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125 Formas de aplicação de T&D e seus benefícios Objetivo: Estudar as melhores formas de aplicação do Treinamento e Desen- volvimento (T&D) para atender às necessidades da empresa. O desenvolvimento do estudo das formas de aplicação de T&D e os seus benefí- cios para as pessoas e organizações são estratégicos para a gestão do setor de treina- mento e desenvolvimento de pessoas. É importante para uma gestão moderna e eficaz que as pessoas sejam desenvolvidas dentro de técnicas da pedagogia atualizadas, a fim de atender a demanda existente no mercado, que é de pessoas altamente capazes, em menor tempo e com maior aproveitamento dos conteúdos na vida prática da em- presa. Portanto, é importante a análise dos seguintes fatores: estudar a importância da programação de treinamento; compreender a importância e a eficácia do planejamento do treinamento; conhecer os instrumentos da tecnologia educacional do treinamento. Programação de treinamento A programação do treinamento baseia-se em aspectos analisados durante o le- vantamento das necessidades de treinamento. Ela deve responder a certas perguntas, como demonstrado na figura a seguir: Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 125 11/12/2008 11:32:43 126 (C H IA VE N AT O , 2 00 6, p . 6 0) Figura 1 – Principais itens de uma programação de treinamento. Quem deve ser treinado Treinandos Quem vai treinar Treinador ou Instrutor Em que treinar Assunto ou conteúdo do treinamento Onde treinar Local físico orgão ou recursos necessários Como treinar Métodos de treinamento e/ou recursos necessários Quando treinar Agenda do treinamento e horário Quanto treinar Volume, duração ou intensidade A elaboração do programa de treinamento só poderá ser realizada depois que estiverem claras a identificação e a interpretação das necessidades reais de treinamen- to. Nessa fase, serão encontradas soluções para resolver as deficiências indicadas por meio do programa de treinamento necessário, o que é relativamente simples de fazer. A seguir, apresentamos um modelo de programa de treinamento. Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 126 11/12/2008 11:32:43 127 Form as de aplicação de T& D e seus benefícios Nome do curso: Carga horária: Entidade: População: Objetivo: Conteúdo programático: Recurso didático: Anal. treinamento Sup. treinamento Sup. fabricação (B O O G , 1 99 9, p . 54 7) Figura 2 – Programa de treinamento. O nome do curso deve ser escolhido de acordo com as necessidades do treina- mento e de forma a identificar as carências a serem supridas. A carga horária é o número de horas que engloba o treinamento, o período em que os participantes estarão em aula. Esse tempo deve ser determinado a partir das necessidades e características dos treinandos, assim como pela importância do tema a ser abordado. A carga horária deve ser bem analisada, pois o mau planejamento do tempo pode causar perda de informações fundamentais no treinamento. A entidade representa quem e onde (interna/externamente) fornecerá o treina- mento. O treinamento pode ser dado por profissionais internos da empresa, se eles estiverem habilitados para transferir o conhecimento. Como pode ser oferecido por entidades externas à empresa, quando há cursos já estruturados. É válido lembrar que se já existe o curso estruturado em uma instituição, não vale a pena elaborá-lo interna- mente, pois esse processo demanda tempo e custos, entre outros fatores que devem ser adequados à empresa. Também é importante verificar se a instituição escolhida é séria e especializada na área do conhecimento que a empresa busca. A população é definida pelo o número de pessoas que farão o treinamento. O objetivo é o que se pretende alcançar com o programa de treinamento. Ele deve ser mensurável, como o desempenho final almejado: os participantes estão aptos a desenvolver tal tarefa (ex. elaborar um balancete)? Ter um padrão de satisfação (sem erros)? O objetivo é a solução das carências levantadas. O conteúdo programático é definido após a delimitação dos objetivos. Os assuntos e temas abordados serão estabelecidos de acordo com os objetivos a serem alcança- dos. Essa etapa é responsável pela evolução do conhecimento que suprirá as necessi- Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 127 11/12/2008 11:32:43 128 dades. Deve existir um foco e o treinamento deve ser feito de acordo com o nível do co- nhecimento dos participantes. Se existirem níveis diferentes, a turma pode ser dividida em duas, com conteúdos programáticos diferentes, mas com o mesmo objetivo. Os recursos didáticos devem ser escolhidos de acordo com a metodologia de ensino, utilizando materiais e equipamentos que facilitem o ensino e o aprendizado. Podem ser utilizadas apostilas, quadro negro, cartazes, flip-chart, computador, retro- projetor, aparelho de som etc. Há programas de treinamento que permitem o raciocínio lógico, preciso, no qual as informações não podem variar, porque o resultado esperado já está determinado. Isso ocorre nos treinamentos técnicos. Em outros tipos de treinamento, é preciso esti- mular a criatividade, reflexão, posturas, críticas que resultam de diferentes formas. Antes de elaborar a programação, é importante conversar com os responsáveis dos departamentos que terão funcionários participando do programa sobre a real necessidade do treinamento de cada funcionário. Deve ser analisado se outras mu- danças, sem o treinamento, dariam resultados, como: revisão dos procedimentos de trabalho, mudança da estrutura da área, transferência de colaboradores para outros setores, contratação de novos funcionários etc. Planejamento do treinamento O planejamento do treinamento consiste em suprir as necessidades já definidas e envolve as etapas descritas a seguir: Quantificar o treinamento necessário: é a relação entre o número de pesso- as a serem treinadas e a necessidade de treinamento de cada um deles. Definir a data para o treinamento: determinar o momento em que cada neces- sidade de treinamento deve ser suprida. É necessário seguir critérios econômi- cos e avaliar a prioridade para tornar cada funcionário mais produtivo, no menor tempo possível e com a melhor relação de retorno sobre o investimento. Classificar as necessidades quanto ao conteúdo: devem ser analisadas de acordo com os conhecimentos, habilidades e atitudes, os gerentes devem co- laborar com essas informações para uma maior precisão. Eleger a metodologia para cada necessidade de T&D: definir o melhor método ou combinações de métodos sob a relação custo x benefício: alguns métodos: treinamento a distância, treinamento em sala de aula, via internet e no local de trabalho; Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 128 11/12/2008 11:32:43 129 Form as de aplicação de T& D e seus benefícios as técnicas podem ser: dinâmica de grupo, estudos de caso, dramatizações, palestras, conferências etc. Documentar os eventos de treinamento: cada evento de treinamento deverá ter seu conteúdo, material de apoio e plano de aulas (figura 3). Assim como ter um cronograma, especificando a ordem e a duração. Definição dos recursos necessários para implementação do treinamento: como recursos audiovisuais, equipamentos, ferramentas necessárias, mate- riais etc. Local onde será efetuado o treinamento: se na própria empresa houver uma sala que abrigue a todos confortavelmente e atenda às necessidades didáti- cas, ela pode e deve ser aproveitada, caso contrário, é necessário buscar um local fora da empresa. Época ou periodicidade do treinamento: considerando-se a agenda, o horá- rio oportuno e a época mais propícia. Controle e avaliação dos resultados: considerando a verificação dos pontos críticos que demandem ajustamentos ou adaptações e modificações no pro- grama para melhorar sua eficiência. SEMINÁRIO INTERNACIONAL DEANÁLISE EVIDENCIAL 08:30 – Entrega de crachá e material 09:00 – Abertura do Seminário 10:00 – Coffee Break 10:30 – Palestra: “O pensamento analítico no processo de inteligência criminal”. Francisco Badenes – Delegado de Polícia – PGR – Brasil 12:00 – Intervalo para almoço 14:00 – Palestra: “FIAT – A Criação de Implementação de um Curso para Ana- listas de Inteligência Criminal”. Edward Polachek – Diretor do Centro de Inteli- gência – HDTA – Milwaukee – USA D is po ní ve l e m : <w w w .s in de po l.o rg .b r/ m os tr a. ph p? co di go =1 43 7& ca t= 1> . Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 129 11/12/2008 11:32:43 130 15:00 – Palestra: “Análise em Inteligência e Centros de Fusão”. Mark Massop – Analista de Inteligência Criminal – Diretor da IALEIA (International Association of Law Enforcement Intelligence analysts), membro da i2 Inc. – USA 16:00 – Coffee Break 16:30 – Palestra: “Utilizando a Técnica de “Link Analysis” em Casos de Ho- micídios, Roubos e Crimes Sexuais”. Jonathan Alston – Analista de Inteligên- cia Criminal – Edmonton Police – Canadá 18:00 – Encerramento Figura 3 – Exemplo de plano de aula. A elaboração de um cronograma junto com os gerentes contribui muito para es- colher uma data ou um melhor período que não prejudique as atividades do departa- mento. Dessa forma, os gerentes assumem o compromisso de executar o programa de treinamento. Já escutamos, algumas vezes, o absurdo de que tais departamentos não fazem treinamento porque os funcionários não são liberados pelo gerente. Os respon- sáveis pelo treinamento devem esclarecer que a necessidade do treinamento não é de quem o organiza, mas sim de quem precisa dele. Esse treinamento só virá a beneficiar o departamento e, consequentemente, colaborará com o objetivo global da empresa, e não apenas com os resultados desse departamento. Dessa forma, ficam assumidos o número de treinamentos, as datas e os locais ne- cessários dos treinamentos a serem realizados. Claro que alterações podem ocorrer e elas precisam ser acertadas com as partes envolvidas para que não haja nenhum contratempo e não se perca de vista os resultados a serem alcançados nos objetivos. É muito importante que o treinamento tenha o apoio da gerência. Tecnologia educacional do treinamento As técnicas utilizadas no treinamento devem favorecer a aprendizagem. Elas devem ser escolhidas com cuidado para que facilitem o ensino e a aprendizagem, eco- nomizando dinheiro e otimizando o uso do tempo. As técnicas de treinamento podem ser classificadas quanto ao uso, ao tempo e ao local de aplicação. Técnicas de treinamento quanto ao uso Orientadas para o conteúdo: são recursos que transmitem o conhecimento e a informação por meio da leitura, de recursos audiovisuais ou do computador.T re in am en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 130 11/12/2008 11:32:43 131 Form as de aplicação de T& D e seus benefícios Orientadas para o processo: são técnicas destinadas a mudar atitudes, a pro- vocar reflexão e a desenvolver habilidades interpessoais. São processos utili- zados para desenvolver a criatividade e a intuição. Têm a finalidade de mudar comportamentos e desenvolver relações humanas, como a dramatização, o treinamento da sensitividade e o treinamento em grupo. Mistas: nessa técnica se transmite informação e busca-se a mudança de atitu- des e comportamentos. São as conferências, os estudos de caso, os jogos e as simulações. Técnicas de treinamento quanto ao tempo Treinamento de indução ou de integração à empresa: busca a adaptação e a ambientação inicial do novo funcionário à empresa e ao ambiente físico e social onde irá trabalhar. A introdução de um novo funcionário implica em um processo de apresentação, por meio de um “Programa de Integração” que normalmente tem informações sobre a empresa, os produtos e serviços, as atividades sociais dos funcionários (benefícios e serviços), as normas e regu- lamentos internos, o cargo a ocupar (natureza do trabalho, horários, salário e oportunidades de promoção), noções sobre segurança de trabalho, cultura organizacional etc. Treinamento depois do ingresso no trabalho: em uma empresa, sempre há alguém sendo treinado, porém esse treinamento deve se dar por meio de um processo racional de interesse do funcionário e da empresa. Técnicas de treinamento quanto ao local de aplicação Dependendo da estrutura da empresa e do foco que esta dá ao treinamento, os locais podem ser próprios e próximos do local de trabalho, mas a maioria das empresas loca salas para a realização de cursos. Mas, quando o treinamento é técnico e necessita de equipamentos, isso ocorre dentro do próprio local de trabalho. A seguir, veremos algumas diferenças quanto ao local da realização do evento. Treinamento no local de trabalho: pode ser realizado por funcionários a outros funcionários. Não necessita de equipamentos e acomodações espe- ciais. Ele ocorre por meio da prática. O funcionário aprende enquanto traba- lha. Normalmente esse treinamento ocorre quando há novos funcionários ou quando há rodízios de funções e cargos. Treinamento fora do local de trabalho: esse treinamento ganha toda a aten- ção do treinando, pois ele não está envolvido em suas atividades de trabalho. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 131 11/12/2008 11:32:43 132 Técnicas de transmissão do conhecimento Dentro das formas de repassar os conhecimentos, existem inúmeras técnicas que podem ser utilizadas de uma forma individual ou compartilhada. Tal definição depen- derá de um planejamento de aula e das formas como esse conteúdo pretende ser re- passado ao treinando. A escolha da técnica independe do local onde será realizado. O fator determinante será a forma como as aulas serão ministradas. A seguir, podemos ver as técnicas de repasse de conteúdos de ensino. Aulas expositivas É a modalidade mais utilizada, em que o instrutor passa a informação ao grupo de aprendizes, que são ouvintes passivos, mas permite que eles esclareçam suas dúvidas por meio de perguntas. Sempre que possível, essas aulas devem ser complementadas com outras técnicas, para que envolvam mais os aprendizes. Filmes, televisão e dispositivos A aplicação de filmes e dispositivos acoplados a gravações associa a informação verbal às imagens, que podem produzir um fator para o entendimento. A apresenta- ção de filmes e vídeos consegue resultados melhores que a aula expositiva. Estudos de caso É o aprendizado por meio da discussão e de estudos concretos. O aprendiz recebe por escrito um caso em que há o problema em uma empresa. Ele deve estudá-lo e su- gerir uma solução. Depois, o assunto é discutido em grupo e normalmente não existe uma única solução para o problema, sendo uma discussão com ideias organizadas como o propósito de chegar à formulação de uma solução. Discussão em grupo Deve ser utilizada quando o intuito é criar e modificar atitudes. A comunicação nos dois sentidos faz com que os treinandos sejam capazes de ouvir as ideias dos demais, além das próprias. Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 132 11/12/2008 11:32:43 133 Form as de aplicação de T& D e seus benefícios Dramatização É uma técnica em que os participantes assumem papéis em situações reais de tra- balho, e normalmente dramatizam atividades que envolvem contatos com o público. Simulação É uma técnica utilizada no treinamento de pessoas em que se operam equipa- mentos. O “jogo de empresas” é uma ferramenta de simulação de atividades voltada para o mundo dos negócios. Palestras e conferências As palestras são dadas por pessoas escolhidas com notório conhecimento nas áreas cobertas pelo evento. Ajudam as pessoas a se atualizarem, acompanhando o que está ocorrendo no ambiente. Normalmente, essa técnica é utilizada para repasse de conhecimentos em eventos de curta duração (normalmente de uma a duas horas). Recomendadopara a necessidade de ensino de conteúdos específicos. Já as confe- rências têm seu foco em um público mais especializado no assunto e que já tem mais familiaridade com ele. Seminários e workshops Os seminários são divididos em três etapas, a saber: exposição (normalmente rea- lizada por um nome forte na área do conhecimento), discussão (em que os participan- tes fazem perguntas e debatem sobre o tema) e conclusão. O workshop é um evento que tem o objetivo de detalhar o tema exposto de forma a atingir objetivos práticos e técnicos. Também existe a figura do expositor (que, no caso dos workshops, pode até ser mais de um) mais um moderador. O público poderá discutir, indagar, trocar ideias, como um grande grupo. Reuniões técnicas São reuniões conduzidas por pessoas experientes para repassar conhecimentos técnicos de aplicação prática e concreta. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 133 11/12/2008 11:32:43 134 Ensino a distância A internet e a tecnologia da informação vêm contribuindo para o ensino a distân- cia. As empresas e universidades estão intensificando essa técnica, que torna os cursos mais acessíveis. Existem cursos on-line, MBAs e treinamentos virtuais. Coaching É um tipo de relacionamento no qual o coach1 se compromete a ajudar e a apoiar o aprendiz, para que este, por sua vez, possa atingir determinado resultado. Não é apenas um compromisso com a obtenção de resultados, mas sim com a pessoa em si, com seu desenvolvimento profissional e a realização pessoal. É um relacionamento que, no mínimo, envolve duas pessoas, o coach e o aprendiz, e esse relacionamento produz novas competências para ambos. Nesse relacionamento, o coach lidera, orien- ta, guia, aconselha, treina, desenvolve, estimula, impulsiona o aprendiz, e o aprendiz aproveita o impulso e a direção para aumentar seus conhecimentos, melhorar o que já sabe e aumentar seu desempenho. Mentoring Significa a participação de uma pessoa experiente (o mentor) para ensinar e preparar outra pessoa (o orientado ou o protegido) com menos conhecimento ou fa- miliaridade em determinada área. É uma relação voltada para o desenvolvimento do “novato”, em que o mentor, oferece apoio, suporte, sabedoria e experiência no sentido de ajudar o novato a desenvolver sua carreira. Coaching Mentoring (C H IA VE N AT O , 2 00 6, p . 7 6) Condução ativa da pessoa pelo superior imediato Estilo de liderança e supervisão Foco no curto prazo e no cotidiano Relação entre líder e subordinado Impulso no trabalho atual Orientação profissional por alguma pessoa da organização Estilo de desenvolvimento da carreira Foco no longo prazo e no futuro Relação entre protetor e protegido Impulso no encarreiramento futuro Figura 4 – As diferenças básicas entre coaching e mentoring. 1 Coach é quem exerce a atividade, e o exercício, em si, chama-se “coaching”. Muitos de nós associamos coach com técnico. Vejamos: coach-inglês, coche- francês, kutche-alemão, que vem do húngaro kocsi. E Kocs é a cidade húngara onde a palavra foi utilizada pela primeira vez, para designar “carruagem de quatro rodas”. Esta deu origem à gíria universitária norte-americana que designou para coach tutor particular. Aquele que prepara o aluno para um exame ou para uma determinada matéria, instrutor ou treinador de atletas. Ser coach hoje não é mais um ofício voltado para o mundo esportivo por causa do multiconceito e da abrangência de resultados que alcança com seu trabalho, vamos nos deparar também com coaches tais como: coach físico, coach motivacional, personal coach, coach de nutrição etc. O conceito de coach tem sido difundido e aproveitado cada vez mais, não apenas dentro do esporte, mas dentro das organizações e instituições, porque ser coach pressupõe amplo conhecimento de sua arte, vivencia e talento, ele tem o papel de opinar e fazer com que pessoas passem a refletir na busca de uma melhor atuação ou de um melhor resultado. Disponível em: <http://www.brazilianpress.com/20080705florida/local/noticia09.htm>. Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 134 11/12/2008 11:32:43 135 Form as de aplicação de T& D e seus benefícios Enquanto coaching está quase sempre ligado à orientação específica que o su- perior oferece ao subordinado em seu dia-a-dia, o mentoring está ligado à orientação mais ampla no desenvolvimento da carreira do colaborador. O coach está mais focado nos resultados e o mentor mais focado na pessoa. Qualquer pessoa com adequada ca- pacitação profissional ou status organizacional pode ser um coach. São as pessoas que querem compartir seu conhecimento, possuem uma forte paixão pelo aprendizado e crescimento e influenciam as pessoas a melhorar os níveis de desempenho. O mentoring requer confiança e respeito mútuo do menor, e essa relação deve ser voluntária por ambas as partes. Essas relações não são necessariamente permanentes, as amizades permanecem, mas a intensidade da relação deve durar apenas o neces- sário. As pessoas podem ter mais de um mentor ao longo de sua carreira, e também simultaneamente, desde que não haja conflito entre eles. Coaching e mentoring são métodos de apoio e encorajamento para mudanças, fornecem apoio para desenvolver, encarar mudanças. Eles constroem talentos. TEXTO COMPLEMENTAR A revolução industrial dos anos 90 (EDWARD, 2002) O Brasil foi um dos países que mais ganhos de produtividade tiveram na última década Os brasileiros começaram os anos 90 dirigindo carros de modelos ultrapassados se comparados aos que circulavam no ex- terior. Doze anos depois, as ruas das princi- pais cidades do Brasil exibem veículos se- melhantes aos encontrados nas capitais do Primeiro Mundo. Nas prateleiras das lojas e dos supermercados, as mudanças também foram da mesma magnitude. Esse avanço de qualidade é uma dádiva do aumento da produtividade da indústria brasileira, que permitiu fazer produtos melhores a preços menores. Medida pelo número de produtos que cada empregado fabrica por ano, Lu ís P er ez . Atraso: carros com até oito anos de defasagem em relação aos da Europa. Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 135 11/12/2008 11:32:44 136 a produtividade da mão-de-obra cresceu a uma taxa anual de 8%. O desempenho é cerca de vinte vezes superior ao da década de 80. Comparado a algumas das prin- cipais economias mundiais, o desempenho brasileiro também é digno de registro. Somente a Coreia do Sul teve um crescimento anual maior no mesmo período. Por qualquer lado que se examine a questão, os números são impressionantes. Em 1992, um empregado do setor têxtil no Brasil produzia 3 toneladas de tecido por ano. Hoje, produz cinco vezes mais. No começo da década de 90, um televisor de 20 polegadas levava 45 minutos para ser montado. Com o aumento da eficiência, o tempo caiu para vinte minutos. A principal explicação para esse salto é a moder- nização da gestão das empresas. A administração focada na obsessiva busca de re- sultados, na fixação de metas e indicadores de avaliação, revolucionou companhias de vários setores. “A situação econômica do Brasil seria mais crítica sem esse ajuste”, afirma Vicente Falconi Campos, diretor da Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG) e um dos principais responsáveis pela disseminação da cultura da qualidade total no país. O trabalhador ideal passou a ser exatamente o inverso do personagem de Charles Chaplin no clássico Tempos Modernos. Nada de apenas apertar parafusos e botões. Os funcionários passaram a sugerir mudanças e a melhorar o desempe- nho das fábricas. Muitas empresas formaram tropas de elite. A Multibrás, fabricante dos eletrodomésticos das marcas Consul e Brastemp, foi pioneira na utilização da filosofia Seis Sigma no Brasil, a mesma empregada com sucesso na General Electric pelo superexecutivo Jack Welch antes de se aposentar. De acordo com esse método, um grupo de funcionários, chamados de faixas pretas (black belts), é treinado para elaborar projetoscapazes de resolver problemas difíceis. Na Multibrás, a economia obtida com os faixas pretas foi de 90 milhões de reais entre 1998 e 2002. No mesmo período, o índice de reclamações de clientes caiu 40%. Até o início da década de 90, o Brasil tinha barreiras altas para evitar as impor- tações e proteger a indústria local. Na época, a importação de cerca de 2.000 itens – entre eles, automóveis – era proibida. Sem a menor perspectiva de competir com produtos estrangeiros no mercado doméstico, as empresas brasileiras não tinham incentivos para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade. Com a redução das barreiras, isso mudou. O setor têxtil foi um dos que mais sentiram o impacto da Tr ei na m en to e D es en vo lv im en to Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 136 11/12/2008 11:32:44 137 Form as de aplicação de T& D e seus benefícios competição estrangeira. O grupo Coteminas, do vice-presidente eleito José Alen- car, decidiu investir para sobreviver. Apenas nos últimos cinco anos foram 500 mi- lhões de dólares na construção de novas fábricas e na compra de teares e máquinas para fiação de última geração. Ao enfrentar a competição com os estrangeiros aqui dentro, a Coteminas se gabaritou para ganhar mercados lá fora. Entre 1997 e 2001, aumentou as exportações de camisetas, lençóis e toalhas 36 vezes e chegou a 190 milhões de dólares. Para operar máquinas cada vez mais avançadas tecnologicamente, os traba- lhadores brasileiros tiveram de estudar e treinar mais. A siderúrgica gaúcha Aços Finos Piratini, do grupo Gerdau, investiu pesado em capacitação. Em cinco anos, o número de horas gastas em treinamento por funcionário pulou de 84 para 339 ao ano. Depois de uma década de esforços, a siderúrgica Belgo-Mineira conseguiu seu objetivo. Hoje, todos os funcionários têm o diploma do ensino médio. Apesar do aumento de produtividade, o Brasil ainda não se encontra entre os países mais com- petitivos do mundo. “A indústria brasileira era muito atrasada e só agora chega aos patamares internacionais em alguns setores”, diz Reinaldo Dias Ferraz, coordenador de política tecnológica industrial do Ministério da Ciência e Tecnologia. O Brasil é responsável por apenas 1% do total de exportações mundiais. Apesar dos progres- sos da última década, o Brasil está atrás de países como México e China na corrida do comércio internacional. Se a produtividade continuar a crescer, o impacto na ex- portação será positivo. Salto de produtividade Em 1992, cada operário brasileiro fabricava por ano... Agora* cada operário produz... Automóvel 10 unidades 21 unidades Aço 220 toneladas 438 tonelada Papel 102 toneladas 180 toneladas Cerveja 125 000 litros 425 000 litros Computador 360 unidades 1 080 unidades Açúcar 43 000 toneladas 90 000 toneladas Chocolate 30 000 toneladas 43 000 toneladas Biscoito 24 000 toneladas 39 000 toneladas * 2001 Livro_Treinamento_e_desenvolvimento.indb 137 11/12/2008 11:32:44