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APOL literatura classica

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Falar é algo tão habitual que poucas vezes lembramos que é um fato social. As palavras não são unicamente mecanismos comunicacionais, veículos de uma informação que existe à sua revelia, transmissoras de um conteúdo que independe de sua participação.
Os poemas oriundos dos Períodos Homérico e Arcaico gregos (séc. IX ao VI a.C.)1 são um excelente campo para avaliarmos esta problemática. Neles é possível observar as marcas deixadas por indivíduos que tinham na fala seu meio de sobrevivência. Era através da palavra dita oralmente que angariavam prestígio e visibilidade sociais. 
Estes esforços se viam limitados pelo próprio sentido de suas atividades. Os aedos não faziam parte do grupo seleto de nobres que, em uma sociedade altamente estratificada, ostentava seu poder através de discursos que lhes atribuíam uma genealogia heróica e, em alguns casos, uma origem divina. Para este grupo, o prestígio social era baseado em uma noção de glória – kléos –
Aproveitando as oportunidades que os poemas ofereciam para se incluirem nos enredos, os aedos inscreveram discursos extremamente elogiosos a respeito de seu próprio ofício. Mais do que isso, os poetas orais gregos fizeram das representações de divindades helênicas – especialmente as Musas, Apolo e Hermes – um locus privilegiado para legitimarem a sua atuação e glorificar a poesia. Em outras palavras, nossa hipótese principal defende que as Musas, Apolo e Hermes tiveram determinados domínios de competência forjados na tentativa de orientar, 
Um dos primeiros historiadores que se dedicou abertamente ao uso do método comparativo foi Marc Bloch. Para o medievalista francês, aplicar o método comparativo no quadro das ciências humanas consiste (...) em buscar as semelhanças e diferenças que apresentam duas séries de natureza análogas (BLOCH, 1930, p. 31). Foi exatamente o que fez em Os Reis Taumaturgos, obra que investiga o poder curativo dos reis da França e Inglaterra. Mostrando de que modo essas sociedades partilhavam instituições e mentalidades, procura preencher lacunas documentais ou refletir sobre a presença ou ausência de determinado fenômeno em uma e outra. 
Era claro o projeto civilizador de uma Europa ainda em vias de reconhecimento do “Novo Mundo”. Uma Europa que se colocava como a vanguarda de tudo que havia de mais moderno, em termos de ciência e de vida em sociedade. Prontamente os gregos foram convocados pelo tribunal da Razão, nos tempos de uma embrionária antropologia: uma razão controversa, pois os mesmos povos que fundaram uma idéia de Ocidente com inovações como teatro e filosofia, são os povos que seriam comparados aos gentios da América como referencial de pensamento religioso primitivo e ingênuo
O primeiro, jesuíta, viajara anos antes para se reunir às missões na Nova França e ficou desconcertado com a incrível semelhança que mantinham os mitos e rituais dos gentios com os dos gregos antigos. Duas civilizações distantes da moralidade cristã prontamente foram justapostas em um exercício comparativo. Buscava-se, colocando em perspectiva tais sociedades, descortinar as lacunas de informação através de uma polidedálea investigação sobre os códigos e símbolos que partilhavam América e Grécia, tão distantes temporalmente, mas tão próximas religiosamente. Era claro o projeto civilizador de uma Europa ainda em vias de reconhecimento do “Novo Mundo”.
As teorias funcionalistas, estruturalistas e simbolistas, que marcaram profundamente as pesquisas dos mitólogos ao longo do século XX, conduziram as considerações de Müller ao ostracismo.
A criação de comparáveis atua no sentido de, na rejeição deste postulado hegeliano, mostrar como as representações dos deuses mantêm profundas analogias. Direcionando-as à análise de tópicos particulares, as relações entre as divindades nos ajudam a compreender diversos aspectos da vida em sociedade. Segundo esta perspectiva, para as comparações no caso dos politeísmos é necessário que a abordagem experimental seja feita a partir de objetos concretos, que servem de reativos.
Em Curso de Lingüística Geral, Ferdinand de Saussure retrocede aos estudos dos fenômenos lingüísticos para lançar os primeiros esboços da teoria da qual seria o predecessor. Saussure defende a existência de três fases a respeito dos estudos sobre os fatos das línguas. Eles teriam se principiado pela Gramática, inaugurada pelos próprios gregos e continuada pelos franceses. A Gramática seria meramente normativa. Estaria muito afastada da pura observação e seus pontos de vista são forçamente estreitos. Em seguida, Saussure destaca o surgimento da Filologia. Para o lingüista, surge em Alexandria uma primeira escola “filológica” que teria, modernamente, prosseguido a partir dos estudos de Friedrich August Wolf, a partir de 1777. A Filologia se proporia a transcender os fenômenos puramente da língua para, antes de tudo, fixar interpretar e comentar os textos. Usaria a crítica como método próprio, principalmente para comparar textos de diferentes épocas, determinar a língua peculiar de cada autor, decifrar e explicar inscrições redigidas numa língua arcaica ou obscura
O mito e a linguagem, assim como a arte e a ciência, seriam símbolos: não no sentido de que designam na forma de imagem, na alegoria indicadora e explicadora, um real existente, mas sim, no sentido de que cada uma delas gera e parteja seu próprio mundo significativo (CASSIRER, 2003, p. 22). E este universo significativo, para Cassirer, só existe como manifestação lingüística. Os símbolos só assumem o seu real quando mencionados à rede de significados que fundam pelos recursos oferecidos pela linguagem e pela linguagem que produzem com os significados que pretendem fazer existir. 
Neste sentido, nossa documentação textual se oferece como um espaço para aferirmos a discursividade das práticas poéticas dos aedos e os referenciais dos quais se apropriavam para que a linguagem mítica pudesse acontecer. (...) Nosso campo de experimentação é definido pelas narrativas remanescentes da antiga prática de poesia oral. As mais tardias são as epopéias Ilíada e Odisséia, atribuídas a Homero, seguidas pelos poemas Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, de Hesíodo e, finalmente, pelos prelúdios comumente intitulados Hino Homérico a Apolo e o Hino Homérico a Hermes IV. A respeito de Homero, nada sabemos acerca de sua personalidade. Aparentemente, foi o aedo mais conhecido da Hélade. 
Considerando as diferenças e as similitudes estilísticas entre a Ilíada e a Odisséia, sugere-se que suas composições se distanciam em duas ou três gerações (KIRK, 1990, p. 197). Os esforços feitos para lançar novas luzes sobre o problema, tentando descobrir a personalidade do poeta e a maneira pela qual se deu a composição das duas epopéias, fez surgir uma tradição entre os estudiosos prontamente denominada questão homérica. 
1 - Grécia pré Homérico -Epopeias de Homero
Tema 01 - Aedos e rapsodos
Primeiramente iremos conhecer elementos sociais e históricos da cultura grega que permitiram o surgimento das epopeias de Homero. Nesse contexto, devemos levar em conta que, embora hoje as epopeias gregas sejam escritas, elas eram fruto de uma tradição oral, passada por séculos. Neste sentido, devemos estar atentos à distinção entre poesia e mito: os mitos são narrativas tradicionais, usadas pelos poetas como matéria para as suas composições, que podiam ser usadas com toda a liberdade. É fundamental que você tenha em mente esses contextos, pois a primeira leitura dos poemas pode causar estranhamento, justamente pela presença desses elementos de técnica oral. A partir disso, você poderá aproveitar a leitura e compreender o conteúdo das epopeias.
Tema 02 – Poesia e mito
Os mitos não devem ser confundidos com os poemas. Tanto a Ilíada quanto a Odisseia são ambientadas no período da Guerra de Troia, mas nenhuma delas narra essa guerra em sua totalidade. A narrativa da Ilíada, por exemplo, dura por volta de 45 dias, no 9º ano da Guerra. No poema de Homero, não sabemos como a guerra começou, nem como ela vai terminar, pois opúblico da época já conhecia essas informações, já que eram histórias populares. Homero, como muitos outros aedos, deu uma forma literária a essas histórias, e fez isso criando narrativas longas mas que tratam de pequenos eventos. Aristóteles, na Poética, diz que a grande qualidade de Homero é desenvolver uma longa história sem perder a unidade de ação.
Tema 03 – unidade de ação e ideal de guerreiro
O tema da Ilíada é a ira de Aquiles e toda a narrativa se estrutura a partir disso. No início, temos o desenvolvimento da ira, os motivos que levaram Aquiles a sair do campo de batalha e a narrativa segue até que a ira seja acalmada. Aquiles é o maior representante do ideal guerreiro da Ilíada, pois ele sabe que vai morrer no campo de batalha. Na verdade, ele escolheu esse destino para ser lembrado pelas gerações seguintes como um grande heroi. Nenhum outro heroi tem a certeza da morte na guerra, por isso todas as suas ações são intensas. Só a morte de um amigo querido o faz esquecer toda a raiva que sentia pelos gregos, canalizando o ódio no assassino de seu amigo. A certeza da morte faz Aquiles ser excessivamente intenso no campo de batalha.
Tema 04 – unidade de ação eu um novo ideal de guerreiro
A narrativa da Odisseia se passa depois da guerra de Troia, com Odisseu há dez anos perdido no mar sem conseguir voltar para casa. O poema apresenta uma variedade de espaço e tempo maior do que o da Ilíada, mas mantém a sua unidade ao se concentrar nas ações de Odisseu. Mesmo quando o herói está ausente (cenas no palácio de sua esposa Penélope ou cenas de seu filho Telêmaco), está presente em pensamento. Todas as ações giram em torno dele. Além disso, Odisseu representa um novo ideal; diferente de Aquiles, ele não quer morrer, luta constantemente para ficar vivo e morrer velho junto a sua esposa e filho. Além disso, há a questão da inteligência ou astúcia como principal característica do heroísmo. 
Tema 05 – elementos da épica grega na épica latina e portuguesa
A influência de Homero na literatura ocidental é difícil de mensurar. No entanto, por causa de sua fama, até os séculos XVI-XVII, a épica foi o gênero mais nobre da literatura. As principais obras das nações ocidentais eram epopeias, como a Eneida de Virgílio ou Os Lusíadas de Camões. Conscientes dessa tradição, esses poetas, como muitos outros, utilizavam referências e estruturas da poesia homérica, como, por exemplo, o catálogo das Naus.  
Homero é o principal poeta da Grécia, tanto pela sua posição pioneira, quanto pela influência que teve na cultura grega. Os poemas apresentam elementos em comum (estruturas de técnica oral, uso de mitos como tema, unidade de ação), mas apresentam também elementos muito díspares, especialmente na configuração do ideal guerreiro. Aquiles é o herói da guerra que não teme a morte, pois ela lhe garantirá ser lembrado para sempre pelo seu povo, sua principal característica é a coragem; Odisseu é o herói de um período de paz, em que os inimigos estão escondidos, ele luta a todo custo para se salvar e faz uso da astúcia como principal arma para vencer. 
2 - As permanências sociais e históricas do período e o reflexo dessas mudanças na poesia grega
Tema 01 - Poesia épica-didática
Em relação à forma de sua poesia, Hesíodo é um poeta épico, como Homero, pois faz uso das mesmas estruturas de poesia oral. No entanto, ele traz uma novidade em relação àquele ao dar voz aos seus anseios individuais. A própria organização das suas duas obras (Teogonia e Os trabalhos e os dias) apresenta um tom moral, pois para narrar ele selecionava os mitos que lhe permitiam expressar uma determinada visão de mundo. Isso dá à obra um caráter didático e o próprio poeta se assumirá como um mestre da verdade, aquele que leva aos homens um conhecimento divino.
Tema 02 - Mito com função educadora
Tanto na Teogonia quanto n' Os trabalhos e os dias, Hesíodo narra mitos tradicionais com uma intenção didática. Cada uma das obras tem uma premissa moral e as narrativas que ele seleciona exemplificam a verdade dessa premissa, que, no fundo, é o que mantém a unidade da obra. Outra novidade da poesia de Hesíodo, em relação às obras de Homero, são os comentários autobiográficos que o poeta faz, instituindo a briga dele com o irmão como ponto inicial da sua obra.  
Tema 03 - Poesia e performance
A poesia lírica grega, diferentemente do que entendemos por poesia lírica, era uma poesia cantada, às vezes acompanhada de dança, e tinha em lugares públicos as ocasiões de representação. Como ainda não havia livros, também não havia leitura individual e solitária de um poema. Os poetas tinham determinados momentos da vida social em que eles cantavam suas composições. Por isso, dividimos a poesia lírica grega em dois grandes grupos: a poesia monódica, cantada por uma só pessoa, que tinha em banquetes de aristocratas o momento de performance; e a poesia coral, cantada por um coro, que tinha nas festas religiosas o momento de performance.
Tema 04 - Elegia, iambo e ode
A poesia lírica monódica apresenta uma grande variedade de temas e formas, das quais se destacam a elegia, o iambo e a ode. Esses três gêneros têm em comum o fato de serem cantados por uma única pessoa em banquetes aristocráticos. Além disso, apresentam uma voz lírica mais intimista, em que o poeta expõe tanto sua visão de mundo quanto seus sentimentos em relação ao amor, à vida, à morte etc.  
Tema 05 - Poesia lírica coral
A poesia lírica coral ocorria nos grandes festivais religiosos e cívicos das cidades gregas. As cidades contratavam os poetas para comporem hinos (e outros gêneros) destinados ao canto dos coros nos festivais. Nesse tipo de poesia ressaltam-se uma linguagem mais rebuscada e difícil, além do uso do mito como matéria poética. O principal poeta desse gênero é Píndaro, famoso por compor odes aos vencedores das provas atléticas nos jogos esportivos gregos. 
As mudanças sociais surgidas na Grécia entre os séculos VIII-VI influenciaram uma mudança na poesia, em especial na variedade de temas e formas e na presença de um eu-lírico que fala não só de seus sentimentos, mas também de sua visão de mundo, criando uma tradição que ainda hoje se mantém. É claro que nunca podemos confiar plenamente nas informações biográficas de um poeta, pois ele é um poeta e não está escrevendo uma autobiografia. No entanto, o eu-lírico inventado nesse tipo de poesia assume-se em oposição ao poeta em terceira pessoa, objetivo e distanciado, que vimos em Homero.
3 - Elementos estruturais da tragédia e da comédia; principais características dos grandes autores de tragédia
O século V a. C. viveu a ascensão e o apogeu do antigo teatro ateniense, por meio das tragédias e comédias das quais apenas uma pequena parte ficou para a posteridade. Os gêneros teatrais do período clássico ateniense, no entanto, configuram-se como mais uma das criações artísticas e sociais dos antigos atenienses e servem para compreendermos o desencadear das ações políticas, culturais e sociais que formaram e transformaram aquela sociedade. A mímesis presente nas obras do teatro grego é uma forma de expressão das identidades representadas e moldadas conforme a feitura da realidade. Nesse sentido, este texto apresenta a literatura e mais especificamente o gênero cômico atenienses não como produções com desenvolvimento linear, mas alteradas pela ordem na qual estavam inseridas
Iniciamos apresentando o contexto histórico e social em que o teatro surge, a Atenas do século V. Atenas passa por uma revolução política, a tirania é destituída e dá lugar à democracia. Em que pese os problemas da democracia ateniense, a cidade torna-se a mais rica da Grécia, sendo visitada por comerciantes e intelectuais. Além disso, as vitórias, ao lado de Esparta, contra os invasores persas deram consistência à força naval da cidade, tornando-a soberana.
Tema 01 - Os festivais
Os festivais religiosos tinham pompa e riqueza incomparável e era nesses eventos que aconteciam as representações dramáticas. Os atenienses faziam desses festivais uma forma de propagarpara os gregos seus ideais e, sobretudo, a sua força política e econômica. A tragédia, nesse contexto, tinha maior prestígio, era encenada em uma época do ano em que o mar estava favorável à navegação, possibilitando a presença de estrangeiros na cidade; a comédia, ao contrário, era representada durante o inverno e tinha um caráter local, o que, talvez, explique a forte crítica da vida política ateniense que os comediógrafos faziam.  
Tema 02 - Tragédia, política, sociedade e cultura grega
Embora a tragédia use narrativas míticas como matéria, ela revela questões sociais e políticas da contemporaneidade ateniense. Há, portanto, uma íntima relação entre o presente ateniense e o passado narrado nos mitos. Isso se verifica, também, na própria poesia da tragédia, já que há nela duas modalidades de discurso: de um lado, o diálogo das personagens é escrito em um verso próximo à fala; de outro, os cantos corais se utilizam de uma linguagem excessivamente elevada, rebuscada, de difícil acesso para o público, dando à tragédia um ar sacro.
Tema 03 - Ésquilo e Sófocles: a tragédia religiosa e democrática
Ésquilo é o representante do apogeu político e econômico da cidade de Atenas. Suas tragédias mostram uma fé no sistema democrático, ao mesmo tempo em que discutem a responsabilidade dos homens pelas suas ações, já que os crimes humanos são castigados pelos deuses e muitas vezes a vingança dos deuses atinge toda a cidade, por isso, o ser humano deve cuidar de seus atos, ser temeroso aos deuses, pois só assim poderá encontrar uma vida feliz e estável.
Sófocles, como Ésquilo, é um poeta profundamente religioso e confiante na democracia ateniense. No entanto, traz em primeiro plano o próprio homem que, buscando a felicidade, acaba encontrando a desdita. Seus heróis são personagens solitários que defendem uma ideia moral ou racional e a luta por defender essa ideia acaba os conduzindo à desgraça.
Tema 04 - Eurípides, o poeta das emoções
O último dos tragediógrafos gregos era um revolucionário. Eurípides deu vivacidade ao teatro grego, diminuindo os cantos corais e tornando as narrativas mais ágeis; a sua maior revolução, no entanto, foi trazer em cena questões emocionais das personagens, ao mesmo tempo em que criticava explicitamente a sociedade e as tradições gregas. Na Medeia, por exemplo, Eurípides foca na paixão exacerbada da personagem cuja raiva por Jasão a leva a matar os próprios filhos. Com nenhuma ideologia, tampouco vontade dos deuses, seu crime é fruto apenas do seu próprio desejo, de sua própria loucura. Essa análise da psicologia das personagens fez de Eurípides o mais moderno dos tragediógrafos clássicos. 
Tema 05 - Aristófanes e a Atenas do século V
Aristófanes é o principal comediógrafo grego. Ele escreve na segunda metade do século V, período conturbado politicamente em Atenas e, por isso, suas peças estão intimamente vinculadas à realidade social e histórica. Suas comédias tratam das questões e o comediógrafo se assume como educador da cidade, expondo em suas peças os corruptos e todos aqueles que ele julga necessário criticar. No poema As Nuvens, o tema trata da figura de Sócrates que representa todo o movimento intelectual que fervia nas ruas de Atenas. A despeito da falta de verossimilhança entre o Sócrates-personagem e o Sócrates-real, a preocupação de Aristófanes era alertar para os perigos desses novos tempos, em que a tradição era abandonada por modismos intelectuais. 
Atenas tornou-se a principal cidade da Grécia, política, econômica e militarmente. O teatro, uma invenção ateniense, torna-se no século V o mais importante gênero literário. Vinculado às festividades religiosas em honra a Dionísio, as representações aconteciam em determinados momentos do ano e serviam para os atenienses demonstrarem todo seu poder para o resto da Grécia. A inovação da linguagem e a interpretação profunda da vida fizeram desse teatro um dos monumentos da arte literária de todos os tempos.
4 - A origem do pensamento racional na Grécia
Se Atenas estava no auge político e econômico no século V, é natural que a cidade fosse atrativa para os intelectuais da época. No entanto, o pensamento chamado de racional nasce em outras regiões da Grécia – a Ásia Menor (atual Turquia) e na Magna Grécia (colônias gregas no sul da Itália). Em comum, essas duas regiões eram pontos de ligação da Grécia com outras culturas e essa aproximação relativizou o conhecimento tradicional expresso pelos mitos. Filosofia, história e retórica, cada um ao seu modo, vão tentar explicar a realidade por seus próprios meios, colocando-se como ruptura à visão tradicional narrada pelos mitos.
Tema 01 - Os pré-socráticos
Os primeiros filósofos eram chamados de físicos, pois buscavam explicar a natureza das coisas. Em vez de aceitarem as explicações dadas pelos mitos, esses homens tentavam pela observação encontrar novas formas de se encarar a realidade. Assim, nesse período, desenvolvem-se as ciências como medicina, geometria etc. – ao mesmo tempo, se o conhecimento era fruto da observação individual, muitas ideias desses homens eram opostas, e podemos ver isso nas variadas formulações que eles fizeram a respeito do que seria o elemento originário da vida.
Tema 02 - A filosofia chega aos homens
A filosofia com Sócrates se distancia daquela desenvolvida pelos pré-socráticos, pois, agora, a filosofia chega aos homens, ou seja, o principal objetivo da reflexão filosófica é encontrar a felicidade que está na verdade e a verdade só pode ser alcançada por meio da reflexão filosófica. Para Sócrates, o homem comete erros não por maldade, mas por ignorância, pois desconhece o que seja, de fato, o bem, o mal, a coragem etc. A filosofia então tem como função levar o homem a refletir e encontrar a verdade, pois só assim encontrará a felicidade. 
Tema 03 - Platão e o mundo das ideias
Platão, discípulo de Sócrates, desenvolve tanto as ideias quanto o método filosófico do mestre, sem, no entanto, deixar de aprofundar as suas próprias ideias. Destaca-se, entre suas várias formulações filosóficas, a concepção do mundo das ideias e da relação entre o conhecimento humano e a pesquisa filosófica, esta que deve fugir das aparências da realidade em busca das verdades escondidas que conduzirão o homem diretamente ao mundo das ideias.
Tema 04 - Heródoto e Tucídides
Os pais da historiografia ocidental são Heródoto e Tucídides. Os mitos guardavam o passado dos gregos, contavam o que aconteceu como ponte para justificar o presente. Heródoto então sente a necessidade de escrever sobre o passado recente, a guerra dos gregos contra os persas, para que esse evento não seja apagado com o tempo. A história surge, portanto, como continuadora do mito, impedindo que os eventos sejam esquecidos pelos homens. Tucídides dá um passo além, pois ele coloca como principal objetivo do historiador narrar a verdade dos fatos. Heródoto, quando não tinha certeza sobre a veracidade de um evento, narrava mesmo assim, apenas avisando sua ignorância ao leitor; para Tucídides a única forma de resolver esse impasse era narrar o próprio presente, pois o historiador podia ser uma testemunha fiável dos fatos, capaz de interpretar racionalmente as versões que os homens lhe contavam.  
Tema 05 - Retórica e educação
A retórica surge como forma de se pensar o discurso. Em um mundo político como a Atenas do século V, esse era um assunto de muito interesse para os cidadãos. Surgem, primeiramente, os sofistas, homens que ensinam seus alunos a arte do bem dizer, mas sem preocupação moral. A frase "o homem é a medida de todas as coisas" era o adágio desses homens que ensinavam os jovens a falar bem, independentemente da causa que advogavam. Em resposta aos sofistas, surgem homens como Isócrates e Demóstenes, que buscam conciliar a retórica aos valores morais e políticos, desenvolvendo uma teoria em que a retórica deve servir à cidade e seus interesses. 
O século V em Atenas foi fundamental para a história intelectual do Ocidente. Junto ao teatro, a Filosofia, História e retórica desenvolveram-senesse solo e fertilizaram sementes para sempre. Escritos em prosa, os gêneros buscaram se distanciar da poesia em verso, pois este estava vinculado aos mitos, enquanto aqueles tinham sua forma a partir da experiência e da investigação pessoal. No entanto, nem por isso eles deixavam a preocupação estética de lado. Por isso, também não podemos afirmar que esses gêneros eram considerados ciências, como são hoje em dia. 
5 - Aristófanes como crítico de teatro (poesia e sabedoria); Platão, a poesia e mimeses (poesia e filosofia); Aristóteles, a poesia como construção do discurso (poesia e estrutura poética)
O movimento racional surgido na Grécia teve profunda influência no campo da literatura. Se até o século V a poesia era a educadora da Grécia e os poetas usavam de seus versos como veículos de ensinamentos morais, a partir do surgimento de discursos filosóficos e históricos, a poesia cada vez mais tende para o discurso estético em si.
O saber não está mais na poesia e sim nesses outros gêneros. Cabe ao poeta, então, criar com suas obras o prazer estético. Ao mesmo tempo, o discurso filosófico vai tentar entender tanto o que faz de um texto uma obra poética quanto os efeitos da literatura no ser humano.
Tema 01 – Poesia e valor moral
Aristófanes, na sua comédia As Rãs, discute as novas tendências da tragédia, representadas na figura de Eurípides. Para o comediógrafo, Eurípides representa o novo pensamento, influenciado sobretudo pelos sofistas, criador de uma tragédia repleta de qualidade estética, mas que abandona o valor moral e educador da literatura. Neste sentido, o debate que se apresenta na comédia, entre Ésquilo e Eurípides, mais do que revelar o gosto pessoal do comediógrafo, pode ser entendido como um discurso meta-literário sobre questões essenciais à arte do período.
Aristófanes acredita que o destino da cidade está intimamente ligado ao valor moral transmitido pela poesia e, se a tragédia está abandonando esse seu papel educador, é a comédia que deve assumir essa função.
Tema 02 – Íon: poesia e a mimese
O ponto de partida de Platão para a crítica à poesia é, justamente, a sua função educadora. Para o filósofo, a poesia é uma representação (mímese) da realidade, mas esta realidade é uma representação daquilo que existe no mundo das ideias. Logo, o assunto da poesia não é a verdade, entendida como objeto da reflexão filosófica, mas sim uma cópia da cópia e, portanto, não tem utilidade pedagógica.
Além disso, Platão critica a concepção de que o poeta é um inspirado pelos deuses, pois, se assim o for, o poeta não tem ciência de suas próprias qualidades e não passa de um repetidor daquilo que os deuses falam. A partir do momento em que ele critica essa visão, Platão estabelece que o poético é um artifício humano, logo passível de ser aprendido e discutido.
Tema 03 – Platão e os tipos de mimese
A partir de sua teoria da mimese, Platão classifica os diferentes gêneros literários de acordo com ela: há, então, três super gêneros:
· o narrativo, em que um narrador se assume como tal e narra toda a história;
· o dramático, em que o narrador desaparece e deixa os personagens como se estivessem agindo de verdade no palco (teatro);
· e o misto, em que o narrador delega voz aos personagens, criando na representação poética elementos para dar verossimilhança quando os personagens falam (epopeia).
Para Platão, o pior desses gêneros é o dramático, pois ele afeta diretamente as emoções dos espectadores, levando-os a sentirem emoções exacerbadas, por isso devem ser expulsos do mundo ideal. O gênero narrativo puro, no entanto, pode ser aplicado à filosofia, pois ele atinge a razão e pode ensinar aos homens os conceitos filosóficos.
Tema 04 – Poesia como imitação (construção de mitos)
Para Aristóteles, a poesia também é imitação, mas em um sentido diferente daquele proposto por Platão. Imitação, para Aristóteles, significa a construção do mito (enredo) que conduz as emoções do público. Deve-se levar em conta que Aristóteles se dedica, nessa obra, à tragédia, porém há passagens em que ele comenta os outros gêneros poéticos.
O foco principal ao gênero trágico se dá por ser, na época do filósofo, o gênero de maior prestígio. Se imitação é a construção de mito, a função da poesia é produzir emoções que levem o espectador a sofrer a catarse dessas emoções. O bom poeta deverá, portanto, construir o enredo de acordo com esses preceitos.
Tema 05 – O principal da tragédia é o enredo
Aristóteles, além disso, entende que o poético não está nas narrativas em si, mas no arranjo delas em forma de enredo. Os tragediógrafos recolhiam dos mitos os seus temas, mas o que faz desses enredos dramas trágicos é o rearranjamento das ações. Por isso, Aristóteles estabelece alguns conceitos que serão fundamentais na história da tragédia ocidental: peripécia, reconhecimento, patético, catástrofe.
São esses elementos que fazem um texto ser poético ou não. Além disso, ele continua, como Platão, a distinguir os gêneros pelo conceito de imitação; no entanto, agora acrescenta uma tripartição: os poetas imitam objetos diferentes por diversos meios e modos.
Uma visão errônea e muito difundida a respeito da literatura antiga é que ela é uma arte produzida a partir de manuais e técnicas bem definidas. Na verdade, as primeiras discussões teóricas sobre a literatura na Grécia nascem depois dos gêneros terem sido formados e desenvolvidos.
Neste sentido, a arte precede à reflexão teórica. Os três autores trabalhados nesta aula são exemplos dos primeiros críticos literários e fundamentaram as discussões poéticas do Ocidente.
6 - O romance como epopeia em prosa; As narrativas de amor e de viagem gregas; Os romances satíricos latinos; As ficções de Luciano de Samósata
A prosa de ficção foi o último dos gêneros criados pelos gregos e surge em um período em que as relações do homem com a polis mudaram, chamado de Helenismo. No Helenismo, a cultura grega foi levada para uma série de regiões distintas do mundo e a língua grega passou a ser uma espécie de língua de transações comerciais. Os autores desse período são em geral dessas regiões e tinham o grego como segunda língua. A grande literatura do passado é vista como uma grande tradição a que os autores devem se referenciar, mas eles compreendem que as mudanças sociais e estéticas geraram a necessidade de criar uma literatura mais acessível ao público. O romance, ou a prosa de ficção, então surge para suprir essa demanda e teve grande apelo popular.
Tema 01 – A Ciropedia como romance
A Ciropedia de Xenofonte é uma obra inovadora, pois pode ser considerada um romance antes do romance. Escrita no século IV, no final da Grécia Clássica, é uma narrativa de caráter pedagógico em que Xenofonte, para transmitir suas ideias filosóficas e morais, utiliza ficcionalmente a vida de um personagem histórico – Ciro, o velho, fundador do Império Persa. A ideia de ficção nessa narrativa vai além do uso impreciso de dados históricos, mas o próprio rearranjamento da narrativa indica uma novidade na forma de narrar. Podemos citar como exemplos narrativas secundárias de temática amorosa, uso do discurso direto, e, principalmente, cenas de banquete em que situações cômicas aparecem.
Tema 02 – Modelo do romance amoroso
O romance Quéreas e Calírroe de Cáriton exemplifica o que os críticos chamam de romance de amor grego, pois ele apresenta todos os elementos caracterizadores do gênero: um casal de jovens idealmente belos e nobres que se apaixonam, mas são obrigados a se afastar por contingências do destino. O afastamento os leva a lutar contra as tentações que aparecem, mantendo uma fidelidade absoluta ao amado. Depois de tanta luta, por fim eles se reencontram e podem viver felizes para sempre. Temos, ainda, a presença do Acaso e do Eros (Amor) como molas da narrativa, pois são esses deuses que vão conduzindo os eventos narrados. Há que se notar que o tema da viagem está presente, mas é subalterno ao tema amoroso.
Tema 03 – Romance e paródia das narrativas de viagem
O romance Uma narrativa verídica,de Luciano de Samósata, é uma grande paródia dos grandes relatos de viagem que abundavam na Antiguidade. O que mais chama a atenção nessa obra é, justamente, o caráter ficcional, pois Luciano assume, desde o início da narrativa, que irá narrar pura mentira, pura ficção. Assim, contemplamos uma série de sucessos que em nada parecem reais. Pode-se até mesmo dizer que se trata da primeira narrativa de ficção científica do Ocidente. Nessa narrativa o tema amoroso não está presente, pois o foco é nas viagens ficcionais.
Tema 04 – Romances latinos e a paródia dos romances gregos
O romance grego, quando chegou a Roma, foi parodiada e satirizada por seus autores. Satíricon e O asno de ouro são duas obras em que os elementos que caracterizavam as narrativas gregas são deturpados de modo a criar o riso. Assim, no Satíricon, o tema do casal jovem e idealmente belo e nobre é subvertido por um triângulo amoroso homossexual, cujos participantes são completamente desprovidos de moral. Já em O asno de ouro, temos o tema da viagem e da busca de conhecimento parodiado, pela narrativa do personagem Lúcio que, por conta de sua curiosidade, acaba sendo transformado em asno e, ainda mantendo a consciência humana, pode contemplar as hipocrisias sociais por um ângulo novo.
Tema 05 – Ficção em forma de diálogo filosófico
Diálogo dos mortos, de Luciano de Samósata, serve de exemplo para demonstrarmos o quanto as possibilidades da ficção em prosa são múltiplas. Dividida em várias cenas, a obra contempla personagens que dialogam como se estivessem em um palco, porém são todos personagens que já morreram, que se encontram no mundo dos mortos e discutem o quanto a vida deles foi dedicada a coisas vãs, como riqueza, amor etc. É uma obra de ficção, mas não segue o modelo narrativo dos romances.
Embora a ficção em prosa da Antiguidade não seja tão conhecida como os chamados gêneros canônicos, ela teve uma grande repercussão na Idade Média e no Renascimento. Ecos dessas narrativas podem ser encontrados no Novelas exemplares de Cervantes, por exemplo, ou nas obras de Laurence Sterne e Swift. Aparentemente são narrativas exageradamente idealizadas para o gosto moderno, mas, ainda assim, trazem uma série de elementos interessantes para se compreender a origem e o desenvolvimento do romance moderno.

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