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Analgésicos opioides - Qualquer fármaco que seja um analgésico possui atuação no processo doloroso. Os opioides são derivados do opio, usados desde o inicio da humanidade, entretanto, só em 1906 foi isolada a morfina do ópio. Só então houve avanço dos analgesicos opioides. - São normalmente reservados para dores de moderada a grande intensidade, enquanto que os AINES são usados em dores leves a moderadas. - Os opiodes não têm propriedade anti-inflamatoria e antipirética - Morfina é a grande representante, como se fosse o AAS para os AINES * DOR - Aguda e crônica: IAM, é uma dor aguda de grande intensidade e se inicia de uma hora para outra. Já a crônica tem tempo de duração maior que 3 meses - Periférica e visceral: Periférica seria a de tendões, musculatura, de estruturas superficiais. Visceral seria a dor profunda, originada de vísceras, IAM. * AINES, além da propriedade analgésica, também são antipireticos e anti-inflamatórios. - Morfina tem possibilidade de causar dependência, o que pode limitar seu uso. Temos uma característica na atualidade que difere o uso de opioides nos EUA e no Brasil. Nos EUA, existe uma grande preocupação com os opioides, pois lá tem-se um uso expressivo e, por isso, uma grande preocupação. Já no BR, tem-se uma subutilização, deixando de tratar as dores de grande intensidade. O problema de dependência existe, mas dificilmente um paciente que necessite do uso como analgésico se tornará dependente. Portanto, não há motivos para temer seu uso por causa de possibilidade de dependencia, pois está ligada ao fármaco, mas também ao usuário e ao contexto que ele usa. Não devemos temer seu uso por causa da possibilidade de dependência. - Outra coisa que impacta o uso: uso excessivo de opiodes em detrimento de pacientes por profissionais de saúde que trabalham em centro cirúrgicos e em UTI, os quais possuem acesso a esses medicamentos (uso abusivo por profissionais, sendo que esses medicamento estavam sendo retirados do paciente). Principais alegações: estresse excessivo e pressões de trabalho excessivas nos ambientes em que trabalham e o contato frequente com a morte, algo que não é agradável. Ligação com paciente que ficam mais tempo internados e que, ao longo do decorrer da doença, acabam morrendo. * Vias inibitórias descendentes - Se tivermos um processo lesivo, teremos condução desse estimulo dolorosos até níveis centrais e temos vias inibitórias descendentes que se originam da região periaquedutal do mesencéfalo e exercem um papel de freio no processo doloroso. Os opioides possuem um papel tanto no bloqueio do processo ascendente de dor (transmissão do estímulo doloroso) e também tem papel potencializador das vias inibitorias descendentes da dor - Participação especial da serotonina e noradrenalina: Por isso que antidepressivos que atuam na inibição da recaptação de serotonina ou de NOR atuam em processos dolorosos, pois potencializam essas vias inibitórias descendentes. - AINES tem ação periférica e analgésicos opioides tem ação mais central * Analgesia dos opioides: - Morfina é um medicamento muito importante nos processos de alivio da dor - A morfina, além do componente de dor física, ela alivia o sofrimento alterando o componente emocional envolvido na experiência dolorosa (Ex.: dor súbita do IAM). Nesse momento, ocorre descarga adrenérgica e que gera a sensação de que algo pior pode ocorrer e é nesse componente emocional onde os analgésicos opioides fortes (principalmente a morfina) atuam. Quando a pessoa passa por uma dor intensa e usa opioide forte, a pessoa responde que ainda dói, mas que está suportavel, não apenas dor e sofrimento físico, mas também da alteração emocional que a dor causa. - A condução do estímulo doloroso é bloqueada pelos opioides e também atuam no sistema límbico, deixando a pessoa mais tranquila ao sistema doloroso * Opioides endógenos: Alguns fatores desencadeiam a liberação de opioides, como o exercício físico e acupuntura. Estão distribuídos difusamente nas várias áreas do SNC e participam de um processo de analgesia natural - Encefalinas - Endorfinas - Dinorfinas * Receptores opioides Mu, Kappa, Delta --> têm importância clínica, em que o opioide se liga e desencadeia os efeitos. O efeito comum a todos esses receptores é a analgesia. - Mu1: analgesia a nível encefálico, causa miose extrema (miose puntiforme -> característica do opioide), euforia, sensação agradável de relaxamento, analgesia supramedular. Essas caracteristicas podem variar de indivíduo para indivíduo. - Mu2: bloqueio de impulsos em nível de medula, depressão respiratória (principal causa de morte por overdose, pois causa depressão de centro respiratório: torpor --> coma --> morte), redução do trânsito intestinal, em que os paciente têm frequente queixa de constipação intestinal (principal efeito adverso), pois deprime o reflexo da defecação e diminui o peristaltismo intestinal, sendo uma queixa tão frequente que se recomenda melhora nos alimentos e consumo de alimento laxativos (laranja, mamão) e até mesmo há a necessidade de se receitar anticonstipantes. - Kappa 1: disforia (oposto de euforia, uma sensação desagradável, que pode evitar a dependência), analgesia - Kappa2: efeitos desconhecidos - Kappa3: analgesia supramedular e sedação - Delta: analgesia medular e supramedular * Concentração dos receptores Mu: hipotálamo, região periaquedutal, corno dorsal da medula espinhal,... • Classificação dos opioides (utilizados para dor forte a moderada) * Opioides fracos: atuam mais intensamente que os AINES mas menos intensos que os opioides fortes (morfinas), intensidade inferior de atuação e de efeito. Associados a menor dependência que a morfina. Podem ser prescritos (prescrição extrahospitalar) com receituario branco especial, que não exige solicitação especial, qualquer medico com registro no CRM pode prescrever, em que uma das vias é retida na farmácia e outra fica com o paciente. Morfina é prescrita com receituário amarelo, que deve ser requisitado na secretaria municipal de saúde - Exs.: codeina, tramadol * Opioide fortes: atuam mais intensamente na dor e tem potencial maior de dependencia, exigindo receituário A (amarelo). Se determinado profissional de saúde faz parte do corpo clinico, ele tem acesso ao receituário pelo hospital, a necessidade do receituário A se dá em nível extra hospitalar. Ex.: morfina, metadona e fentanil. - Oxicodona (opioide forte mas com menor grau de dependência) pode ser prescrita com receituário branco especial - Morfina: atua em processos dolorosos de grande intensidade (dores viscerais, como IAM, dor do câncer, dor de queimadura, politraumatizado . Em situações de dor de grande intensidade, sem atuação dos analgésicos mais brandos). No Brasil, estatísticas mostram que a dor é subtratada, com subutilização de opioides fortes, sendo que o paciente não esta tendo sua dor forte tratada. Atua em receptores Mu, é agonista de receptores Mu, há a necessidade de receituário especial A, mas pode ser prescrito por qualquer medico do corpo hospitalar. .Pode ser usada por via peridural, via intravenosa, via oral, via intramuscular, via subcutânea. Por via oral, tem intenso metabolismo de primeira passagem, sendo que sua concentração sérica cai por conta disso, diminuindo a biodisponibilidade (apenas 25%), mas que é consertado com a dose, superando ou compensado as perdas no metabolismo de primeira passagem. Via venosa é indicada para quadro agudo de muita dor. Efeitos mais intensos por via parenteral. - Codeína: é um opioide fraco, podendo ser prescrita com receituário branco. Parte da codeina (10%) se transforma em morfina, sendo que quando é prescrita, é como se houvesse uma pequena proporção de morfina. Necessidade de metabolismo pela enzima CYP2D6 docitocromo P450 para haver conversão em morfina .Pessoas que tomam codeina e não tem efeito: efeito de polimorfismo em que ela não tem concentrações adequadas dessa enzima (CYP2D6), diminuindo a conversão de codeina a morfina ou ela ocorre em nível muito baixo, tornando-a ineficaz. O efeito analgesico da codeina é inteiramente mediado pela conversão de 10% a morfina. Como a concentração de conversão é pequena, os efeitos não são tão fortes quando os da morfina, sendo por isso considerada um opioide fraco. .Há associações fixas de codeina + paracetamol, com a finalidade de potencializar o efeito, tendo 2 fármacos analgésicos com mecanismos de ação diferentes. É opção para dores de maior intensidade. .É antitussigeno – deprime o reflexo da tosse (tosse seca, inflamatoria após a resolução da infecção, mas não para tosse de infecção, pois é importante que o patógeno seja expelido) - Tramadol: opioide fraco, com fraca atuação em receptores Mu, mas inibe a recaptação de NOR e 5-HT. As vias de inibição descendentes tem atuação dessas duas substâncias. Logo, aumenta a concentração esses neurotrasmissores. Pode ser utilizado por via oral, intramuscular e intravenosa. Pode haver somação de efeitos de antidepressivos que atuam na recaptação de NOR ou de 5-HT, logo, pode ocorrer interação com antidepressivos. .Usada em dores leves a moderadas (principalmente moderada) - Oxicodona: VO, fica reservada para dores refratarias. É utilizada por aquele paciente que iniciou o tratamento da dor com codeina ou tramadol e não obteve efeito satisfatório. Maior custo - Metadona: tambem é uma opção para dor refrataria a codeina e tramadol. É mais barata, utilizada via oral, mas exige um receituário A. - Fentanil: opioide forte. Alguns artistas estadunidenses tem como causa de morte o uso abusivo de fentanil, pois gera dependencia. Uso principal em procedimento eu causam muita dor, sendo usada na anestesia geral em procedimentos que necessitam de intensa anestesia durante (pré-operatório) e no pós cirurgia. Usada em via venosa ou epidural. * Mecanismo de ação dos opioides em geral (principalmente morfina) - A morfina se liga ao receptor acoplado a ptn G (G inibitória), que reduz geração de AMPc, com menor entrada de cálcio, bloqueando o potencial de estímulo celular e o estímulo nervoso; uma outra consequência é a abertura de canais de K+ e aumento do efluxo desse íon. Assim, ocorre hiperpolarização da célula. Efeito final: bloqueio da condução do estimulo doloroso - Efeito Pré-sinaptico: reduz influxo de calcio - Efeito Pós-sinaptico: aumenta efluxo de K+ - Resultado: hiperpolarização da célula e menor condução de impulso doloroso. * Antagonista opioide: Naloxona - tratamento de toxicidade aguda (overdose), reverte a depressão respiratória. Morfina é usada como um dos fármacos na pena de morte por alguns estados dos EUA * Efeitos - Supressão da dor, efeito analgésico (receptores, kappa, delta, Mu) - Sonolência e menor alerta mental, sedação - Depressão respiratória - Menor demanda de O2 pelo miocárdio --> vantagem no infarto. - Aumenta liberação de histamina, que possui um efeito vasodilatador, diminuindo a pré-carga e, consequentemente, o trabalho cardíaco - Efeito anti-tussígeno - Diminui a peristalse e do reflexo da defecação, com maior absorção de líquidos, resultando no ressecamento das fezes, que contribui ainda mais para a constipação - Acúmulo de liquidos e eletrolitos na luz intestinal - Reduz secreção gástrica, podendo ser usados em pacientes que tem gastrite e úlcera - Euforia: sensação de serenidade, de esquecer os problemas, reduz ansiedade - Constrição das pupilas, miose (overdose de cocaina leva à midriase) - Estimulação da zona de deflagração quimiorreceptora, gerando náusea (associar substancia anti-emética, anti-nauseante). - Aumento do tônus do m. liso intestinal, aumentando o efeito da constipação intestinal -Aumento do tônus de esfíncter de ODDI (nas vias biliares, sem muita reflexão clinica), aumento da pressão biliar. Em pacientes com colecistite aguda ou obstrução biliar não é o melhor farmaco. - Aumento do tônus do m. detrusor da bexiga, sem muita repercussão clínica. O m. detrusor tem tônus parassimpático (aumenta peristalse e expulsa a urina da bexiga) e simpatico (relaxa e enche bexiga). O opioide aumenta o tonus e atrapalha o esvaziamento vesical. * Usos terapêuticos - Dor de forte intensidade: morfina, oxicodona e metadona. - Dor leve à moderada: Codeina, tramadol (em associação com paracetamol, em associações fixas) - Supressão da tosse: codeína - Tratamento sintomático de diarreia aguda: (Loperamida) imosec é usado em tratamento de diarreia não infecciosa, utilizado para diminuir o trânsito intestinal - Complemento anestésico (junto do procedimento anestesico de procedimentos cirúrgicos que envolvem dor intensa): fentanil ou remifentanil - Dispneia: Morfina → insuficiência ventricular esquerda → edema pulmonar. Isso ocorre porque o coração perdeu o poder contrátil, havendo acúmulo retrógrado de sangue, que fica em estase e aumenta a pressão pulmonar, assim, ocorre inundação dos alvéolos (edema pulmonar agudo, a pessoa afoga nas próprias secreções). Uma das medidas para socorrer o paciente é o uso da morfina, apesar de causar depressão respiratória (só causa essa depessão em doses altas, não terapeuticas). Em pessoas com edema agudo de pulmão, ocorre hiperativação simpatica, que é um estimulo adrenérgico prejudicial nesse processo, pois ocorrerá taquicardia, vasoconstrição e maior elevação de pressão. Com a administração da morfina, ocorre um aumento da sedação no indivíduo, que ficará mais tranquilo, além disso, a morfina estimula a liberação de histamina, que tem efeito vasodilatador, diminuindo a pré-carga pela diminuição da RVP, diminuindo o trabalho cardíaco. O efeito de depressão respiratória não é muito considerado nesse caso - Depressão respiratória: ocorre em doses maiores, não em doses terapêuticas - Tolerância, com usos de doses cada vez maiores para se ter o mesmo efeito - Constipação: efeito mais frequente, uso de anticonstipantes - Confusão (idosos): Com a retirada do opióide a pessoa volta ao normal - Interações medicamentosas com inibidores do SNC. - Estimulação do SNC (estimulo de áreas relacionadas ao reflexo do vômito) – náuseas e vômitos . Todos os opioides podem levar à depressão de SNC, mas isso depende da dose, sendo que o tramadol teria um efeito depressor menos intenso que a morfina. - Depressão respiratória é bem menos provável com tramadol que com morfina * Dependência – responsável: receptores Mu – depende do meio ambiente, substancia, indivíduo e do contexto em que está usando. Dificilmente o paciente que usa em contexto medico desenvolverá dependência. - Fatores genéticos, biológicos e psicodinâmicos .Genéticos: redução da expressão dos genes que codificam receptores D2 .Biológicos: ativação de vias de recompensa .Psicodimâmicos: substância como fator para a estruturação do ego, a pessoa utiliza em relação a alguma fragilidade.
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