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Nutrição aplicada a Enfermagem

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BASES DA NUTRIÇÃO GERAL APLICADA À ENFERMAGEM 
 
 
I – NUTRIÇÃO : 
 
É a ciência dos alimentos, dos nutrientes e de outras substâncias afins, sua 
interação, atuação e balanço em relação à saúde e a doença. Ou seja, é o estudo 
dos alimentos e dos mecanismos nos quais o organismo ingere, digere, absorve, 
transporta, utiliza e excreta as substância alimentares. 
A nutrição também tem implicações sociais, econômicas, materiais e 
psicológicas, tanto em relação ao alimento como em relação à alimentação. 
 
-CONCEITOS : 
 
 Alimentação – é a ação de receber ou proporcionar alimentos. É um processo 
voluntário e consciente. 
 
 Alimentos – são produtos de origem animal, vegetal, mineral ou sintética que 
fornecem às pessoas a energia de que precisam para crescer, andar, correr, 
pensar, respirar e até dormir. Eles são constituídos pelos nutrientes. 
 
 Nutrientes – são os elementos responsáveis pela manutenção de todas as 
reações bioquímicas necessárias para o perfeito funcionamento do organismo. 
Exemplo de nutrientes : proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais. 
 
 Caloria – é a quantidade de calor necessária para elevar em 1º C a 
temperatura de 1 g de água a 15º C, sob pressão atmosférica normal. 
 
 Quilocaloria – são 1000 calorias. Porém, na maioria das vezes as informações 
nutricionais dos rótulos de alimentos simplificam o termo para apenas “caloria”, o 
que gera uma certa confusão. Em nutrição utiliza-se quilocaloria. 
 
 
II- IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO 
 
A alimentação é um componente fundamental para que possamos ter uma 
boa qualidade de vida. A nutrição inclui : 
 
1) O metabolismo dos alimentos; 
2) O valor nutritivo dos alimentos; 
3) As necessidades quantitativas e qualitativas dos alimentos nas diferentes 
idades e diferentes níveis de desenvolvimento; 
4) As mudanças em nutrientes e requerimentos alimentares que acompanham ou 
previnem estados patológicos; 
5) Os fatores econômicos, psicológicos, sociais e culturais que afetam a seleção e 
a ingestão de alimentos. 
 
A ciência e a prática da nutrição tem como finalidade contribuir com uma 
vida mais segura, relativamente livre de enfermidades e de retardos físicos e 
mentais. 
 
 
 
III – ALIMENTOS E SUA COMPOSIÇÃO 
 
 
Os alimentos compõem-se de vários compostos, tanto orgânicos como 
inorgânicos, de maneira que todo e qualquer alimento compreende um composto 
químico ou uma mistura de compostos químicos. Esses compostos e elementos 
dos quais os alimentos se formam dizem respeito a Proteínas, Lipídeos, 
Carboidratos, Sais Minerais, Vitaminas e Água, podendo ser agrupados em : 
 
- Compostos Orgânicos : 
Proteínas, lipídeos, carboidratos e vitaminas 
 
- Compostos Inorgânicos : 
Água e sais minerais como cálcio, fósforo, sódio, cloro, potássio, enxofre, ferro, 
iodo, cobre, magnésio, cobalto, zinco e outros. 
 
Esses constituintes alimentares são conhecidos como nutrientes. Para 
obtenção dos nutrientes essenciais ao seu bom funcionamento, o corpo depende 
da adequada seleção de alimentos. 
 
1)ÁGUA : 
 
1.1) Definição e Importância : 
A água é uma substância polar, formada por oxigênio e hidrogênio, 
fundamental para a vida. O organismo humano é constituído, em grande parte, por 
diversas soluções aquosas. Num ser humano adulto saudável, cerca de 60% de 
seu peso corporal constitui-se de água. Esta quantidade de água encontra-se 
distribuída em dois compartimentos principais : o líquido extracelular e o líquido 
intracelular. 
O líquido intracelular é responsável por 50% do peso do indivíduo. Este 
líquido encontra-se no interior das diversas células que compõem o organismo. 
Sua principal função é providenciar um meio adequado para as diversas reações 
químicas necessárias à manutenção da vida celular. 
O líquido extracelular subdivide-se em três outros compartimentos: o líquido 
intersticial, o líquido intravascular e o líquido transcelular. 
O líquido intersticial permeia as diversas células do organismo, permitindo a 
ocorrência de trocas de gases e substâncias entre o sangue e as células. A linfa 
faz parte do líquido intersticial. 
O líquido intravascular está contido nos vasos sangüíneos, formando o 
plasma. A manutenção de um volume plasmático adequado é importante para 
manter uma circulação normal e desta forma prover o organismo do oxigênio 
necessário ao seu metabolismo. O volume intravascular diminuído pode levar à 
hipoperfusão de órgãos e tecidos, enquanto o volume intravascular aumentado 
pode causar congestão vascular e edema pulmonar. 
O líquido transcelular constitui cerca de 2% do total de líquidos corporais. 
Este compartimento inclui líquidos existentes nos espaços sinovial, peritoneal, 
pleural, pericárdico e intra-ocular, além do líquido cefalorraquidiano. 
 
1.2) Funções : 
 
A água desempenha diversas funções importantes no organismo : 
- Líquido intravascular – serve como meio de transporte de gases, nutrientes e 
produtos do metabolismo celular; 
- Líquido intracelular – compõe o meio no qual ocorrem os processos metabólicos; 
- Líquido transcelular – lubrifica as articulações, as membranas serosas (pleura, 
peritônio, pericárdio), o líquor protege o cérebro e a medula espinhal e distribui 
substâncias no sistema nervoso central (SNC). 
A água também é importante para a regulação da temperatura corporal. O 
metabolismo celular gera calor, que é perdido principalmente pela evaporação de 
líquidos de maneira insensível ou através da sudorese. 
 
1.3) Necessidades Diárias : 
 
A ingestão de água é controlada pela sede. Em um indivíduo normal, a 
ingestão de água deve se igualar às perdas. Em temperatura normais, adultos 
bebem 1 a 2 litros de água por dia. Em altas temperaturas, esse valor aumenta 
para 2 a 3,5 litros por dia. A água também está contida nos alimentos ingeridos, 
consistindo cerca de 80% do peso de vegetais e frutas. 
Vários fatores modificam a necessidade diária de água. São eles : 
- Necessidade aumentada : febre, sudorese excessiva, hipermetabolismo (por 
exemplo, nas queimaduras graves, no hiperparatireoidismo), desidratação; 
- Necessidade diminuída : metabolismo diminuído (por exemplo, no 
hipoparatireoidismo, idade avançada, insuficiência cardíaca, insuficiência renal). 
 
 
2) PROTEÍNAS : 
 
2.1) Definição e Importância : 
 
A palavra proteína é derivada de uma palavra grega que significa “de 
primeira importância”. Ela foi a primeira substância reconhecida como parte vital 
dos tecidos vivos. As proteínas são compostos que contém oxigênio, carbono, 
hidrogênio e nitrogênio e que liberam aminoácidos na hidrólise. As proteínas são 
os componentes estruturais fundamentais das células. Elas são os compostos 
orgânicos mais abundantes no corpo. A maior parte das proteínas são 
encontradas no tecido muscular, o restante se distribui nos tecidos moles, ossos, 
dentes, sangue, hormônios, enzimas. Cada grama de proteína, quando ingerido 
fornece 4 Kcal. Necessidades diária de 0,8g/Kg a 1,0g/Kg - para adultos. 
 
2.2) Composição : 
 
As unidades estruturais das proteínas são os aminoácidos (AA). Eles se 
unem em longas cadeias e em várias combinações químicas para formar as 
proteínas específicas, ou seja os aminoácidos dão identidade e caráter às 
proteínas. 
Os organismos vivos são formados por 20 tipos de aminoácidos, 
classificados em dois grupos : 
 
a)Aminoácidos Essenciais : 
Precisam ser fornecidos pelos alimentos. 
Isoleucina 
Leucina 
LisinaValina 
Treonina 
Triptofano 
Fenilalanina 
Metionina 
Histidina 
 
b)Aminoácidos Não Essenciais : 
Podem ser sintetizados pelo corpo em quantidade adequada. 
Glicina 
Alanina 
Serina 
Citrulina 
Cistina 
Tirosina 
Ácido Aspártico 
Arginina 
Ácido Hidroxiglutâmico 
Ácido Glutâmico 
Hidroxiprolina 
 
2.3) Funções : 
 
As proteínas da alimentação fornecem os aminoácidos para a síntese 
protéica e tem outras funções metabólicas importantes: 
- Construir novos tecidos; 
- Reparar proteínas teciduais corporais (anabolismo) resultantes do contínuo 
desgaste natural (catabolismo). Ex.: Cutículas,cabelo; 
- Fornecer calor e energia; 
- Contribuir para a formação de numerosos fluidos e secreções corpóreas 
essenciais. Ex.: Muco, leite, esperma; 
- Transportar outras substâncias. Ex.: Transferrina transporta ferro, albumina 
transporta ácidos graxos livres; 
- Participar da resistência do organismo à doenças. Ex. anticorpos, 
imunoglubulinas; 
- Ajudar na manutenção do equilíbrio ácido-básico do organismo; 
- Ajudar a manter a pressão oncótica. 
 
2.4) Fontes : 
 
As proteínas estão amplamente distribuídas na natureza. No entanto, 
poucos alimentos contêm proteínas com todos os aminoácidos essenciais, como 
as de origem animal. Os alimentos de origem vegetal também são fontes 
significativas de proteínas, porém é importante assinalar que são deficientes em 
alguns aminoácidos essenciais. 
-Proteínas de Alto Valor Biológico – carnes (de qualquer animal), leite e derivados 
(queijo, requeijão, iogurte, coalhada); ovos 
-Proteínas de Baixo Valor Biológico – Leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, soja, 
grão-de-bico) – Falta Metionina 
2.5) Digestão: 
-Boca(trituração) 
-Estômago(ácido clorídrico e pepsina) 
-Inestino delgado(enzimas pancreáticas) 
-Sistema circulatório(transporte) 
-Fígado(síntese) 
 
 
3) CARBOIDRATOS OU GLICÍDIOS : 
 
3.1) Definição e Importância : 
 
Carboidratos são substâncias compostas por átomos de carbono, 
hidrogênio e oxigênio. Eles fornecem a maior parte de energia necessária para se 
movimentar, executar trabalhos e viver : são os amidos e os açucares. Os 
carboidratos variam desde açucares simples, até polímeros. Cada grama de 
carboidrato, quando ingerido fornece 4 Kcal. 
 
3.2) Classificação : 
 
a) Monossacarídeos: são moléculas simples, compostas por apenas um 
monômero, também chamadas açúcares. Não podem ser hidrolisados para uma 
forma mais simples. Ex.: Glicose, Frutose, Galactose. 
b) Dissacarídeos: são carboidratos compostos por dois monômeros ligados. 
Podem ser hidrolisados e fornecem 2 moléculas de monossacarídeos. 
Ex.: Sacarose = glicose + frutose 
 Maltose = glicose + glicose 
 Lactose = glicose + galactose 
c) Oligossacarídeos: contêm de 3 a 10 monossacarídeos. Ex.: Rafinose, 
Estaquiose 
 
d) Polissacarídeos: também chamados de carboidratos complexos, são formados 
por uma grande quantidade de monossacarídeos, podendo chegar a mais de 
3.000 unidades. Tem uma importante função como reserva energética em plantas 
e animais. 
Ex.: Amido (forma de armazenamento em plantas) 
 Glicogênio ( forma de armazenamento em animais) 
 
3.3) Funções : 
- Principal fonte energética do corpo; 
- Indispensável para manter a integridade funcional do tecido nervoso, tornando-se 
a única fonte de energia para o cérebro; 
- Presença necessária para o metabolismo normal de gorduras; 
- Exerce ação poupadora de proteína; 
 
3.4) Fontes : 
 
- Carboidratos simples : açúcar de mesa, mel de abelha, melado de cana, frutas; 
- Carboidratos complexos : cereais (arroz, trigo, milho, cevada, centeio, aveia) e 
derivados (farinhas), produtos de cereais (biscoito, bolos, massas, pães); 
tubérculos (batatas, inhame, macaxeira), vegetais. 
Recomendação segundo ADA - American Dietetic Association: 
 -Adulto 20 a 35g/dia 
 -Criança - idade da criança somado a 5g/dia até 20 anos. 
 
3.5) Fibras: 
Fibras Alimentares: são todos os polissacarídeos vegetais da dieta(celulose, 
hemicelulose, pectinas, gomas e mucilagens). 
 
-Ação - Fibras Solúveis: efeito metabólico - retardam o esvaziamento gástrico e o 
tempo de transito intestinal; diminuem a absorção de glicose e colesterol; alteram 
a composição da flora intetinal e o metabolismo através da composição da flora 
intestinal e o metabolismo através da produção de AG de cadeia curta. 
Fontes: farelo de aveia, cascas, maracujá, gopma guar. 
 
-Ação das fibras Insolúveis: efeito mecânico - no TGI(aumentam o bolo fecal, 
aceleram o tempo de trânsito intestinal pela absorção de água) 
Fontes: Farelo de trigo, grãos integrais, vegetais maduros, trigo, frutas e sementes 
comestíveis, leguminosas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4) LIPÍDIOS OU GORDURAS : 
 
4.1) Definição e Importância : 
Esse termo foi criado para incluir um grupo heterogêneo de compostos 
verdadeiros ou potencialmente relacionados aos ácidos graxos (AG). Eles têm as 
propriedades comuns de serem : 
a) insolúveis em água; 
b) solúveis em solventes orgânicos (Ex.: metanol, clorofórmio, éter) 
c) utilizáveis pelos organismos vivos 
A maior parte das gorduras naturais é composta de triglicérides , que por 
sua vez são compostos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Cada grama de 
gordura fornece 9 Kcal. 
 
4.2) Classificação : 
- Conforme a quantidade de duplas ligações: 
 . Saturados – se não houver dupla ligação entre os carbonos. Ex.: Ác. Capróico 
 . Insaturados – com uma ou mais duplas ligações. 
- monoinsaturado – apenas uma dupla ligação Ex. Ác. Oléico 
- poliinsaturado – duas ou mais duplas ligações. Ex.: Ác. Linoléico 
- Conforme a quantidade de carbono : 
 . Cadeia Curta (TCC) – até seis carbono. Ex.: Ac. Butírico 
 . Cadeia Média (TCM) – de seis a doze carbono. Ác. Capróico 
 . Cadeia Longa (TCL) – mais de 12 carbono. Ex.: Ác. Oléico 
- Conforme a importância orgânica : 
 . Essencial – não são produzidos pelo organismo. Ex. Ác. Linoléico 
 . Não Essencial – são produzidos pelo organismo. Ex.: Ác. Mirístico 
 
4.3) Funções : 
- Principal forma de armazenamento de energia em animais; 
- Isolamento térmico; 
- Carreador de vitaminas lipossolúveis; 
- Precursor de hormônios, principalmente os sexuais; 
- Palatabilidade; 
-Aumenta o tempo de digestão; 
-Transporte: Principais lipoproteínas VLDL, LDL, HDL 
-Ácido Omêga 3: Peixes, óleos vegetais, nozes e frutos do mar 
 
4.4) Fontes : 
- Gordura Saturada : manteiga, creme de leite, toucinho, bacon, azeite de dendê, 
gordura visível de carnes, pele de aves, gema de ovo 
- Gordura Insaturada : óleos vegetais, azeite de oliva, margarinas cremosas, 
abacate, nozes, castanha de caju, amêndoas 
 
 
 
 
5)VITAMINAS : 
 
5.1) Definição e Importância : 
As vitaminas são compostos orgânicos presentes naturalmente em 
diminutas quantidades nos alimentos, essenciais para a manutenção do 
metabolismo normal, desempenhando funções fisiológicas específicas. 
Elas são constantemente denominadas “fatores acessórios dos alimentos” pelo 
fato de não fornecerem calorias nem contribuírem de forma apreciável para a 
massa corpórea. 
 
5.2) Classificação : 
É conveniente dividir as vitaminas em dois grupos de acordo com a solubilidade: 
 
- Vitaminas Lipossolúveis : são encontradas nos alimentos associadas aos lipídios. 
Ex.: Vitaminas A, D, E e K. 
-Vitaminas Hidrossolúveis : são solúveis em água. 
Ex.: . Vitaminas do Complexo B – Tiamina (B1); Riboflavina (B2), Niacina (B3), 
Ácido Pantotênico (B5), Piridoxina (B6), Biotina (B7), Ácido Fólico (B9), 
Cianocobalamina (B12). 
 . Vitamina C (Ácido Ascórbico) 
 
 
VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS 
 
VITAMINA A (Retinol): 
Os Carotenos são os precursores da Vitamina A, principalmente o β-Caroteno. 
 
FONTES: 
 Retinol: fígado, gema de ovo, manteiga etc 
 Carotenóides: folhas verdes escura, frutas e vegetais cor laranja .Espinafre, 
brócolis, couve, cenoura, batata doce, abóbora, mamão 
 
DEFICIÊNCIA: 
- Cegueira Noturna (Nictalopia) 
- Xeroftalmia 
- Hiperqueratose folicular 
- Transtorno do crescimento e desenvolvimento ósseo 
- Transtorno da reprodução 
- Aumento da suscetibilidade à carcinogênese 
 
TOXICIDADE: Mais de 1000 vezes o recomendado para a vit. A. Perda do 
apetite, irritabilidade, perda de cabelo. Na gravidez popde produzir mal formação 
no feto. 
RECOMENDAÇÕES: Homens 1000μgRE/d e Mulheres 800μgRE/d. 
 
 
 
 
VITAMINA D (Colecalciferol) 
A Vitamina D pode ser ingerida pronta através dos alimentos ou pode ser formada 
pela exposição da pele aos raios ultravioleta que transformam o colesterol em 
Vitamina D. 
 
FONTES: 
Manteiga, queijo, creme de leite, gema de ovo, fígado, óleo de fígado de bacalhau, 
sardinha, atum. 
 
DEFICIÊNCIA: 
-Diminuia absorção de Ca intestinal, Ca plasmático e P. 
-Raquitismo (pernas em arco, peito de pombo) 
-Osteomalácia ( amolecimento acentuado dos ossos) 
 
TOXIDADE: níveis de cálcio e fosfóro séricos elevados, calcificação de tecidos 
moles. Bebês transtornos gastrointestinais, fragilidade óssea e crescimento 
retardado. Nível de ingestão tolerável 1000UI/dia. 
RECOMENDAÇÕES: 
Homens e mulheres até 50 anos 5μg colecalciferol/dia; 51-70 anos 10μg 
colecalciferol/dia; + de 71 anos 15μgcolecalciferol/dia(1μgcolecalciferol = 40UI de 
vitamina D). 
 
VITAMINA E (Tocoferol) 
A Vitamina E funciona como antioxidante orgânico, ou seja, diminui a formação de 
radicais livres.Fundamental no metabolismo das células, Síntese de 
prostalgandina. 
 
FONTES : 
Vegetais verdes, gema de ovo, leite integral, manteiga, fígado, nozes, óleos 
vegetais. 
 
DEFICIÊNCIA: 
-Fraqueza e dores musculares; 
-Anemia hemolítica em prematuros; 
-Atrofia testicular; 
-Alterações hepáticas (esteatose). 
 
TOXIDADE: 
Pouco tóxica, mineralização óssea prejudicada, coagulação sanguínea 
pejudicada e armazenamento hepático de vit A prejudicado. 
RECOMENDAÇÕES: 
Depende das quantidades de ácidos graxos poliisaturados(PUAs) consumidos. 
Homem: 10mg alfa-tocoferol/dia Mulheres até 50 anos: 8mg α-tocoferol/dia; e +51 
anos: 10mg α-tocoferol/dia. 
 
 
 
 
VITAMINA K 
Existem três formas de Vitamina K : Fitoquinona (K1), Menaquinona (K2) e 
Menadiona (K3). 
A Vitamina K tem função específica na coagulação sangüínea, produção de 
protombina, envolvimento no metabolismo ósseo. 
 
FONTES: 
Vegetais de folhas verdes (brócolis, repolho, couve, alface), queijo, geme de ovo, 
fígado, chá verde. 
 
DEFICIÊNCIA: 
- Doença hemorrágica do recém-nascido; 
- Tendência aumentada a hemorragias; 
- Hematúria, epistaxes. 
-Coagulação sanguínea deficiente. 
 
TOXICOLOGIA: 
Menadiona(1000 vezes a RDA) anemia hemolítica e em ratos e ictérícia em 
bebês. 
RECOMENDAÇÕES: 
Homem: 19-24 anos: 70μg/dia e +25 anos 80μg/dia. 
Mulheres: 19-24 anos: 60μg/d e +25 anos: 65μg/d 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS 
 
 
TIAMINA (B1) 
É conhecida como vitamina antineurítica por ser necessária para o funcionamento 
normal do sistema nervoso. Sua deficiência envolve o Sistema Nervoso e o 
Cardiovascular, além de confusão mental, fraqueza e fadiga muscular, depressão, 
perda do apetite e Beribéri uma deficiência grave e prolongada de Tiamina muito 
comum no Oriente devido ao consumo de arroz polido. 
 
FONTES: 
Arroz integral, cereais em geral, gérmen de trigo, levedura de cerveja, carnes, 
fígado, ovos, queijo, leguminosas fresca ou secas. 
 
 
RIBOFLAVINA (B2) 
É uma vitamina importante no metabolismo dos carboidratos, proteínas e lipídios. 
 
FONTES : 
Fígado, ovo, leite, carne magra, trigo integral, gérmen, aveia, carne de porco. 
 
DEFICIÊNCIA : 
A deficiência de Riboflavina não acontece sozinha, mas em conjugação com 
deficiência de outras vitaminas do Complexo B. 
- Transtorno do crescimento, falta de vigor, perda de peso; 
- Glossite (engrossamento da língua) 
- Queilose (estomatite angular) 
 
 
 
NIACINA (B3) 
 
FONTES: 
Levedura de Cerveja, fígado, aves, carnes magras, batata inglesa, hortaliças, 
trigo, aveia, amendoim. 
 
DEFICIÊNCIA: 
- Pelagra (Doença dos 3 Ds) : Diarréia, Dermatite e Demência 
 
 
 
 
 
PIRIDOXINA (B6) 
 
FONTES : 
Carnes em geral, pescados, leguminosas, soja, mel, repolho, trigo integral. 
 
DEFICIÊNCIA : 
- Mudanças de personalidade, irritabilidade, depressão, perda do senso de 
responsabilidade; 
- Hipertrofia das papilas gustativas. 
 
 
ÁCIDO FÓLICO ou FOLACINA(B9) 
FUNÇÃO: Participa da síntese de bases nucléicas(purinas e pirimidinas) e ácidos 
nucléicos(RNA e DNA), e ainda na interconversão de aa(serina – glicina) 
 
FONTES : 
Hortaliças frescas (couve-flor, espinafre), frutas frescas, fígado, carne bovina, leite, 
ovos. 
 
DEFICIÊNCIA : 
- Irritabilidade, anorexia, perda de peso, dor de cabeça 
- Anemia megaloblástica, leucopenia, neutropatia periférica. 
RECOMENDAÇÕES: Homens: 200μg/dia Mulheres: 180μg/dia. 
 
CIANOCOBALAMINA (B12) 
 
FONTES: 
Alimentos protéicos animais. 
 
DEFICIÊNCIA: 
- Alterações neurológicas : parestesia periférica (mãos e pés), perda da memória; 
- Anemia megaloblástica; 
- Aumento do tempo de coagulação sangüínea. 
 
 
 
VITAMINA C (Ácido Ascórbico) 
FUNÇÃO: Metabolismo de aa e colesterol, é essencial para a síntese do 
colágeno, além de ser capaz de aumentar absorção do ferro e imunidade celular. 
 
FONTES: 
Frutas (acerola, goiaba, laranja, maracujá, abacaxi, tomate), batata, vegetais 
folhosos. 
 
DEFICIÊNCIA : 
-Escorbuto(alterações dermatológicas , hemorragias, ↓ cicatrização de feridas), 
astenia, emagrecimento e cefaléia. 
 
RECOMENDAÇÕES: Homens e Mulheres: 60mg/dia. 
 
 
 
 
 
6) MINERAIS : 
 
6.1) Definição e Importância : 
Minerais são elementos com funções orgânicas essenciais, que atuam regulando 
o metabolismo enzimático, mantém o equilíbrio acido-básico, a irritabilidade 
nervosa e muscular e a pressão osmótica. 
 
6.2) Classificação : 
- Eletrólitos : tem relevante importância na manutenção do equilíbrio eletrolítico; 
Ex.: Potássio (K), Cloro (Cl) e Sódio (Na) 
- Macronutrientes ou Minerais : presentes em maiores concentrações no 
organismo; 
Ex.: Cálcio (Ca), Fósforo (P), Magnésio (Mg), Enxofre (S) 
- Micronutrientes : presentes em menor quantidade, mas com funções específicas 
essenciais; 
Ex.: Ferro (Fe), Zinco (Z), Cobre (Cu), Iodo (I), Cromo (Cr), Selênio (Se), 
Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Níquel (Ni) 
-Elementos Ultratraços : presentes em diminutas quantidades e com funções 
ainda não totalmente esclarecidas 
Ex.: Flúor (F), Cobalto (Co), Silício (Si), Vanádio (V), Chumbo (Pb) 
 
POTÁSSIO (K) 
FUNÇÃO 
É o principal cátion intracelular. Tem como funções essenciais a transmissão 
nervosa e a contração da musculatura cardíaca, função renal. 
DEFICIÊNCIA: 
 Tanto sua carência quanto seu excesso podem ser prejudiciais ao músculo 
cardíaco, causando arritmia ou parada cardíaca, respectivamente, diminui 
reflexos, paralisia, confusão mental, dores musculares. 
 
FONTES : 
Frutas (banana, laranja, maracujá), verduras de folha, batatas. 
TOXIDADE: 
Paralisia,confusão mental e arritmias. 
 
 
SÓDIO (Na) 
É o principal cátion do fluido extracelular. Essencial à manutenção da pressão 
osmótica do sangue e do plasma, para a distribuição orgânica de água e volume 
sangüíneo. 
DEFICIÊNCIA: 
Fraqueza, anorexia, diarréia, oligúria, hipotensão, fadiga. 
TOXIDADE: Cefaléia, delírio, parada respiratória, hipertensão. 
 
 
FONTES : 
Alimentos protéicos animais, aspargo, espinafre, cenoura, sal de cozinha, 
enlatados. 
 
CÁLCIO (Ca) 
Importante nos processos de : coagulação sangüínea, transmissão de impulsos 
nervosos, contração muscular e mineralização de ossos e dentes, responsável 
pelo transporte de vit. B12 pelo TGI. 
DEFICIÊNCIA; Sua carência pode provocar fraturas, raquitismo, osteoporose e 
osteomalácia, convulsões, diarréia 
TOXIDADE: Sonolência, coma, anorexia, incoordenação motora, náuseas, 
vômitos, constipação, paladar amargo, poliúria, hipotensão etc. 
 
FONTES : 
Leite, iogurte, queijo, brócolis, couve, ovos (casca). 
 
 
FERRO (Fe) 
Componente essencial da hemoglobina e da mioglobina É encontrado nos 
alimentos de duas formas ; a inorgânica (não heme) e a orgânica (heme). 
Somente a forma heme é absorvida. A Vitamina C é capaz de converter a forma 
não heme em forma heme. 
DEFICIÊNCIA: Cefaléia, fadiga, redução da função leucocitária, anemia. 
TOXIDADE: Cefaléia, convulsões, náuseas, Vômitos, febre, suor, hipotensão. 
 
FONTES : 
Carnes vermelhas, fígado, músculo, geme de ovo, leguminosas, vegetais folhosos 
verde-escuro, frutas secas. 
 
 
ZINCO( Zn ) 
Essencial na mobilização hepática de Vit. A, crescimento e replicação celular, 
maturação sexual, fertilidade, reprodução, imunidade, paladar e apetite. 
DEFICIÊNCIA: Apatia, alterações no comportamento, retardo na maturação 
sexual, deficiência imunitária. 
TOXIDADE: Náuseas, Vômitos, dores abdominais, gosto metálicoe anemia. 
FONTES: Carnes, fígado, cereais integrais, lentilha, germe de trigo, frutos do mar 
e ovos. 
 
 
 
COBRE(Cu): 
Indispensável junto com o Ferro para a eritropoiese normal. 
DEFICIÊNCIA: Anemia, leucopenia, neutropenia, hipotermia, hipercolesterolemia, 
despigmentação dos cabelos. 
TOXIDADE: Náuseas, vômitos, hemorragia no TGI, anemia, icterícia, problemas 
hepáticos. 
FONTES: Fígado, miúdos, feijão e lentilhas. 
 
 
 
IV – TABUS ALIMENTARES 
 
De acordo com o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio B. de 
Holanda, mito, do grego Mithos, significa fábula, idéia falsa, sem correspondente 
na realidade. Coisa inacreditável, fantasiosa, irreal, utopia. Esse conceito tem 
acompanhado a área de alimentação e nutrição. A nutrição humana está em 
completa evolução, a cada dia surgem novas informações e descobertas sobre 
alguns efeitos benéficos dos nutrientes em humanos ou animais de laboratório. 
A palavra “Tabu” tem significado parecido pois é uma proibição categórica 
sem uma explicação racional. Ninguém ordena essa proibição, mas os indivíduos 
de uma determinada cultura, ou seja, de determinados costumes, formam opiniões 
sobre determinadas coisas sem nenhum fundamento, nem ao menos, nenhuma 
insinuação lógica. O interessante é que em determinados momentos essa 
proibição pode ser suspensa desde que se executem certos atos que os grupos 
consideram como um verdadeiro cerimonial. Por exemplo : numa certa região do 
Nordeste Brasileiro, “não se deve comer manga à noite porque faz mal” mas para 
evitar esse malefício deve-se ingerir logo em seguida três goles d‟água. Nem 
mais, nem menos do que três. “Comer melancia colhida à tarde dá sazões”. Evita-
se porém a doença tomando-se três pedrinhas de sal e enterrando-se uma a uma 
dizendo na hora de enterrar três vezes seguidas os seguintes versos : “Quando o 
sol nascer e Cristo morrer Sezões quero ter”. Ora, se o sol não nasce e Cristo já 
morreu há quase 2.000 anos, a pessoa com esse rito não quer ter sezões, não é ? 
Do ponto de vista religioso, encontramos em pesquisas feitas pelo 
sociólogo brasileiro Gilberto Freire alguns exemplos de tabus, hoje, felizmente, 
quase esquecidos como : “Não comer carne de carneiro” por ser este animal 
sagrado – O Agnus Dei, o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. 
Era a carne do animal que simbolizava nosso Senhor e não devia ser 
comida por bons cristãos. 
Também esse pesquisador revela em seus estudos que Tomé de Sousa, 
primeiro Governador Geral do Brasil “não comia cabeça de peixe em memória da 
cabeça de São João Batista” que foi degolado por seguir Jesus Cristo. 
Existe também os tabus sociais, ou seja, a realização de certos atos e a 
comunicação com certas pessoas, fatos por si próprio considerados perigosos, 
proibidos e impuros uma vez que não existe autoridade reconhecida para ditar tais 
proibições. 
São também classificados como tabus certos animais ou fenômenos 
naturais (chuva, raio, etc.) que representem uma força especial, mágica que pode 
ser transmitida para objetos inanimados e mesmo para seres vivos. Para os que 
crêem nessas força, as consideram como protetoras ou maléficas e por isso ficam 
obrigados a uma série de respeitos, intuições e ritos. Por exemplo : o Judeu e o 
Maometano não consideram a carne de porco como alimento: na Índia o boi é 
sagrado, é intocável. No Brasil ainda restam muitos desses tipos de tabus que nos 
foi legado pelos índios e escravos e são executados principalmente em certas 
seitas como umbanda ou candomblé. 
Um outro aspecto a destacar é a variação e utilização de certos alimentos 
com relação a diversas ocasiões do ano como : a Quaresma, o Natal, a Páscoa, 
etc...Certos dias festivos, as horas do dia, etc. 
Em fim, repetimos, que os tabus são de origem desconhecida, sendo 
portanto difícil explicar a sua existência. 
Classicamente, define-se tabu como uma manifestação e conseqüência do 
instinto, do medo, do temor às forças do demônio. Psicologicamente, tenta-se 
explicar definindo o tabu como um fato da Psicologia Social idêntico a um 
determinado fenômeno patológico individual. 
 
Existem três tipos de tabus : 
 
a) Natural ou Direto : 
Que é produto de uma força misteriosa, inerente a uma pessoa ou objeto. 
 
b)Transmitido ou Direto : 
O que foi adquirido ou transferido através de outras pessoas como família, chefe, 
sacerdote. 
 
c)Misto ou Intermediário 
Quando é nato, adquirido ou transmitido. 
 
d)Permanentes : 
São os relacionados com sacerdotes, chefes e com os mortos e a tudo quanto a 
eles se relacionarem. 
 
e)Temporários : 
São os que se relacionam a certos estados fisiológicos ou atividades como a 
menstruação, o parto, a amamentação. 
 
 
TABUS ALIMENTARES BRASILEIROS : 
 
Devido a nossa formação histórica baseada nas necessidades que os 
primeiros governantes tiveram de preservar a adaptação e multiplicação de 
diferentes tipos de alimentos que trouxeram do exterior para atender às 
necessidades dos colonizadores já que os recursos naturais aqui existentes na 
época eram bastante escassos em qualidade, vários tabus foram criados para 
conservar essas espécies animais e vegetais. 
Por outro lado, o brasileiro herdou muitos tabus dos portugueses, negros e 
de outros grupos que aqui se estabeleceram depois do início de nossa 
colonização. 
Felizmente hoje, o que existe entre nós são vestígios de tabus, não 
existindo neles o verdadeiro caráter de coisa sagrada ou misteriosa, embora ainda 
tenham uma ponderável ação nociva sobre as bases de uma alimentação correta 
notadamente em períodos de decisões da vida, com conseqüências perigosas e 
fatais. 
Exemplo disso são interdições ou proibições à ingestão de certos alimentos 
impostos ás : 
 
-gestantes e nutrizes:; 
-mulheres durante a menstruação; 
-crianças durante a puberdade e adolescência. 
 
Dentro daquele conhecido conceito sem lógica e nenhum fundamento 
científico, os tabus têm como finalidade básica, para aqueles que neles crêem : 
 
a)preservar os indivíduos dos perigos resultantes da ingestão de determinados 
alimentos; 
b)proteger as crianças que ainda vão nascer e recém-nascidos dos perigos que 
possam surgir da ingestão por parte dos pais, de certos alimentos com finalidades 
especiais. 
 
Para nós que procuramos agir sempre dentro da lógica e da racionalidade 
buscando fazer com que a coletividade, principalmente as de menor poder 
aquisitivo, aproveitem o máximo dos poucos recursos de que dispõem em 
benefício do atendimento das suas necessidades orgânicas, temos o dever de 
procurar por todos os meios combater esses preconceitos, crendices e tabus cujos 
efeitos muito concorrem para levá-los ao estado de subnutrição. 
Falamos acima de preconceitos e crendices, sem ainda os ter conceituado. 
 
- Preconceito : 
É o fato da pessoa não ingerir o alimento simplesmente pelo seu aspecto, 
no que diz a cor, consistência, valor, etc. Como nos casos de bifes sangrentos, 
nata de leite, preparações à base de quiabos e outros; ou então por uma razão 
subjetiva embora reconhecendo algumas vezes o valor nutritivo do alimento, ela 
sente repugnação por eles como por exemplo : carne de cavalo, de rãs, ovos que 
não são de galinha... 
 
- Crenças : 
Relacionam-se sempre com uma suposta ação nociva e são facilmente 
generalizadas, ao contrário da crendice que tem caráter individual. Apesar dessas 
crenças abrangerem um pequeno número de pessoas, isto é, um grupo, 
transformam-se rapidamente em contra-indicação que é difundida como dogmas 
por toda coletividade resultando daí conceitos errôneos sobre a ingestão e 
preparação de certos alimentos. Como exemplo de crenças temos os alimentos : 
“leves”, “pesados”, “frios”, “quentes”, “fortes”, “fracos”, etc. 
 Ainda sobre crianças, gostaríamos de salientar aqui uma crença muito 
difundida no Brasil principalmente na região norte que diz respeito ao uso de 
vários alimentos como feijão, laranja ácida, leite e ovos como prejudiciais ao 
fígado. De um modo geral o brasileiro pensa sempre que sofre dofígado. As 
vezes uma simples dor de cabeça leva à superstição de que é o fígado o 
responsável. 
Acredita-se que essas crenças sejam ainda uma conseqüência de antigas 
epidemias de febre amarela e malária – que existiram no Brasil há muitos anos. 
Hoje já não existem, não devendo mais persistir essa crença absurda que só vem 
diminuir mais ainda o valor da dieta habitual de nosso povo. 
Além dos preconceitos, das crenças e dos tabus, existe ainda um outro elemento 
responsável por hábitos alimentares errôneos – são as idolatrias. 
 
-Idolatrias : 
São observadas em pessoas geralmente de razoável ou mesmo de bom 
nível de conhecimentos, que se entusiasmam por determinados alimentos ou tipos 
de alimentação atribuindo-lhes propriedades, sem se preocuparem, todavia, com 
as leis que regem os princípios científicos da alimentação. Essas pessoas, de um 
modo geral, chegam ao fanatismo. São os vegetarianos, os macrobióticos, etc. 
Um outro hábito alimentar errôneo e que é muito arraigado, é o de que se a 
deficiência de um princípio nutritivo pode provocar uma doença, uma grande 
ingestão do mesmo produzirá uma saúde muito melhor, o que representa 
exatamente o contrário, pois o excesso de qualquer princípio nutritivo poderá ser 
tóxico, ou seja, provocar um desequilíbrio orgânico. 
Por tudo o que já vimos aqui, é muito mais fácil qualquer um de nós chegar 
a uma conclusão da gravidade, de como esses hábitos afetam negativamente o 
nível alimentar de um povo principalmente nos grupos mais vulneráveis da 
população, como gestantes, nutrizes e crianças. 
Reconhecemos ser um problema muito complexo porque envolve 
psicologia, fisiologia, e sobretudo a cultura dos povos. Eles aí estão, os 
psicólogos, os sociólogos, os economistas, os fisiologistas e os nutricionistas, para 
em uma ação conjunta, tentar, através de educação alimentar, combater todos 
esses preconceitos, crenças, tabus, que tanto malefício tem causado às 
comunidades. Só assim podemos pensar numa nação forte e produtiva. 
Somente através de alimentos, o organismo recebe todos os elementos 
necessários ao seu crescimento, desenvolvimento, reparação de tecidos gastos e 
fornecimento de energia, para manter a sua temperatura e executar suas 
atividades. A proibição de inúmeros alimentos vai naturalmente afetar o equilíbrio 
orgânico que caracteriza a saúde. 
Um dos pontos básicos da alimentação correta é exatamente fornecer a 
quantidade necessária de cada princípio nutritivo indispensável ao organismo. E 
isto é possível através do consumo de uma variedade de alimentos. Como então é 
possível condenar a mistura de alimentos? Restringe-se fontes de proteína em 
ocasiões em que a necessidade desse princípio é maior, de frutas que são os 
melhores veículos de vitaminas, baseado em superstições sem nenhum 
fundamento lógico. 
Lembremos alguns conceitos que se ajustam tão bem a este assunto que 
ora tratamos : “o valor de um povo se mede pela sua cultura”. O termo cultura é 
aqui empregado no sentido sociológico, isto é, do que é inato nos indivíduos e que 
é fenômeno social que se generaliza pelo grupo e se transmite a geração 
sucessoras por imitação das anteriores. “A produção de um país depende da 
saúde de seu povo”, “Sem desenvolvimento físico não há progresso moral”. 
Finalizando, vamos tentar juntos encontrar alguma explicação para alguns dos 
mais conhecidos tabus alimentares. 
 
Tabus Alimentares : 
 
- Obstáculos para uma perfeita alimentação; 
- Nenhuma mistura de alimentos faz mal ao organismo; 
- O estômago não tem prateleiras; 
- Aprenda você mesmo a escolher seus alimentos. 
 
 
V – DIETOTERAPIA 
 
1) CONCEITO: 
A dietoterapia é a parte do tratamento do paciente nas enfermidades 
agudas ou crônicas que envolve modificações na ingestão diária de alimentos. Ela 
pode ser a parte mais importante do tratamento ou até ser o único tratamento 
instituído, como no caso da dieta com baixo teor energético empregada para tratar 
a obesidade não complicada. Ela pode ser empregada em associação com 
medicamentos como no caso do diabetes. Em outros casos, a dietoterapia pode 
constituir apenas um suporte a outros tipos de tratamento, como, por exemplo, a 
progressão de uma dieta líquida para uma dieta normal depois de uma cirurgia. 
Dietoterapia é a alimentação que leva implícita uma “finalidade terapêutica”, 
já que os alimentos empregam-se como remédio e são utilizados para a cura de 
uma doença e para a recuperação do organismo doente. 
 
2) ALIMENTAÇÃO BALANCEADA : 
Alimentação balanceada é aquela que contém todos os nutrientes : 
carboidratos, proteína, gordura, sais minerais e vitaminas, mantendo entre si um 
equilíbrio. Ela é utilizada para manutenção da saúde ou para prevenir alguma 
doença. 
 
 
VI – CARÊNCIAS ALIMENTARES 
 
1)ANEMIAS : 
 
1.1)Introdução : 
O sangue transporta oxigênio, hormônios, eletrólitos, excreções celulares e 
outras substâncias de e para todas as partes do organismo. Ele é a própria vida e 
qualquer enfermidade ou desordem do sangue ou órgãos hematopoiéticos afeta o 
organismo como um todo. 
No indivíduo normal e sadio, o sangue constitui aproximadamente 5 a 6% 
do peso corporal. A concentração de células vermelhas (eritrócitos) é de 
aproximadamente 4.5000.000/mm3 em mulheres e 5.000.000/mm3 em homens. 
Para obter material necessário à produção de glóbulos vermelhos do 
sangue (eritropoiese), o organismo depende do aporte de alimentos. Para tanto, 
uma dieta bem balanceada deve fornecer os seguintes nutrientes essenciais : 
 
- Ferro, vitamina B6 (piridixina) e cobre, para a síntese de hemoglobina; 
- Ácido Fólico e vitamina B12 (cianocobalamina), para a maturação dos glóbulos 
vermelhos; 
- Proteínas, para a formação da globulina; 
- Vitamina C (ácido ascórbico) para auxiliar a absorção de ferro. 
 
1.2) Conceito : 
Anemia é um estado no qual há uma deficiência no tamanho ou no número 
do Eritrócito ou na quantidade de hemoglobina que eles contém. Os fatores 
nutricionais de maior importância nas Anemias são : 
 
- Deficiência de ferro 
- Deficiência de vitamina B12 
- Deficiência de Ácido Fólico 
 
1.3) Classificação : 
 
a) Anemia Resultante de Hemorragia Aguda : 
Após uma hemorragia aguda num indivíduo anteriormente sadio, pode 
aparecer uma anemia Normocrômica e Normocítica. O organismo repõe o plasma 
em poucos dias. Entretanto, a velocidade com que a hemoglobina é restaurada 
depende do tipo da dieta ingerida. Uma dieta adequada, normalmente rica em 
alimentos que contém ferro, ácido ascórbico e proteínas é essencial. 
Os líquidos são necessários para repor os fluidos perdidos através da 
hemorragia e, consequentemente perdidos dos tecidos. Em casos de hemorragia 
muito séria, pode ser necessária a restauração do volume do sangue através de 
transfusões. 
 
b)Anemia Nutricional : 
A deficiência pode ser causada por : 
-Ingestão inadequada; 
-Absorção deficiente; 
-Utilização imperfeita; 
-Lesões de medula óssea; 
-Aumento das necessidades : Adolescência e gestação 
 
- Anemia por Deficiência de Ferro ou Anemia Ferropriva 
Esta forma de anemia é caracterizada pela quantidade reduzida de 
hemoglobina no sangue e uma diminuição do conteúdo total de ferro no 
organismo. 
As três causa de Anemia Ferropriva são : 
 
- perda crônica de sangue, tais como Úlceras Pépticas Hemorrágicas em forma 
crônica, Hemorróidas sangrentas, Parasitas (Necator americanus ou Ancylostoma 
duodenalis) ou Tumores; 
- ingestão ou absorção deficiente de ferro; 
- necessidade aumentada de ferro por aumento do volume de sangue, como 
infância, puberdade, gestação e lactação. 
 
O tratamento mais eficiente e adequado, nos casos de anemia ferropriva, é 
a ministração de ferro medicamentoso, sob a forma de sais ferrosos, visando uma 
melhor absorção. Quando a terapia pela via oral se mostrar inapropriada ou pouco 
efetiva, as preparações à base de ferro serão ministradas por via parenteral. 
A dietoterapia, entretanto pode ser de grande ajuda para a medicação. Uma dieta 
bem balanceada fornece quantidadesuficiente de ferro para a maioria das 
pessoas. 
 
- Anemia por Deficiência de Ácido Fólico ou Anemia Megaloblástica : 
O Ácido Fólico é necessário para a síntese do DNA e para a maturação dos 
glóbulos vermelhos. Esta anemia está presente em algumas gestantes e em 
bebês nascidos de mães que tenham a deficiência. A deficiência pode ainda 
resultar de uma dieta inadequada. É vista também, com freqüência, no alcoolismo 
crônico, porque altos níveis de álcool no sangue bloqueiam a resposta da medula 
óssea ao ácido fólico e interferem na formação dos glóbulos vermelhos. 
O tratamento da anemia megaloblástica consiste na ministração de ácido 
fólico através de medicamentos, até que a deficiência seja corrigida. O consumo 
dos demais nutrientes indispensáveis à produção de glóbulos vermelhos (vitamina 
C, proteínas, ferro, cobre e vitamina B12), além do consumo de alimentos fontes 
de ácido fólico, ajuda no tratamento. Pacientes com anemia por deficiência de 
ácido fólico têm a boca e língua doloridos, por isso é recomendado o consumo de 
uma dieta de consistência branda ou líquida. 
 
- Anemia por Deficiência de Vitamina B12 (cianocobalamina) : 
A anemia por deficiência de vitamina B12 pode acontecer por duas causas: 
 
- consumo inadequado de vitamina B12 (fator extrínseco) , também conhecida 
como Anemia Megaloblástica. O consumo deficiente dessa vitamina é comum nas 
dietas vegetarianas, pois a vitamina B12 é somente encontrada em alimentos de 
origem animal. 
- falta do fator intrínseco (uma glicoproteína secretada pelo estômago), necessário 
para a absorção da vitamina B12. Esta anemia é conhecida pelo nome de 
Perniciosa. A Anemia Perniciosa se desenvolve normalmente após uma 
Gastrectomia Total. 
 
A vitamina B12 é necessária para a maturação dos glóbulos vermelhos do 
sangue, assim como o ácido fólico. Na sua ausência, os glóbulos vermelhos não 
amadurecem e se desenvolve a anemia. 
O tratamento da anemia perniciosa é feito por injeções intramusculares de 
vitamina B12 para o resto da vida. Quando o organismo começa a regenerar os 
glóbulos vermelhos, em resposta à terapia medicamentosa, necessitará de 
alimentos fontes de outros nutrientes exigidos pela eritropoiese. 
 
- Anemia Falciforme : 
É uma anemia hemolítica herdada, na qual a hemoglobina é defeituosa e os 
eritrócitos têm o formato de foice. Ocorre mais freqüentemente em certos grupos 
raciais (como a população negra). 
 
ANEMIA MEGALOBLÁSTICA 
 
 DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 DEFICIÊNCIA DE ÁCIDO FÓLICO 
E 
T 
I 
O 
L 
O 
G 
I 
A 
Ausência do Fator Extrínseco : 
. ingestão deficiente 
. dieta vegetariana 
 
Ausência do Fator Intrínseco : 
. gastrectomia total 
.síndromes disabsortivas 
Ingestão deficiente 
Necessidades Aumentadas (gestação) 
Alteração na absorção : 
. síndromes disabsortivas 
. medicamentos 
 Q 
U C 
A L 
 D I 
R N 
 O I 
 C 
 O 
 
Parestesia 
Hipotensão Postural 
Obstipação Intestinal 
Lesão Neurológica 
 
Glossite 
Distúrbios Nervosos 
. irritabilidade 
. esquecimento 
Perda de Peso 
Diarréia 
T 
R 
A 
T 
A 
M 
E 
N 
T 
O 
 
. Tratar a SMA ou a DEP 
. 1mg/dia vit.B12 intramuscular 
(fase crítica) 
. 6 a 8 injeções por ano (fase de 
controle) 
. Dietoterapia de Apoio: 
 Fígado, carne bovina, ovos, leite 
 
.Tratar a SMA ou a DEP 
. 100mg/dia de ácido fólico 
intramuscular (10 dias) 
. 5 a 15 mg/dia de ácido fólico 
intramuscular (semana) 
. Dietoterapia de Apoio : 
 Fígado, levedo, vegetais verdes 
folhosos, frutas frescas 
 
 
2) DESNUTRIÇÃO : 
 
2.1) Causas : 
 
ALGUMAS CAUSAS DA DESNUTRIÇÃO 
 
 
Desastres Má distribuição da renda 
Naturais – Seca Subdesenvolvimento Carência Materna 
 Enchentes Negligência Distúrbios Psicológicos 
Humanos – Guerras 
 Desordens Civis Inadequação Emocional 
 Somática 
 
Hábitos Alimentares Pobreza Abandono Anorexia 
Tradições Ausência de 
 saneamento e 
 educação 
Defeitos Congênitos Consumo Alimentar Deficiente 
Prematuridade Quantidade, balanço, adaptação 
Erros metabólicos Qualidade, físico, bioquímico 
Defeitos Nutricionais Apresentação Contaminação 
 Anatômicos 
 Desenvolvimento 
 Infecciosos 
 
 
Necessidades Aumentadas Outras Doenças 
Variações individuais Infecciosas : tuberculose 
Crescimento, gravidez escabiose 
Lactação Endócrinas – metabólicas Alterações enzimáticas 
Ferimentos, doenças Degenerativas Alterações bacterianas 
Esforço físico Anatomia intestinal 
 Atrofia Intestinal 
 
 Mal Absorção 
 
 
 Distúrbios Gastrintestinais de Origem Desconhecida 
 Esteatorréia 
 Retocolite Ulcerativa 
 Doença de Crohn 
 
(Segundo Williams.C.D –Malnutrition. Lancet.2:342,1962) 
 
2.2) Tipos : 
 
O termo desnutrição calórico-protéica é utilizado para identificar um 
complexo grupo de problemas nutricionais correlatos. Crianças com desnutrição 
calórico-protéica apresentam retardo no crescimento e desenvolvimento, enquanto 
outros sintomas clínicos variam com a idade e o estado da criança, além da 
intensidade dos fatores causais. 
 
a)Kwashiorkor : 
É causado por grave deficiência protéica, com ingestão energética mais 
adequada. As vezes pode ocorrer consumo inadequado de proteína de alto valor 
biológico. Com isso a quantidade de proteínas na dieta não é insuficiente, mas a 
qualidade o é. A deficiência protéica real existe em lugares onde as raízes e 
tubérculos amiláceos constituem o alimento básico. O kwashiorkor tende a 
aparecer com mais freqüência em crianças com mais de um ano de idade. A 
presença de edema é sua característica mais distinta. Invariavelmente o 
crescimento é retardado, embora a existência de edema possa mascarar o grau 
de inanição. 
O kwashiorkor é uma afecção aguda de curta duração, em que a 
recuperação ou morte ocorrem de modo relativamente rápido. A taxa de 
mortalidade, mesmo entre crianças hospitalizadas é elevada e a criança 
apresenta-se apática e triste. Também podem existir distúrbios da pigmentação da 
pele e do cabelo e alguma hepatomegalia. Kwashiorkor significa “cabelo vermelho” 
e seu nome é originário da região africana. 
 
b)Marasmo : 
A idade de uma criança constitui importante fator, ao se determinar se a 
desnutrição protéico-calórica grave surgirá como Marasmo Nutricional ou 
Kwashiorkor.É mais provável que o marasmo se desenvolva em crianças com 
menos de um ano de idade, quando a alimentação materna falha ou não é 
realizada por um período suficiente de tempo e os alimentos aconselháveis para o 
desmame não são disponíveis, ou as práticas de alimentação desencorajam o uso 
de tais alimentos. 
A criança com marasmo está a mais de 40% abaixo do peso corpóreo 
padronizado. Existe uma ausência de gordura subcutânea, fraqueza muscular e 
diminuição da altura. O edema não é observado. A criança marasmática parece 
um velho, com a cabeça e olhos muito grandes, face enrugada e corpo diminuto. 
Essas crianças são muito suscetíveis à doença infecciosa, e sua taxa de 
mortalidade é elevada. 
 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS, BIOQUÍMICAS E CLÍNICAS DO 
MARASMO E KWASHIORKOR 
 
 MARASMO KWASHIORKOR 
Freqüência Criança menor de 1 ano Criança maior de 1 ano 
Proteínas Plasmáticas normais Diminuídas 
Edema Ausente Presente 
Anemia Ausente Presente 
Sinais Avitaminosos Ausente Presente 
Esteatose Hepática Ausente Presente 
Mucosa Intestinal Lesões mínimas Achatamento 
Alterações Imunológicas Presente Presente 
Apetite Mantido Rejeita o alimento 
Retardo do Crescimento Acentuado Leve 
Perda de Peso Acentuado Leve 
Atrofia Muscular Acentuado Leve 
 
 
VII – DIETAS HOSPITALARES 
 
Não existe um único padrão de dieta que possa ser considerado ideal para 
determinada patologia. O que deve existir é um padrão ideal para CADA paciente 
em CADA situação. Assim como a ingestão de alimentos varia ,individualmente, 
variam também as necessidades nutricionais. Cada paciente vai requerer calorias, 
aminoácidos, ácidos graxos, minerais e vitaminas em quantidades e proporções 
variáveis. O aporte de calorias e princípios nutritivos pode ser obtido através de 
inúmeras combinações de alimentos, uma vez que também as características e 
composição dos alimentos variam infinitamente. 
Por causa destes três fatores – diferença nos requerimentos nutricionais 
individuais, diferenças nas condições de ingestão e variação na composição dos 
alimentos – torna-se praticamente impossível a generalização de um plano de 
alimentação que seja adequado a todos os pacientes. Como conseqüência, a 
característica mais importante das dietas oferecidas em um hospital deve ser sua 
flexibilidade, ou seja, a possibilidade de variações e adequações individuais, 
tornando, então, a dieta individualizada. 
Apesar da individualização da dieta ser meta prioritária, e independente 
desta individualização, é necessário que sejam estabelecidas, em nível hospitalar, 
condutas gerais a partir das quais maiores especificações possam ocorrer. Assim, 
é preciso que dietas com nomenclatura própria e composição conhecida estejam 
disponíveis à população de pacientes. 
 
1)CLASSIFICAÇÃO : 
 
Para compreendermos melhor a variedade de dietas hospitalares, é 
necessário que tomemos conhecimento dos pontos nos quais elas se baseiam. 
Para especificarmos uma dieta, nos baseamos em suas características físicas e 
químicas quanto aos aspectos qualitativo e quantitativo. Quando falamos em 
dietas hiperprotéicas ou hipolipídicas, estamos nos baseando em suas 
características químicas e no aspecto quantitativo destas. Dietas brandas ou 
pastosas se baseiam na consistência das preparações, ou seja, uma característica 
física. 
O primeiro passo na determinação de uma dieta é a sua textura, ou seja, a 
definição da dieta como sendo de consistência normal, banda, pastosa ou líquida. 
Embora não exista um consenso sobre o assunto, poderíamos definir algumas 
características gerais destas dietas 
 
1.1)Dieta Líquida de Prova : 
Dieta constituída por água fervida e filtrada, água de coco ou chá adoçado 
com nidex ou dextrosol. 
- Indicação : Dieta geralmente oferecida para pacientes no período pós-
operatório e para aqueles que apresentam crises de vômitos, sendo utilizada com 
o intuito de testar a aceitação e a tolerância gastrointestinal. 
 
1.2)Dieta Líquida Restrita ou Clara : 
Dieta constituída de alimentos líquidos, pobre em gorduras e resíduos com 
quantidade insuficiente de calorias e nutrientes, sendo utilizada durante um 
período curto (24-36 horas) por conter em média 400-500 Kcal. 
- Indicação : Dieta freqüentemente indicada nos períodos pré e pós-
operatórios com o objetivo de hidratar o paciente e fornecer nutrição ainda antes 
do retorno das funções gastrointestinais normais. 
- Alimentos Utilizados : sucos de frutas coados, caldos de legumes e carnes 
límpidos, chá, café (sem cafeína), gelatina, açúcar, água de coco. 
 
1.3) Dieta Líquida Completa : 
É constituída de alimentos que se apresentam em forma líquida à 
temperatura ambiente. A dieta pode ser considerada adequada às necessidades 
de manutenção, exceto no que diz respeito às fibras. Se a dieta for utilizada por 
um período mais longo, deve-se procurar aumentar seu valor nutritivo através do 
uso de suplementos alimentares. 
- Indicação : indicada para pacientes que necessitam de alimentos de fácil 
digestão e consumo, isenta de fibras e agentes mecânicos ou condimentos que 
possam causar irritação. 
- Alimentos Utilizados : sucos de fruta coados, sopas liquidificadas e 
coadas, chás, consomes, gelatina, gemada, café, mingau, vitaminas de fruta, leite, 
shakes. 
 
1.4) Dieta Líquido-Pastosa (Pastosa) : 
Dieta de consistência espessada, constituída principalmente de líquidos e 
alimentos semi-sólidos, pobre em fibras e de fácil digestão. „E uma dieta 
intermediária entre a líquida e a branda. 
- Indicação : Dieta utilizada para várias enfermidades, principalmente em 
pacientes debilitados por se de mais fácil digestão, bem como em pacientes 
desprovidos de dentes e com dificuldade de mastigar. 
- Alimentos Utilizados : sucos de frutas, sopas liquidificadas, consomes, 
purê de vegetais, patês, arroz papa, sorvetes, cremes, gelatinas, gemadas, 
vitamina de frutas, mingaus ou papas, café com leite, chás, frutas amassadas, 
pudins, ovos “poached” ou mexidos, carnes moídas ou desfiadas. 
 
1.5) Dieta Branda : 
É uma dieta de transição, adequada em todos os nutrientes, pobre em 
fibras a tecidos conjuntivos, com modificação na consistência através da 
subdivisão e cocção de alimentos. 
- Indicação : dieta planejada para casos em que se deseja facilidade de 
digestão. É utilizada também para pacientes com pouco ou nenhum dente ou com 
próteses mal adaptadas. 
- Alimentos Utilizados : bebidas preparadas com leite; ovos cozidos (moles 
ou duros) ou mexidos; peixe e frango assados ou grelhados, carne de boi cozida; 
queijos cremosos; pães em forma de torradas, mingaus, biscoitos doces ou 
cracker, arroz, macarrão, e outros cereais enriquecidos, refinados ou moídos; 
manteiga, azeite, óleos vegetais; vegetais cozidos ou purês; frutas macias, na 
forma de purês ou cozidas, sucos de frutas, vitamina de frutas; pudins, bolos, 
todos os líquidos. 
 
1.6) Dieta Livre, Normal ou Geral : 
É uma dieta completa, adequada em todos os nutrientes, sem restrições 
quanto às características físicas (Ex.: consistência, fibras, temperatura). 
- Indicação : É utilizada por toda coletividade sadia constituída por 
funcionários e acompanhantes dos pacientes, bem como por aqueles parentes 
que não necessitam de dietas com restrição de nutrientes ou com modificações na 
consistência dos alimentos. 
- Alimentos Utilizados : Líquidos, cereais, leguminosas, vegetais, leite e 
derivados, ovos, pães, biscoitos, bolos, pudins, carnes, peixes, aves, sopas, 
frutas. 
Obs.: São restringidos ou utilizados com moderação apenas aqueles 
alimentos formadores de gases e de difícil digestão como o repolho, carne de 
porco e crustáceos. 
 
 
VIII – IMPORTÂNCIA DAS DIETAS EM CERTOS TRATAMENTOS 
 
1)DIABETES MELLITUS : 
 
O Diabetes Mellitus é uma síndrome decorrente da falta de insulina ou da 
incapacidade da insulina exercer adequadamente seus efeitos metabólicos. 
Caracteriza-se pela presença de hiperglicemia e freqüentemente por complicações 
crônicas microvasculares, macrovasculares e neurológicas.O Diabetes tem recebido especial atenção entre a comunidade médica por 
vários motivos, tais como : 
 
- problema de saúde pública que atinge 5 milhões de pessoas no Brasil; 
- tem prevalência similar entre os sexos; 
- a prevalência aumenta com a idade : 
 . 30-69 anos – 7,6% da população 
 . > 70 anos – 20% da população; 
- é a 6ª causa mais comum de internação hospitalar; 
- é a 4ª causa mais comum de morte; 
- 50% dos diabéticos não sabem que têm a doença; 
- 25% dos diabéticos, que sabem que têm a doença, não se tratam; 
- o diabetes aumenta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares; 
- é a principal responsável por amputações de membros inferiores e de cegueira 
adquirida. 
 
1.1) Classificação : 
- Diabetes Mellitus : 
 . Insulinodependente (Tipo 1) 
 .Não insulinodependente(Tipo2) 
 . Não-obeso 
 . Obeso 
- Tolerância à Glicose Diminuída 
- Diabetes Mellitus Gestacional 
 
1.2)Dietoterapia : 
A educação alimentar é um dos pontos fundamentais do tratamento do 
Diabetes, ou seja, não é possível um bom controle metabólico sem uma 
alimentação adequada. As recomendações nutricionais dos pacientes com 
diabetes sofreram consideráveis modificações nos últimos anos. Isso gerou muita 
divergência de condutas e surgimento de tabus alimentares que terminaram por 
tornar o plano alimentar muito restritivo e de difícil adesão. 
Os objetivos da conduta nutricional do paciente com diabetes são : 
- contribuir para normalização da glicemia; 
- diminuir fatores de risco cardiovascular; 
- fornecer calorias suficientes para obtenção e manutenção do peso saudável, pois 
a obesidade promove alterações estruturais e metabólicas nos sítios receptores de 
insulina do adipócito; 
- prevenir complicações agudas e crônicas; 
- promover saúde através da nutrição adequada. 
Para que o plano alimentar do paciente diabético seja adequado, 
recomenda-se atualmente a mesma alimentação saudável e equilibrada que todo 
indivíduo deveria seguir, ou seja com calorias suficientes para sua atividade e 
manutenção do peso, além de adequada em proteínas, minerais, gorduras, 
vitaminas e carboidratos. A única diferença é a restrição de sacarose, encontrada 
no açúcar, no mel de abelha, nos doces em geral, no caldo de cana, na rapadura. 
Uma atenção especial é dada às fibras (cereais integrais, frutas e vegetais crus), 
que tem a capacidade de reduzir o tempo de absorção da glicose, favorecendo o 
controle da glicemia. 
Os alimentos dietéticos podem ser recomendados considerando-se o seu 
conteúdo calórico. Vale ressaltar a importância de se diferenciar alimentos 
“diet”(isento de sacarose, mas que podem ter valor calórico elevado devido ao teor 
de gordura) e “light” (de valor calórico reduzido em relação aos convencionais, 
porém nem sempre isentos de sacarose). De uma forma geral é importante que o 
paciente seja treinado a ler o rótulo do alimento para saber qual o mais indicado. 
Os adoçantes podem ser utilizados considerando-se o seu valor calórico. O 
aspartame, o ciclamato, a sacarina, o acessulfame K, a stévia e a sucralose são 
praticamente isentos de calorias. No entanto a frutose, a dextrose, a maltose, a 
lactose, o sorbitol e o xilitol possuem valor calórico considerável e devem ser 
usados esporadicamente. Os alegados efeitos danosos dos adoçantes artificiais 
não tem fundamentação científica. A Organização Mundial de Saúde recomenda 
evitar o uso excessivo e alternar os diferentes tipos de edulcorantes. 
 
 
2)OBESIDADE : 
 
A obesidade é, atualmente, um dos mais graves problemas de saúde 
pública. Sua prevalência vem crescendo acentuadamente nas últimas décadas, 
inclusive nos países em desenvolvimento, o que levou a doença à condição de 
epidemia global. Há 20 anos, calculava-se que 20% da população brasileira era 
obesa, enquanto que estudos recentes mostram que esse número está chegando 
aos 40%. Nos Estados Unidos, a estatística é de que 1 em 2 americanos está 
acima do peso. 
A situação é preocupante, pois os quilos a mais estão entre os principais 
fatores de doenças mortais, sobretudo cardiovasculares, como infarto, acidentes 
vasculares cerebrais, diabetes, hipertensão colesterol elevado. Sem contar com os 
problemas psicológicos, ortopédico ( como hérnia de disco ) e orgânicos (como 
pedras nos rins e vesícula). Até mesmo alguns tipos de câncer estão associados à 
obesidade. O de cólon, por exemplo, é mais freqüente em obesos. 
 
2.1) Classificação : 
Define-se obesidade como um acúmulo excessivo de gordura de magnitude 
tal que compromete a saúde. 
Na origem da obesidade existem fatores genéticos, psicossociais, culturais, 
nutricionais, metabólicos e endrócrinos que lhe conferem um caráter multifatorial. 
A técnica mais utilizada para seu reconhecimento é o IMC (Índice de Massa 
Corporal). Na literatura médica o IMC é comumente usado para classificar o baixo 
peso, o peso normal, o sobrepeso e a obesidade em adultos. A OMS 
(Organização Mundial de Saúde) atualmente recomenda seu uso baseando-se na 
associação que existe entre IMC elevado e morbi-mortalidade, como demonstram 
vários estudos nos quais se evidencia que a partir de um IMC de 30 Kg/m2 o risco 
para enfermidade cardiovascular, diabetes, enfermidades de vias biliares, alguns 
tipos de câncer, dentre outros, aumenta consideravelmente. 
 
 IMC = Peso (Kg) / altura2 (metros) 
 
Classificação IMC (Kg/m2) Risco de Comorbidade 
Baixo peso 
 
< de 18,5 
 
Baixo (risco de outros 
problemas clínicos) 
Normal 
Pré-obeso 
Obesidade Grau I 
Obesidade Grau II 
Obesidade Grau III 
18,5 – 24,9 
25,0 – 29,9 
30,0 – 34,9 
35,0 – 39,9 
 40,0 
 - 
Aumentado 
Moderado 
Severo 
Muito severo 
Fonte : Organização Mundial de Saúde (1998) 
 
Atualmente se reconhece que não se deve levar em consideração apenas a 
quantidade total de gordura corporal, mas também a sua localização. Devido ao 
fatos de que o aumento da gordura visceral (abdominal) se relaciona com um alto 
risco de morbidade e mortalidade, principalmente cardiovascular, sua 
determinação é necessária. 
- Obesidade Andróide (em forma de maçã) : pessoa que possui maior 
quantidade de gordura acumulada no tronco; os braços e pernas são mais finos. 
Estes indivíduos estão mais sujeitos a coronariopatias, como infarto e 
arteriosclerose. 
- Obesidade Ginecóide (em forma de pera) : caracteriza indivíduos com 
quadris largos. Forma mais comum em mulheres e na população masculina negra. 
 
2.2) Dietoterapia : 
Não é possível estabelecer um tratamento dietoterápico rotineiro, uma vez 
que este é o principal responsável pelos grandes fracassos no tratamento de 
obesos. A experiência mostra que dois obesos, da mesma idade, sexo e altura, 
com o mesmo peso e tratamento alimentar iguais, apresentam valores de perda 
de peso diferentes. O tratamento deve ser individualizado, e após a prescrição do 
programa alimentar é necessário observar atentamente a evolução do obeso para 
efetuar a adequação de acordo com a resposta obtida. 
De uma forma geral o plano alimentar apresenta as seguintes 
características: 
 
- baixa densidade calórica com restrição de gorduras; 
- aumento do fracionamento do cardápio, oferecendo no mínimo 04 refeições por 
dia 
- carboidratos em todas as refeições; 
- estímulo ao consumo de alimentos ricos em fibras como : grãos e cereais 
integrais, frutas, verduras e legumes; 
- uso moderado e esporádico de açúcares simples, doces, bebidas alcoólicas e 
gorduras, principalmente as de origem animal; 
- participação ativa do paciente na elaboração dos cardápios e escolha dos 
alimentos. 
 
Ainda é importante a adoção de um estilo de vida mais saudável, que inclui 
não somente a mudança dos hábitos alimentares, como também prática de uma 
atividade física que favorecerá tanto a perda como a manutenção do peso. 
Em casos mais severos de obesidade pode estar indicado a utilização de 
medicamentos ou até mesmo de cirurgias para redução da capacidade gástrica. 
 
 
3) DOENÇAS CARDIOVASCULARES : 
 
As doenças do coração, principalmenteaquelas denominadas de maneira 
geral doenças cardíacas degenerativas, figuram entre as primeiras causas de 
morte. A severidade da cardiopatia depende da extensão do comprometimento do 
sistema cardiovascular e o quanto suas funções estão afetadas. 
 
3.1) Infarto do Miocárdio (IAM) : 
O infarto do miocárdio é um processo no qual o músculo cardíaco se vê 
privado do suprimento sangüíneo e torna-se necrosado. A interrupção do 
suprimento sangüíneo (isquemia), é o resultado da obstrução de uma das artérias 
coronárias, ou de um de seus ramos, devido à trombose ou a placas de ateromas. 
A finalidade do tratamento é a de promover o repouso, para reduzir o 
esforço despendido com o trabalho cardíaco e a de diminuir a carga sobre o 
miocárdio lesado. O tratamento também inclui a prevenção de complicações como 
choque ou colapso, arritmias cardíacas, bem como a eliminação de fatores que 
possam levar a outros ataques. 
- Dietoterapia : 
Imediatamente após o infarto deverá ser estabelecido um plano 
endovenoso, principalmente para ministração de medicamentos. Neste momento a 
dieta estará suspensa. 
Líquidos puros constituirão a primeira alimentação permitida por via oral, 
assim que o paciente estiver estável. No caso de vômitos e aspiração, os líquidos 
puros são os menores perigos. Aproximadamente, de 1,5 a 2 litros de líquidos 
claros, por dia, deverão ser dados durante dois dias. A seguir, inicia-se uma dieta 
branda, de poucas calorias, com restrição média de sódio. Os alimentos deverão 
ser distribuídos em seis pequenas refeições, para evitar a distensão gástrica. 
 
3.2) Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) : 
Na ICC o coração se torna incapaz de bombear sangue suficiente para 
fornecer às células do organismo adequadas quantidades de oxigênio e de outros 
nutrientes. Em virtude deste bombeamento insuficiente, a rede vascular dos 
pulmões sofre estase, o que leva à hipertensão pulmonar e ao edema pulmonar. 
O tratamento da ICC deve iniciar-se com repouso, para reduzir o trabalho 
do coração. A terapêutica é usada com a finalidade de fortalecer a ação do 
coração, diminuindo seu ritmo e reforçando seus batimentos. Para eliminar o 
edema, usa-se uma combinação de repouso, diuréticos e dietoterapia. 
 
-Dietoterapia : 
A principal finalidade da dietoterapia é a de eliminar o edema. Esse objetivo 
é obtido pela restrição da ingestão de sódio. Os líquidos geralmente são restritos, 
por seu excesso dificulta a regressão do edema. Os alimentos são divididos em 
cinco ou seis pequenas refeições, para evitar distensão do diafragma, o que iria 
reduzir a capacidade vital. A perda de peso também é vantajosa e, para tanto, 
deverá ser indicada uma dieta hipocalórica. 
 
3.3) Hipertensão Arterial : 
A hipertensão arterial, uma entidade clínica multifatorial, é conceituada 
como síndrome caracterizada pela presença de níveis tensionais elevados, 
associados a alterações metabólicas hormonais e a fenômenos tróficos (hipertrofia 
cardíaca e vascular). A prevalência da hipertensão arterial é elevada, estimando-
se que de 15 a 20% da população brasileira adulta possa ser rotulada como 
hipertensa. Após aferição criteriosa da pressão arterial, aceita-se como normal 
para indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade) cifras inferiores a 85 
mmHg de pressão diastólica e inferiores a 130 mmHg de pressão sistólica. 
O tratamento da hipertensão arterial compreende dois tipos de abordagem: 
o farmacológico, à base de drogas anti-hipertensivas, e o não-farmacológico, que 
se baseia fundamentalmente em mudanças de estilo de vida, nas quais o 
manuseio nutricional tem papel fundamental. 
-Dietoterapia : 
Dentre as modificações alimentares que comprovadamente reduzem a 
pressão arterial, podemos citar : 
 . redução na ingestão de sal. Do ponto de vista prático, deve-se evitar a ingestão 
de alimentos processados industrialmente, tais como enlatados, conservas, 
embutidos e defumados. Deve-se ainda orientar os pacientes a utilizar o mínimo 
de sal no preparo dos alimentos, além de evitar o uso do saleiro à mesa, durante 
as refeições. 
 . Aumento da ingestão de potássio . Essa indicação se justifica pela 
possibilidade de o potássio exercer efeito anti-hipertensivo, ter ação protetora 
contra danos cardiovasculares, e servir como medida auxiliar em pacientes 
submetidos a terapia com diuréticos, desde que não existam contra-indicações. 
 . Redução do consumo de bebidas alcoólicas. O consumo de álcool eleva a 
pressão arterial, aumenta a prevalência de hipertensão, é fator de risco para 
acidente vascular encefálico, além de ser uma das causas de resistência à 
terapêutica anti-hipertensiva. 
Além dessas medidas dietéticas, ainda é aconselhado que o paciente 
reduza o peso corporal, pois o excesso de peso tem forte correlação com o 
aumento da pressão arterial. A atividade física também é capaz não só de regular 
a pressão arterial, como também de reduzir o peso corporal. 
 
3.4) Hiperlipidemias : 
A problemática da hiperlipidemia reside na comprovada relação que essa 
alteração metabólica mantém com o aparecimento da doença arterial coronária. A 
hiperlipidemia decorre do aumento da concentração de lípides plasmáticos, 
conseqüente a alterações de seu metabolismo. Clinicamente as hiperlipidemias 
podem manifestar-se como hipercolesterolemia e/ou hipertrigliceridemia. 
A terapêutica das dislipidemias, de comprovada eficiência, tem por 
finalidade fundamental a prevenção da Doença Arterial Coronariana. A terapêutica 
deve ser iniciada com mudanças individualizadas no estilo de vida, que 
compreendem hábitos alimentares saudáveis, busca e manutenção do peso ideal, 
exercício físico aeróbio regular, combate ao tabagismo e promoção do equilíbrio 
emocional. Não sendo atingidos os objetivos propostos, deve ser considerada a 
introdução de drogas, com manutenção da dietoterapia. 
-Dietoterapia : 
Dentre as recomendações para redução da taxa de gordura sangüínea, 
podemos citar : 
 . redução do consumo de COLESTEROL – para isso deve-se restringir o 
consumo de leite integral e seus derivados, biscoitos amanteigados, croissants, 
sorvetes cremosos, embutidos em geral, carne vermelha gordurosa, pele de 
animais, frutos do mar, gema de ovo. 
 . redução do consumo de GORDURA SATURADA – para diminuir o consumo de 
ácidos graxos saturados, aconselha-se restrição na ingestão de gordura animal, 
da polpa do coco e do uso de alguns óleos vegetais (coco e dendê). 
 . margarinas – são os substitutos das manteigas, mas deve-se dar preferência 
àquelas mais cremosas e que apresentem na sua embalagem a composição 
mostrando maior teor de gordura poliinsaturada de que de saturada. 
 . aumento do consumo de fibras solúveis – retardam o esvaziamento gástrico e 
aumentam o tempo de trânsito intestinal; tornam mais lenta a absorção da glicose 
e reduzem os níveis de colesterol total e de LDL-col. 
 . álcool – sua ingestão moderada não é prejudicial, salvo em casos de 
hipertrigliceridemia. 
 
4) INSUFICIÊNCIA RENAL: 
 
Falha renal ou insuficiência renal são termos utilizados para descrever a 
alteração da função renal. Pode ser aguda ou crônica, e a primeira pode, ou não, 
evoluir para a forma crônica. 
 
4.1) Insuficiência Renal Aguda : 
Conceitua-se insuficiência renal aguda (IRA) como a deterioração rápida da 
função renal, resultando em desequilíbrio hidroeletrolítico e acúmulo dos produtos 
do catabolismo nitrogenado, como uréia e creatinina. A IRA muitas vezes ocorre 
após queimaduras, estado de choque ou infecções (sepsis). 
As finalidades do tratamento são : corrigir a anormalidade subjacente 
responsável, quando possível, e manter o organismo em estado de equilíbrio até 
que os rins reassumam um funcionamento adequado. 
-Dietoterapia : 
As necessidades energéticas dos pacientes com IRA estão aumentadas e 
eles devem receber um número suficiente de calorias para impedir o catabolismo 
das proteínas corpóreas. A quantidade de proteína deve ser prescrita de acordo 
com o grau de aparecimentode escórias nitrogenadas, podendo variar de hipo a 
hiperprotéica. Os carboidratos e gorduras completarão as necessidades 
energéticas do paciente. Caso haja retenção hídrica, os líquidos serão limitados. 
 
4.2) Insuficiência Renal Crônica : 
A insuficiência da função dos rins, depois de uma insuficiência renal aguda, 
ou a perda progressiva da função renal devido a doenças renais, pode resultar em 
insuficiência renal crônica (IRC). 
Os rins não são mais capazes de preencher seu papel na remoção de 
resíduos metabólicos do sangue e o mecanismo homeostático do organismo está 
irreversivelmente transtornado. O objetivo do tratamento nutricional consiste em 
fornecer uma dieta que satisfaça às necessidades mínimas para a saúde. 
Os pacientes com IRC devem ser observados a intervalos regulares para se 
monitorizar a evolução da doença, avaliando a melhor forma de tratamento. Este 
baseia-se na utilização de medicamentos específicos; na indicação ou não de 
diálise, e transplante para pacientes na fase terminal. 
- Dietoterapia : 
A dietoterapia deve ser utilizada de acordo com o estado nutricional, com os 
dados laboratoriais e o tipo de tratamento em que se encontra o paciente, e pode 
ser essencial no tratamento de pacientes com IRC, pois propicia melhora 
sintomática e torna mais lenta a perda da função renal residual. 
De uma forma geral, se o paciente não estiver em tratamento dialítico, 
prescreve-se uma dieta hipoprotéica para maior preservação da função renal. É 
grande a preocupação com o estado nutricional que tende a cair com a 
progressão da doença. Como é comum a presença de edemas e de hipertensão 
arterial, a dieta quase sempre será hipossódica. 
Caso o paciente esteja em tratamento dialítico (hemodiálise, diálise 
peritoneal ou CAPD), a prescrição dietética é modificada para dieta hiperprotéica, 
para compensar perda de proteína que ocorre durante cada sessão dialítica. 
Existe também preocupação com o estado nutricional do paciente. Prescreve-se 
dieta hipocalêmica (pobre em potássio) caso os níveis desse mineral estejam 
aumentados, além de dieta rica em cálcio e pobre em fósforo, de acordo com os 
exames laboratoriais. 
 
 
IX – SUPORTE NUTRICIONAL 
 
O constante avanço tecnológico tem permitido aos profissionais de saúde 
optar por procedimentos extremamente modernos nas mais diversas 
especialidades com o objetivo de atender às necessidade mais específicas dos 
pacientes. 
Embora possamos contar, atualmente, com uma série de recursos para a 
manutenção do aporte calórico, nitrogenado, enfim, de todos os princípios 
necessários ao atendimento dos requerimentos nutricionais, a via preferencial 
para a alimentação deve ser a via oral. Sempre que houver um trato 
gastrintestinal íntegro, em termos de ingestão e digestão de alimentos e absorção 
de nutrientes, apetite preservado e condições neuromusculares para que a 
ingestão possa ocorrer, e havendo disponibilidade de gêneros alimentícios e 
preparações, a via oral deve ser utilizada. Entretanto, em alguma situações, o 
paciente não pode se alimentar, sua ingestão é insuficiente ou sua digestão ou 
absorção estão prejudicadas, fazendo com que a dieta normal se torne ineficaz e, 
por vezes, prejudicial. Sempre que a via oral não puder ser utilizada ou não 
proporcionar o necessário aporte alimentar, o suporte nutricional por outra via 
estará indicado. 
O estado do trato gastrintestinal (TGI) vai determinar a escolha entre 
nutrição enteral (NE) e nutrição parenteral (NP). 
 
1) NUTRIÇÃO ENTERAL: 
 
O termo nutrição enteral (NE) é utilizado referindo-se a pacientes 
submetidos à alimentação forçada pelo TGI, através de sondas nasoenterais ou 
nasogástricas ou estomias, localizadas em vários locais do tubo digestivo. 
 
1.1)Vias de Acesso : 
Indicado a NE, faz-se escolher a melhor via de acesso para sua 
administração. As vantagens de se utilizar o trato digestivo são muitas : é mais 
fisiológico, seguro e preserva as funções e a integridade da mucosa intestinal, 
além de ser mais econômico. 
Existem diversas maneiras de transportar o alimento até o tubo digestivo. A 
escolha da via deve ser feita considerando-se vários fatores : a existência de 
doenças ou obstrução no tubo digestivo; a provável duração da alimentação 
enteral; o risco de regurgitação ou vômito e broncoaspiração; idade e estado geral 
do paciente; atividade física do paciente, etc. 
A nutrição enteral pode realizar-se pelas seguintes vias : 
- nasogástrica; 
- nasoduodenal; 
- nasojejunal; 
e também através de estomias : 
- esofagostomia; 
- gastrostomia; 
- jejunostomia. 
A NE está contra-indicada quando o TGI não está funcionante, como ocorre 
na obstrução intestinal, íleo paralítico e obstrução gástrica. 
 
1.2)Classificação : 
A NE pode ser dividida em dois grupos, segundo os nutrientes utilizados e o 
modo de preparo : 
- Artesanais ou naturais, preparadas a partir de alimentos in natura e/ou 
industrializados, liquidificados, sendo, na maioria das vezes, preparados 
integralmente na própria cozinha dietética hospitalar; 
- Industrializadas ou quimicamente definidas, formuladas e preparadas 
integralmente por empresas especializadas, exigindo ou não pequena 
manipulação prévia à administração da dieta. Apresentam-se na forma de pó para 
reconstituição, ou líquida, pronta para uso. 
 
1.3) Técnica de Administração da Dieta : 
O volume e a concentração das fórmulas ministradas pela sonda devem 
ajustar-se a cada caso, individualmente, tomando-se por base as necessidade 
nutricionais do doente, o seu estado nutricional, sua situação clínica e a fórmula 
selecionada. O trato digestivo do paciente precisa de um período de adaptação à 
nova via de alimentação. Esta capacidade de adaptação dependerá diretamente 
das condições clínicas apresentadas pelo paciente, bem como da integridade e do 
funcionamento do TGI. O posicionamento da sonda influirá nesta aceitação. Deve-
se considerar que o duodeno e o jejuno são mais sensíveis que o estômago ao 
volume administrado e à osmolaridade da solução. 
 
- Administração intermitente “em bolos” e gravitacional : 
A administração de dieta é chamada de intermitente quando seus horários 
são fracionados, como por exemplo a cada 3 horas, a cada 4 horas, etc. 
A administração “em bolos” é aquela que utiliza-se uma seringa para a 
infusão de dieta enteral. Habitualmente, indica-se um volume de 100 a 300 ml de 
dieta a cada 2 ou 6 horas. O tempo para administração da fórmula varia de 30 a 
50 minutos por horário. O cálculo sugerido é : 
 . no início do tratamento : volume total/ 3 = x minutos; 
 . após fase de adaptação : volume total/6 = y minutos. 
A administração gravitacional é aquela que utiliza-se de um equipo provido 
de pinça para controle de gotejamento, o qual escoará pela força da gravidade. 
Recomenda-se que, no início do tratamento, sejam administrados no máximo 60 
gotas/minuto. Todavia, o programa de administração deverá ser calculado 
individualmente com base nas necessidades calóricas e volumétricas do enfermo 
e do tempo global de oferta. 
 
- Administração contínua gravitacional e por bomba de infusão : 
A administração contínua é aquela que ocupa um período de 12 a 24 horas 
seguidos para infusão da dieta enteral. Pode ser gravitacional ou por bomba de 
infusão. 
Entretanto, independente da forma escolhida para administração da dieta, 
para garantir a melhor tolerância digestiva da mesma, é fundamental que haja o 
controle da velocidade do gotejamento, afim de prevenir tanto o atraso da 
alimentação quanto a aceleração na introdução da NE. 
 
1.4)Complicações : 
A alimentação por via nasoenteral ou por estomias não é isenta de 
complicações que, uma vez conhecidas, podem ser tratadas ou prevenidas 
monitorizando-se de forma adequada os pacientes. 
 
- Pneumonia por Aspiração : 
A pneumonia aspirativa é considerada a complicação de maior gravidade 
em NE. A seleção certa da sonda e sua posição correta são fatores importantes a 
se considerar. Deve-se considerar o risco

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