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18/10/2011 1 1 Prof.: Wellington Miranda Curso de Direito Disciplina: Direito Civil – parte geral 2011 PESSOAS JURÍDICAS 2 Pessoa Jurídica 1 - CONCEITO, REQUISITOS E NATUREZA JURÍDICA -Homem na sociedade; - Evolução histórica - Pessoa jurídica proveniente do fenômeno histórico e social Sinonimia: -Pessoa morais - França - Pessoa coletivas - Portugal - Entes de existência ideal – Teixeira de Freitas 3 Pessoa Jurídica 1 - CONCEITO, REQUISITOS E NATUREZA JURÍDICA Pessoa Jurídica "é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios que visa à consecução de certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações" (MHD). Requisitos para a caracterização da pessoa jurídica: Vontade humana; Elaboração do ato constitutivo no órgão competente; Registro do ato constitutivo Liceidade de seu objetivo 18/10/2011 2 4 Requisitos Vontade humana – affectio societatis Ato constitutivo Estatuto – associações Contrato social- sociedade Escritura pública ou testamento - fundações Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la 5 Requisitos Objeto Licito, determinado e possível – Comerciais- lucro Fundações – religioso, morais, culturais ou assistenciais Associações – fins não econômicos Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando- se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Comercial Tabaja de tabaco S/A – entregamos maconha em domicílio, com sigilo e discrição. Melhor erva da praça, direto da colômbia para você. Na compra de uma maço, ganhe outro inteiramente grátis. Esta empresa pode existir? 6 Nota: A existência de pessoa jurídica de direito público decorre, todavia de outros fatores, como tal a lei e o ato administrativo, bem como de fatos históricos de previsão constitucional e de tratados internacionais, sendo regido pelo direito público e não pelo direito civil. 18/10/2011 3 9 Pessoa Jurídica - Teoria da realidade objetiva ou orgânica (Gierke e Zitelmann) - "há junto às pessoas naturais, que são organismos físicos, organismos sociais constituídos pelas pessoas jurídicas, que têm existência e vontade própria, distinta da de seus membros, tendo por finalidade realizar um objetivo social". Argumento em sentido contrário: erra ao considerar que a pessoa jurídica tem vontade própria, eis que o fenômeno volitivo é peculiar ao ser humano. - Teoria da realidade da técnica (Geny, Saleilles, Ferrara)- ser real a pessoa jurídica, porém dentro de uma realidade técnica,distinta das pessoas naturais; - Teoria da realidade das instituições (Hauriou) - a personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica outorga a entes que o merecem. É a teoria que melhor atende à natureza da pessoa jurídica. 10 Código Civil Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 11 Nascimento da pessoa jurídica Grupos de pessoas – ato volitivo – independe de qualquer ato administrativo, salvo nas hipóteses das sociedades nacional e estrangeiras. Art.1.223 -1.225 e 1.228 -1.241 C.C + ato constitutivo + registro 18/10/2011 4 12 Pessoa Jurídica A capacidade da pessoa jurídica decorre da atribuição de personalidade pela ordem jurídica. Tem capacidade para exercer todos os direitos compatíveis com a sua natureza - inclusive direitos da personalidade (art. 52, CC) -,observadas as limitações legais. Conforme a inteligência do art. 46, II e III, do Código Civil/2002, as pessoas jurídicas serão representadas, ativa e passivamente, nos atos judiciais e extrajudiciais, por quem os respectivos atos constitutivos designarem, ou, não o designando, pelos seus diretores. 13 Contrato Social Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei 14 Nascimento da pessoa jurídica Declaração de vontade pode ser pública ou particular, salvo caso das fundações, que serão criadas por escritura pública ou testamento Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 18/10/2011 5 15 Registro Sociedade Empresária -Contrato Social – Junta Comercial – (Registro Público de Empresa mercantil); As demais: Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas - Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. Dr. Paulo e vários colegas advogados resolvem constituir uma sociedade simples de advogados nesse caso prescinde o registro no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas? 16 Registro Qual a finalidade do registro das pessoas jurídicas? Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 1. Servir de prova – natureza constitutiva 2. Tem direito a nome, a boa reputação, à própria existência 3. Ser proprietária e usufrutuária – Dtos. Reais 4. Adquirir bens por sucessão causa mortis 17 Elementos do Registro Art. 46. O registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. 18/10/2011 6 18 Órgãos da Pessoa Jurídica Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo Diretoria Assembléia Geral ou Conselho deliberativo Ponte de Miranda = órgãos que presentam a pessoas jurídicas Os direitos e deveres das pessoasjurídicas decorrem dos atos de seus diretores no âmbito dos poderes que lhes são concedidos no ato constitutivo. 19 Morte da Pessoa Jurídica dissolução ou cassação da autorização para seu funcionamento - Cancelamento do registro da pessoa jurídica Averbação – depois de encerrada a liquidação Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Defeito do ato constitutivo 20 Pessoa Jurídica TÉRMINO As pessoas jurídicas de direito público têm seu fim pelos mesmos meios que se prestam a criá-Ias, ou seja, em razão de fatos históricos, de disposição constitucional, de lei especial e de tratados internacionais. As pessoas jurídicas de direito privado, por sua vez, terminam pelas formas previstas em lei (Ex.: arts. 69, 1.033, 1.051 e 1.087, CC/2002). 18/10/2011 7 21 Sociedades Irregulares ou de fato Sem registro de seu ato constitutivo; Considerada mera sociedade de fato,sem personalidade jurídica; Vício sanado com a inscrição; não produz efeito pretérito; Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. Nota: nas sociedades regular a responsabilidade dos sócios em regra é a da subsidiariedade, mesmo que ilimitadas. 22 Sociedades Irregulares ou de fato O patrimônio das sociedades não personificadas respondem pelas obrigações; Os sócios apenas poderão provar a existência da sociedade por escrito; CPC , art.12, VII – serão representada em juízo, ativa e passivamente as sociedades sem personalidade jurídicas, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; O devedor não poderá alegar irregularidade de sua constituição para se furtar ao pagamento da dívida (enriquecimento sem causa) Foro competente: foro do lugar onde exerce a sua atividade principal 23 Pessoa Jurídica ENTES DESPERSONALIZADOS "se formam independentemente da vontade dos seus membros ou em virtude de um ato jurídico que vincula as pessoas físicas em torno de bens que lhes suscitam interesses, sem lhes traduzir affectio societatis(...)constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação" (MHD). Ex.: sociedades irregulares ou de fato, massa falida, heranças jacente e vacante, espólio. 18/10/2011 8 24 ENTES DESPERSONALIZADOS A família ? Massa falida? herança jacente e vacante espólio sociedades sem personalidade jurídica condomínio – tem personalidade jurídica 25 Pessoa Jurídica ENTES DESPERSONALIZADOS Para Serpa Lopes e Carlos Maximiliano, o condomínio em edificações se trata de um grupo despersonalizado. Já para Jair Lins e Maria Helena Diniz, tal condomínio possui personalidade jurídica. 26 Pessoa Jurídica Atualmente a doutrina majoritária e a jurisprudência considera o condomínio edilício como pessoa jurídica, havendo julgados do STJ neste sentido. Enunciado 90 - Art. 1.331: Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício.(JDC) 18/10/2011 9 27 Pessoa Jurídica CLASSIFICAÇÃO Quanto à nacionalidade: Nacional e estrangeira. Leva em consideração a subordinação à ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, e não a nacionalidade de seus membros ou a origem de seu controle financeiro. art. 1.126 do Código Civil, “é nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração". 28 Pessoa Jurídica CLASSIFICAÇÃO -Quanto à estrutura interna: - Universitas personarum ou corporações (conjunto de pessoas que, coletivamente, goza de direitos e os exerce por meio de vontade única. Ex.: sociedades, associações, partidos políticos etc.) - Universitas bonorum ou fundações (personalização de um patrimônio destinado a um fim que lhe dá unidade). 29 Pessoa Jurídica • Quanto às funções e capacidade: 1) de direito público: externo - os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público (Ex.: ONU) - e interno • União, Distrito Federal, Estados, Territórios, Municípios, autarquias, fundações públicas, associações públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei; Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11107.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11107.htm 18/10/2011 10 30 Pessoa jurídica de direito privado Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 2) de direito privado - sociedades (têm finalidade econômica), associações (não têm finalidade econômica). fundações particulares (somente podem ter fins religiosos, morais, culturais ou de assistência), organizações religiosas, empresas públicas, sociedades de economia mista, sindicatos e partidos políticos (regulados pela Lei nº 9.096/95). Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. 31 Pessoa Jurídica - Das Associações e Fundações: Associações - Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins NÃO econômicos Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. 32 Pessoa Jurídica Compete privativamente à assembléia geral: - destituir os administradores; - alterar o estatuto. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. Quorum será estabelecido no estatuto http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.825.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.825.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.825.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.825.htm 18/10/2011 11 33 Pessoa Jurídica Fundações Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-Ia (art. 62 CC) Insuficiência de patrimônio para constituir a fundação: os bens a ela destinados serão incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante, se de outro modo não dispusero instituidor (art. 63 CC) 34 Pessoa Jurídica Compete ao Ministério Público do Estado onde se situar a Fundação velar pelo seu funcionamento, art. 66 CC, podendo, eventualmente, até mesmo elaborar seu estatuto (p. único do art. 62 CC) Se a Fundação funcionar no Distrito Federal ou em Território, consoante o §1° do referido artigo 66 do CC, o encargo caberá ao Ministério Público Federal ? 35 Pessoa Jurídica Extinção da Fundação: Art. 69 CC; Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igualou semelhante. Cuidado: As fundações NÃO poderá ser constituída para fins econômicos. somente para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (p. único do art. 62 CC), 18/10/2011 12 36 Pessoa Jurídica RESPONSABILIDADE CIVIL • Pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público – De acordo com os arts. 37, §6°, da CF/88 e 43 do Código Civil, "as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo e culpa". 37 Leis de crimes ambientais Art. 3º da Lei de crimes ambientais As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I – multa; II – restritivas de direitos; III – prestação de serviços à comunidade. 38 Responsabilidade das pessoas jurídicas de direito público a) Da Irresponsabilidade do Estado b) Civilista – subjetiva – ônus da vitima c) Publicista – teoria do risco administrativo Fases Excludente de responsabilidade: Culpa anônima da administração – assalto – aviso pretérito – omissão policial. 18/10/2011 13 39 RESPONSABILIDADE CIVIL Danos decorrente de atos judiciais Erro judiciário Danos decorrentes de atos legislativos Danos causados por lei inconstitucional 40 STF EMENTA: Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos morais decorrentes de condenação desconstituída em revisão criminal e de prisão preventiva. CF, art. 5º, LXXV. C.Pr.Penal, art. 630. 1. O direito à indenização da vítima de erro judiciário e daquela presa além do tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV, da Constituição, já era previsto no art. 630 do C. Pr. Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma hipótese de exoneração, quando para a condenação tivesse contribuído o próprio réu. 2. A regra constitucional não veio para aditar pressupostos subjetivos à regra geral da responsabilidade fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento consolidado de que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a indenização é uma garantia individual e, manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. 3. O art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da Justiça.(RE 505393, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 26/06/2007, DJe-117 DIVULG 04-10-2007 PUBLIC 05-10-2007 DJ 05-10- 2007 PP-00025 EMENT VOL-02292-04 PP-00717 LEXSTF v. 29, n. 346, 2007, p. 296-310 RT v. 97, n. 868, 2008, p. 161-168 RDDP n. 57, 2007, p. 112-119) 41 STF EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO OMISSIVO DO PODER PÚBLICO. POLICIAL AGREDIDO POR DETENTO NO INTERIOR DE DELEGACIA. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. ART. 37, § 6º, DA CB/88. Policial civil agredido por detento no interior de delegacia. Obrigação do Estado de indenizar o funcionário pelos danos sofridos. Agravo regimental a que se nega provimento.(RE 602223 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 09/02/2010, DJe-045 DIVULG 11-03- 2010 PUBLIC 12-03-2010 EMENT VOL-02393-05 PP-01062) 18/10/2011 14 42 STF EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO OMISSIVO DO PODER PÚBLICO: DETENTO FERIDO POR OUTRO DETENTO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º. I. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por esse ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, em sentido estrito, esta numa de suas três vertentes -- a negligência, a imperícia ou a imprudência -- não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. II. - A falta do serviço -- faute du service dos franceses -- não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro. III. - Detento ferido por outro detento: responsabilidade civil do Estado: ocorrência da falta do serviço, com a culpa genérica do serviço público, por isso que o Estado deve zelar pela integridade física do preso. IV. - RE conhecido e provido. (RE 382054, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 03/08/2004, DJ 01-10-2004 PP-00037 EMENT VOL-02166-02 PP-00330 RT v. 94, n. 832, 2005, p. 157-164 RJADCOAS v. 62, 2005, p. 38-44 RTJ VOL 00192-01 PP-00356) 43 Pessoa Jurídica RESPONSABILIDADE CIVIL • Pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público – Trata-se da adoção da teoria objetiva, na modalidade do risco administrativo. Para que haja responsabilização nos termos deste dispositivo constitucional exige-se,principalmente, o seguinte: a) ocorrência do dano; b) nexo causal entre a conduta do agente e o dano provocado; c) que o causador do dano o tenha provocado na qualidade de agente da pessoa jurídica de direito público ou de pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público (ou seja, no exercício de suas atribuições ou a pretexto de exercê-Ias); d) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. 44 Pessoa Jurídica Pessoas jurídicas de direito privado: I - responsabilidade contratual - respondem por perdas e danos, nos termos do art. 389 do CC, e seus bens respondem pelo inadimplemento contratual; II • responsabilidade extracontratual ou aquiliana - de acordo com o art. 932, III, e 933 do Código Civil, as pessoas jurídicas de direito privado, ainda que não haja culpa de sua parte e independentemente de terem ou não finalidade lucrativa, respondem pelos atos ilícitos praticados apor seus agentes, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele. Entretanto, haverá, em regra, necessidade de comprovação de culpa de seu empregado, serviçal ou preposto (arts. 186 e 187, CC), salvo o disposto nos arts. 927, parágrafo único, e 931, ambos do Código Civil 18/10/2011 1545 Teoria da Aparência Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Suponha que o administrador pratique ato em nome da sociedade em nome extrapolando os limites da representação,ou sem poderes para tanto, Nesse caso é possivel cogitar a responsabilidade empresarial? “ A segurança jurídica do tráfico jurídico impõe ocasiões em que os atos e os negócios jurídicos possam realizar-se validamente confiando na aparência de titularidade daquelas pessoas que pública e notoriamente se apresentam como titulares, sem necessidades de investigar minuciosamente os verdadeiros títulos de que estão investidas, pois tal investigação faria impossível o tráfico” 46 Pessoa Jurídica DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA A regra geral é a de que as pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros, sendo que, normalmente, os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, salvo nos casos previstos em lei (art. 596 do CPC'). Contudo, há uma tendência no sentido de se desconsiderar os efeitos dessa autonomia jurídica da sociedade, para atingir e vincular a responsabilidade dos sócios (notadamente do detentor do comando efetivo da empresa), com o objetivo de evitar a prática de fraudes e abusos de direito que causem prejuízos ou danos a terceiros. 47 Pessoa Jurídica É o que se chama desconsideração da pessoa jurídica (despersonalização ou desestimação da pessoa jurídica; "disregard of the legal entity" formada com base em julgados famosos advindos em especial dos Estados Unidos e da Inglaterra). 18/10/2011 16 48 Pessoa Jurídica Adoção da teoria no ordenamento jurídico brasileiro art. 2°, §2°, da CLT, art. 28 da Lei nº 8.078/90, art. 4° da Lei nº 9.605 art. 50 do novo Código Civil. "em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica", 49 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. 50 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Lei n. 9.605/98 - Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. CLT –Art. 2 § 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas 18/10/2011 17 51 DOMICÍLIO O domicílio da pessoa jurídica é a sua sede jurídica; é o local onde, presumivelmente, ela pode ser encontrada para os fins de direito e onde tem o centro de suas atividades. No caso das pessoas jurídicas de direito público interno, seu domicílio é: da União - o Distrito Federal; dos Estados e Territórios - as respectivas capitais; do Município - o lugar onde funcione a administração municipal; demais pessoas jurídicas - o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicilio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. Havendo diversidade de estabelecimentos, cada um será considerado domicilio para os atos nele praticados. Tratando-se de pessoa jurídica com administração ou diretoria sediada no estrangeiro, considera-se domicilio, no tocante às obrigações contraídas por cada uma de suas agências, o local do estabelecimento, sito o Brasil, a que elas corresponderem. 52 QUESTÕES DE CONCURSO 53 18/10/2011 18 54 55 56 18/10/2011 19 57 58
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