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83 MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Objetivos • Conhecer os modelos teóricos para desenvolvimento dos estudos de usuários. • Conhecer as metodologias usadas nos estudos de usuários. • Conhecer os tipos de pesquisa, variáveis, amostras e as técnicas de coleta de dados usadas nos estudos de usuários. • Conhecer as possíveis limitações dos estudos de usuários. • Identificar, conhecer e aplicar estudos de usuários. Conteúdos • Modelos teóricos dos estudos de usuários. • Planejamento e aplicação de estudos de usuários. • Tipos de pesquisa, variáveis e amostras dos estudos de usuários. • Técnicas de coleta de dados para estudos de usuários. • Limitações dos estudos de usuários. UNIDADE 3 84 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; procure, além da teoria, fontes com aplicações de estudos de usuários para que você compreenda ainda melhor como acontece a prática. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Busque identificar os principais conceitos apresentados, principalmente no que tange aos tipos de pesquisa e sua aplicação, para expandir seu conhecimento das metodologias. 3) Para saber mais sobre a margem de erro e o grau de confiança leia a obra Manual de estudo de usuários da informação, de Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 180-192). Os autores trazem detalhadamente como calcular esses dois fatores. 4) Para entender melhor como funciona a aplicação de estudos de usuários, leia o artigo a seguir, que trata da aplicação de estudos de usuários no ambiente jurídico. Quanto mais aplicações práticas você conhecer, melhor conseguirá visualizar e planejar estudos quando necessário, em sua prática profissional. • ROCHA, L. V. Os assessores de ministros do Supremo Tribunal Federal e suas necessidades de informação jurídica: análise sobre os comportamentos de busca, uso e avaliação dos serviços da biblioteca. Cadernos de Informação Jurídica, v. 2, n. 2, p. 20-36, 85© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS jul./dez. 2015. Disponível em: <http://www.cajur. com.br/index.php/cajur/article/view/53>. Acesso em: 26 nov. 2017. 5) Como complemento, indicamos as leituras a seguir, sendo uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), em uma biblioteca física, a Biblioteca Comunitária (BCo), e um artigo de evento, que apresenta um projeto piloto de estudo de usuários de uma biblioteca virtual. • NININ, D. M. et al. Indicadores de circulação do acer- vo na Biblioteca Comunitária da Universidade Fede- ral de São Carlos. TransInformação, v. 27, p. 59-71, jan./abr., 2015. Disponível em: <http://periodicos. puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/ar- ticle/view/2676/1916>. Acesso em: 26 nov. 2017. • RIBEIRO, G. R. et al. Estudo de usuários da Biblioteca Virtual em Saúde – Saúde Pública (BVS-SP): projeto piloto. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 19. Anais... Manaus: Ufam, 2016. Disponível em: <http://periodicos.ufam.edu.br/ anaissnbu/article/view/3323/2966>. Acesso em: 26 nov. 2017. 6) Recorra aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador. 1. INTRODUÇÃO Chegamos à penúltima unidade. Até aqui já adquirimos vasto conhecimento sobre nosso contexto acadêmico e seu futuro contexto profissional, bem como sobre os processos 86 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS da informação, os usuários e suas características, os estudos de usuários, tendo conhecido sua parte histórica e teórica. Conheceremos, nesta unidade, os modelos teóricos para o desenvolvimento dos estudos de usuários, as etapas de planejamento e as aplicações práticas. Também veremos os estudos classificados de acordo com os métodos científicos, seguidos dos conceitos de população ou universo, censo, amostragem e amostra, e os instrumentos de coleta de dados mais utilizados nos estudos de usuários. Espero que esteja gostando dos conteúdos apresentados! Essa temática é muito interessante, principalmente na prática, e os estudos de usuários realmente fazem a diferença quando aplicados nas unidades de informação, como você verá a partir de agora. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. MODELOS TEÓRICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Iniciaremos nosso estudo com um tópico teórico- conceitual, que nos dará base para os próximos tópicos da unidade. No que tange aos estudos de usuários da informação, existem diversos modelos teóricos propostos por diferentes autores ao longo do tempo. Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 87© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 88) definem modelos como "abstrações que possibilitam melhor compreensão da realidade. Eles podem ser representados por diagramas com conceitos que mostram as relações entre eles". González-Teruel (2005 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 88) coloca que os modelos têm contribuído para consolidar a linha de pesquisa de necessidades e usos da informação. Ele apresenta as principais contribuições do uso dos modelos: • delimitar, definir e relacionar os distintos aspectos do processo de busca da informação; • estabelecer as diferenças entre os distintos estudos centrados nos usuários do ponto de vista de seus objetivos e da aplicação dos seus resultados; • sistematizar o nível de abstração e o propósito da pesquisa; • usar uma base teórica como marco de referência para interpretar a conduta que surge em consequência de uma necessidade de informação; • estabelecer uma relação mútua entre teoria e pesquisa empírica, de tal maneira que a teoria guie a pesquisa e que esta alimente a teoria. Com base nesses aspectos, podemos entender que é importante ter embasamento teórico para desenvolver estudos de usuários. Esse embasamento vai possibilitar o sucesso do planejamento e da aplicação do estudo, que posteriormente poderá ser publicado, realimentando a teoria. Um estudo mal planejado, feito sem base no conhecimento existente na literatura e nos modelos, tem grandes chances de ser malsucedido. Todos os elementos, aprendidos ao longo das unidades anteriores, devem ser cuidadosamente analisados ao conceber estudos de usuários. 88 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Para entender melhor, vamos conhecer alguns desses modelos, de forma sintetizada. Eles dão origens às chamadas abordagens dos estudos de usuários. Os modelos presentados foram apanhados nas obras de Choo (2003), Rolim e Cendón (2013) e Cunha, Amaral e Dantas (2015). Modelo do Estado Anômalo do Conhecimento (1980) Proposto por Belkin (1980 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015), esse modelo busca demonstrar que a procura por informação é baseada nas tarefas desempenhadas ou nos problemas enfrentados por um indivíduo, e que as necessidades e processos de busca dependem dessas tarefas. É conhecido também como Abordagem do estado anômalo do conhecimento. Fonte: Belkin (1980 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 89). Figura 1 Modelo do Estado Anômalo do Conhecimento. Modelo de Construção de Sentido (1983) Brenda Dervin discute a construção do sentido (sense- making) do ponto de vista cognitivo. Ela afirma que, dentre as diversas experiências do indivíduo, ele é obrigado a parar por 89© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS ausência de informação ou “vazio cognitivo”.A abordagem de Dervin consiste em premissas como: a realidade não é completa, mas permeada de lacunas; a informação é um produto da observação humana; toda informação tem um componente subjetivo; a busca e o uso da informação são atividades construtivas; a informação fornece somente uma descrição parcial de realidade. Esse modelo busca interpretar os problemas, criar estratégias para solução de problemas e construir conhecimento por meio da necessidade de dar sentido a determinadas ações e práticas, a partir de práticas cognitivas de interpretação. É conhecido também como Abordagem sense-making. Fonte: Dervin (1992 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 102). Figura 2 Metáfora da Abordagem sense-making. 90 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Modelo de valor agregado (1986) Proposto por Robert Taylor (1986), o modelo de valor agregado tem como princípio que devemos nos focar no problema individual do usuário, considerando três variáveis: • qual informação o indivíduo quer encontrar; • que uso fará dela; • como o sistema pode melhorar e preencher as necessidades de informação do usuário. Taylor acredita que os processos de análise, seleção e julgamento podem transformar dados – sem significado – em informação útil, ou seja, agregar valor. Assim, essa informação pode ser útil para esclarecer, informar e contribuir para o desenvolvimento pessoal e cultural do usuário, afetando suas ações e decisões. O modelo de Taylor pode ser aplicado em diversos tipos de unidades de informação porque descreve as funções dos processos de organização, análise, síntese e julgamento, e mostra como essas funções agregam valor à informação. Por isso, também é conhecido como Abordagem do valor agregado. Processo de busca de informação (1991) Este modelo foi proposto por Carol Kuhlthau (1991 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Ele é muito citado nas teorias de necessidade e busca da informação, conforme vimos na Unidade 1. Kuhlthau defende o processo construtivista para a realização de estudos de usuários, relacionando as necessidades cognitivas com as reações emocionais. Durante a observação do processo de busca de informação, que prevê etapas como início, seleção, exploração e formulação, existe o princípio de incerteza, 91© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS que é flutuante e pode ser notado nos seis estágios de busca identificados por Kuhlthau, como podemos ver no Quadro 1. O modelo de Kuhlthau também é conhecido como Abordagem do processo construtivista. Quadro 1 Processo de busca de informação proposto por Kuhlthau (1991 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Estágios no ISP Sentimentos a cada estágio Pensamentos a cada estágio Ações a cada estágio Tarefas apropriadas 1. Iniciação Incerteza Geral/Vago Busca de informações preexistentes Reconhecimento 2. Seleção Otimismo Identificação 3. Exploração Confusão Frustação Dúvida Busca de informação relevante Investigação 4. Formulação Clareza Direcionado/Claro Formulação 5. Coleta Senso de direção Confiança Aumento de interesse Busca de informação focada ou relevante Conexão 6. Apresentação Alívio Satisfação ou Desaponta- mento Claro ou focado Complementação Fonte: Kuhlthau (1991 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 106). Modelo de uso da informação proposto por Choo (2003) O modelo de uso proposto por Choo (2003) mostra os ciclos de busca e uso da informação inseridos no ambiente de processamento da informação. É composto pelas estruturas cognitivas e emocionais do usuário e de um ambiente 92 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS determinado pelas condições do meio profissional ou social, onde a informação é usada. Esse modelo baseia-se no conteúdo que estudamos na Unidade 1 (necessidade, busca e uso da informação), na qual Choo (2003) foi uma de nossas principais referências. Fonte: Choo (2003, p. 114). Figura 3 Modelo de uso da informação. É importante conhecer os principais modelos teóricos para que os estudos de usuários sejam desenvolvidos com embasamento teórico e, assim, sejam bem planejados e bem-sucedidos. No próximo tópico entraremos na parte prática, em que vamos conhecer os métodos utilizados nos estudos, as etapas e algumas possíveis limitações que podem ocorrer ao longo da aplicação. 93© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS As leituras indicadas no Tópico 3.1 trazem mais intepretações das teorias e aplicações práticas dos modelos teóricos apresentados, além de diversos outros modelos. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. 2.2. PLANEJAMENTO E APLICAÇÃO DE ESTUDOS DE USUÁRIOS Como já vimos na unidade anterior, os estudos de usuários buscam responder perguntas como: quais são os usuários do sistema e qual seu nível de satisfação, que uso tem sido feito da unidade de informação, quais são os usuários potenciais, qual o nível de utilização dos serviços, quais ações poderiam ser implantadas, como anda a distribuição do orçamento e qual a avaliação do layout (VIEIRA, 2014). Ao desenvolver os estudos de usuários, a escolha da amostra e do método depende diretamente dos objetivos do estudo. É interessante também combinar informações quantitativas e qualitativas, apesar da dificuldade de análise dos dados qualitativos. Vamos conferir as etapas (ou passos) previstas nos estudos de usuários propostos por diferentes autores. Essa primeira lista, sugerida por Dias e Pires (2004), traz de forma bem simplificada as atividades a serem desenvolvidas no planejamento e na aplicação de um estudo de usuários. Vejamos: 1) Definir os propósitos e limites do estudo. 2) Elaborar esboço do relatório final. 3) Determinar os tipos de dados e os métodos de coleta. 94 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 4) Preparar tabelas, formulários para coletar e tabular dados. 5) Coletar dados. 6) Tabular e analisar. 7) Preparar relatório. 8) Revisar criticamente e preparar o final do relatório. Essa lista não leva em conta o orçamento de possíveis custos e a elaboração de cronograma, por exemplo, que são requisitos mínimos de qualquer planejamento. As autoras citam também que podem ser feitas pesquisas para identificar as necessidades dos não usuários, nas quais devemos considerar: 1) Quem são os não usuários. 2) Quais são seus interesses e necessidades. 3) Quais são suas atitudes em relação ao serviço de informação. 4) Onde o serviço de informação situa-se na estrutura geral da organização e na comunidade. O planejamento para a realização de estudos de usuários proposto por Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 150) é adequado para estudos mais complexos. Ele prevê o desenvolvimento de um documento do projeto do estudo de usuário, com as seguintes informações, que são também as etapas do estudo: 1) diagnóstico da situação; 2) esboço do prognóstico da situação futura; 3) identificação de possíveis agências financiadoras; 4) definição dos objetivos, metas e limites do estudo; 5) determinação dos tipos de dados a serem coletados; 95© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 6) escolha das técnicas de coleta de dados a serem utilizadas; 7) elaboração e pré-teste dos instrumentos de coleta de dados; 8) determinação da população/amostra; 9) escolha de um programa de análise estatística a ser utilizado; 10) coleta e análise de dados; 11) controle e avaliação das etapas no desenvolvimento do projeto; 12) elaboração do cronograma; 13) orçamento dos custos envolvidos: recursos humanos, materiais de consumo, transporte, impressão etc.; 14) esboço da estrutura do relatório final para a apresen- tação dos resultados, bem como tipos de tabelas, grá- ficos e figuras que poderão ser utilizadas;15) apresentação das referências dos documentos e das obras utilizadas em todas as fases do projeto; 16) inclusão de anexos e apêndices, se necessário. Como podemos ver, o planejamento de um estudo de usuários pode ser simples ou bastante complexo, dependendo do que se pretende alcançar com os estudos, ou seja, seus objetivos. Nas bibliotecas públicas, universitárias e escolares, geralmente os estudos são feitos de forma mais simplificada, claro, em níveis bastante variáveis. O planejamento completo geralmente é usado em unidades de informação especializadas e núcleos de informação de empresas, tanto públicas como privadas, geradoras de lucro ou não. 96 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Quando aplicar os estudos de usuários? Os estudos devem ser aplicados no planejamento da unidade da informação, durante a instalação do sistema, sempre que necessário ou periodicamente para identificar possíveis falhas. Um dos problemas mais comuns é a não continuidade dos estudos, que depois de aplicados não voltam a ser reaplicados para comparação e acompanhamento. Segundo Vieira (2014), não devemos esquecer que os estudos sempre devem ser desenvolvidos e aplicados tendo em vista as necessidades dos usuários e buscando maximizar o uso dos recursos informacionais e financeiros, visando à melhora constante dos serviços. Devemos ter em mente que existe uma diversidade de modelos, técnicas e tipos de planejamentos, de diferentes complexidades, e que a sua escolha deve levar em conta o objetivo do estudo de usuário. Devemos lembrar que é nosso dever e objetivo maior, como profissionais da informação, satisfazer as necessidades dos nossos usuários. No próximo tópico conheceremos os tipos de pesquisa, os conceitos de amostra e amostragem, e as principais ferramentas de coleta de dados utilizadas nos estudos de usuários. As leituras indicadas no Tópico 3.2 trazem experiências práticas de estudos de usuários e suas aplicações, para que você as conheça e, posteriormente, seja capaz de aplicá-las também. Neste momento, você deve ler esses textos para aprofundar o tema abordado. 97© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 2.3. PESQUISAS, VARIÁVEIS, AMOSTRA E COLETA DE DADOS PARA ESTUDOS DE USUÁRIOS Agora que você já conheceu o planejamento e as etapas dos estudos de usuários, neste tópico veremos os estudos classificados de acordo com os métodos científicos e os tipos de pesquisa, que podem ser exploratórias, descritivas ou experimentais. Em seguida, conheceremos os conceitos de população ou universo, censo, amostragem e amostra. Por fim, conheceremos os instrumentos de coleta de dados mais utilizados nas pesquisas de usuários. Tipos de pesquisa para estudos de usuários É interessante desenvolver estudos de usuários baseados em métodos científicos. As pesquisas exploratórias, descritivas e experimentais são os três tipos mais conhecidos, adequados a estudos de usuários. Pesquisa exploratória Essa pesquisa é usada quando se tem pouco ou nenhum conhecimento do problema. Ela ajuda a identificar o problema de pesquisa e a estabelecer as prioridades a serem pesquisadas. Tem como objetivo familiarizar e melhorar a compreensão de um problema de pesquisa, desenvolver ou criar hipóteses e variáveis, e delinear o projeto final. É útil para verificar se pesquisas semelhantes já foram realizadas, com que métodos e quais foram os resultados (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). 98 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Pesquisa descritiva Essa pesquisa é usada quando se tem objetivos bem definidos, procedimentos formais e profundo conhecimento do tema. É bem estruturada e dirigida para solução de problemas ou avaliação de alternativas no curso da ação. Geralmente é utilizada quando se deseja descrever características demográficas de grupos, estimar proporções de elementos de uma população com determinada característica e descobrir a existência de relação entre variáveis. Esse tipo de pesquisa contempla: levantamentos (surveys), quando se busca informações sobre características, ações e/ou opiniões de um determinar grupo; censos, em que todos os componentes de uma população são pesquisados; pesquisas de observação, em que o pesquisador observa determinado fenômeno no ambienta natural; painéis, que são métodos de pesquisa evolutiva, realizada sempre com a mesma amostra (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Pesquisa experimental ou causal É usada quando se procura identificar as relações de causa e efeito entre as variáveis. Esse tipo de pesquisa permite verificação e controle das variáveis e é comumente usada em pesquisas de marketing. Prevê a utilização de dois grupos, sendo um denominado experimental, em que são aplicados os tratamentos e medidos os efeitos, e outro denominado controle, formado por unidades que não recebem o tratamento experimental. Nessa pesquisa podemos definir as hipóteses, determinar as variáveis dependentes e independentes, bem como as unidades de teste e procedimentos para tratar variáveis estranhas. Um exemplo de pesquisa experimental é o teste cego (blind test), quando se deseja comparar certas marcas, e 99© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS os indivíduos provam o produto de olhos vendados (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Variáveis de pesquisa Variáveis podem ser definidas como grandezas que variam ao longo do tempo ou de caso a caso. O contrário delas, como o nome já diz, são as constantes, que não variam. Os dados obtidos nos estudos de usuários podem variar de uma observação ou coleta para a outra. Devemos levar em conta também um alto número de variáveis nos estudos de usuários, que são definidas a partir das necessidades e hábitos de informação dos usuários: tipo de documento utilizado, frequência de uso, entre outras (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). As variáveis podem ser mais bem entendidas quando conhecemos suas tipologias, que podem ser quantitativas e qualitativas e subdivididas em três tipos: variáveis preditivas ou independentes, variáveis resposta ou dependentes e variáveis estranhas ou espúrias. Vejamos mais características de cada uma delas de acordo com Cunha, Amaral e Dantas (2015): • Variáveis preditivas ou independentes: são variáveis manipuladas para verificar a relação entre suas variações e o comportamento de outras variáveis. Exemplos: despesas com a coleção, tipos de promoções. • Variáveis resposta ou dependentes: são variáveis verificadas em função das oscilações das variáveis independentes, ou seja, são apenas medidas e registradas, mas não são manipuladas. Exemplos: empréstimos de livros, download de documentos digitais, atitudes. 100 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS • Variáveis estranhas ou espúrias: não são diretamente objeto de estudo, mas interferem na relação das variáveis independentes e dependentes. Exemplo: desastres naturais. Comumente, o objetivo principal das pesquisas é encontrar a relação, também conhecida como correlação, entre duas variáveis. Duas variáveis estão relacionadas, ou correlacionadas, se seus valores corresponderem sistematicamente uns aos outros na amostra. O avanço da ciência consiste em descobrir novas relações entre as variáveis (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Conhecidos os tipos de pesquisa, e o conceito e importância das variáveis de pesquisa, vamos conhecer agora os conceitos de população ou universo, censo, amostra e amostragem, nas quais são identificadas as variáveis e, em seguida, os principais instrumentos de coleta de dados utilizados nas pesquisas de usuários. População, censo, amostra e amostragem Quando fazemos um censo, estamos analisando todos os elementos de uma população ou universo. Uma população prevê que seus elementos tenham pelo menosuma característica em comum, que possa ser mensurada e sirva de base para investigação. A amostra é uma parte da população, selecionada por representar de forma mais correta possível o grupo inteiro, ou seja, a população ou universo. A população pode ser: finita, quando se sabe o número exato de elementos, por exemplo, os usuários cadastrados no sistema; ou infinita ou desconhecida, quando esse valor é desconhecido ou muito impreciso, por exemplo, quantos usuários entram e 101© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS saem de uma biblioteca. Os elementos da pesquisa, também chamados de unidades amostrais, podem variar em número para caracterizar a população e devem ser especificados. Vamos entender melhor com um exemplo: –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– • Elemento de pesquisa: homens e mulheres. • Unidade amostral: homens e mulheres que frequentam determinada biblioteca para estudar para concursos. Se quisermos adicionar a faixa etária dos elementos, definiríamos ainda mais nossa unidade amostral. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Vejamos as definições separadamente a seguir de acordo com Cunha (1982) e Cunha, Amaral e Dantas (2015): • Censo: requer tempo, precisão dos dados coletados, recursos humanos e financeiros, e planejamento de etapas. É adequado quando a população for pequena, quando os dados forem fáceis de serem obtidos, quando os requisitos do problema requerem dados específicos de todos os indivíduos ou por imposições legais. Como a realização do censo não é muito simples, geralmente são utilizados os processos de amostragem. • Amostra: é qualquer subconjunto de uma população, trata-se de um número calculado matematicamente. Pesquisamos na amostra e inferimos conhecimento para o todo, já que é mais simples, rápido e com menos investimentos de recursos do que a realização do censo. • Amostragem: é o processo de colher amostras de uma população. • Métodos de amostragem: métodos para colher amostras de uma população. Eles podem ser subdivididos em: 102 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS a) Amostragem aleatória simples. b) Amostragem sistemática. c) Amostragem estratificada. d) Amostragem por conglomerado. e) Amostragem por conveniência. f) Amostragem por julgamento. g) Amostragem por tipicidade. h) Amostragem por quotas. i) Amostragem bola de neve. Para calcular o tamanho da amostra, ou seja, determinar a quantas pessoas deve ser aplicada a pesquisa para que seja bem representativa, devemos nos basear na margem de erro e no grau de confiança. Vamos conhecer agora as técnicas de coleta de dados para os estudos de usuários. Coleta de dados para estudos de usuários O Quadro 2 compila as principais técnicas de coleta de dados, classificadas de acordo com a forma de coletar, o tipo de método e as fontes das quais são coletadas as informações. É importante que você tenha um pouco de conhecimento sobre cada uma delas. Como são muitas, não é necessário decorá-las, até porque quando você for realizar um estudo de usuários, irá estudar as mais adequadas no seu planejamento, de acordo com o objetivo do seu estudo. Analise o quadro e tente relacioná-lo aos conhecimentos adquiridos até aqui sobre as características do nosso contexto, dos usuários e dos estudos de usuários. 103© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Quadro 2 Classificação das técnicas de coleta de dados para estudos de usuários. Forma de coletar Método Técnicas de coleta de dados Fontes de informação Por meio de perguntas Métodos diretos Delfos ou Delphi Enquete on-line, inquérito on-line ou sondagem na web Entrevista Entrevista intensiva Entrevista na linha do tempo Entrevista on-line ou via Internet Grupo de discussão Grupo focal Grupo focal on-line Incidente crítico Questionário Pessoas Por meio da análise do contexto de uso Métodos indiretos Análise de citações Análise de conteúdo Análise de redes sociais Análise de registros de transações Análise de web log Análise documental ou documentária Análise do discurso Audiência instantânea Técnica do Diário Webometria Blogs Citações Diários Documentos impressos ou digitais Estatísticas Formulários de coleta de dados Gravações em áudio e vídeo e fotos Log de acesso Log de busca Programas de rádio e TV Redes em geral e sociais Registros textuais Websites 104 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Forma de coletar Método Técnicas de coleta de dados Fontes de informação Por meio de percepção das pessoas Métodos indiretos Análise da tarefa Análise e resolução de problemas Avaliação heurística Brainstorm Brainwriting Card sorting Consumidor x ou Cliente oculto Ensaios de interação Experiências on-line Observação Observação on-line Rastreamento de cliques Sala de espelho Técnica de grupo nominal Aspectos observáveis Blogs Clique realizado Experiências Fichas classificadas Ideias Mídias sociais Portais Registros dos logs de acesso Registro dos logs de busca Relatos de avaliação Resultados de testes Revelação de opinião pessoal Simulação de uso Tarefa Uso de aplicativos e artefatos Portáteis móveis Websites Fonte: Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 208). Gonçalves (2013) estudou uma compilação de estudos de usuários e citou as técnicas de coleta de dados mais utilizadas: questionários, entrevistas, observação e análise de conteúdo, nessa ordem. Cabe colocar que cada uma dessas técnicas tem diversas variações. É interessante, neste momento, analisar a tabela feita por Cunha (1982), Figura 4, um dos autores do Quadro 2. Vejamos: 105© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Fonte: Cunha (1982, p. 7). Figura 4 Métodos para estudo de usuários em 1982. Você consegue perceber como as Tecnologias de Informação e Comunicação influenciaram os estudos de usuários e a pesquisa científica em geral? A lista de técnicas e de fontes de informação ficou muito mais longa devido ao uso da informação em formato digital, à explosão informacional e à facilidade no acesso a essas informações, que antes eram escassas e menos disponíveis. Vale refletir sobre essa questão, e também sobre como o perfil do usuário mudou: com o novo paradigma, o usuário, que antes tinha que se dirigir às unidades de informação, muitas vezes burocráticas devido a antigos valores conservadores, hoje acessa a informação instantaneamente pelo smartphone. A informação mudou, a ciência mudou, os usuários mudaram e nós, bibliotecários, temos que acompanhar essas mudanças. Devemos nos lembrar também de instrumentos muito simples, mas muito comuns nas bibliotecas, que são as caixas de sugestões, que podem colaborar na coleta de dados sobre os usuários. No contexto dos avanços tecnológicos, gostaria de recomendar, caso ainda não usem ou conheçam, os aplicativos do Google Drive. Neles é possível, por exemplo, criar formulários/ questionários de pesquisa on-line, de forma simples e efetiva, e os resultados são automaticamente agrupados em tabelas, 106 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS facilitando a análise dos dados. Além disso, os dados são armazenados on-line. Segue o endereço: <https://www.google.com/intl/pt-BR_ALL/ drive/using-drive/>. Acesso em: 25 out. 2017. No vídeo complementar desta unidade, conheceremos um estudo de usuários aplicado à Biblioteca da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FDRP-USP). Nesse estudo, foi usada a ferramenta de formulário do Google Drive, que se mostrou muito eficiente. Mais detalhes serão mostrados no vídeo. Para finalizar nossos estudos sobre a temática, vamos conhecer algumas possíveis limitações e problemas que podem ocorrer nos estudos, para que você seja capaz de identificá-lose evitá-los, caso ocorram. Possíveis limitações dos estudos de usuários Já conhecemos os métodos e processo de aplicação dos estudos de usuários, mas, conforme alertam Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 52), devemos considerar que podem advir alguns problemas em sua realização. Tais problemas devem-se a algumas limitações, tais como: • limitações da estrutura conceitual e terminológica; • conceituação superficial; • enfoques tendenciosos; • dificuldade na escolha de métodos e técnicas de coleta de dados; • falhas metodológicas; • abordagem incorreta do problema a ser pesquisado; • limitações individuais por parte das pessoas envolvidas no estudo; 107© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS • complexidade da interação do ser humano com a informação; • complexidade dos conceitos relativos à própria informação; • entendimento limitado do contexto ambiental do estudo; • falta de entendimento da necessidade do planejamento e da realização de tarefas a serem executadas por equipes interdisciplinares; • dificuldades reais subestimadas; • dificuldade para justificar a existência dos serviços de informação, considerando-se os altos investimentos iniciais do ponto de vista custo-benefício; • falta de interesse em identificar as necessidades e demandas de informação; • escassez de estudos de oferta e demanda de informação. Os mesmos autores apontam, ainda, outros motivos que podem levar à falha dos estudos de usuários, como o mau uso da metodologia, o uso exagerado de questionários e o esquecimento do não usuário, limitando-se ao estudo dos usuários reais por meio de métodos estatísticos. Figueiredo (1994) apresenta mais alguns pontos críticos que devem ser observados, como o fato de que os dados coletados de forma direta, por meio de questionário ou entrevista, diferem dos dados coletados por observação indireta, obtidos por meio de contagens estatísticas. Outro problema é que o usuário não tem conhecimento sobre quais serviços e produtos poderiam existir para satisfazer suas necessidades de informação. Sobre o uso da observação direta, os usuários tendem a se comportar de maneira diferente quando sabem que estão sendo observados. Outras possíveis limitações são apresentadas por Dias e Pires (2004): 108 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 1) fatores pessoais: dificuldades, julgamentos, emoções, valores dos usuários etc.; 2) fatores físicos: como localização, disponibilidade de equipamentos, barreiras físicas; 3) fatores tecnológicos: serviços e recursos tecnológicos disponíveis; 4) fatores linguísticos, compreensão de idiomas nacio- nais ou estrangeiros; 5) fatores econômicos: na questão dos custos para o desenvolvimento. As leituras indicadas no Tópico 3.3 trazem aplicações práticas de estudos de usuários, para que você conheça alguns métodos de pesquisa e técnicas de coleta de dados na prática. Neste momento, você deve realizar essas leituras para apro- fundar o tema abordado. Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Estudos de Usuários – Vídeos Complementares – Complementar 3. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 109© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.1. MODELOS TEÓRICOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE ES� TUDOS DE USUÁRIOS Agora que você conheceu os modelos teóricos, sua importância como base para o desenvolvimento dos estudos de forma eficiente e possível contribuição com a teoria, conheça alguns deles aplicados na prática, por meio da leitura dos artigos a seguir. • PEREIRA, F. C. M. Necessidades e usos da informação: a influência dos fatores cognitivos, emocionais e situacionais no comportamento informacional de gerentes. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 15, n. 3, p. 176-194, set./dez. 2010. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/pci/v15n3/10.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. • RODRIGUES, V. L. Comportamento informacional de usuários da informação em uma instituição de pesquisa nuclear: estudo de caso. 2016. Projeto de pesquisa (Mestrado Profissional em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento) – Universidade Fumec, Belo Horizonte, 2016. Disponível em: <http://fumec.br/ revistas/sigc/article/view/3736/2000>. Acesso em: 26 nov. 2017. • SOUZA, L. M., SILVA, A. B., FRANÇA, H. E. C. ISP no arquivo: uma proposta de estudo de usuários a partir do modelo 110 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS de Carol Kuhlthau. Informação Arquivística, v. 3, n. 2, p. 149- 156, jul./dez. 2014. Disponível em: <http://www.aaerj. org.br/ojs/index.php/informacaoarquivistica/article/ view/116/50>. Acesso em: 26 nov. 2017. 3.2. PLANEJAMENTO E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁ� RIOS Por meio da leitura dos artigos a seguir, conheça as etapas do planejamento dos estudos de usuários na prática. Como você tem notado, os conteúdos integradores têm sempre tratado de práticas, para que você consiga identificar os elementos estudados na teoria. • AMARAL, S. A.; BRITO, M. Estudo de usuários e necessidades de informação em projeto de pesquisa internacional: participação da Universidade de Brasília. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 17. Anais... João Pessoa: UFBa, 2016. Disponível em: <http://www. brapci.inf.br/index.php/article/view/0000021877/ cf5437c2a7c2f8718615db0624338632/>. Acesso em: 26 nov. 2017. • PORTELLA, V. P.; PEREZ, C. B. Perfil dos usuários do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul. Em Questão, v. 19, n. 2, jul./dez. 2013. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/ article/view/22849/31062>. Acesso em: 26 nov. 2017. • TABOSA, H. R.; PINTO, V. B.; LOUREIRO, J. M. M. Análise de regularidades metodológicas em pesquisas brasileiras sobre comportamentos de uso e usuários da informação. 111© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Investigación bibliotecológica, v. 30, n. 70, p. 249-267, set./dez. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.org. mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0187-358X20 16000300249&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 26 nov. 2017. 3.3. PESQUISAS, VARIÁVEIS, AMOSTRA E COLETA DE DADOS PARA ESTUDOS DE USUÁRIOS Agora que você já conheceu os diferentes tipos de pesquisa, variáveis e técnicas de coleta de dados, conheça algumas aplicações por meio da leitura dos artigos indicados a seguir. • BAPTISTA, S. G.; CUNHA, M. B. Estudos de usuários: visão global dos métodos de coleta de dados. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 12, n. 2, p. 168-184, maio/ ago. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ pci/v12n2/v12n2a11>. Acesso em: 26 nov. 2017. • CAMPOS, C. O. D.; SILVA, E. Q.; PINTO, M. D. S. A satisfação de usuários da informação jurídica: estudo na biblioteca da OAB/SC. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 20, n. 3, p. 200-217, jul./set. 2015. Disponível em: <http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/ article/view/2366>. Acesso em: 26 nov. 2017. • SILVA, J. L. C.; DANTAS, S. O.; OLIVEIRA, N. M. Estudo de usuários na biblioteca escolar a partir da técnica do incidente crítico: aplicação na escola de ensino fundamental Evard Teixeira Férrer em Juazeiro do Norte. Ponto de Acesso,v. 7, n. 3, 2013. Disponível em: <http:// www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/14201>. Acesso em: 26 nov. 2017. 112 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Os modelos teóricos para o desenvolvimento dos estudos de usuários têm contribuído para consolidar a linha de pesquisa. Suas outras principais contribuições são: a) Definir quais são os não usuários, quais são os interesses e necessidades de informação dos usuários, e quais são as atitudes em relação ao serviço de informação. b) Usar uma base teórica como marco de referência para interpretar condutas das necessidades de informação dos usuários; e delimitar, definir e relacionar os aspectos do processo de busca, estabelecendo uma relação mútua entre teoria e pesquisa empírica. c) Modelo do estado anômalo do conhecimento, modelo de construção de sentido e modelo de valor agregado. d) Coletar, tabular e analisar os dados dos estudos de usuários. 2) No planejamento dos estudos de usuários, vimos que eles podem ser simples ou bastante complexos. O que determina o grau de complexidade do planejamento e da aplicação do estudo de usuário? a) O modelo teórico escolhido como base. b) O tipo de pesquisa escolhido, que pode ser exploratória, descritiva ou experimental. c) O objetivo pelo qual o estudo de usuário será desenvolvido. d) A presença de muitas variáveis estranhas. 3) Relacione as colunas com a definição correta de cada conceito: a) Censo ( ) Conjunto de elementos que possuam pelo menos uma característica comum que pode ser mensurada e sirva de base para investigação. b) Amostra ( ) Análise de todos os elementos de uma população ou universo. 113© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS c) Amostragem ( ) Parte da população selecionada para representar de forma mais fidedigna possível a população. d) População ou universo ( ) Processo de colher amostras da população 4) Qual das alternativas a seguir apresenta três técnicas de coleta de dados, de método indireto, por meio da análise do contexto de uso: a) Webometria, grupo focal e entrevista. b) Grupo de discussão, análise da tarefa e sala de espelhos. c) Avaliação heurística, brainstorm e cliente oculto. d) Análise do discurso, análise das redes sociais e técnica do diário. 5) Quais das limitações a seguir podem ser evitadas com a capacitação da equipe de profissionais que irá desenvolver um estudo de usuários? a) Limitações de estrutura conceitual, indisponibilidade de equipamen- tos e barreiras físicas. b) Fatores pessoais, julgamentos e emoções e diferenças no comporta- mento dos usuários, nos casos de observação direta. c) Mau uso da metodologia, enfoques tendenciosos, entendimento limi- tado do contexto ambiental do estudo e abordagem incorreta do pro- blema a ser pesquisado. d) Complexidade da interação do ser humano com a informação e falhas metodológicas. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: a) b. b) c. c) d, a, b, c. d) d. e) c. 114 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS 5. CONSIDERAÇÕES Nesta unidade, por meio dos modelos apresentados, pudemos conhecer os estudos de usuários de forma teórica. Tais modelos são importantes para planejar o estudo de usuário de forma científica. Em seguida, entramos no planejamento de fato, nos tipos de pesquisa científica mais utilizados, conhecemos as variáveis, os conceitos de amostra e amostragem e as técnicas de coleta de dados. Por fim, vimos as possíveis limitações ou problemas que podem ocorrer no planejamento e aplicação dos estudos. Agora que conhecemos os estudos de usuários como um todo, na próxima unidade compreenderemos como eles são importantes no planejamento e gestão das unidades de informação e conheceremos o papel do bibliotecário na capacitação dos usuários da informação. 6. E-REFERÊNCIAS CUNHA, M. B. Metodologias para estudo dos usuários de informação científica e tecnológica. Revista Biblioteconomia, v. 10, n. 2, p. 5-19, jul./dez. 1982. Disponível em: <http://bogliolo.eci.ufmg.br/downloads/CUNHA_1982.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. FIGUEIREDO, N. M. Estudo de uso e usuários da informação. Brasília: Ibict, 1994. Disponível em: <http://livroaberto.ibict.br/handle/1/452>. Acesso em: 26 nov. 2017. ROLIM, E. A.; CENDÓN, B. V. Modelos teóricos de estudos de usuários na ciência da informação. DataGramaZero: Revista de Informação, v. 14, n. 2, abr. 2013. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/50794>. Acesso em: 26 nov. 2017. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHOO, C. W. Como ficamos sabendo: um modelo de uso da informação. In: A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar 115© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 3 – MODELOS TEÓRICOS E APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac São Paulo, 2003. CUNHA, M. B.; AMARAL, S. A.; DANTAS, E. B. Manual de estudo de usuários da informação. São Paulo: Atlas, 2015. DIAS, M. M. K.; PIRES, D. Usos e usuários da informação. São Carlos: Edufscar, 2004. GONÇALVES, A. L. F. Gestão da informação na perspectiva do usuário: subsídios para uma política em bibliotecas universitárias. Rio de Janeiro: Intertexto, 2013. VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da Biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014. © ESTUDOS DE USUÁRIOS