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Bruna Costa e Dinah Luz Endócrino Maio/2019 1 DIABETES MELLITUS – COMPLICAÇÕES CRÔNICAS 1. RETINOPATIA DIABÉTICA • A retinopatia diabética (RD) é umas das principais complicações relacionadas ao diabetes mellitus é a principal causa de cegueira em pessoas com idade entre 20 e 74 anos; • Após 20 anos de doença, mais de 90% dos diabéticos com o tipo 1 e 60% daqueles com o tipo 2 apresentarão algum grau de retinopatia. • Em diabéticos tipo 1, a RD em geral e encontrada após 3 a 5 anos (ou mais) de doença, sendo raro ocorrer antes da puberdade. No DM2 20% já tem alguma alteração ao diagnóstico. PATOGÊNESE FATORES DE RISCO: duração, gravidade e hipertensão • Controle glicêmico ruim: DCCT -‐> SEM RD -‐ redução de 76% no risco de desenvolvimento de retinopatia. -‐> COM RD -‐ redução de 54% no risco de progressão da RD United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS) -‐> para cada ponto de queda na A1C houve uma redução de 37% no risco para complicações microvasculares. • Duração do diabetes: DM1 -‐ não se espera retinopatia nos primeiros 5 anos após o diagnóstico. Depois de 10 a 15 anos, 25 a 50% dos pacientes vão apresentar algum grau de retinopatia e atinge aproximadamente 100% após 30 anos de doença. DM2 -‐ 23% já têm ao diagnóstico de retinopatia quando diagnosticado a DM2. Exame oftalmológico: anual. • Hipertensão: Fator de risco independente -‐ edema macular e evolução para retinopatia proliferativa (RDP). CLÍNICA A maioria dos pacientes com retinopatia diabética (RD) não tem queixas visuais e pode ser assintomática mesmo na presença de lesões proliferativas ou edema de macula clinicamente significativo. 2. NEUROPATIA DIABÉTICA • Presença de sintomas e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em indivíduos com DM, após a exclusão de outras causas; • Afeta 50% dos portadores de DM2 e em menor proporção os DM1; • 50% dos casos de neuropatia diabética periférica crônica são assintomáticos -‐> maior risco de ulceração; • 85% das amputações são precedidas por uma ulcera no pé. Patogênese • Os efeitos metabólicos da hiperglicemia crônica e as conseqüências da isquemia nos nervos periféricos são, provavelmente, os dois mecanismos fundamentais que levam a dano e disfunção neuroaxônica Classificação Bruna Costa e Dinah Luz Endócrino Maio/2019 2 • POLINEUROPATIA SENSORIOMOTORA CRÔNICA: o Caráter insidioso e irreversível; o Comprometimento simétrico e distal; sensitivo e motor; o Subdiagnósticada; o 50% sintoma neuropático X 50% assintomática o Os nervos mais longos são comumente comprometidos (evolução no sentido distal–proximal) o Clássica distribuição em bota e luva (pés e pernas e mãos) e relativamente rara observada em casos mais graves; o As fibras motoras são atingidas em estágios avançados, com hipotrofia dos músculos interósseos dos pés e das mãos. o Acometimento de fibras grossas – perda da propriocepção + limitação da mobilidade articular; o Dor neuropática: surge em repouso, melhorar com os movimentos e as atividades, exacerbação noturna; o O rastreamento anual a partir de 5 anos de dx para DM1 e ao diagnóstico em casos de DM2. o Diagnóstico de exclusão -‐ outras causas de neuropatia periférica devem ser afastadas (alcoolismo, def. vit B12, hipotireoidismo, AIDS, hanseníase, porfiria e malignidades) PESQUISA DA PERDA DA SENSIBILIDADE PROTETORA-‐ EXAME DO PÉ DE RISCO PALPAR PULSO – Para diagnóstico precoce de DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA • Neuropatia autonômica (SNA): o Neuropatia autonômica CARDIOVASCULAR: -‐ Contribui para a elevada mortalidade em pacientes diabéticos em função principalmente de arritmias, infartos silenciosos e morte súbita; o Neuropatia autonômica GASTROINTESTINAL: -‐ Gastroparesia diabética, constipação intestinal e/ou incontinência fecal, diarréia explosiva; o Neuropatia autonômica GENITOURINÁRIA: -‐ Diminuição da percepção do enchimento vesical, aumento da capacidade vesical, jato urinário fraco, esvaziamento vesical incompleto (risco de infecção). o Impotência: neuropatia, doenças vasculares, fatorespsicogênicos, idade e também o possível efeito colateral de drogas. o Hipoglicemia assintomática: -‐ Perda da contrarregulação hormonal TRATAMENTO • Controle metabólico; • Exclusão de outras causas: hipotireoidismo, alcoolismo, deficiência de vit B12, hanseníase, sífilis, AIDS, anemia perniciosa, malignidades; • Neuropatia dolorosa: Bruna Costa e Dinah Luz Endócrino Maio/2019 3 PÉ DIABÉTICO • Infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associadas a alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica (DAP) nos membros inferiores; • A incidência anual de úlceras em DM situa-‐se entre 2 e 4% e a prevalência, 4 a 10%; • Apenas ⅔ das UPD cicatrizarão e ate 28% resultarão em algum tipo de amputação. • Anualmente, um milhão de pessoas com DM perde uma parte da perna em todo o mundo, traduzindo-‐se em três amputações por minuto Fatores Intrínsecos: 1) Perda da sensibilidade a dor, temperatura, percepção de pressão plantar e propriocepcção. 2) Comprometimento motor -‐ deformidades nos pés (dedos em garra, dedos sobrepostos, neuro-‐osteoartropatia de Charcot), fraqueza muscular e posterior atrofia; 3) Anidrose -‐ rachaduras e fissuras que podem levar à úlcera; 4) Doença arterial periférica Fatores extrínsecos: calçados inadequados, caminhar descalço, calosidades, micoses interdigitais, objetos dentro de sapatos. • Tratamento das úlceras: o Estado geral (controle metabólico e nutricional); o Desbridamento; o Intervenção cirúrgica: úlceras grandes, com bastante tecido necrótico infectado (pode favorecer a disseminação da infecção -‐ estruturas tendíneas e osso) o Antibioticoterapia PÉ DE CHARCOT • Neuro-‐osteoartropatia que representa o grau máximo de dano neuropático; • Destruição osteoarticular: perda da sensibilidade protetora + estresse mecânico + fraqueza muscular + aumento da irrigação sangüínea dos ossos + traumatismo As luxações articulares -‐> desabamento do arco médio -‐> distribuição desordenada da carga no tarso, no metartarso e no tornozelo 3. NEFROPATIA DIABETICA • A DRD comete 20 a 40% dos pacientes com DM 1e, pelo menos, um terço daqueles com DM2. • Principal causa de doença renal crônica dialítica no Brasil; • A DRD está associada ao aumento de mortalidade, principalmente relacionada com a doença cardiovascular (preditores independentes de doença cardiovascular e mortalidade; • A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda para avaliação da DRD a estimativa da TFG e a medida da albuminúria. • Em aproximadamente 1/5 dos casos, observa-‐se a redução isolada da TFG; • Recentemente, a albuminúria passou a ser classificada apenas como albuminúria normal ou aumentada, esta última em substituição aos termos microalbuminúria e macroalbuminúria. FISIOPATOLOGIA Bruna Costa e Dinah Luz Endócrino Maio/2019 4 A lesão mais comum é a intercapilar difusa. Melhores anti-‐hipertensivos para ser usados nos diabéticos: IECAs e BRAs porque eles atuam diminuindo a pressão intracapilar. DIAGNÓSTICO • O rastreamento da DRD deve ser iniciado logo ao diagnóstico do DM nos pacientes com DM2 e após 5 anos do início no DM1 (puberdade ou com DM1 persistentemente descompensado – antes); • Albuminúria: o Medida de albumina em 24h ou amostra isolada de urina -‐ acurácia diagnóstica + facilidade de coleta; o Índice albumina-‐creatinina ou apenas a concentração de albumina. o Todo teste de albuminúria anormal deve ser confirmado em duas de três amostras devido à variabilidade diária da albuminúria. o Exercício durante o período de coleta, febre, insuficiência cardíaca, hiperglicemia grave e hipertensão arterial não controlada podem elevar Albuminúria. • Taxa de filtração glomerular (TFG): - Creatinina não pode ser usada como índice isolado de avaliação de função renal -‐> influência de vários fatores extrarrenais (massa muscular e medicamentos); - A equação de Cockcroft-‐Gault [(140 – idade) × peso/(72 × creatinina) × 0,85 (se mulher)] -‐> pouco acurada; - TFG deve ser estimada por meio de equações que empreguem a creatinina sérica e sejam ajustadas para idade, gênero e etnia: Modification of Diet in Renal Disease (MDRD)/ Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-‐EPI). Lembrar: Ajuste das doses de antidiabéticos orais com a função renal. Clearance de 30 ou menor não deve usar metformina. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Avaliação adicional: o Início da proteinúria em pacientes com duração do DM inferior a 5 anos (DM1); o Início da proteinúria abrupto e rapidamente progressivo o Alterações no sedimento urinário (cilindros hemáticos, leucocitários e acantócitos); o Manifestações clínicas de outra doença sistêmica o Ausência de retinopatia e neuropatia em pacientes com DM1(retinopatia precede DRD); TRATAMENTO • Controle glicêmico adequado: • Controle da pressão arterial: -‐ Independentemente do agente utilizado, apresenta efeito benéfico sobre a progressão da DRD; -‐ Os fármacos que bloqueiam o SRAA, por meio de seu efeito renoprotetor específico, independentemente da redução da pressão arterial (PA), diminuem a EUA e a progressão para estágios mais avançados da DRD; -‐ O uso de IECA ou BRA é recomendado para todos os pacientes com aumento da albuminúria (micro ou macroalbuminúricos), independentemente de valores de PA. • Controle da pressão arterial: -‐ Após o início dos bloqueadores do SRAA, pode ocorrer uma elevação da creatinina sérica de até 30% em relação aos valores iniciais. -‐ A inibição do SRAA pode aumentar os níveis de potássio sérico, principalmente quando houver insuficiência renal. -‐ Creatinina e potássio séricos devem ser avaliados 1 mês após o início do uso de IECA ou BRA. -‐ Não se recomenda o uso de IECA em associação com BRA no tratamento da DRC do diabetes; Se associar as 2 classes, aumenta a chance do paciente ir diálise. Pode causar hipercalemia (aumento de potássio) Bruna Costa e Dinah Luz Endócrino Maio/2019 5 -‐ Os alvos da PA nos pacientes com DM (Joint 8 -‐Eighth Joint National Committee + ADA) -‐ < 140/90 mmHg e ≤ 130/80) em pacientes jovens e quando este puder ser atingido sem a necessidade de um grande número de fármacos. COMPLICAÇÕES AGUDAS • Cetoacidose diabética (CAD) e Estado Hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) são duas complicações graves, associadas ao diabetes mellitus, que diferem entre si de acordo com a presença de cetoácidos (deficiência absoluta ou relativa de insulina) e com o grau de hiperglicemia: Quase exclusivo do DM2. (maior chance de ser fatal – EEH) Principalmente no DM1. • CAD – sintoma de apresentação em 20 a 34% das crianças e adolescentes e cerca de 15 a 20% dos adultos com DM1; • EHH -‐ predomine em idosos, estão bem desidratados; • CAD ocorre prioritariamente no DM1, acontece também no DM2 (infecções graves, infarto, IAM, AVC). Em contrapartida, o EHH manifesta-‐se quase que exclusivamente no DM2; • A CAD e o EHH continuam a ser importantes causas de morbimortalidade, apesar dos grandes avanços na compreensão da sua patogênese e de tratamento. CLINICO • A CAD evolui rapidamente dentro de poucas horas após o evento precipitante. -‐ Desidratação, ↑FC, hipotensão, choque; - Respiração de Kussmaul (aumento da paCO2 estimula os centros respiratórios); - Hálito cetônico, náuseas, vômito e dor abdominal (cetose x afecção abdominal) • EHH: desenvolvimento insidioso e se manifesta em dias a semanas. Sem acidose -‐> sem taquipneia. Maior grau de desidratação e maior déficit sensorial. LABORATÓRIO O máximo que se pode fazer por um paciente com as complicações agudas, sem antes saber a dosagem de postassio, é hidratar o paciente. Só pode fazer insulina se o nível de potássio estiver normal. # Leucocitose com DE, (10.000 a 15.000/mm3); # Os níveis de sódio geralmente estão normais ou baixos. Bruna Costa e Dinah Luz Endócrino Maio/2019 6 Níveis altos sugerem grau maior de desidratação. # K: baixos, normal ou “elevado”. TTO -‐> ↓K+ -‐> ação direta da insulina e diminuição da acidose, hidratação; # Gasometria venosa; # Corpos cetônicos: método nitroprussiato não reconhece BOHB. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TRATAMENTO: Bicarbonato: pode fazer o ph subir e diminuir os níveis de potássio. Só se faz bicarbonato com o ph menor que 7. CONDIÇÕES PARA SUSPENDER A BOMBA DE INSULINA:
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