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Gabriela Vieira ASPECTOS DE NORMALIDADE • Intestino delgado: organização estrutural - 4 camadas dependendo da região - Duodeno: local onde são liberadas as enzimas que neutralizam o quimo ácido. - Na mucosa as células de paneth liberam lisenzimas antimicrobianas. - Células caliciformes que produziram muco. - Na camada da mucosa intestinal tem as criptas, microvilosidade (não tem motilidade) e as pregas circulares (projeções da mucosa); Elas vão garantir a capacidade de absorção do intestino. - As pregas circulares são importantes pois diminuem a velocidade do quimo no intestino. - Obs: na fibrose cística há o tamponamento da secreção ou das enzimas liberadas no duodeno. • Regiões do intestino delgado. - O primeiro é o duodeno, sendo possível ver glândulas de brunner, onde é feita e liberada a secreção de bicarbonato para a alcalinização. - Jejuno - Íleo – menos vilosidades, mais tecido linfoide na mucosa. - Criptas compostas de células caliciformes, células tronco e células enteroendócrinas. FASES DA ABSORCAO • Fase 1- Depende atividade enzimática: lipase, pepsina, amilase (Digestão intraluminal); • Fase 2- Fragmentação de moléculas em monômeros à digestão terminal que ocorre no glicocalice. Ex: quanto tem intolerância a lactose, não tem FISIOPATO 2 Gabriela Vieira absorção, se acumula uma grande quantidade de liquido, acarretando uma diarreia. (Digestão terminal) • Fase 3- Transporte transepitelial • Fase 4- Transporte através da circulação. (Transporte linfático) • Criação de um gradiente osmótico que facilita o transporte de água. Podendo causar a diarreia se houver o excesso de água. DIARREIA • Sintoma que ocorre em diversas condições. • Aumento da massa fecal acima de 200 g/dia, aumento da frequência evacuatória e/ou fluidez do material fecal. • Disenteria: Presença de dor e de produtos patológicos (sangue, muco, pus) – agentes infecciosos Shigella sp. E Entamoeba histolytica. - A disenteria geralmente é associada a um processo infeccioso. § Classificação clínica: - Aguda: <2 semanas, geralmente associada a infecção. Mais frequente em infecções virais, bacterianas, parasitoses, enterocolite, intoxicação alimentar, intolerância alimentar e até ao uso de alguns antibióticos. - Persistente: 2-4 semanas, etiologia variável. - Crônica: >4 semanas, etiologia variável. Costuma ocorrer uma esteatorreia -> excesso de gordura nas fezes, volumas, na cor branca. § Parâmetros clínicos em paciente com queixa de diarreia: - Duração - Frequência de evacuação por dia - Volume evacuado - Consistência das fezes - Presença de muco - Presença de outros sintomas (febre, náuseas, vômito) - Familiares com mesmos sintomas. -> Algumas doenças te fator hereditário em caso por exemplo de diarreia crônica. § Classificação fisiopatológica: • Osmótica: decorrente de forças osmóticas excessivas exercidas pelos solutos não absorvidos. Diminui com o jejum ou interrupção da ingestão da substância agressora. Acumulo no lúmen intestinal, retendo água (liquido) levando a diarreia. Ex: intolerância a lactose, uso de laxante. • Secretora: decorrente do aumenta da secreção de eletrólitos (Cl-, HCO3-) e fluídos ou inibição da absorção de Na+ e transportadores na superfície Gabriela Vieira luminal. Independe de jejum. Comum nas infecções por vírus, toxinas vão interferir na secreção de eletrólitos levando então a diarreia. Acúmulo de sódio absorvido, favorece o deslocamento de água, já o sódio acumulado no lúmen, retém água. • Má absorção: Falha generalizada na absorção de nutrientes, está associada a esteatorreia e é aliviada no jejum. • Exsudativa: associada a processos inflamatórios, caracterizada por fezes purulentas e sanguinolentas. Persiste com o jejum. (E. coli enterohemorrágica). Mais frequente em processos inflamatórios, ou doenças intestinais. Ex: doença de Crohn, retocolite ulcerativa. • Motora: hipermotilidade intestinal. Persiste com o jejum (ressecção intestinal). Faz com quem o quimo não tenha contato suficiente com a mucosa. Ex: alguns tumores endócrinos causam essa hipermotilidade. • Obs: a secretora pode levar a causar a osmótica. o Diarréia disabsortiva: causada pela absorção inadequada de nutrientes está associada a esteatorreia e é aliviada com o jejum. SINDROME DA MA ABSORCAO • Doenças múltiplas que cursam com quadros diarreicos, caracterizada pela absorção defeituosa de um, ou mais comumente, diversos componentes da dieta. • Esteatorreia: caracterizada pela gordura excessiva nas fezes e por evacuação volumas, espumante e de cor amarela ou de barro. • Defeitos: - Digestão intraluminal: emulsificação e digestão enzimática inicial. - Digestão terminal: hidrólise terminal na borda em escova - Transporte transepitelial por enterócitos. - Transporte linfático. § Apresentação clínica: - Variável - Perda de peso - Desnutrição - Deficiência de vitamina B12 - Anemia - Abdome distendido- não apenas pelos gases em excesso. - Alteração na pigmentação da pele por causa deficiência da vitamina K - Má absorção de ferro. § Principais doenças associadas: • Doença celíaca • Enteropatia ambiental Gabriela Vieira • Deficiência de lactase (intolerância) • Colite microscópica • Doença do enxerto versus hospedeiro • Fibrose Cistica • Doenças genéticas raras (abetalipoproteinemia) • Doença intestinal inflamatória • Enterites infecciosas. DOENCA CELIACA • Enteropatica crônica imunomediada que se desenvolve em resposta a ingestão de glúten em indivíduos geneticamente susceptíveis. • Prevalência: 0.2%-3% -bastante variável • Glúten: rico em prolaminas; gliadinas (trigo) • Acontece em individuo geneticamente pré-disposto. • >90% pacientes apresentam os alelos HLA-DQ2 e HLA-DQ8. -> Quem tem esses alelos, tem muita chance de ter a doença celíaca. Esses alelos estão associados ao complexo de MHC classe II. • Se desenvolve por causa de uma resposta inflamatória ao glúten. • Sintomas: variáveis e dependentes do tempo e dano á mucosa intestinal. à Criança: 6-24 meses Sinais e sintomas: irritabilidade, distensão abdominal, anorexia, déficit de crescimento, diarreia, baixo peso e anemia. • Em criança é menos ficil de descobrer a Doença celíaca após a mudança da dieta associada ao déficit de crescimento. • Em adultos é mais difícil por não terem sintomas específicos, dando para descobrir também em exames sorológico. à Adulto: 30-60 anos • Sintomatica: Geral: diarreia, fadiga, flatulência, perda de peso, dor abdominal Casos severos: caquexia, osteoporose, hipoalbuminemia, distúrbios metabólicos. Há dano na mucosa intestinal: Os danos ocorrem nos vilos; há a atrofia da mucosa ou alteração discreta dos vilos. • Silenciosa: Sintomas leves ou ausentes, alterações sorológicas presentes. Associada geralmente a outros distúrbio s autoimunes. Há dano na mucosa intestinal: Os danos ocorrem nos vilos; há a atrofia da mucosa ou alteração discreta dos vilos. • Latente: ausência de sintomas, sorologia positiva. Elevada concentração de anti-EMA preditivo de progressão. Não há dano na mucosa intestinal. Como se desenvolve a doença celíaca: • Acontece de duas maneiras simultaneamente: Gabriela Vieira A primeira: 1- Formação de gliadina (digestão parcial do glúten na borda em escova) 2- Enterócitos produzem e liberam IL-15. APC também podem liberar IL-15. Esse IL-15 é uma citocina inflamatória importante que ativa os linfócitos TCD8. 3- Proliferação e ativação de linfócitos TCD8, os quais migram para o epitélio. 4- Expressão de receptores ativadores de células NK (NKG2D e CD94) pelos linfócitos T CD8. 5- Expressão de moléculas de estresse (MICA e HLA-E) pelas células epiteliais. 6- Morte dosenterócitos. 7- Remodelação da mucosa: desaparecimentos dos vilos. A segunda: 1- Formação de gliadina (digestão parcial do glúten na borda em escova) 2- Aumento da permeabilidade epitelial: transporte paracelular de gliadina e/ou transcelular. 3- Na lâmina própria, gliadina sofre ação da TGt (peptídeos mais imunogênicos). 4- Alta afinidade por HLA-DQ2 e HLA-DQ8. 5- Ativação e proliferação de linfócitos TCD4. 6- Síntese e liberação de citocinas de perfil Th1: hiperplasia de criptas (por conta do estimulo inflamatório) 7- Ativação de linfócitos B (TGt e gliadina específicos): diferenciação em plasmócitos. 8- Produção de anticorpos anti-transglutaminase e anti-gliadina. Obs: A gliadina expressa a célula epitelial, a deixando permeável e passa por ela e chega na lâmina própria. Aspectos diagnósticos: • tTGA (IgA), EMA (IgA), AGA (IgG e IgA) • Biópsia Achados endoscópicos: Na fileira de cima é a mucosa normal e na de baixo a mucosa de uma pessoa que tem a doença celíaca. • Atrofiaa • Perda/diminuição da mucosa que leva a perda das pregas circulares • Áreas sem vilos, alguns com maiores ou menores. Gabriela Vieira • Mucosa achatada, sem as vilosidades. • Mais ao meio onde tem três locais circulados da para ver a hiperplasia das criptas por causa dos infiltrados inflamatórios dos plasmócitos. • Vilosidades mais curtas • Infiltrados inflamatórios • Os locais com maior pigmentação (mais escuro) mostra a presença de linfócitos dentro das células. Evolução clínica e potenciais complicações: • Doença refratária á retirada de glúten da dieta. Mesmo retirando o glúten, eles não respondem. Pode evoluir ate para um linfoma de células T ou carcinoma. • Lesões ulcerativas no intestino delgado. • Desenvolvimento de linfoma de células T e adenocarcinoma. ENTEROPATIA AMBIENTAL • Diferente da doença celíaca, não tem anticorpo, não responde a dieta restrita a glúten. • Desordem adquirida de provável etiologia infecciosa. • Diarreia crônica • > prevalência: países em desenvolvimento de regiões tropicais (Ásia, Guatelama, Paquistao e Índia) • Apresentação clínica: - Diarreia (início agudo), esteatorréia, perda de peso, desnutrição, distensão abdominal e anemia megaloblástica. - Klebsiella pneumoniaes, E. coli, Enterobacter e outros. • Tratamento: uso de antibióticos, suplementação de vitamina B12 e folato. Gabriela Vieira • Infiltrado inflamatório grande. • Tem as vilosidades. DEFICIENCIA DE LACTASE • Deficiência na atividade da enzima lactase na borda em escova. • Diminuição na expressão do gene LCT após a infância. • Intolerância a lactose: ocorrência de sintomas como dor abdominal, flatulência, inchaço e diarreia em paciente com má absorção após ingestão de lactose. • Prevalência: 68% população apresenta má absorção de lactose. TIPOS: • Deficiência congênita de lactose: Rara, mutação autossômica recessiva no gene LCT. - Diarreia explosiva, fezes aquosas e espumantes, distensão abdominal com ingestão de leite. • Deficiência adquirida de lactose: Mais comum, diminuição ou ausência da expressão do gene LCT. - Distensão abdominal, diarreia e flatulência disparada após a ingestão de leites e derivados. COLITE MICROSCOPICA • Está dentro de síndrome inflamatória intestinal e não de má absorção, mas está associada a doença celíaca. • Condição idiopática que se manifesta com diarreia crônica (aquosa e sanguinolenta) e sem perda de peso. • Mulheres de meia idade. • Colite colagenosa. • Colite linfocítica: frequente associação com doença celíaca e doenças autoimunes. • Diagnóstico: clínica + biópsia de cólon. • Tratamento: sintomático. COLITE MICROSCOPICA COLAGENOSA Colágeno no circulo: COLITE MICROSCÓPICA LINFOCÍTICA: DOENCA DO ENXERTO x HOSPEDEIRO • Complicação pós-transplante em que células T do tecido doado reconhecem imunologicamente os tecidos do receptor. • Ocorre em pacientes submetidos a transplante alogênico de medula óssea e órgãos sólidos. Gabriela Vieira • GVDH aguda à dias ou semanas pós-transplante. Afeta pele (exantema), fígado (icterícia) e intestino (diarreia aquosa) • GVHD crônica à após síndrome aguda ou insidiosa. Mimetiza outras doenças autoimunes. • Manifestações em múltiplos sistemas: pele, TGI, etc. • Manifestação clínica intestinal: diarreia aquosa (pode se tornar sanguinolenta em casos graves). • Tratamento: drogas imunossupressoras. FIBROSE CISTICA • Doença autossômica recessiva em que ocorre distúrbio do transporte epitelial que afeta a secreção de líquido nas glândulas exócrinas e o revestimento epitelial dos tratos respiratório, digestório e reprodutor. • Patogênese: disfunção de uma proteína do canal de cloreto epitelial codificada pelo gene CFTR. • Correlação com diarreia crônica e má absorção: defeitos na secreção ductal pancreática e intestinal de cloreto interfere na secreção de bicarbonato, sódio e água, resultando em hidratação luminal e deficiência nutricional. è Perda de efluxo de cloreto e bicarbonato. è Favorece crescimento de bactéria, provocando dano na mucosa intestinal. REFERENCIA Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças 9ED
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