilidade funcional. Princípio da irretroatividade O princípio da irretroatividade está previsto no artigo 144 do CTN que dispõe: Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Logo, se extrai do artigo 144 do CTN que o lançamento vai ser regido pela lei vigente à época da ocorrência do fato gerador. Por essa razão, o artigo 144 do CTN apresenta hipótese de ultratividade da lei tributária. Ou seja, mesmo que a lei já tenha sido revogada ou modificada, ela continuará a produzir efeitos. Todavia, o artigo 144, §1º, do CTN traz regra diversa, pois a legislação que que verse sobre critérios de apuração ou processos de fiscalização aplica- se de imediato, mesmo que a fatos geradores anteriores à sua vigência. Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 42 Por fim, há uma exceção à essa exceção, já que a parte final do §1º, do artigo 144 do CTN, já que se essa nova legislação atribuir nova hipótese de responsabilidade tributária a terceiros, não poderá retroagir. Princípio da irrevisibilidade O princípio da irrevisibilidade está previsto no artigo 145 do CTN e estabelece que, depois que o sujeito passivo for notificado do lançamento, o Fisco não poderá modificá-lo. A notificação do sujeito passivo conforma ato jurídico perfeito, de modo que o lançamento somente poderá ser alterado nas hipóteses legais discriminadas no próprio artigo 145 do Código Tributário Nacional. Princípio da inalterabilidade dos critérios jurídicos O princípio da inalterabilidade dos critérios jurídicos está previsto no artigo 146 do CTN e estabelece que a mudança no critério jurídico utilizado pelo Fisco no ato de lançamento só pode ser aplicada a fatos geradores supervenientes. Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução alteração de interpretação da lei quando consubstanciarem erro de direito. Se se tratar de mero erro fático, aplica-se o artigo 149, VII, do CTN. Modalidades de lançamento O Código Tributário Nacional prevê as modalidades de lançamento em 4 artigos: i) Art. 147, CTN: lançamento por declaração; Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 43 ii) Art. 148, CTN: lançamento por arbitramento; iii) Art. 149, CTN: lançamento de ofício; iv) Art. 150, CTN: lançamento por homologação. No entanto, a doutrina majoritária entende que existem apenas 3 modalidades de lançamento tributário, já que o lançamento por arbitramento consubstanciaria, na verdade, hipótese de lançamento de ofício. Lançamento por declaração No lançamento por declaração o contribuinte declara ao Fisco a prática do fato gerador e presta as informações necessárias para que a autoridade fiscal efetue o lançamento do tributo. Nessa modalidade é fundamental que o contribuinte forneça as declarações do fato gerador do tributo, para que o Fisco efetue o lançamento e emita a guia para pagamento (v.g., ITBI e ITD). Lançamento por arbitramento No caso do lançamento por arbitramento a Fazenda vai arbitrar o valor de bens, de mercadorias, ou de serviços, porque as informações prestadas pelo contribuinte foram omissas ou por não condizerem com a realidade fática. Como mencionado, não se trata de modalidade específica de lançamento, eis que o lançamento, nesses casos, é de ofício. Lançamento de ofício No lançamento de ofício a autoridade fiscal já possui todas as informações necessárias para o lançamento do tributo, de modo que o sujeito passivo não precisa comunicar a ocorrência do fato gerador ao Fisco (v.g., IPTU, IPVA, taxas, contribuições de melhoria e COSIP). Todos os direitos reservados ao Descomplica. São proibidas a reprodução e o compartilhamento. 44 Parcela da doutrina cita a lavratura de auto de infração como exemplo de lançamento de ofício. Lançamento por homologação No lançamento por homologação o contribuinte realiza todos os procedimentos para pagamento do tributo cabendo ao Fisco apenas a homologação da. Essa modalidade de lançamento se caracteriza pela antecipação do pagamento do tributo, de modo que as declarações prestadas pelo sujeito passivo ao Fisco podem ser ou não ser homologadas pela autoridade fiscal. (v.g., IR). Caso a Fazenda discorde do pagamento que foi antecipado, lançará Crédito Tributário Suspensão do crédito tributário Conceito As causas de suspensão da
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