Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Solução Nutritiva 1 7 - SOLUÇÃO NUTRITIVA 7.1 - Qualidade da Água A solução nutritiva é tida como uma das partes mais importantes do sistema hidropônico, seu mau preparo e uso pode acarretar sérios problemas para as plantas. Antes de tudo, deve-se verificar a qualidade da água que irá ser usada no sistema. Pode-se empregar água de poço artesiano, fonte natural ou de rede urbana (tratada) após a determinação de sua condutividade elétrica, que deverá ser inferior a 0,75 dS m-1. Caso a água utilizada seja de rede urbana, é conveniente deixá-la em repouso por 24horas, para eliminação do cloro usado em seu tratamento. A qualidade sanitária também deve ser investigada, sendo recomendada uma análise em laboratório especializado. Em particular, as águas que são provindas de rochas calcárias calcítico e dolomítico podem conter altas concentrações de carbonato de cálcio e magnésio, os quais, as vezes, pode ser maior que as concentrações de nutrientes usadas na solução nutritiva. Na tabela 1 apresenta os padrões de qualidade da água a ser usada em cultivos hidropônicos. Tabela 1 - Índice de qualidade de água usada em hidroponia Índice Unidade Boa Aceitável Limite máximo CE dS m-1 < 0,75 0,75 a 1,50 2,0 pH - 6,50 6,80 7,50 Carbonato mmol L-1 1,60 3,30 6,60 Sódio mmolL-1 0,87 1,30 2,61 Cloro mmolL-1 1,14 1,71 2,86 Sulfato mmolL-1 0,83 1,26 2,08 Cálcio mmolL-1 6,50 10,00 14,00 Ferro μmol L-1 - - 0,08 Manganês μmolL-1 - - 0,04 Zinco μmolL-1 - - 0,02 Boro μmolL-1 - - 0,03 Fonte: Bohme (1993) 7.2 - Preparo de Solução Nutritiva As plantas adaptam-se à grande variedade de solos, porque, dentro de certos limites, a absorção é seletiva. O mesmo ocorre no cultivo em soluções nutritivas, por isso não existe uma formulação de solução que seja única e melhor que todas as demais para o cultivo de determinada espécie e variedade. A solução ideal seria aquela em que todos os nutrientes estivessem presentes nas proporções absorvidas pelas plantas, de modo que, ao se esgotar um deles, todos os demais também se Solução Nutritiva 2 esgotassem. É praticamente impossível preparar uma solução ideal, porque os mecanismos de absorção, transporte e distribuição dos nutrientes variam com espécie, variedade, estação do ano e fase de desenvolvimento da cultura, entre outros. Assim sendo, para uma mesma espécie ou grupo de espécies, a solução nutritiva pode variar dentro delimites toleráveis de pH, pressão osmótica e composição, sem que o crescimento seja prejudicado, muito embora sabe-se que, quanto mais ajustada as exigências da planta for a solução, melhor será o desempenho da cultura ou grupo de culturas. Para hortaliças de frutos, por exemplo, é necessário ajustar as concentrações de nutriente quando as plantas passam da fase vegetativa para a reprodutiva. É possível preparar a mesma formulação, usando um elenco diferente de fertilizante ou reagente químico puro para análise, mantendo-se a quantidade de nutrientes preconizada. Por essa razão, na escolha dos fertilizantes ou reagentes químicos, deve-se considerar o custo, a solubilidade, a presença de elementos potencialmente tóxicos e de resíduos insolúveis. Sempre que possível, deve-se optar por fertilizantes, em sua falta, poderão ser utilizados reagentes químicos puros para análise para o fornecimento dos nutrientes. As principais fontes de nutrientes empregadas para o preparo de soluções nutritivas estão listadas nas tabelas 2 e 3, juntamente com sua composição. Diversas formulações de soluções nutritivas são encontradas em trabalhos científicos. Nestas, a exigência dos macronutrientes são apresentadas em mmol L-1, e para os micronutrientes em μmol L-1. Para converter as unidades em mmolL-1 ou μmol L-1 para mg L-1 ou μg L-1, basta multiplicar os valores pelos pesos atômicos dos referidos macronutrientes ou micronutrientes, respectivamente. Os procedimentos de cálculos para transformar as formulações de solução nutritiva em mmolL-1 ou μmol L-1 para mg L-1 ou g 1000L-1 de fertilizantes para compor a solução nutritiva será explicado no item 7.4. No preparo das soluções, os fertilizantes que contêm os macronutrientes devem ser pesados nas quantidades corretas indicadas pela formulação escolhida e dissolvidos em água, utilizando balde com aproximadamente 10L de água. Após dissolução completa de cada fertilizante, a solução é adicionada no tanque, que já deve conter água, aproximadamente, dois terços da sua capacidade. Posteriormente, adiciona os micronutrientes na forma de solução concentrada e, finalmente, a solução de ferro quelatizado. Caso deseja-se armazenar previamente pesados os fertilizantes em quantidades necessárias para o preparo de um tanque de solução de nutritiva, cada fertilizante deve ser armazenado em recipientes separados, principalmente os que contem cálcio não devem ser misturados com sulfatos e fosfatos, a fim de evitar reações entre eles e formação de compostos insolúveis. Os micronutrientes devem ser fornecidos na forma de solução concentrada. Para preparar a solução concentrada dos micronutrientes boro (B), cobre (Cu), manganês (Mn), zinco (Zn) e molibdênio (Mo), basta multiplicar por cinco as quantidades de cada fertilizante de micronutrientes indicados na formulação escolhida Solução Nutritiva 3 Tabela 2 - Principais fontes de macronutrientes para o preparo de soluções nutritivas Fertilizante Fórmula química Nutrientes (%) N P K Ca Mg S Cloreto de cálcio CaCl2 6H2O 22,0 Cloreto de potássio KCl 49,8 Fosfato monoamônio (MAP) NH4H2PO4 11,0 21,8 Fosfato monocálcico Ca(H2PO4)2H2O 24,6 15,9 Fosfato de potássio KH2PO4 22,8 28,7 Nitrato de amônio NH4NO3 34,0 Nitrato de cálcio Ca(NO3)2 4H2O 15,0 20,0 Nitrato de magnésio Mg(NO3)2 6H2O 7,0 6,0 Nitrato de potássio KNO3 13,0 36,5 Nitrato de sódio NaNO3 16,0 Sulfato de amônio (NH4)2SO4 20,0 24,0 Sulfato de cálcio CaSO4 2H2O 21,4 17,0 Sulfato de magnésio MgSO4 7H2O 9,7 13,0 Sulfato de potássio K2SO4 41,5 17,0 Sulfato duplo de potássio e magnésio K2SO4 + 2MgSO4 18,2 10,8 22,0 Tabela 3 - Principais fontes de micronutrientes para o preparo de soluções nutritivas Fertilizante Fórmula química Nutrientes (%) B Cu Mn Zn Fe Mo Ácido bórico H3BO3 17 Tetraborato de sódio Na2B4O7 5H2O 14 Cloreto de cobre CuCl2 2H2O 37 Sulfato de cobre CuSO4 5H2O 25 Cloreto de manganês MnCl2 H2O 43 Sulfato de manganês MnSO4 H2O 32 Cloreto de zinco ZnCl2 48 Sulfato de zinco ZnSO4 7H2O 20 Cloreto férrico FeCl3 6H2O 21 Sulfato de ferro FeSO47H2O 20 Dissolvine Fe-EDTA 13 Ferrilene Fe-EDDHA 6 Tenso ferro Fe-EDDHMA 6 Rexolin Fe-DTPA 6 Molibdato de amônio (NH4)6Mo7O24 4H2O 54 Molibdato de sódio Na2MoO4 2H2O 34 Solução Nutritiva 4 e pesá-los separadamente. Dissolve-se cada fertilizante em recipientes contendo aproximadamente 200mL de água. Após completa dissolução de cada fertilizante, junta as soluções em um recipiente e completa o volume para de 1,0L. A partir dessa solução concentrada, toma-se 200mL para cada 1000L de solução nutritiva a ser preparada. Lembrando que os fertilizantes contendo B têm que ser dissolvidos com água morna, temperatura entre 40 a 50 oC. O ferro apresenta alta instabilidade na solução nutritiva, pois a solubilidade do ferro muda 1000 vezes a cada unidade de variação do pH da solução nutritiva, por formar compostos de baixa solubilidade com fosfato, hidróxidos e carbonatos. Por essa razão, o ferro precisa ser fornecido na solução nutritiva na forma quelatizada. Os quelantes são substâncias que o aprisionam em sua estrutura e impedem a precipitação do ferro. No mercado existem vários agentes quelantes, sendo o EDTA (ácido etilenodiaminotetracético),devido ao seu menor custo é o quelante mais usado, embora haja outros de maior estabilidade. O Fe-EDTA é estável em pH variando de 1,5 a 6,0. O Fe-DTPA (acido dietilenotriaminopentacético) forma um quelato estável com o ferro em pH variando entre1,5 e 7,5. O Fe-HEDTA (quelato com o acido hidroxietilenodiaminotriacético) tem estabilidade com o pH entre 1,5 e 9,0, enquanto o Fe-EDDHA (ácido etilenodiamino-di N.N’ - [(2-hidroxifenil)] acético) se mantém estável entre pH de 3 a 12. Estudos têm mostrado que a capacidade dos fertilizantes quelatados em fornecer nutrientes às plantas depende da capacidade dos compostos em mantê-los solúveis na solução e da capacidade da planta em absorver os nutrientes. Após a adição de macro e micronutrientes e do Ferro quelatizado, completa-se o volume do reservatório e homogeneíza-se a solução nutritiva. A seguir, corrige-se o pH para a faixa de 5,5 a 6,5,usando-se ácido clorídrico ou hidróxido de sódio conforme a necessidade, obtendo-se então a solução nutritiva pronta para o uso. O ácido nítrico, sulfúrico ou fosfórico, bem como o hidróxido de potássio também poderão ser usados na correção do pH, desde que se considerem as quantidades de nutrientes por eles fornecidos. 7.3 - Manutenção e Renovação da Solução Nutritiva A manutenção do meio favorável ao crescimento das plantas depende da escolha e do preparo da solução nutritiva adequada no momento do plantio e da manutenção ou ajuste dessa solução, à medida que as plantas se desenvolvem. Como nos cultivos sob hidroponia o meio de cultivo não tem capacidade tampão, ocorrem alterações drásticas no ambiente radicular em curtos períodos de tempo, ao contrário do que ocorre no solo. Assim sendo, é necessário monitorar a solução nutritiva periodicamente, corrigindo-se, sempre que necessário, o volume de água, o pH e a concentração de nutrientes. Solução Nutritiva 5 A manutenção do volume do reservatório que contém a solução nutritiva deve ser feito com água de boa qualidade, pelo menos uma vez por dia. As plantas absorvem proporcionalmente mais água que nutrientes e, se a reposição do volume gasto for realizada com solução nutritiva, haverá um gradual aumento na pressão osmótica em que as raízes estarão submetidas. A condutividade elétrica (CE) fornece uma informação indireta sobre a concentração de nutrientes na solução e tem sido usada para indicar a necessidade de reposição de nutrientes ou troca de solução. A CE é obtida com o auxílio de condutivímetro. A condutividade varia com a formulação da solução nutritiva utilizada e, também, com os fertilizantes e sais usados para compô-la. Em geral, situa-se entre 1,6 e 2,5 dS m-1. A condutividade inicial deve ser restaurada pela adição de nutrientes sempre que haja uma redução cerca de 30% da CE inicial. A CE não é uma medida quantitativa, fornece, de maneira indireta, apenas o somatório de íons dissolvidos; assim, a reposição de todos os nutrientes em proporções iguais às da solução inicial pode levar a desbalonço da solução nutritiva. Por isso, as soluções nutritivas monitoradas pela CE devem ser completamente renovadas pelo menos a cada três a quadro semanas. Análises periódicas da solução nutritiva permitem a reposição dos nutrientes com pequena possibilidade de erro. Neste caso, suplementam-se os nutrientes na proporção exata em que foram consumidos. Há no mercado programas de computador que executam com rapidez os cálculos das quantidades de fertilizantes necessárias para compor determinada solução nutritiva ou para suplementá-la durante seu uso, levando em consideração também os íons presentes na água. A variação no pH pode ser expressiva em sistemas hidropônicos, especialmente em períodos de crescimento intensivo da cultura, e é decorrente do processo de absorção. O pH deve ser ajustado diariamente para a faixa compreendida entre 5,5 e 6,5, adicionando-se acido ou base. O limite inferior de pH deve estar pouco acima de 4,0; em valores inferiores a esse limite,ocorrem danos ás membranas celulares, podendo haver perda de nutrientes absorvidos previamente; pH superior a 7,0 causa grande restrição na disponibilidade de micronutrientes e de fósforo. A correção do pH deve ser feita com auxilio de um potenciômetro. Quando se dispõe de um sistema adequado de homogeneização da solução, o eletrodo do potenciômetro pode ser imerso diretamente no reservatório após os ajustes do nível de água e da concentração de nutrientes, adicionando-se ácido ou base até obter o valor de pH desejado. Caso contrário, é mais interessante retirar amostras de volume conhecido de solução nutritiva, corrigir seu pH com soluções diluídas de ácido ou base, calculando, a seguir, a necessidade de ácido ou base para o volume total do reservatório. A má homogeneização do ácido ou base adicionada leva a erros graves Solução Nutritiva 6 de medida e a manutenção de um pH inadequado. Soluções que apresentam em sua composição certa quantidade de nitrogênio na forma amoniacal (NH4 +) são mais tamponadas do que aquelas que contêm o nitrogênio apenas na forma nítrica (NO3 -). 7.4 - Cálculos da Necessidade de Fertilizantes para Preparar Solução Nutritiva Em trabalhos científicos ou em livros especializados, normalmente as concentrações de nutrientes nas soluções nutritivas são apresentadas em mmol L-1, para os macronutrientes, e μmol L-1 para os micronutrientes, sendo necessários alguns cálculos, que serão descritos a seguir, para se obter as doses dos fertilizantes em mg L-1 ou g 1000L-1. 7.4.1 - Macronutrientes Para preparar a solução nutritiva, podem se usados preferencialmente fertilizantes, ou sais puros, observando-se o custo, a pureza e solubilidade das várias fontes disponíveis no mercado. Supondo-se que se queira preparar 1000L de solução nutritiva com as concentrações dos nutrientes fornecidas na tabela 4, procede-se da seguinte maneira: 1) Multiplica-se a necessidade em mmol L-1 pelo peso atômico do elemento em questão,obtendo-se a necessidade em mg L-1 ou g 1000L-1. Tabela 4 - Concentração de macronutrientes na solução nutritiva Macronutrientes mmol L-1 Peso atômico mg L-1 ou g 1000L-1 N-NO3 - 10,50 14 147,00 N-NH4 + 1,40 14 19,60 P 1,25 31 38,84 K 5,50 39 214,50 Ca 3,50 40 140,00 Mg 2,00 24 48,00 S 2,50 32 80,00 2) Calcula-se a exigência em gramas de fertilizante, considerando-se a porcentagem do elemento nele contido (Tabela 2). Recomenda-se que se iniciem os cálculos pelos nutrientes que apresentam menores opções de fertilizantes. No exemplo em questão, pode-se iniciar pelo N-NH4 +. Solução Nutritiva 7 a) O N-NH4 + pode ser fornecido como MAP. Esse fertilizante possui 11% de N-NH4 + e 21,8% de P.Necessita-se de 19,60 g de N-NH4 + para preparar 1000L de solução nutritiva, então: 100g MAP 11 g N-NH4 + a 19,6 g N-NH4 + 1000L-1 a = 178,18g MAP 1000L-1 O MAP, além de N-NH4 + fornece fósforo: 100g MAP 21,8 g P 178,18g MAP 1000L-1 b b = 38,48 g P 1000L-1 A exigência na solução nutritiva é de 38,84 g de P 1000L-1 está, portanto atendida. b) A seguir, pode ser fornecido o sulfato de magnésio, como fonte de Mg e S. A formulação na tabela4 indica uma necessidade de Mg de 48 g 1000L-1. O fertilizante escolhido possui 9,7% de Mg e 13% de S, assim: 100g MgSO4 9,7g Mg c 48 g Mg 1000L-1 c = 494,84 g MgSO4 1000L -1 Como sulfato de magnésio, fornece também enxofre: 100 g MgSO4 13 g S 494,84 g MgSO4 1000L -1 d d = 64,33 g de S 1000L-1 A exigência de enxofre é de 80 g 1000L-1, portanto, ainda faltam 15,67 g (80-64,33), que poderão ser fornecidos, empregando-se K2SO4. Esse fertilizante possui 17% de S e 41,5% de K, assim: 100 g K2SO4 17 g S e 15,67 g S 1000L-1 e = 92,18 g K2SO4 1000L -1 Solução Nutritiva 8 O K2SO4 fornece também K: 100g K2SO4 41,50g de K 92,18 g K2SO4 1000L -1 f f = 38,25 g K 1000L-1 A exigência em potássio é de 214,50g 1000L-1, portanto deverão ser fornecidos ainda 176,25g de K (214,50 – 38,25), usando-se outra fonte de K. c) A exigência de 140 g de cálcio 1000L-1 pode ser suprida, empregando-se o nitrato de cálcio,que possui 15% de N-NO3 -e 20% de Ca, assim: 100g Ca(NO3)2 20 g Ca g 140 g Ca 1000L-1 g = 700 g Ca(NO3)2 1000L -1 Ao mesmo tempo, forneceram-se 105 g (700 x 0,15) de N-NO3 -, que devem ser subtraídos da exigência de 147 g do elemento, restando estão fornecer 42 g 1000L-1de N na forma nítrica (NO3 -). d) Para fornecer as 42 g 1000L-1 de N-NO3 - restante, pode ser usado o nitrato de potássio, que apresenta 13% de N-NO3 - e 36,50% de K, assim: 100g KNO3 13 g N-NO3 - h 42 g N-NO3 - 1000L-1 h = 323,10 g KNO3 1000L -1 Ao mesmo tempo, fornece-se potássio, assim: 100 g KNO3 36,5 g K 323,10 g KNO3 1000L -1 i i = 117,93 g K 1000L-1 e) A necessidade de potássio é de 176,25 g 1000L-1, restam ainda a fornecer 58,32 g de K. Este cátion não poderá estar combinado com ânions nitrato, sulfato ou fosfato, pois todos eles já tiveram suas exigências atendidas. Usa-se, então, o cloreto de potássio, que tem 49,8% de K para fornecê-lo, assim: Solução Nutritiva 9 100 g KCL 49,80g K j 58,32g K 1000L-1 j = 117,11 g KCL Sempre que for usado cloreto ou sódio para balancear uma formulação, deve-se ter em mente que esses elementos, em alta concentração na solução nutritiva, podem ser tóxicos as plantas, e não devem ser usados em quantidades elevadas. Às vezes é preferível aumentar um pouco as concentrações de K, Ca e Mg do que usar o sódio (Na) ou as concentrações de N, P e S e não usar o cloreto (Cl).Chega-se, assim, à receita final para o preparo de 1000L de solução nutritiva. As quantidades dos fertilizantes calculadas podem ser arredondadas para facilitar a pesagem (Tabela 5) Tabela5 - Quantidade de fertilizantes a serem pesados para compor a solução nutritiva Fertilizantes Quantidade (mg L-1 ou g 1000L-1) Fosfato monoamônio (MAP) 178 Sulfato de magnésio 495 Sulfato de potássio 92 Nitrato de cálcio 700 Nitrato de potássio 323 Cloreto de potássio 117 7.4.2 - Micronutrientes Para os micronutrientes, a recomendação é mais empírica. As soluções normalmente empregadas apresentam os seguintes faixas de concentrações (Tabela6): Quadro 6 - Faixas de concentrações de micronutrientes utilizados em solução nutritiva Micronutrientes Concentração mmol L-1 mg L-1 Fe 9 - 80 0,5 - 4,5 Mn 4 - 36 0,2 - 2,0 Zn 1,5 - 9,0 0,6 - 1,0 B 19 - 56 0,2 - 0,6 Cu 0,2 - 1,0 0,01 - 0,06 Mo 0,4 - 0,6 0,04 - 0,06 Como a concentração de micronutrientes é baixa, pode-se fornecê-los dissolvidos em água, com duas soluções de estoque, uma contendo os micronutrientes sem o ferro (Mn, Zn, B, Cu e Mo) e outra que fornece apenas ferro na forma Solução Nutritiva 10 quelatizada (Fe-quelato).O Fe-quelato pode sofrer foto oxidação, portanto, deve ser armazenado em frasco escuro e embrulhado com papel de alumínio. Para os micronutrientes, geralmente, ajusta-se a concentração da solução de modo a poder tomar alíquotas de 1,0 mL de solução estoque por litro se solução nutritiva preparada, ou seja, faz-se a solução estoque com concentração 1000 vezes maior que a recomendada para a solução nutritiva. Essa solução poderá ser até 4000 vezes mais concentrada, desde que se ajustem às alíquotas tomadas, de modo a obter concentrações finais adequadas. Se a concentração for de 4000 vezes, tomar-se-ão 250 mL de solução estoque para preparar 1000L de solução nutritiva. Por exemplo, se a concentração de B desejada é de 46 μmol L-¹ a solução estoque deve conter de 46 mmol L-1 do elemento para que se use 1,0 L de solução estoque no preparo de 1000L de solução nutritiva ou 184 mmol L-1, para que se usem 250 mL de solução estoque para preparar 1000 L de solução nutritiva. a) Preparo da Solução Estoque de Micronutrientes sem o Ferro Deseja-se preparar uma solução nutritiva com 36,1,5, 46, 0,3 e 0,5; μmol L-1 de Mn, Zn,B,Cu e Mo.Para obter as quantidades de fertilizantes, procede-se como para os macronutrientes,empregando-se as concentrações de micronutrientes que constam no quadro 7. Observe que a solução estoque está 1000 vezes concentrada, visto que, a unidade dos valores dos micronutrientes está em g L-1 e não em g 1000 L-1. Quadro 7 - Concentração de micronutrientes na solução estoque Micronutrientes Solução nutritiva (μmol L-1) Peso atômico Conversão Solução estoque (g L-1) Mn 36 54,9 (36 x 54,9)/1000 1,976 Zn 1,5 65,4 (1,5 x 65,4)/1000 0,098 B 46 10,8 (46 x 10,8)/1000 0,497 Cu 0,3 63,3 (0,3 x 63,3)/1000 0,019 Mo 0,5 95,9 (0,5 x 95,9)/1000 0,048 a) A necessidade de manganês de 1,976 g L-1 na solução estoque pode ser suprida, empregando-se o MnSO4, que possui32% de Mn, assim: 100g MnSO4 32g Mn a 1,976g Mn L-1 a = 6,175 g MnSO4 L -1 Solução Nutritiva 11 b) A necessidade de zinco de0,098 g L-1 na solução estoque pode ser suprida, empregando-se o ZnSO4, que possui 20% de Zn, assim: 100g ZnSO4 20 g Zn b 0,098g Zn L-1 b = 0,490 g ZnSO4 Zn L -1 c) A necessidade de boro de0,497g L-1 na solução estoque pode ser suprida, empregando-se o H3BO3, que possui17% de B, assim: 100g H3BO3 17g B c 0,497g B L-1 c = 2,92 g de H3BO3 L -1 d) A necessidade de cobre de0,019 g L-1 na solução estoque pode ser suprida, empregando-se o CuSO4, que possui 25% de Cu, assim: 100g CuSO4 25g Cu d 0,019g Cu L-1 d = 0,076 g CuSO4 L -1 e) A necessidade de molibdênio de0,048 g L-1 na solução estoque pode ser suprida, empregando-se o (NH4)6Mo7O24, que possui 54% de Mo, assim: 100g (NH4)6Mo7O24 54g Mo e 0,048g Mo L-1 e = 0,089 g (NH4)6Mo7O24 L -1Como a quantidade dos fertilizantes contendo micronutrientes é pequena, a adição dos mesmos contendo como íon acompanhante o enxofre, não traz alterações significativas na concentração do enxofre na solução nutritiva. Por isso, a quantidade de enxofre que acompanham os micronutrientes é desconsiderada. Se a solução estoque de micronutrientes em vez de ser preparada concentrada 1000 vezes, e fosse preparada 4000 vezes, as quantidades de cada fertilizante em g L-1 será quatro vezes maiores (Tabela 8), assim, em vez de utilizar 1,0 L de solução estoque para cada1000 L de solução nutritiva, deve ser utilizado 250 mL da solução estoque para cada 1000 L de solução nutritiva, para obter as concentrações dos referidos micronutrientes. Solução Nutritiva 12 Tabela 8 - Quantidade de fertilizantes na solução estoque de micronutrientes Fertilizantes Solução estoque (1000x) Solução estoque (4000x) - - - - - - - - - - g L-1 - - - - - - - - - - MnSO4 6,175 24,700 ZnSO4 0,490 1,960 H3BO3 2,920 11,680 CuSO4 0,076 0,304 (NH4)6Mo7O24 0,089 0,356 a) Preparo da Solução Estoque do Ferro Quelatizado O fornecimento de ferro (Fe) às soluções nutritivas merece atenção especial, visto que o mesmo pode reagir com fosfato, e formar fosfato de ferro, composto de baixa solubilidade, reduzindo assim a absorção de Fe pelas plantas. Por essa razão o Fe é adicionado na solução nutritiva na forma quelatizada, e o quelante mais utilizado é o ácido etileno diamino tetra-acéticode sódio, conhecido como EDTA dissódico (EDTA- Na2). São encontrados no mercado vários fertilizantes de ferro quelatado (Tabela 3), assim, é melhor adquirir os fertilizantes de ferro quelatado do que preparar o quelato de ferro, pela facilidade de preparar as soluções nutritivas e de armazenar o fertilizante de ferro quelatado. Para o preparo do Fe-EDTA pode-se usar o cloreto férrico (FeCl3 6H2O) ou o sulfato ferroso (FeSO4 7H2O), da maneira descrita abaixo: Pese o sulfato ferroso e o EDTA-Na2 separadamente (Tabela 9), dissolva-os em aproximadamente 400mL de água morna (40 a 50 oC). A seguir, pese o hidróxido de sódio e adicione-o na solução de EDTA-Na2, agite com bastão até dissolver todo hidróxido de sódio. Após completa dissolução dos sais, adicione lentamente a solução de EDTA-Na2 na solução de sulfato ferroso, agitando a mistura com bastão, e complete o volume para 1,0L. O produto deve ser guardado em ausência de luz. Deve-se utilizar 250mL da solução estoque de Fe-EDTA para preparar 1000 L de solução nutritiva contendo 45 μmolde Fe L-1. Tabela9 - Solução estoque de Fe-EDTA 45 mmol L-1 Reagentes químicos ( p.a.) Fórmula química Solução estoque(g L-1) Sulfato Ferroso FeSO47H2O 50,00 EDTA-Na2 C10H14N2O8Na2 2H2O 66,50 Hidróxido de Sódio NaOH 11,60 Solução Nutritiva 13 8 - Formulação de Solução Nutritiva para Cultivos de Plantas em Hidroponia A composição da solução nutritiva deve ser determinada a partir da concentração desejada de cada nutriente na planta. O ponto de partida é a análise química de toda a planta, uma vez que suas diversas partes contêm teores diferentes de nutrientes. As quantidades acumuladas de cada nutriente e suas proporções relativas também servem de referência para a definição da concentração de cada nutriente na solução nutritiva. Ressalta-se que, quando não se tem os teores de nutrientes nas raízes, os teores dos nutrientes nas folhas podem ser utilizados para definir a concentração de cada nutriente na solução nutritiva, entretanto, deve-se testar o desenvolvimento e produção da planta na solução nutritiva obtida com soluções nutritivas tradicionais utilizadas comercialmente ou em trabalhos de pesquisas científicas. Uma forma prática de determinar as concentrações de nutrientes na solução nutritiva é utilizar de referências bibliográficas que estudam a demanda de nutricional das plantas e, a partir dos dados dos teores de nutrientes considerados adequados para o crescimento e desenvolvimento da planta, formula-se uma solução nutritiva adequada à demanda específica da planta. Para que os resultados de análise química da planta possam ser utilizados como base a formulação de solução nutritiva, é fundamental que a pesquisa seja conduzida com uma disponibilidade plena de nutrientes na solução nutritiva, evitando- se tanto deficiência como excessos de nutrientes. Exemplo de formulação de solução nutritiva para cultivo de alface, cv. Verônica. Neste exemplo, utilizou os teores de nutrientes na parte aérea e raízes da alface, cv. Verônica (Tabela 10), cultivada na solução nutritiva de Hoagland e Arnon, com as seguintes concentrações de macronutrientes, em mmol L-1: 15 de N, 1,0 de P, 5,98 de K, 4,0 de Ca, 1,98 de Mg e 2,0 de S. Tabela 10 - Teores de macronutrientes na parte aérea e raízes de alface, cv. Verônica, cultivada na solução nutritiva de Hoagland e Arnon N P K Ca Mg S - - - - - - - - - - - - - Parte aérea, g kg-1 - - - - - - - - - - - - - 23,2 5,4 58,9 12,1 5,5 3,2 - - - - - - - - - - - - - - - Raízes, g kg-1 - - - - - - - - - - - - - - 36,2 7,5 29,4 4,2 3,5 7,4 Com o resultado da análise do tecido da planta (Tabela 10), calcula-se a relação entre os nutrientes (Tabela 11), adotando-se como base o nutriente que se apresenta em maior teor na planta. Neste caso, adotando-se o K em função do seu maior teor na planta. Solução Nutritiva 14 Tabela 11 - Relações de macronutrientes na planta com base no teor de potássio N P K Ca Mg S - - - - - - - - - - - - - - - Parte aérea - - - - - - - - - - - - - - - 0,39 0,09 1,0 0,21 0,09 0,05 - - - - - - - - - - - - - - - - - Raízes - - - - - - - - - - - - - - - - 1,23 0,26 1,0 0,14 0,12 0,25 Tomando-se como base a concentração de 100g de K 1000L-1 na solução nutritiva, obtém as concentrações dos demais nutrientes multiplicando as relações pelo fator 100 (Tabela 12). Tabela 12 - Concentrações de macronutrientes na solução nutritiva N P K Ca Mg S - - - - - - - - - - - - Parte aérea, g 1000L-1 - - - - - - - - - - - - 39,4 9,2 100 20,5 9,3 5,4 - - - - - - - - - - - - - - Raízes, g 1000L-1 - - - - - - - - - - - - - 123,1 25,5 100 14,3 11,9 25,2 Somando-se as concentrações obtidas dos macronutrientes na parte aérea e raízes (Tabela 12), obtém as concentrações de nutrientes para preparar a solução nutritiva básica para o cultivo da alface, cv. Verônica, em g 1000L-1, e dividindo-se as concentrações pelos respectivos pesos atômicos de cada nutriente, obtém-se a concentração de nutrientes em mmol L-1 (Tabela 13). Tabela 13 - Concentrações básicas de macronutrientes na solução nutritiva para cultivo de alface, cv. Verônica N P K Ca Mg S - - - - - - - - - - - - - - - - g 1000L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - 162,5 34,7 200 34,8 21,2 30,6 - - - - - - - - - - - - - - Peso atômico - - - - - - - - - - - - - - - 14 31 39 40 24 32 - - - - - - - - - - - - - - - - -mmolL-1 - - - - - - - - - - - - - - - - 11,61 1,12 5,13 0,87 0,89 0,96 Observe-se que as concentrações dos macronutrientes, N, P, K, Mg e S na solução nutritiva para o cultivo de alface, cv. Verônica (Tabela 13), obtida a partir dos teores de nutrientes na parte aérea e raízes, estão dentro das faixas de concentrações encontradas em diferentes soluções nutritivas utilizadas para cultivos de plantas por hidroponia (Tabela 14), entretanto, a concentração de Ca está abaixo da faixa de concentração. Comparando as concentrações dos macronutrientes na solução nutritiva obtida para o cultivo da alface, cv. Verônica (Tabela 13) com as de Hoagland e Arnon (Tabela 14), na qual as plantas de alface foram cultivadas e obtidas os teores de macronutrientes na parte aérea e raízes, as concentrações de N total, K, Ca, Mg e S da solução nutritiva de Hoagland e Arnon são superioresas obtidas para alface em 29, 17, Solução Nutritiva 15 360, 126 e 109 %, respectivamente, enquanto, a de P é inferior em 12%. Sugerindo que as concentrações de N, K, Ca, Mg e S na solução nutritiva de Hoagland e Arnon estão acima e a de P inferior as necessidades para cultivo da alface. Tabela 14 - Faixas de concentrações de nutrientes encontradas em diferentes soluções nutritivas e na de Hoagland e Arnon Nutriente Faixas Hoagland e Arnon g 1000L-1 mmol L-1 g 1000L-1 mmol L-1 NO3 - 70 - 250 5 - 17,86 196 14,0 NH4 + 0 - 33 0 - 2,36 14 1,0 P 15 - 80 0,48 - 2,58 31 1,0 K 150 - 400 3,8 - 10,23 234 5,98 Ca 70 - 200 1,75 - 5,0 160 4,0 Mg 15 - 80 0,62 - 3,29 48 1,98 S 20 - 200 0,63 - 6,25 64 2,0 g 1000L-1 µmol L-1 g 1000L-1 µmol L-1 B 0,1 - 0,6 9,26 - 55,56 0,5 46,30 Cu 0,05 - 0,3 0,79 - 4,72 0,02 0,31 Fe 0,8 - 6 14,34 - 107,53 1,0 17,92 Mn 0,5 - 2 9,11 - 36,43 0,5 9,11 Zn 0,05 - 0,5 1,53 - 7,65 0,05 0,76 Mo 0,01 - 0,15 0,52 - 1,56 0,01 0,10 Cl 1 - 188 28,17 - 5.295,77 - - Exemplo de formulação de solução nutritiva para cultivo de tomate, híbrido Carmen. Neste exemplo utilizou os teores de nutrientes na folha do tomateiro (Tabela 15), cultivada na solução nutritiva sugerida por Adams (1994), com as seguintes concentrações de macronutrientes, em mmol L-1: 8; 2; 4; 2; 1 e 1 de N, P, K, Ca, Mg e S, e de micronutrientes, em µmol L-1: 21; 0,9; 35; 19; 4 e 0,7 de B, Cu, Fe, Mn, Zn e Mo na fase de crescimento vegetativo, e com as seguintes concentrações de macronutrientes, em mmol L-1: 12; 3; 8,5; 3; 1,5 e 1,5 de N, P, K, Ca, Mg e S, e de micronutrientes, em µmol L-1: 31; 1,3; 59; 28; 4 e 0,7 de B, Cu, Fe, Mn, Zn e Mo na fase de produção de frutos. Tabela 15 - Teores de macro e micronutrientes nas folhas do tomateiro, híbrido Carmen, cultivado em sistema hidropônico em vaso N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn - - - - - - - - - - - - - - g kg-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - mg kg-1 - - - - - - - - - - - 32 13 51 45 9 18 209 10 209 665 96 Antes de calcular as relações entre os nutrientes com base no teor de K, os resultados da análise dos teores de micronutrientes devem ser transformados em g kg-1 (Tabela 15) e, a seguir, calcula-se as relações entre os nutrientes, com base o teor de K (Tabela 16). Solução Nutritiva 16 Tabela 16 - Relações dos teores macro e micronutrientes na planta com base no teor de potássio N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn 0,63 0,25 1,0 0,88 0,18 0,35 0,0041 0,0002 0,0041 0,013 0,0019 Tomando-se como base a concentração de 200g de K 1000L-1 na solução nutritiva e multiplicando as relações dos demais nutrientes pelo fator 200, obtém as concentrações de nutrientes para preparar a solução nutritiva básica para o cultivo do tomateiro, híbrido Carmen, em g 1000L-1, e dividindo-se as concentrações pelos respectivos pesos atômicos dos macronutriente, obtém-se a concentração dos em mmol L-1 e para os micronutrientes, dividi-se as concentrações pelos respectivos pesos atômicos e multiplica por 1.000 para obter em µmol L-1 (Tabela 17). Tabela 17 - Concentrações básicas de macronutrientes na solução nutritiva para cultivo do tomateiro, híbrido Carmen N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - g 1000L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 125,5 50,9 200 175,5 35,3 70,6 0,82 0,04 0,82 2,61 0,38 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Peso atômico - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 31 39 40 24 32 10,81 63,55 55,85 54,94 65,39 - - - - - - - - - - - - - - mmol L-1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - µmol L-1 - - - - - - - - - - 9,0 1,6 5,1 4,4 1,5 2,2 75,8 0,6 14,7 47,5 5,8 Comparando as concentrações dos macro e micronutrientes na solução nutritiva obtida para o cultivo do tomateiro, híbrido Carmen (Tabela 17) com as faixas de concentrações de diferentes soluções nutritivas (Tabela 14), apenas as de B e de Mn estão superiores as faixas de concentrações das diferentes soluções nutritivas. Isto pode ser explicado pelo fato dos teores desses micronutrientes na folha do tomateiro estão superiores as faixas consideradas adequadas à cultura, de 30 a 100 mg kg-1 de B e de 50 a 250 mg kg-1 de Mn. 9 - Estimativa da Condutividade Elétrica da Solução Nutritiva Há relação significativa entre a CE e a concentração total de nutrientes na solução nutritiva, que pode ser estimada pelas seguintes equações: CE (mS cm-1) = Concentração total de íons (mmol L-1) x 0,0698 CE (mS cm-1) = Concentração total de íons (mmol L-1) / 14,33 CE (mS cm-1) = Concentração total de íons (mg L-1) / 665 Solução Nutritiva 17 Quando se utilizam essas relações para estimar a CE da solução nutritiva, deve se considerar a CE da água utilizada no preparo da solução nutritiva, os fertilizantes ou sais utilizados como fonte dos nutrientes, bem como a temperatura da solução nutritiva. Quanto aos fertilizantes como fonte de nutrientes, por exemplo, a CE determinada em uma solução de 1,0 g L-1, tendo os seguintes fertilizantes como fonte de nitrato é de: nitrato de potássio (CE = 1,3 mS cm-1), nitrato de cálcio (CE = 1,2 mS cm-1), nitrato de magnésio (CE = 0,9 mS cm-1), nitrato de amônio (CE = 1,5 mS cm-1). Quanto a temperatura da solução nutritiva, a cada 5 oC na temperatura, há aumento da CE em torno de 11%. Dessa forma, uma solução com CE de 1,0 mS cm-1 a 25 oC apresenta, aproximadamente, CE de 1,11 mS cm-1. Assim, a CE estimada pelas equações deve ser corrigida pelo valor da CE medida por meio de condutivímetro. Tomando-se como exemplo a concentração dos nutrientes em mmol L-1 dos dados da Tabela 17, a soma das concentrações dos macro e micronutrientes em mmol L-1 é de 23,944, se multiplicar este valor pelo fator 0,0698, ou se dividir pelo fator 14,33, a CE estimada da solução nutritiva será de 1,67 mS cm-1. Se utilizar a equação com base na soma das concentrações dos macro e micronutrientes em mg L-1 de 662,47 e dividir pelo fator 665, a CE estimada da solução nutritiva será de 1,01 mS cm-1. Para confirmar o valor correto da CE estimada pelas equações, deve-se utilizar o condutivímetro.
Compartilhar