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07/12/2020 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd990… https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd9905ef2ff6975c2e… 1/7 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO PROCESSO: 0000136-85.2020.5.14.0032 CLASSE: RECURSO ORDINÁRIO ÓRGÃO JULGADOR: 2ª TURMA ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE ARIQUEMES - RO RECORRENTE: C J DARME TRANSPORTES E LOGÍSTICA ADVOGADA: ROSANA PATRÍCIA PEGO DE FREITAS RECORRIDO: CLAUDEMIR DAS MERCES ADVOGADO: WALDIR GERALDO JÚNIOR RELATOR: DESEMBARGADOR CARLOS AUGUSTO GOMES LÔBO RECURSO ORDINÁRIO. CUSTAS PROCESSUAIS. GRATUIDADE DA JUSTIÇA A PESSOA JURÍDICA. CONDIÇÕES EXCEPCIONALÍSSIMAS. NÃO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS E DEPÓSITO RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO. Na hipótese, não se trata de empresa em recuperação judicial, da qual não se exige o depósito recursal (art. 899, § 10, da CLT). Assim, não estando em recuperação judicial e não sendo a recorrente beneficiária da justiça gratuita, deveria ter recolhido o depósito recursal e as custas processuais (arts. 789, §1º, c/c 790-A da CLT). Dessarte, o recurso ordinário é deserto. 1 RELATÓRIO Trata-se de recurso, ordinário interposto pela empresa C J DARME TRANSPORTES E LOGÍSTICA, em face da r. sentença proferida pela juíza Cleide Aparecida Barbosa Santini, titular da 2ª Vara do Trabalho Ariquemes, que julgou procedentes os pedidos iniciais e fixou custas no valor de R$300,00, calculadas sobre R$15.000,00, valor arbitrado à condenação, a cargo da parte reclamada. Em suas razões a recorrente C J DARME TRANSPORTES E LOGÍSTICA, afirma que: Trata-se de Pessoa Jurídica, empresário individual, com atuação no ramo de transportes (transportadora), com despesas superiores à receita. Ademais, em razão da pandemia, após a política de distanciamento social imposta pelo Decreto Estadual/Municipal nº 16612 DE 23/03/2020, anexo, a situação econômica da empresa agravou-se drasticamente. Concomitantemente com a alegação de impossibilidade da regularidade do preparo, requer os benefícios da justiça gratuita. Pugna, por fim, seja o recurso ordinário conhecido e provido, a fim de que seja reformada a decisão hostilizada. 2 FUNDAMENTOS 2.1 Admissibilidade 2.1.1 Da preliminar de não conhecimento do recurso ordinário por deserção Indeferi os benefícios da justiça gratuita e oportunizei (Ida794836) a empresa/recorrente a comprovação das custas e do depósito recursal da seguinte forma: D E S P A C H O 07/12/2020 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd990… https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd9905ef2ff6975c2e… 2/7 (...) No tocante ao pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita, destaco que já é entendimento deste Regional, desde antes da Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017), a possibilidade de concessão da gratuidade de justiça à pessoa jurídica, uma vez comprovados o estado de necessidade ou a dificuldade financeira que impossibilite o preparo recursal. Nesse sentido, julgados deste Regional: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO DENEGADO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DAS CUSTAS E DEPÓSITO RECURSAL. PESSOA JURÍDICA. NÃO CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. A assistência judiciária gratuita estabelecida pela Lei n. 1.060/50, é inerente à parte hipossuficiente, quando comprovada a sua miserabilidade. Nesse contexto, tratando-se de reclamado pessoa jurídica, a comprovação de insuficiência financeira deve ser robusta, sob pena de banalizar o instituto da assistência judiciária gratuita, principalmente porque o depósito recursal não se refere a simples taxa judicial, mas de verdadeira garantia de efetividade da decisão judicial. Agravo de instrumento desprovido. (AIRO - 0000642-33.2011.5.14.0111, Relatora: Desembargadora Elana Cardoso Lopes, 1ª Turma, Data da Publicação: 16-4-2012); RECURSO ORDINÁRIO PATRONAL. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. EMPREGADOR. PESSOA JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO À INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. AUSÊNCIA DE PREPARO. DESERÇÃO. Os termos contidos nas Leis n. 1.060/50 e 5.584/70 denotam sua destinação à pessoa física, contudo, ainda que se considere a compreensão da pessoa jurídica para efeito de conceder os benefícios da Justiça Gratuita, faz-se necessária a demonstração satisfatória do estado de insuficiência de recursos financeiros da empresa acionada, pelo que, não comprovada esta situação, tem-se por deserto o recurso ante a ausência de preparo. (RO - 0000549-10.2010.5.14.0401, Relator: Juiz Convocado Shikou Sadahiro, 1ª Turma, Data da Publicação: 17-3-2011). Na mesma linha é o entendimento do E. TST: AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CONCESSÃO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. Esta Corte tem entendido que, para a excepcional concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita à pessoa jurídica, impõe ser imprescindível a comprovação de impossibilidade de arcar com o recolhimento das custas processuais, inclusive em se tratando de entidade sindical ou sem fins lucrativos. Assim, a simples alegação de insuficiência de recursos para pagamento das custas e do depósito recursal, sem produção de qualquer prova apta a demonstrar a alegada hipossuficiência, como no presente caso, não autoriza o deferimento do benefício pretendido. Não merece reparos a decisão. Agravo não provido " (Ag-AIRR-10821- 93.2015.5.03.0110, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 12-6-2020); AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA CRUZ VERMELHA BRASILEIRA - FILIAL DO RIO GRANDE DO SUL. INTERPOSTO ANTES DA LEI N.º 13.015/2014. A jurisprudência desta Corte é unânime no sentido de que apenas excepcionalmente a justiça gratuita pode ser concedida à pessoa jurídica e desde que haja prova inequívoca de insuficiência econômica, o que não foi configurado nos autos. Ainda que fossem concedidos os benefícios da justiça gratuita à reclamada, entidade filantrópica sem fins lucrativos, é certo que a isenção assegurada pela Lei 1.060/50 não abrange o depósito recursal, o qual não detém natureza de taxa ou emolumento judicial, mas de garantia do juízo. Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...) (ARR-4306-96.2012.5.12.0045, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, data de julgamento: 9-11-2016, 2ª Turma, data de publicação: DEJT 18-11-2016; AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA DIFICULDADE FINANCEIRA 1. Conforme entendimento consolidado na jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, o benefício da justiça gratuita somente se estende à pessoa jurídica caso comprove situação financeira ruinosa que não lhe permita defender-se em juízo sem a isenção das despesas processuais. 2. O benefício da justiça gratuita, de todo modo, não compreende a isenção do depósito recursal, na medida em que este não ostenta natureza de taxa judiciária, mas sim de garantia do juízo. 3. Agravo de instrumento de que se conhece e a que se nega provimento.(TST - AIRR: 943001320095070003, Relator: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 11-6-2014, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24-6-2014); AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. CONDIÇÃO DE DEFERIMENTO. PROVA ROBUSTA DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. A jurisprudência desta c. Corte Superior é no sentido de que a excepcional concessão do benefício da justiça gratuita à pessoa jurídica requer prova robusta da sua insuficiência de recursos. No caso sob exame, o e. Tribunal Regional consignou que os agravantes não comprovaram encontrar-se economicamente impossibilitadosde arcar com as despesas do preparo. Nesse contexto, para se adotar entendimento diverso, necessário seria rever o conteúdo fático-probatório constante dos autos, com o fito de averiguar a situação econômica dos agravantes, o que é vedado em sede extraordinária, consoante o disposto na Súmula nº 126 deste e. Tribunal Superior. Agravo de instrumento não provido.(TST - AIRR: 3016520115150018, Relator: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 6-8-2014, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 8- 8-2014) [grifei]. Não basta, portanto, a mera alegação de hipossuficiência para o deferimento dos benefícios da justiça gratuita, mas prova robusta da insuficiência de recursos quando se trata de pessoas jurídicas. Desta forma, não se desincumbiu a reclamada do seu ônus probatório quanto à alegada hipossuficiência, motivo pelo qual não devem ser concedidos os benefícios da justiça gratuita. Entretanto, com a entrada em vigor do Código de Processo Civil, ambas as Turmas deste Regional têm concedido prazo para as partes recorrentes regularizarem o preparo recursal, ante o disposto no artigo 1.007, §§ 2º, 4º e 6º, 07/12/2020 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd990… https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd9905ef2ff6975c2e… 3/7 do teor seguinte: Art. 1.007. No ato da interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. (...) "omissis" § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. (...) "omissis" § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para regularizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. (...) "omissis" § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe o prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. (destaquei) Sendo assim, determino a intimação da empresa C J DARME TRANSPORTES E LOGÍSTICA, por seus advogados via DEJT, para proceder a comprovação do efetivo recolhimento das custas processuais e do valor do depósito recursal, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de deserção. Ora, não houve comprovações pela parte recorrente. Não sendo detentora do privilégio da gratuidade de justiça e nem tendo a recorrente comprovado o pagamento das custas processuais e nem o depósito recursal, é deserto o apelo. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017. DESERÇÃO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. NÃO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS. O agravo de instrumento foi interposto na vigência da Lei 13.467/2017. Tratando-se de empresa em recuperação judicial, não se exige o depósito recursal (art. 899, § 10, da CLT). Contudo, não sendo a Agravante beneficiária da justiça gratuita, deveria ter recolhido as custas processuais (arts. 789, § 1º c/c 790-A, da CLT). Por esse motivo o agravo de instrumento é deserto. Agravo de instrumento de que não se conhece. (TST - AIRR: 4757220145050010, 6ª Turma, relatora: Des. convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, data de julgamento: 3-4-2019, data de publicação: DEJT 5-4-2019). Portanto, não conheço recurso ordinário porque deserto, por não ser a empresa/recorrente detentora da justiça gratuita e por não ter efetuado o pagamento das custas processuais e nem o depósito recursal, nos termos dos arts. 789, §1º e 790-A da CLT. 2.2. Dos honorários advocatícios sucumbenciais recursais A juíza "a quo" ao apreciar a questão, em tela, decidiu nos seguintes termos: DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA A presente ação foi ajuizada após o início da vigência da Lei 13.467/2017, que estabelece, por meio do art. 791-A, caput e parágrafos, que os honorários advocatícios são devidos em razão da mera sucumbência, inclusive recíproca e também nas ações movidas em face da Fazenda Pública. A reclamada foi sucumbente no objeto da ação, razão pela qual a condeno no pagamento, ao advogado do reclamante, do percentual de 5% sobre o valor do crédito bruto do trabalhador, a ser apurado em liquidação de sentença, a título de honorários advocatícios sucumbenciais. Para fixação do percentual foi avaliado o trabalho, a natureza dos pedidos que não demandam a necessidade de disponibilização de tempo com pesquisas mais aprofundadas, versando sobre tema simples, corriqueiro na atuação ordinária de profissionais desta área e o grau de zelo do advogado. Na sessão do dia 21-3-2019 esta Turma, por maioria, entendeu cabíveis honorários advocatícios na fase recursal, por aplicação do art. 85, §§ 1º e 11 do CPC, vencida a relatora, Desembargadora Vania Abensur (processo n. 000151-42.2018.5.14.0091). Eis as razões que prevaleceram no julgamento: 07/12/2020 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd990… https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd9905ef2ff6975c2e… 4/7 No entanto, nesse ponto, restei vencida por meus pares, que entenderam cabíveis os honorários advocatícios recursais na Justiça do Trabalho, tendo prevalecido o voto divergente do Desembargador Carlos Augusto Gomes Lôbo, no seguinte sentido: Entendo cabíveis os honorários advocatícios recursais. na Justiça do Trabalho: a) doutrina: "Não houve silêncio eloquente da CLT no art. 791-A, § 5º. A melhor interpretação é a entende que o art. 791-A da CLT regula apenas parcialmente a matéria dos honorários, de modo a atrair a aplicação supletiva do CPC (art. 15 do CPC c/c art. 889 da CLT). Não convence o argumento pelo qual quando a CLT quis tratar do tema, ela o fez de forma expressa. Basta imaginar outras situações nas quais, mesmo sem previsão expressa, serão cabíveis os honorários de sucumbência. É o caso, por exemplo, dos embargos à execução que, por possuírem natureza de ação, demanda a fixação de honorários advocatícios. Em verdade, caso o legislador quisesse afastar qualquer dúvida quanto ao não cabimento dos honorários na fase de execução, aí sim teria feito expressamente. Ademais, do fato de se mencionar uma hipótese - como fez o art. 791-A, § 5º, da CLT em relação à reconvenção - não se deduz a exclusão de todas as outras. Aqui cabe a parêmia positivo unius non est exclusio alterius (a especificação de uma hipótese não redunda em exclusão das demais)." ("Cabimento dos honorários advocatícios no processo de execução trabalhista", encontrado em: https://www.jota.info/opiniao- e-analise/colunas/reforma-trabalhista/cabimento-dos-honorarios-advocaticios-no-processo-de-execucao- trabalhista-17052018, capturado em 27.02.2019). b) jurisprudência: O TST tem admitido sem maiores controvérsias, como se vê no julgamento do processo ED-ED- RO - 10963-05.2016.5.03.0000 , Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 11/06/2018, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT 22/06/2018, em cujo acórdão lê-se: Considerando que a sentença normativa condenou o embargante em honorários advocatícios no importe de 15% (quinze por cento) sobre o valor do causa, reverto essa condenação aos suscitados, tendo em vista o provimento do recurso ordinário do SENALBA. Registra-se que a Lei nº 13.467/2017, no seu art. 791-A, regulamentou os honorários advocatícios sucumbenciais nesta Justiça Especializada, fixando-os em um patamar mínimo de 5% até o limite máximo de 15% sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. O atual Código de Processo Civil prevê no art. 85, §§ 1º e 11º, o cabimento dehonorários em razão da interposição de recurso, são os honorários advocatícios recursais. Em outras palavras, interposto recurso ordinário da decisão proferida no julgamento da ação anulatória, nova verba poderá ser fixada, respeitado o limite legal. Nessa situação, como a sentença normativa já observou o limite máximo previsto para a Justiça do Trabalho nos casos de condenação em honorários advocatícios, 15% (quinze por cento), não cabe a imposição dos honorários advocatícios recursais previsto no CPC de 2015. Também no julgamento do processo AIRR - 1323-07.2014.5.03.0110, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 26/06/2018, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/06/2018 lê-se no acórdão: A União, nas contrarrazões ao recurso de revista (fls. 768/770), postula a fixação e a majoração de honorários advocatícios recursais, com fulcro nos artigos 85, § 11, do CPC/15 e 791-A da CLT (incluído pela Lei nº 13.467/17). Colaciona arestos do STF. Ao exame. Nos termos do artigo 85, § 11, do NCPC, "O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento". No caso, a sentença fixou os honorários advocatícios da sucumbência, em favor da União, em R$1.500,00 (mil e quinhentos reais) (fl. 578), valor inalterado no acórdão regional (fl. 683). Uma vez que o trabalho adicional do advogado da União na elaboração das contrarrazões ao recurso de revista não lhe exigiu dispêndio de tempo e recursos excessivos a ensejar acréscimo ao razoável valor atribuído aos honorários advocatícios na sentença, não vislumbro necessidade de fixação ou majoração de honorários advocatícios recursais nesta Instância. Assim, rejeito o pedido. O STF por sua 1ª Turma, no AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.014.675, relator Min. Alexandre de Moares, decidiu: Ementa: AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NO PROCESSO DO TRABALHO. ART. 791-A DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, INTRODUZIDO PELA LEI 13.467/2017. INAPLICABILIDADE A PROCESSO JÁ SENTENCIADO. 1. A parte vencedora pede a fixação de honorários advocatícios na causa com base em direito superveniente - a Lei 13.467/2017, que promoveu a cognominada "Reforma Trabalhista". 2. O direito aos honorários advocatícios sucumbenciais surge no instante da prolação da sentença. Se tal crédito não era previsto no ordenamento jurídico nesse momento processual, não cabe sua estipulação com base em lei 07/12/2020 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd990… https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd9905ef2ff6975c2e… 5/7 posterior, sob pena de ofensa ao princípio da irretroatividade da lei. 3. Agravo interno a que se nega provimento. Consta do acórdão: A ora agravante postula a aplicação da norma neste caso, de modo que a parte adversa seja condenada a lhe pagar honorários de advogado. Sem razão, contudo. O direito aos honorários advocatícios sucumbenciais surge no instante da prolação da sentença. Se tal crédito não era previsto no ordenamento jurídico nesse momento processual, não cabe sua estipulação com base em lei posterior, sob pena de ofensa ao princípio da irretroatividade da lei. Tampouco cabe aplicação subsidiária do Código de Processo Civil de 2015, no tocante ao arbitramento dessa verba em fase recursal, na medida em que tal prática pressupõe previsão de honorários na origem, o que não se verifica no caso. Diante do exposto, nego provimento ao agravo interno. Portanto, no caso concreto, embora cabíveis os honorários advocaticios recursais, já houve condenação na primeira instância no percentual máximo cabível, que é de 15%, não cabendo majoração em sede recursal exatamente como decidido pelo TST no processo ED-ED-RO - 10963-05.2016.5.03.0000 mencionado acima. Ora, como visto a reforma trabalhista, Lei n. 13.467/2017, trouxe inúmeras alterações e inovações na esfera laboral, inclusive honorários sucumbenciais, cabendo ao vencido arcar com os respectivos honorários, já que deu causa ao ajuizamento da demanda. Entretanto, com o advento do CPC/2015, o vencido passou a arcar, também, com honorários sucumbenciais recursais, com a majoração do percentual a ser fixado pelo Colegiado, nos termos da norma processualista civil, "verbis": Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. §1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento da sentença, provisório ou definitivo na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. § 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais: I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos; III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos; V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos. §4º Em qualquer das hipóteses do §3º §5º (omissis) (...) § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento. (Sublinhei) (...) Com efeito, o valor dos honorários recursais soma-se aos honorários sucumbenciais fixados pelo julgador "a quo". Nesse sentido, os Enunciados n. 241 e 243 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC), "litteris": 07/12/2020 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd990… https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd9905ef2ff6975c2e… 6/7 Enunciado 241: Os honorários de sucumbência recursal serão somados aos honorários pela sucumbência em primeiro grau, observando-se os limites legais. Enunciado 243: No caso de provimento do recurso de apelação, o tribunal redistribuirá os honorários fixados em primeiro grau e arbitrará os honorários de sucumbência recursal. Em nota a esse dispositivo, esclarece Daniel Amorim Assumpção Neves, Mestre e Doutor em Direito Processual pela USP "in" Novo Código de Processo Civil Comentado artigo por artigo, Editora Jus Pordivm, edição 2017, p. 155, o seguinte: (...) Não resta dúvida de que a nova regra é justa porque remunera um trabalho do advogado que ainda está por vir e que, por tal razão, não poderia ser considerado pelo juiz que proferiu a decisão recorrida. Não se duvida que um processo no qual a sentença transitada em julgado por ausência de interposição de apelação dá muito menos trabalho do que aquele que chega até aos tribunais superiores, em razão da sucessiva interposição de recursos. Essa, entretanto, é a razão nobre do dispositivo,única, inclusive, reconhecida pelo art. 85, §11, do Novo CPC. Há, entretanto, outra razão de ser do dispositivo legal. A norma servirá como desestímulo à interposição de recursos, que no Novo Código de Processo Civil passarão a ficar mais caros para a parte sucumbente. É óbvio que o desestímulo se faz prestar a evitar a interposição de recursos manifestamente protelatórios, tal razão de ser do art. 85, §11, do Novo CPC também será nobre. O problema, entretanto, é que nada garante tal limitação, podendo a parte que pretende recorrer, mesmo que não abusivamente, desistir do caminho recursal para não ser condenada ao pagamento de honorários advocatícios. E nesse sentido a razão de ser da norma ora comentada não terá nada de nobre, bem ao contrário. Por outro lado, acrescentam Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogério Licastro Torres de Mello, em Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil Artigos por Artigos, Thomson Reuters, p. 191, sobre o art. 85, §11, do CPC, o que segue: (...) Esse dispositivo busca atingir duas finalidades: (i) a primeira delas consiste na tentativa de impedir recursos infundados e meramente protelatórios, pois a parte que desta forma agir sofrerá imposições pecuniárias adicionais; (ii) de outro lado, quer-se que haja a remuneração gradativa do trabalho do advogado. 7.2. A regra, portanto, apresenta dúplice caráter, tanto punitivo como remuneratório. Digno de nota é que esse caráter punitivo aparecia de forma mais enfática na Redação do Senado Federal (PLS 166/2010), ao expressamente considerar aplicável a sucumbência recursal "quando o acórdão proferido pelo tribunal não admitir ou negar, por unanimidade, provimento a recurso interposto contra sentença ou acórdão". 7.3. Prevaleceu, como se vê, a natureza remuneratória, especialmente porque se acrescentou a possibilidade de fixação de honorários advocatícios para as hipóteses em que, além de improvido, o recurso seja provido. (...) [Sublinhei] Nessa linha, o Supremo Tribunal Federal, entendeu que são cabíveis esses honorários, mesmo quando não apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado da parte recorrida (STF. 1ª Turma. AI 864689 AgR/MS e ARE 951257 AgR/RJ, redator o Min. Edson Fachin, julgado em 27-9-2016). Cumpre esclarecer, outrossim, que o pedido de condenação em honorários sucumbenciais recursais está implícito, já que trata-se de matéria de ordem pública, tornando-se incumbência do juiz aplicar ou não a majoração no juízo "ad quem". Por tratar-se de questão de ordem pública e, portanto, examinada de ofício, majoro os honorários advocatícios sucumbenciais recursais de 5% para 7%, que serão devidos pela recorrente ao advogados da parte recorrida, nos termos dos arts. 791-A, "caput", da CLT e 85, §§1º, 4º e 11, do CPC. 2.3 Conclusão Dessa forma, não conheço do recurso patronal por deserção, nos termos dos arts. 789, §1º e 790-A da CLT. 07/12/2020 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd990… https://pje.trt14.jus.br/segundograu/VisualizaDocumento/Autenticado/documentoHTMLProtegido.seam?idBin=55cb3c16f7525b7ccd9905ef2ff6975c2e… 7/7 Por tratar-se de questão de ordem pública e, portanto, examinada de ofício, majoro a condenação dos honorários advocatícios sucumbenciais recursais de 5% para 7%, que serão devidos pela recorrente ao advogado da parte recorrida, nos termos dos arts. 791-A, "caput", da CLT e 85, §§1º, 4º e 11 do CPC. 3 DECISÃO ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, à unanimidade, não conhecer do recurso ordinário da patronal, por deserção; majorar a condenação a condenação dos honorários advocatícios sucumbenciais recursais de 5% para 7%, que serão devidos pela recorrente ao advogado da parte recorrida nos termos do voto do Relator. Sessão de julgamento virtual realizada nos dias 9 a 12 de novembro de 2020, na forma da Resolução Administrativa n. 033/2019, disponibilizada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho em 28-6-2019. Porto Velho, 12 de novembro de 2020. CARLOS AUGUSTO GOMES LÔBO DESEMBARGADOR-RELATOR Assinado eletronicamente por: [CARLOS AUGUSTO GOMES LOBO] - dfc7e89 https://pje.trt14.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam Documento assinado pelo Shodo
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