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FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 1 ] TRANSTORNOS DE ANSIEDADE LUCAS MA GALH ÃES DE OLIVEIRA – FAG OC – 2018/2 DEFINIÇÃO ® São os transtornos mentais mais comuns na atenção primária. ® Somente 15-36% dos transtornos de ansiedade são diagnosticados na atenção primária. ® Fatores de Risco: - História pregressa ou familiar de transtorno de ansiedade - Aumento de estressores psicossociais nos eventos de vida - Ausência de rede de suporte social - Ausência de estratégias de enfrentamento - Perdas não superadas - Doença terminal - Dor aguda ou crônica ® Manifestações Físicas: - Tensão muscular - Mãos frias e tremulas - Palpitação - Hiperventilação - Boca seca - Náuseas ® Manifestações Psicológicas: - Preocupações exageradas ou irreais - Medo de adormecer (pesadelos frequentes) - Nervosismo - Tensão - Comportamentos ritualísticos ® Sociais: - Medo de estar longe de casa - Evitar multidões - Impaciência - Irritabilidade ® Diagnóstico Diferencial: - Taquicardia supraventricular, angina, IAM - Hipertireoidismo / Hiperparatireoidismo - Feocromocitoma, doença de Cushing - Disfunção Vestibular - Epilepsia - Uso de psicoestimulantes - Abstinência de drogas - DPOC, embolia pulmonar, asma - Hipoglicemia TRANSTORNOS FÓBICOS ANSIOSOS AGORAFOBIA ® Evitação ou persistente apreensão a respeito de situações das quais pode ser difícil escapar ou em que não há ajuda disponível caso se passe mal ® Muito comum em shoppings, ao esperar em filas, viagens de carro ou ônibus, restaurantes cheios ou estar só. ® Classificação: - Leve: Hesita em dirigir sozinho por longas distâncias, mas consegue ir e voltar de carro para o trabalho. Prefere se sentar no corredor nos cinemas, mas segue indo ao cinema, e que evita lugares lotados. - Moderada: Só dirige em um raio de 15km de casa e somente se estiver acompanhado, compra em horário fora de pico e evita grandes supermercados, assim como aviões ou trens. - Grave: Mobilidade muito limitada, às vezes até mesmo a ponto de não sair de casa. ® Prognóstico: - Curso crônico e flutuante – reagudização frequente diante de perdas ou separações de pessoas significativas. - Diagnóstico leva em média uma década, após peregrinação por várias clínicas. - Bom prognóstico com tratamento adequado da causa adjacente: Síndrome do Pânico. ® Complicações: - Esquiva fóbica – em 30-40% dos casos - Estados depressivos – 40-80% - Abuso e dependência do álcool e drogas - Uso inadequado de sedativo-hipnóticos ® Plano de Tratamento: - Tranquilização do paciente diante de sua condição, descartando a ocorrência de doenças graves. - Orientação psicológica prevenindo comportamentos fóbicos secundários. - Pesquisar depressão associada e risco de suicídio, além de outras complicações associadas. ® Etapas do Tratamento: - Supressão das crises – intervenção farmacológica - Correção do comportamento fóbico associado – TCC - Casos leves – psicoterapia - TCC + FARMACO = Clinical Improvement BENZODIAZEPÍNICOS → Fase aguda e inicio do tratamento. → Risco de dependência, o prejuízo cognitivo e a sedação excessiva limitam o uso a longo prazo. → Deve ser feito desmame ALPRAZOLAM 0.25 3x/dia (máx. 4- 6 mg/dia) CLONAZEPAM 0.25 2x/dia (máx. 1- 2 mg/dia) ISRS, IRSN E TRICÍCLICOS → Fase aguda e de manutenção → 6 meses a 1 ano após o diagnóstico → Doses semelhantes ao tratamento da depressão ISRS: Fluoxetina, Sertralina, Citalopram, Fluvoxamina IRSN: Venlafaxina TRICÍCLICOS: Imipramina e Clomipramina Obs.: A PAROXETINA tem ação anti-histamínica e muscarínica TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL ® Terceiro transtorno psiquiátrico mais comum ® Associado com importante comprometimento psicossocial e prejuízo funcional ® Altas taxas de comorbidade psiquiátrica, com elevada utilização dos serviços de saúde ® Início na infância ou adolescência, podendo ser leve, moderado ou grave. FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 2 ] ® Fobia Social: Elevada prevalência nas escolas. Paciente apresenta sensação de estar sendo avaliado constantemente, baixa autoestima, sensação de inferioridade, timidez excessiva, dificuldade de falar em público, dentre outras. ® Somente 4-6% dos pacientes são corretamente identificados. Há mascaramento frequente pelas comorbidades, vergonha do paciente em falar do seu problema. ® Manifestações Clínicas: Medo acentuado ou persistente de situações sociais ou de desempenho. - A exposição à situação temida provoca ansiedade - A pessoa reconhece o medo como excessivo ou irracional - As situações temidas são evitadas ou suportadas com intensa ansiedade ou sofrimento - Os sofrimentos causam significativo prejuízo no desempenho social/ocupacional ® Complicações: - Pior desempenho no trabalho, interação social reduzida e maiores problemas na adolescência - Pior qualidade de vida - Menor probabilidade de se formar e de se manter em um trabalho - Maior prejuízo associado ao uso de substâncias - Maiores limitações em suas relações afetivas ® Recomendações: - Pacientes que pareçam reticentes ou tímidos - Pacientes já em acompanhamento psiquiátrico ® Comorbidades: - Depressão, TAG, Agorafobia, Alcoolismo ® Tratamento Farmacológico: - Beta-Bloqueadores: Utilizados de forma aguda antes de situações de desempenho, com melhora dos sintomas físicos (propranolol 20-40mg ou atenolol 50-100mg, 45 min antes da apresentação). - Benzodiazepínicos: Clonazepam e alprazolam com boa resposta, mas com potencial de abuso, abstinência e recaída. Não eficaz para depressão comórbida. - ISRS: Primeira Linha. Paroxetina aprovada pela FDA com 50-75% dos pacientes respondendo a uma dose de 40mg/dia. - Buspirona 5mg, como potencializador do efeito dos ISRS. - IRSN: Venlafaxina – doses acima de 75mg. ® Tratamento Não-Farmacológico: - TCC – baseia-se na exposição, reestruturação cognitiva e treinamento de habilidades sociais - A intervenção de controle psicoeducacional / de apoio também se mostrou benéfica - Psicoterapias psicodinâmicas são indicadas para pacientes com conflitos subjacentes que se prestam à exploração por meio de insight. FOBIAS ESPECÍFICAS ® Medo persistente e irracional de um objeto, atividade ou situação específica que resulta em um desejo irresistível de evitação. ® O medo é reconhecido pelo indivíduo como excessivo ou irracional ® Ansiedade antecipatória causada pela possibilidade de confrontação com o estímulo fóbico. ® Comportamento de esquiva para minimizar a ansiedade. ® Tipos/Epidemiologia: Ambiente natural, animais, sangue, ferimento, injeção, situacional (carros, elevadores e pontes), outras (vomitar, passar mal). A prevalência na população é de cerca de 10%, sendo duas vezes mais comum em mulheres. ® Tratamento: - Os medicamentos não demonstraram eficácia para fobias específicas. - O tratamento de escolha é a exposição (ao vivo ou na imaginação). O método pode ser graduado ou não. - As técnicas de exposição podem ser utilizadas no contexto individual ou em grupos. OUTROS TRANSTORNOS ANSIOSOS TRANSTORNO DE PÂNICO ® Epidemiologia: Prevalência 1,5-3,5%. Principalmente mulheres (3:1). Parentes biológicos tem até 7 vezes mais risco do que a população geral. Inicio no fim da adolescência ou no adulto jovem. Segundo pico de incidência mais tardio, entre 35-40 anos de idade. ® O Pânico na Atenção Primária: Cerca de 8% dos pacientes atendidos em serviços de atenção primária apresentam crises de pânico. - Procura frequente do médico generalista em função dos sintomas somáticos que integram as crises. - Limitações importantes no funcionamento - Gastos com serviços assistenciais - Relevância para a saúde pública ® Síndrome de Pânico: Ataques agudos de ansiedade intensa, acompanhados por sintomassomáticos e psíquicos proeminentes. - Sintomas atingem sua máxima intensidade dentro de 10 minutos, esvanecendo-se em um período variável de minutos a duas horas. - As crises podem ser acompanhadas de taquicardia transitória e elevação moderada da pressão sistólica. ® Sintomas: - SOMÁTICOS – Palpitação, sudorese, tremores, parestesias, calafrios, ondas de calor, sensação de asfixia. - PSÍQUICOS – Medo intenso de morrer, perder o controle ou enlouquecer. Sensação de estranheza referida ao ambiente (desrealização). Sensação de estranheza em relação a si mesmo (despersonalização). FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 3 ] ® Tratamento: - Psicoterapia cognitivo-comportamental - ISRS: Paroxetina, sertralina, citalopram ou fluvoxamina no transtorno de pânico isolado - BZP: Alprazolam deve ser iniciado junto com o ISRS, seguido pela redução gradativa da utilização do benzodiazepínico. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA ® Ansiedade e preocupação excessivas na maioria dos dias por no mínimo seis meses em diversas áreas do funcionamento - Difícil controle pelo indivíduo - Pelo menos três dos seguintes sintomas: Inquietação, fatigabilidade, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono. ® Epidemiologia: Prevalência de 3-8%. Mais comum em mulheres e idosos. ® Comorbidade (50-90%): Talvez a comorbidade mais frequente. - Fobia social, fobia específica, pânico (25%). - Distimia e SPA. ® Tratamento Farmacológico: - 6-12 meses (ou vitalício) § Recaída: 1º mês sem a medicação (25%) § Decisão de prescrever um ansiolítico na primeira consulta raramente deve ser feito § Opções: BZP, ISRS, Buspirona, Venlafaxina, Tricíclicos, Anti-Histamínicos, Antagonistas beta-adrenérgicos (propranolol). TRANSTORNO MISTO ANSIOSO E DEPRESSIVO ® Sintomas mistos de ansiedade e depressão não graves o suficiente para, por si só, constituir um diagnóstico ® Tratamento: ISRS ou IRSN TRANSTORNO OBSCESSIVO-COMPULSIVO ® São obsessões ou compulsões recorrentes, suficientemente graves para causar sofrimento notável. ® Obsessão: É um pensamento, sentimento ou ideia ou sensação recorrente intrusiva ® Compulsão: É um comportamento consciente, padronizado, recorrente. Realizado na tentativa de amenizar a ansiedade obsessiva (o que nem sempre acontece). ® Epidemiologia: Prevalência (2-3% da população geral). 4º mais comum entre os transtornos psiquiátricos. Principalmente adultos jovens (2x mais acometidos que idosos), antes dos 25 anos (2/3) e 15% após os 35 anos. - Em crianças e adolescentes o predomínio é em homens (2:1) e nos adultos o predomínio é em mulheres (ligeiramente). ® Quadro Clínico: - Obsessões: Pensamentos indesejados que invadem a consciência. Ideia se intromete de maneira insistente e persistente na percepção consciente do indivíduo. Criam uma situação de resistência no indivíduo. - Compulsão: Comportamento repetitivo, estereotipado e intencional. Contramedidas em relação à ideia ou ao impulso inicial. Visa prevenir a ocorrência de um evento indesejável. ® Tipos Clínicos Mais Comuns: - Obsessão de contaminação e rituais de limpeza. Nos rituais de limpeza (50% dos casos de TOC), o predomínio é de mulheres → Lavar as mãos diversas vezes ao dia. - Dúvidas obsessivas e rituais de verificação - Obsessões apenas; Compulsões apenas ® Quadro Clínico: - Rituais de verificação (40% dos casos) - Obsessões apenas § “Será que não sou um pervertido?” § Rituais MENTAIS → Neutralização - Compulsões apenas § Ordem, colecionadores, simetria ® Comorbidades: - 67% Transtorno Depressivo Maior - 25% Fobia Social - 7% Tourette - 20-30% Tiques - Outras: Transtorno por uso de álcool, fobia específica, ansiedade generalizada... ® Tratamento: - 1. Monoterapia com ISRS ou clomipramina - 2. Aumento da dose - 3. Troca de medicamento por outro da mesma classe - 4. Associaçã ode ISRS com clomipramina - 5. Potencialização com outras drogas (antipsicóticos) - 6. Clomipramina ou citalopram EV - 7. Terapias empíricas e ECT - 8. Neurocirurgia DOSAGEM USUAL ISRS OU CLOMIPRAMINA CLOMIPRAMINA – 200mg/dia FLUOXETINA – 50mg/dia SERTRALINA – 150mg/dia PAROXETINA – 50mg/dia CITALOPRAM – 50mg/dia REAÇÃO AO ESTRESSE GRAVE E TRANSTORNOS DE ADAPTAÇÃO TRANSTORNO DE ERSTRESSE PÓS-TRAUMATICO ® Início: 1 semana a 30 anos. Sintomas flutuantes. ® Tratamento: Suporte - Encorajamento a discutir o evento - Educação sobre o problema e tratamento - Grupos de suporte - Psicoterapia ® Tratamento Farmacológico: - 1ª Linha: ISRS (Buspirinona, Imipramina e Amitriptilina) FACULDADE GOVERNADOR OZANAM COELHO – UBÁ (MG) LUCAS MAGALHÃES DE OLIVEIRA [ 4 ] TRANSTORNO DE ADAPTAÇÃO ® Transtorno de adaptação ou transtorno de ajustamento - Sintomas depressivos e ansiosos que persistem por mais de 3 meses - Resultante do impacto psicológico de um evento estressante - Diferencia-se do luto normal pela persistência e pela intensidade do prejuízo funcional e social - O principal sintoma é sério prejuízo na vida social, no desempenho acadêmico e no autocuidado. TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS E DE CONVERSÃO SÍNDROME DE CONVERSÃO ® Perda ou alteração da função motora ou sensorial ® Se parece com doença neurológica, mas exame físico e complementares não coincidem com os sintomas ® Início súbito e de fim repentino ® Perda da capacidade de andar SÍNDROME DISSOCIATIVA ® Sujeitos que perdem a noção de ter uma única consciência, sensação de não ter identidade, confusas em relação a quem são ou experimentam múltiplas personalidades ® Consciência neurológica qualitativamente alterada (estado crepuscular), consciência do eu (orientação autopsiquíca), memória (amnésia de inicio abrupto/completa e súbita remissão). ® Presente nos transtornos dissociativos, transtorno de estresse agudo e personalidade borderline.
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