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Bens incomunicáveis no regime comunhão universal

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Bens incomunicáveis no regime comunhão universal
Antes de começarmos é importante entender o que são esses bens incomunicáveis. Os bens incomunicáveis são aqueles que não serão compartilhados entre os cônjuges, são aqueles que pertencem a um cônjuge e que no casamento com regime comunhão universal de bens são excluídos, dessa forma, mantendo-se no domínio de um cônjuge. 
É importante salientar que o regime comunhão universal deverá proceder-se por pacto antenupcial, pois “ Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial”
Pacto antenupcial: deve ser solene, através de escritura pública, na qual declaram os cônjuges o regime que adotam, e as condições ou adendos que resolvem acrescentar. 
Os bens incomunicáveis estão descritos no art. 1688 do CC/02, quais sejam:
-I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
Exemplo: Se uma pessoa casada pelo regime de comunhão universal recebe uma herança ou uma doação, e a pessoa que o beneficiou não quer que o cônjuge do beneficiado tenho direitos sobre o bem, o ato (doação ou herança) é realizado com cláusula de incomunicabilidade.
Essa cláusula de incomunicabilidade, que deve constar de maneira expressa no ato de doação ou testamento, nada mais é do que a declaração de vontade do dono do bem, de transmiti-lo a determinada pessoa, sem que o cônjuge desta seja beneficiado também. Assim, o bem não integrará o patrimônio comum do casal.
Também não integrará o patrimônio comum, por exemplo, o bem adquirido com o valor da venda do bem que foi herdado (sub-rogação).
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
O fideicomisso é uma atribuição, pelo testador (aquele que faz um testamento), da propriedade de um bem a um herdeiro (ou legatário) seu, com a obrigação de que esse herdeiro, por sua morte ou sob determinada condição, transmita-o a outra pessoa por ele indicada.
Exemplo: “Joao” (fideicomitente) deixa por testamento um imóvel para o herdeiro “Maria” (fiduciário), que, por sua vez, fica obrigado a transferir, sob alguma condição, o bem para o herdeiro “Carla” (fideicomissário).
Assim, o imóvel será de “Maria” apenas por um período de tempo, já que ele estará obrigado a transferir o bem para “Carla” quando acontecer a condição prevista no testamento de “Joao”, e, por isso, esse imóvel não integrará o patrimônio comum de “Maria” e de seu cônjuge.
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
As dívidas existentes antes do casamento, se foram adquiridas para custear as despesas relacionadas à realização e celebração dele, ou se foram contraídas por conta de despesas em benefício do casal, irão se comunicar, sendo ambos os cônjuges responsáveis por elas.
Exemplo: A noiva contrai uma dívida com os fornecedores de bebida da festa de seu casamento. Depois do casamento, se a dívida persistir, o marido também será devedor, já que o débito foi contraído para realizar a festa, em benefício do casal. Da mesma forma, as dívidas contraídas para pagar a viagem da lua de mel, ou a mobília adquirida para a residência do casal.
No entanto, sendo a dívida relativa a somente um dos cônjuges, e sendo ela anterior ao casamento, não integrará o patrimônio comum, permanecendo de responsabilidade individual daquele que a assumiu.
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
Exemplo: “A” quer doar para sua noiva “B” um imóvel, com cláusula de incomunicabilidade, ou seja, ele deseja que o bem pertença somente a ela, continuando como bem particular mesmo depois do casamento.
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes
Exemplo 1: Quando o bem sobre o qual se discute a partilha for, por exemplo, livro para advogado, ferramenta para mecânico, instrumento musical para músico ou, ainda, objetos pessoais como documentos, roupas, sapatos, celulares e semelhantes.
Se forem de uso pessoal, livros ou bens relacionados ao exercício da profissão, eles serão somente do cônjuge que os adquiriu e que precisa utilizá-los em seu cotidiano. Se não forem bens de uso pessoal ou profissional, eles integrarão o patrimônio comum do casal.
Exemplo 2: Em relação aos proventos do trabalho pessoal de cada um dos cônjuges, tem-se que o salário não se comunica, mas os bens adquiridos com ele serão comuns.
Exemplo 3: as pensões (valor pago por determinação legal, judicial, visando manter a subsistência de uma pessoa), meios-soldos (valor pago à militares reformados), montepios (pensão paga a herdeiros de funcionários públicos falecidos) e outras rendas semelhantes não integrarão o patrimônio comum do casal, ainda que casados em comunhão universal de bens.
Assim, é possível perceber que, mesmo no regime da comunhão universal, existem alguns bens que, por determinação da lei, não farão parte do patrimônio total do casal.
CC/02 - Art. 1.669. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo antecedente não se estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
Os frutos são bens jurídicos cujo a existência depende da existência de outros bens. Caracterizam-se por ter autonomia material, isto é, diferentemente das benfeitorias, podem ser retirados do bem principal sem a destruição deste.
Os frutos podem ser, por sua natureza, naturais ou civis. Os naturais, como o próprio nome diz, são aqueles proveitos vindo da natureza, por exemplo, frutas de uma arvore. Já os civis, decorrem das normas jurídicas, como por exemplo, juros e alugueis.
Todas as espécies de frutos são pertencentes ao rol de bens comunicáveis, independente se o bem principal é um bem incomunicável, no regime comunhão universal.
Explicação jurisprudência: Mesmo os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge ser um bem incomunicável, a indenização trabalhista é considerada um fruto, portanto é partilhável.

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