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MATERIAL DE APOIO DE DIREITO ADMINISTRATIVO II PODERES ADMINISTRATIVOS Conceito: instrumentos para que o administrador possa exercer a função administrativa; meios para que o administrador possa gerir os interesses da coletividade. O poder administrativo é instrumental. Irrenunciáveis: não se renuncia a consecução da finalidade pública. São deveres-poderes, por isso não é faculdade do administrador renunciar a finalidade. Tipos de poder (algumas doutrinas apontam somente os tópicos 3, 5 e 6) 3.1) Vinculado/regrado: poder para prática de atos vinculados[footnoteRef:0]. [0: Aquele em que o administrador tem pouca margem em aferir conveniência ou oportunidade (fazer juízo de valor)] 3.2) Discricionário: poder para prática de atos discricionários. 3.3) Hierárquico: relacionado a relação de subordinação existente na administração pública. - Dar ordem; fiscalizar; controlar; rever decisão do subordinado; delegar; avocar. Art. 13 da Lei 9784/99. 3.4) Disciplinar: poder de punir internamente os agentes públicos. Alguns autores afirmam estar o hierárquico e o disciplinar juntos. Punir pessoas sujeitas a disciplina administrativa. Pessoas fora da administração, contudo, mantém relação jurídica concreta. 3.5) Regulamentar: é o poder do chefe do executivo de expedir decretos (não inovam na ordem jurídica) visando detalhar uma lei para o seu fiel cumprimento. Artigo 84 IV da CF. 3.6) de Polícia: alguns autores chamam de limitação administrativa, pois o termo “de polícia” remete a estado de polícia (autoridade) Poder da administração pública de restringir, limitar, condicionar o uso de bens ou o exercício de direitos, liberdade ou propriedade visando a satisfação do interesse da coletividade. Cabe destacar que embora haja restrição não há supressão. O poder de polícia é exercido pela administração, entretanto, algumas matérias tem competência territorial. Sacrifica-se o mínimo para preservar o máximo; princípio da supremacia do interesse público. Podem aparecer como atos individuais e como atos gerais; é preventivo. Aparecem sob a forma de consentimentos ou determinação. Exemplos: determinação- demandar o licenciamento Consentimento- deferir o licenciamento; autorizar. - Características Discricionariedade: é a administração que escolhe como e quando ocorrerão as restrições. O ato exercido é vinculado. Coercibilidade: o poder de polícia é imposto, caráter imperativo, o particular se submete a ele independentemente de sua vontade. Autoexecutoriedade: a administração em regra não se depende do poder judiciário. Abstenção: “não fazer”; proibições; obrigação de não fazer (negativas) Indelegável: particular não exerce poder de polícia; nem a concessionária de serviços públicos. ATOS ADMINISTRATIVOS Conceito: declaração unilateral de vontade do Estado ou de quem faz as vezes do Estado (exemplo concessionária) no exercício de prerrogativas públicas. ** O ato administrativo é infra-legal, pois não inova na ordem jurídica e é sujeito ao controle externo do Poder Judiciário. Exemplo de ato administrativo: prisão em flagrante feita por um particular. # ato administrativo e ato da administração Ato administrativo é em sentido amplo; já o atos da administração está em sentido estrito, praticado por quem realiza a função administrativa de forma típica. (executivo) Atos administrativos que não são atos da administração -Atos praticados pelo legislativo e judiciário no exercício da função atípica de administrar. Exemplo: concessão de férias a um oficial de justiça. -Atos regidos pelo direito privado, exemplo: locação (falta o interesse público) -Atos materiais: ato de concretização do direito; não há manifestação de vontade, por isso não é ato administrativo. - Atos políticos ou de governo: praticados pelo chefe do executivo em obediência direta a CF. Exemplo: indulto. Perfeição, validade, eficácia - Ato perfeito: completou o ciclo de formação. - Ato imperfeito: ainda não completou seu ciclo de formação. - Ato válido: ato de acordo com a lei. - Ato inválido: está em desacordo com a lei. - Ato eficaz: aquele que pode produzir efeitos. - Ato ineficaz: não pode produzir efeitos. Termo (eficácia só começa no dia do ato) Condição * elementos acidentais Encargo Elementos/ requisitos - Competência - Finalidade (FOFICOM) - Forma - Objeto - Motivo Controle - Mérito Administrativo - Legalidade Atributos - Presunção de legitimidade - Autoexecutoriedade - Imperatividade Elementos/ requisitos Condições de existência dos atos administrativos. Competência/ sujeito Diz respeito a quem pratica o ato administrativo. Helly fala em competência; Di Pietro em sujeito. - Competência: qualidade do sujeito que pratica o ato. - Sujeito: para o ato existir, deve ser praticado por alguém. ** Para o ato existir validamente, o sujeito deve ser competente e capaz (capacidade civil) ** Vício do ato administrativo É chamado de excesso de poder ( além do poder- ou não havia poder para o ato). Finalidade É o objetivo pretendido com a prática do ato. Não se confunde com objeto. Exemplo: multa lavrada por fiscal na cozinha de um restaurante- a finalidade desse ato é proteger a saúde pública. ** Todo ato administrativo protege o interesse público. - Para o ato existir validamente o agente deve perseguir integralmente o bem assegurado pela lei. - O vício do ato administrativo nesse elemento é chamado de desvio de finalidade. 3) Forma É a exteriorização (a maneira como esse ato vem ao mundo) Questão: - Todo ato administrativo deve ser escrito? Não! Todo ato administrativo para existir precisa de uma forma, mas nem toda forma é escrita. Exemplo: prisão em flagrante. Motivo É o fato que autoriza ou determina a prática do ato. No exemplo da multa no restaurante, tem-se: Competência: agente sanitário Finalidade: proteção da saúde pública Forma: escrita Motivo: má higienização da cozinha Questão - Qual a relevância das expressões “autoriza” e “determina”? Autoriza: relação com ato discricionário (pedido que está subordinado a autorização) Determina: relação com o ato vinculado (dever de multar diante de má higienização no restaurante, por exemplo) - Teoria dos motivos determinantes Os motivos invocados pelo agente para a prática do ato vinculam a validade dos atos, ainda quando a motivação não seja necessária, de tal sorte que, se os motivos forem inexistentes ou diferentes da realidade, o ato será inválido. Obs: vinculam- condicionam Via de regra, os atos administrativos devem ser motivados, mas alguns não necessitam de motivação para sua natureza. Exemplo: cargos de confiança. No entanto, o ato precisa condizer com a realidade. Objeto É o efeito jurídico concreto do ato- aquilo que o ato enuncia, declara, dispõe, transforma, modifica (conteúdo material do ato). Exemplo: licença para construir. - Outros exemplos de objeto * Objeto da licença maternidade: afastamento temporário das funções; * Objeto da multa de trânsito: multas e pontos na CNH. Para o ato existir, o objeto deve ser: - Lícito; - Moral; - Possível; - Determinável O ato discricionário é aquele onde o administrador tem mais liberdade, já nos vinculado não se tem liberdade, a atuação se vincula a lei. Objeto é o efeito jurídico do ato. O motivo e o objeto constituem o mérito administrativo. O único interesse no ato administrativo deverá ser o interesse público. Ato vinculado Ato discricionário Competência Vinculado Vinculado Finalidade Vinculado Vinculado Forma Vinculado Vinculado Motivo Vinculado Discricionário Objeto Vinculado Discricionário Não há ato puramente discricionário, tampouco somente vinculado, pois no ato vinculado a liberdade do administrador não sumiu, só foi reduzida. CONTROLE DO ATO ADMINISTRATIVO Legalidade: a Administração Pública pode avaliar se o ato está de acordo com a lei (autotutela; controle interno); o judiciário pode fazer o controle interno. Cabeanulação. Mérito administrativo: adequação do ato com o interesse público; somente faz o controle a Administração Pública que praticou o ato. Cabe revogação do ato inconveniente e inoportuno. O judiciário não faz controle externo de mérito; pode haver revogação no caso de controle interno. ** Atributos do ato administrativo Presunção de legitimidade: presume-se que o ato da administração está dentro dos conformes. Presunção de legalidade. Imperatividade: (poder extroverso) ; poder da administração de constituir particular numa obrigação unilateralmente (contra sua vontade) Autoexecutoriedade: possibilidade da administração realizar o comando contido no ato sem prévio consentimento do judiciário. O que define a autoexecutoriedade do ato é a lei. Exemplo: multa e recolhimento de tributos não tem o caráter de autoexecutoriedade. Multas dos contratos tem autoexecutoriedade. Tipicidade (?) Di Pietro traz esse atributo, no sentido de que o ato administrativo deve corresponder a uma figura prevista em lei. ** Invalidação dos atos administrativos Atos inexistentes: a ilegalidade é tão grande que não pode se considera-lo como existente. Exemplo: delegado determinar a subordinado que torture um preso. Atos irregulares: ato em desconformidade pequena com a lei. Exemplo: assinatura em canto contrário ao determinado. Ato nulo = não convalidado: não admite convalidação porque a regularidade é maior, não poderá ser restaurada a legalidade do ato. Ato anulável = convalidado: admite convalidação porque a legalidade poderá ser restaurada. ** Meios para sanar os vícios Para auferir se é possível a convalidação. Vício na finalidade ou motivo: o ato é nulo. Vício na competência/sujeito: dependerá do tipo de vício para apreciar se será nulo ou anulável. Em regra, admite convalidação (ratificação) sendo, portanto, anulável no caso de incompetência em relação ao sujeito. Vício na forma: em regra admite convalidação, desde que a forma não seja essencial ao ato. Vício no objeto: não haverá convalidação, e sim conversão. A conversão é a substituição de um ato inválido por outro (válido) para aproveitar os efeitos do ato substituído. ** Extinção do ato Renúncia: o beneficiário do ato abriu mão da vantagem que foi concedida pelo ato. Cumprimento dos efeitos: há produção completa dos efeitos jurídicos para as quais ele se dirigiu. Desapropriação do objeto: objeto aqui não se trata de elemento do ato, e sim de coisa pela qual recai o ato. Desaparecimento do sujeito: sujeito a que se refere ao destinatário do ato, que se beneficia do ato. Contraposição ou derrubada: extinção de um ato pela prática de ato incompatível com o primeiro. Cassação: extinção do ato porque o particular descumpriu suas obrigações. Caducidade: uma nova lei não mais permite a prática do ato. Anulação: extinção do ato administrativo por ser este ilegal; gera efeitos ex tunc , não é possível a convalidação; prazo prescricional de 05 anos. Revogação: atos inconvenientes ou inoportunos. LICITAÇÃO A licitação busca obter a melhor proposta. Segundo Hely Lopes Meirelles “é o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse.” Finalidade - Para o administrador: Selecionar a melhor proposta; Garantir a isonomia (já que não se avalia o sujeito que faz a proposta) Promove o desenvolvimento nacional sustentável Para o administrado: permitir a participação nos negócios do Estado. Princípios Gerais: LIMPE Legalidade: fazer a licitação na modalidade prescrita em lei, inclusive a substituição só se dá por permissão da lei. Inclusive sua dispensa/inexigibilidade somente se dá quando autorizada pela lei. Impessoalidade: essência da licitação, contratar aquele que faz a melhor proposta, através de um julgamento objetivo que evita favorecimentos e outros subjetivismos. Moralidade: desdobramento da impessoalidade administrativa. Publicidade: a licitação é participativa por seu pública; quanto mais pessoas participam mais será avaliada a proposta melhor. Eficiência: obter a melhor proposta com menor dispêndio de recursos públicos possível. Específicos Vinculação ao instrumento convocatório: vincula tanto o administrador, quanto os que participam da licitação. Exemplos de instrumento: edital, carta convite. Quanto ao edital quando reaberto haverá prazo para impugnação de entrega de documentos, no entanto, qualquer mudança no edital não gera prejuízos para as ofertas graças ao julgamento objeto que é desdobramento do princípio da impessoalidade. Adjudicação Compulsória: a administração tem o dever de atribuir o objeto da licitação ao licitante vencedor. Não quer dizer que o licitante tenha o direito de ser contratado, muito menos imediatamente. O licitante vencedor não tem direito subjetivo sobre o contrato, não poderá ser preterido. “Não se satisfaz o interesse da coletividade com o interesse da legalidade.” Competência (Lei 8666/93) União: legislar sobre normas gerais. Estados e municípios: normas específicas, como por exemplo, disciplinar comissão de licitação. Contudo, é vedado ampliar os casos de dispensa e inexigibilidade. - Quem deve licitar? Todo ente da administração deve licitar nos termos da Lei 13.303/16. - Exceções ao dever de licitar INEXIGIBILIDADE E DISPENSA Semelhanças: Não se deve licitar; contrato direto sem licitação; devem ser motivadas; responsabilidade solidária em caso de superfaturamento (prestadora de serviços + agentes) Diferenças: INEXIGIBILIDADE DISPENSA Artigo 25 Artigo 24 Rol exemplificativo (3) Rol Taxativo (35) Inviável/ materialmente impossível Inconveniente/ inoportuno “ nem se eu quisesse conseguiria fazer” “Posso, mas não devo” - Inexigibilidade I) Fornecedor exclusivo, vedada a preferência por marca A contratação é direta porque somente uma pessoa fornece o produto ou serviço. Não pode haver preferência por marca, já que cria fornecedor exclusivo. Em algumas situações, como por exemplo, padronização de frotas pode haver preferência por marca. II) Atividade artística: singularidade do objeto. III) Serviços técnicos especializados com notória especialização do prestador, vedada a publicidade Serviço técnico: atividade que exige capacitação do prestador. Especializado: especialização do prestador; é o que identifica o prestador do serviço técnico especializado. - Dispensa- Lei 13.204/15 35 casos Principais: Critério de valor: obras e engenharia: até 15.000,00. Compra e serviços: até 8.000,00. Situações excepcionais: - Guerra - Grave perturbação da ordem - Emergência - Licitação frustrada: ninguém é habilitado ou classificado. MODALIDADES TIPO Concorrência Menor preço Tomada de preços Melhor técnica Convite Técnica e preço Concurso Maior lance ou oferta Leilão Pregão Concorrência: cabe todos os tipos. Tomada de preços e convite: não cabe maior lance ou oferta. Leilão: só um tipo; maior lance ou oferta. Pregão: menor preço; só um tipo. CONCORRÊNCIA Contratação de grande porte; Qualquer que seja o valor se for: - Concessão de serviços públicos (Lei 8987/95) - PPP (Lei 11.079/04) - Concessão de direito real de uso (artigo 23, §3º) - Aquisição/ alienação imóvel (exceto oriundo de procedimento judicial- dação em pagamento) Para a venda de bens imóveis a regra é que o administrador deve fazer concorrência, contudo se os imóveis foram para o patrimônio público por dação em pagamento ou procedimento judicial é feito excepcionalmente o leilão. No caso de bens móveis como regra usa-se o leilão, entretanto, em valor acima de R$ 650.000,00 excepcionalmente é feito o leilão. TOMADA DE PREÇOS - Contratações de médio porte Obras e engenharias: de 150.000,01 até 1.500.000,00. Compras e serviços: de 80.000,01 até 650.000,00. Interessados previamente cadastrados ou que atendam exigências até 3 dias antes da abertura das propostas. Registro Cadastral- banco de dados (artigos 34/37) Fase Avaliação deSaem Habilitação Documentos Habilitados/qualificados Inabilitados/ desqualificados Julgamento Propostas Classificados/ desclassificados A tomada de preços permite que o licitante substitua todos os documentos pelo C.R.C que é um documento de habilitação prévia. CONVITE - Contratações de pequeno porte; Obras e engenharia: de 15.000,01 até 150.000,00. Compras e serviços: de 8.000,01 até 80.000,00. O edital é substituído pela carta convite; convida-se três cadastros ou não de forma alternada. A administração pode convidar quem quiser, mínimo de três convidados. CONCURSO - Escolha de trabalho artístico, científico. Não se deve confundir com concurso de provas Exemplo: desenhos, esculturas, “show de calouros” - Comissão especial; - Qualquer interessado; - Pagamento do prêmio - Não obriga a administração PREGÃO - Modalidade facultativa; A lei não menciona quando deve fazer pregão, diferente das outras que a lei obriga e estabelece limites. Carvalho Filho põe em dúvida a facultatividade, já que o regime jurídico administrativo é um conjunto de princípios, e, portanto, trazendo o da indisponibilidade ainda que a lei não obrigue deverá ser escolhido por ser o melhor e mais eficiente. - Bens e serviços comuns; Feito para contratação de bens e serviços comuns. - Tipo: menor preço; - Qualquer valor; Se encaixar no bem ou serviço comum não limita o valor.
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