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Asfixia perinatal

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Alice Bastos 
Asfixia perinatal 
Conceito 
É caracterizada pela deficiência no suprimento de 
oxigênio tecidual; 
Ocorre geralmente no período que antecede ao parto 
ou mesmo durante o trabalho de parto; 
A diminuição da oferta de oxigênio para os tecidos 
pode ocorrer por meio de dois mecanismos 
patogênicos: 
 Hipoxemia: diminuição da quantidade de 
oxigênio circulante; 
 Isquemia: diminuição da quantidade de 
sangue que perfunde determinado tecido; 
Uma característica adicional da asfixia é a hipercapnia, 
ou seja, a presença de doses excessiva de dióxido de 
carbono no sangue; 
 Resulta de efeitos metabólicos e 
fisiopatológicos decorrentes da hipoxemia e da 
isquemia. 
Causas 
Interrupção do fluxo sanguíneo umbilical; 
 Ex.: compressão do cordão umbilical; 
Insuficiente troca de gases pela placenta; 
 Ex.: descolamento de placenta; 
Perfusão placentária inadequada do lado materno; 
 Ex.: hipotensão materna; 
Feto comprometido que não tolera o estresse do 
trabalho de parto; 
 Ex.: retardo do crescimento intrauterino; 
Falha de inflar o pulmão logo após o nascimento. 
Fisiopatologia 
Fisiologia fetal 
Durante a vida intrauterina, o feto depende da 
placenta para suas trocas gasosas e, embora seus 
tecidos apresentem baixo conteúdo de oxigênio, seu 
metabolismo normalmente não chega a ser hipóxico, 
mantendo-se aeróbio por causa de fatores como: 
 Hemoglobina fetal (tem afinidade elevada por 
oxigênio); 
 Mecanismo adaptativo de velocidade de 
perfusão nos tecidos fetais (maior do que no 
adulto) 
 Baixo consumo tecidual de oxigênio (por 
necessidade de termorregulação e esforço 
respiratório baixos). 
Trabalho de parto e nascimento 
Durante o trabalho de parto, ocorre algum grau de 
asfixia, ocasionada pela redução da perfusão 
sanguínea placentária a cada contração; 
 Como consequência, ocorre uma queda das 
trocas gasosas, ocasionando hipoxemia e 
hipercapnia transitórias; 
Os efeitos da redução da perfusão sanguínea são 
recuperáveis a cada intervalo entre as contrações, 
porém são cumulativos; 
 Quanto maior a duração do trabalho de parto, 
maiores serão a hipoxemia, a hipercapnia e a 
acidemia resultantes. 
Ao nascimento, a circulação fetal assume padrão de 
adulto, a menos que ocorra asfixia importante; 
Quando existe queda no suprimento de oxigênio 
tecidual (asfixia perinatal), mesmo que transitória e 
leve (depressão neonatal), ocorre resposta imediata e 
fisiológica para evitar o dano permanente; 
 A resposta consiste de uma alteração 
circulatória e hemodinâmica; 
O feto e o recém-nascido respondem com aumento do 
fluxo direito-esquerdo através do forame oval e 
redistribuição do fluxo sanguíneo, havendo desvio 
preferencial para a cabeça e o coração (o Tratado de 
Ped. cita também as glândulas suprarrenais), com 
redução do fluxo para os órgãos não-vitais; 
Alice Bastos 
 Para que essa alteração ocorra, há a redução 
da resistência vascular da cabeça e do coração 
e aumento da resistência vascular periférica; 
O consequente aumento da resistência vascular 
periférica eleva a pressão sanguínea na fase precoce do 
período da asfixia, e esta se manterá elevada enquanto 
o miocárdio puder suportar o débito cardíaco; 
Com a continuidade do processo, ocorre aumento da 
hipóxia e da acidose, e o miocárdio entra em falência, 
causando queda tanto no débito cardíaco quanto na 
pressão sanguínea; 
OBS.: quando o processo hipóxico-isquêmico torna-se 
muito intenso e extremamente grave, o SNC, o coração 
e as glândulas suprarrenais (além dos órgãos não-vitais 
já afetados) também são acometidos, surgindo 
manifestações clínicas decorrentes de suas disfunções; 
Verifica-se também alteração no padrão respiratório, 
que se inicia com um período de aumento da 
frequência respiratória, seguido de apneia de curta 
duração (30 segundos a 1 minuto), conhecida como 
apneia primária; 
 Há uma reversão desse quadro com a 
utilização de uma leve estimulação tátil ou a 
exposição do recém-nascido ao oxigênio, 
determinando o reinício da respiração; 
Se o processo de asfixia não for corrigido, a respiração 
continuará irregular (com movimentos assincrônicos e 
não efetivos – gasping) e cessará após 3 a 4 minutos, 
caracterizando a apneia secundária; 
 O RN não é mais responsivo ao estímulo tátil 
nem ao oxigênio e necessita da ventilação 
positiva intermitente para se recuperar; 
 Se nenhuma atitude for adotada durante esse 
período, a evolução será o óbito. 
Sequência dos fatos: (de acordo com o Pediatria 
Básica de Marcondes) 
1. Hipoxemia local; 
2. Alterações circulatória e hemodinâmica 
adaptativas; 
3. Alteração do ritmo respiratório; 
4. Piora da hipoxemia, acidose láctica e hipercapnia; 
5. Esgotamento dos mecanismos adaptativos; 
6. Disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. 
OBS. 2: de acordo com o Tratado de Pediatria, 
inicialmente ocorre a alteração do ritmo respiratório. 
Manifestações clínicas 
Sistema nervoso central: 
 Encefalopatia hipóxico-isquêmica; 
 Convulsões; 
 Edema cerebral; 
Sistema cardiovascular: 
 Queda da frequência cardíaca; 
 Edema generalizado; 
Sistema respiratório: 
 Vasoconstrição pulmonar; 
 Isquemia pulmonar; 
 Redução do surfactante alveolar; 
Sistema urinário: 
 Isquemia no túbulo proximal; 
 Necrose tubular aguda; 
Sistema digestório: 
 Isquemia das alças intestinais; 
 Enterocolite necrosante; 
Metabolismo: 
 Hipoglicemia; 
 Hipocalcemia; 
Alterações hematológicas: 
 Coagulação intravascular disseminada. 
Diagnóstico 
O critério diagnóstico da Academia Americana de 
Pediatria é um dos mais utilizados na literatura, no qual 
o termo asfixia perinatal refere-se a pacientes que 
preencham os seguintes parâmetros: 
 Acidemia metabólica ou mista com valor de pH 
de cordão umbilical inferior a 7,0; 
 Índice de Apgar entre 0 e 3 no 5° minuto de 
vida; 
 Manifestações neurológicas neonatais, tais 
como convulsões, coma ou hipotonia; 
 Disfunção de múltiplos órgãos.

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