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Experiências Midiáticas Sonoras Aula 6: Instalações e paisagens sonoras Apresentação De acordo com o que estudamos nas aulas anteriores, é possível perceber a relevância e a associação da produção musical e da produção fonográ�ca com o cenário cultural e artístico de nossa sociedade. Nesta aula, apresentaremos o relacionamento da produção musical com o design sonoro por meio do desenvolvimento de instalações e esculturas sonoras, paisagens sonoras e da evolução e utilização de novos instrumentos musicais associados ao campo da música e das artes plásticas. Objetivos Descrever os desdobramentos da digitalização do áudio relacionados ao design sonoro presente na criação de novas mídias interativas e nas artes plásticas; Demonstrar os recursos tecnológicos mais utilizados atualmente na criação e produção de instalações e esculturas sonoras e instrumentos musicais. Transformações Muitas pesquisas e experiências vêm sendo realizadas no campo do som e da música. Com a popularização da digitalização do áudio, a partir dos anos de 1980, diversos equipamentos para o processamento do som e do áudio, assim como os instrumentos musicais eletrônicos, tornaram-se cada vez mais presentes na produção musical/sonora e, principalmente, acessíveis aos músicos, artistas, produtores, aos curiosos em geral. Antes dessa revolução digital, toda a tecnologia relacionada ao som e à produção musical/fonográ�ca possuía um custo de aquisição e instalação muito elevado, exigindo a orientação, o projeto, a compra e a instalação de técnicos altamente capacitados e especializados, assim como o projeto e a elaboração de ambientes precisamente tratados e controlados acusticamente. Acompanhando a tecnologia da digitalização do áudio, que também se estendeu em diversas áreas como literatura, cinema, fotogra�a, entre outros, veri�camos a migração dessas diversas mídias analógicas para o computador e, posteriormente, para o celular. Em paralelo a esses desdobramentos tecnológicos, vivenciamos todo um movimento no sentido de potencializar a interação e a interatividade do usuário com essas tecnologias e mídias, por meio de interfaces que se desenvolvem e priorizam a usabilidade. A usabilidade é um conceito cuja característica é tornar simples e funcional a interação e a experiência do usuário com determinada tecnologia, sem que haja a necessidade de conhecimentos mais profundos sobre o equipamento utilizado e toda a complexidade tecnológica envolvida na obtenção do resultado desejado. Como veremos na próxima aula, essa é uma das características que emergem na cibercultura. Espongina Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Saiba mais Assista ao vídeo da performance com o espongina, um controlador gestual, que utiliza água e madeira para produzir sons pela interação com o software de áudio. Funcionamento do espongina O estímulo para a criação do espongina foi tentar combinar água com eletrônica, dois elementos que naturalmente estão separados (por motivos evidentes). O desenvolvedor desse controlador tinha interesse em explorar como o comportamento da água poderia ser representado em sons ou efeitos singulares. O mecanismo sensitivo do espongina é constituído por piezos, elementos que utilizam o princípio elétrico chamado piezoeletricidade, em que alguns cristais possuem a capacidade de gerar correntes elétricas como resposta a uma força mecânica (pressão). Segundo Blasco (2014), o espongina funciona da seguinte maneira: Os Piezos captam as vibrações do movimento da água dentro da tigela de madeira e do contato físico do performer com a madeira, cuja superfície ricamente texturizada se torna uma partitura que é explorada em cada improvisação. Até mesmo o ambiente, que varia de desempenho para desempenho, inicia vibrações que os sensores captam. Essas vibrações são processadas e mapeadas para diferentes parâmetros que geram sons em softwares que nos serão entregues através de uma sequência de vibrações no alto-falante. javascript:void(0); O controlador espongina está associado a uma série de interfaces que visam melhorar a expressividade da performance da música eletrônica por meio de uma série de gestos especí�cos e novos materiais. Esse projeto foi criado como uma alternativa ao hardware comercial para a performance de música eletrônica, em que o movimento físico é altamente restrito pelos controles tradicionais. Em contraste com os equipamentos tradicionais, este controlador exige que o artista utilize todo o seu corpo para gerar o áudio no palco. O controlador espongina foi premiado como escolha do público para o instrumento mais incomum, ganhando o terceiro prêmio na competição Margaret Guthman de instrumentos musicais na universidade Georgia Tech, 2013. Também foi apresentado na conferência NIME (New Interfaces for Musical Expression), Baton Rouge LA 2015. Paisagens sonoras De acordo com Schafer (1993), as paisagens sonoras estão em constante mudança e hoje em dia são bem diferentes de alguns anos atrás. As paisagens sonoras vêm sendo transformadas pela industrialização, urbanização e, consequentemente, pela poluição sonora. Quando falamos em paisagens sonoras, estamos nos referindo ao som e suas relações com os fenômenos físicos e acústicos, relacionados ao tipo de fonte geradora, propagação, re�exão e absorção, assim como às informações e ao mapeamento geográ�co sonoro que esses sons nos trazem, com relação ao que ocorre dinamicamente no espaço delineado pelos ambientes que nos cercam. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online O som é uma forma de energia mecânica, ou seja, a variação da pressão do ar. Essa energia mecânica se propaga omnidirecionalmente. As interações das vibrações mecânicas das ondas sonoras com objetos materiais e suas respectivas características re�etivas, descrevem para a nossa percepção auditiva as características dos ambientes que ocupamos e onde estamos imersos. A escuta é cultural, o que signi�ca que quanto mais conhecimentos e experiências temos com a percepção sonora, mais descobrimos e identi�camos as diversas variáveis presentes no som e no espaço/ambientes sonoros. Essa é a diferença entre ouvir e escutar. Ouvir quase todos ouvem, é uma característica biológica, no entanto, escutar signi�ca uma capacidade de identi�car e mapear os diversos fenômenos relacionados à geração, propagação, localização e re�exão dos sons. As paisagens sonoras, relacionadas às imagens reais ou irreais, soam, para nós, como uma inserção, ou a sensação de um pertencimento natural, nos ambientes onde vivemos e interagimos, pois o som é tridimensional e nos envolve. Seja nas cidades, no campo, em ambientes tratados acusticamente, imaginários ou não. Na arte e na tecnologia do design do som, o sound designer precisa se certi�car da coerência sonora com relação às ações, que ocorrem nos ambientes e ambiências em que se passam as imagens projetadas na tela. Apesar da maioria das pessoas não possuir um conhecimento aprofundado ou mais so�sticado da física do som, somos muito sensíveis às dimensões e proporções sonoras, assim como a sensação de distância, profundidade, posição, localização e direção do som, pois a percepção de estarmos ocupando um lugar no espaço está diretamente relacionada ao sentido da audição. Embora a importância da imagem seja priorizada e realçada nos estudos acadêmicos e no consenso popular em detrimento da percepção sonora, nosso conteúdo emocional é muito mais o que ouvimos durante a vida toda do que o que vemos, até mesmo porque como não escutamos tudo que ouvimos, por desconhecimento e por não prestarmos atenção a todo som ao redor, o som vai direto para nosso inconsciente, sem �ltro. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Por isso, a importância do som como um conjunto de elementos repletos de signi�cados, capazes de dar credibilidade ou não às narrativas imagéticas e a interação do sujeito com o meio ambiente onde encontra-se inserido, com o seu próprio conteúdo emocionale com os objetos que nos cercam. Instalações sonoras Segundo Imbroisi; Martins (s/d), “o termo instalação foi incorporado ao vocabulário das artes visuais na década de 1960, designado assemblage ou ambiente construído em espaços de galerias e museus”. A instalação foi iniciada por por Kurt Schwitters e Marcel Duchamp, sendo estabelecida como uma das primeiras experimentações modernistas. Sua expressividade no mundo contemporâneo é apresentada por meio das linguagens da Land Art, Minimal Art, Work in Progress e Intervenções Urbanas. A instalação é um conceito de arte em que o espectador é um coadjuvante, participando da obra, por meio dos ambientes que são transformados em cenários. Contribuindo com a experiência, objetos como esculturas e pintura são expostos e utilizados simultaneamente com o intuito de compor o espaço. Saiba mais Assista ao vídeo com instalações sonoras do artista Suíço Zimoun. javascript:void(0); De acordo com as informações disponíveis sobre o artista, obtemos informações que complementam o conceito de instalação sonora: "Zimoun utiliza em suas instalações sonoras componentes simples e funcionais, explorando o ritmo mecânico e o fluxo em sistemas preparados. Suas instalações incorporam objetos industriais comuns. Essas obras articulam uma tensão entre os padrões ordenados do modernismo e as forças caóticas da vida. Essas instalações produzem zumbido acústico produzidos por fenômenos naturais através de construções minimalistas, que reverberam, sem esforço, em ambientes acústicos naturais." - ZIMOUN, [s.d.], tradução nossa. Saiba mais Assista ao vídeo de uma instalação sonora com 500 instrumentos musicais, do compositor francês Pierre Sauvageot, denominada Campos Harmônicos. Esculturas sonoras As esculturas sonoras modelam o ar. São produzidas a partir da interação entre objetos materiais com o vento ou movimentos de expansão, retração ou deformação de objetos, normalmente capturados por microfones ou transdutores e ampli�cados eletronicamente. Também podem ser programadas para interagir com sensores embutidos, que captam variações mecânicas, produzidas por deformações do material ou variações no meio ambiente, como proximidade, temperatura, luminosidade etc. As modi�cações nessas variáveis implicam ou correspondem a geração, processamento e/ou transformações do som. Saiba mais Assista ao vídeo de algumas esculturas sonoras. javascript:void(0); javascript:void(0); Tecnologias utilizadas na produção de instalações audiovisuais e novos instrumentos musicais Conforme vimos nas aulas anteriores, a tecnologia MIDI e a música computacional têm sido desenvolvidos e possibilitado o controle, o processamento e a interação dos músicos, artistas e ouvintes com a expressão sonora. Nos últimos anos, os softwares têm se destacado nesse cenário como uma das mais importantes tecnologias utilizadas na produção de instalações, esculturas e performances audiovisuais. LINES é uma exposição de arte sonora interativa criada pelo compositor sueco Anders Lind em 2016, em que as linhas presas à parede, no chão e penduradas no teto, em combinação com sensores e eletrônica, formam três novos instrumentos musicais. De acordo com informações obtidas no site do autor, o LINES tem como objetivo permitir novas formas de interação musical, explorando novas expressões artísticas e proporcionando experiências musicais ímpares e estimulantes. Saiba mais Assista ao video: LINES - An Interactive Sound Art Exhibition. Acesse Museu Västerbotttens em Umeå 2016 MAX Cycling 74 e Arduino O MAX Cycling 74 É um software de programação que vem sendo utilizado há muito tempo para a criação de plugins dedicados ao processamento do áudio e do vídeo, criação de instrumentos musicais eletrônicos e para possibilitar a interação de sensores e equipamentos eletrônicos controlados por computador, muito utilizados nas instalações audiovisuais contemporâneas. Em suas versões mais atualizadas, o MAX vem com recursos que possibilitam a interação com placas eletrônicas de controle e processamento de sinais, em que se destaca o arduino, uma plataforma eletrônica de código aberto baseada em hardware e software fáceis de usar. Arduino O arduino é destinado a qualquer pessoa que queira programar e realizar projetos interativos. Por meio dele, é possível captar informações dos mais diversos tipos, através dos mais variados tipos de sensores, do tipo de sensores de proximidade, calor, localização, posição, umidade, luminosidade etc. Essas informações ou sinais, podem ser processados por meio de softwares, com o objetivo de controlar variáveis em um ambiente, objetos, mecanismos de robótica ou produzir os mais diversos efeitos sonoros. Saiba mais javascript:void(0); javascript:void(0); Conheça alguns projetos realizados com o MAX. Conheça o Arduino UNO. A conexão entre o Max Cycling 74 e o arduino vem sendo largamente utilizada na produção de performances artísticas, em instalações sonoras e na criação de novas interfaces sonoras ou instrumentos musicais. Isso se deve à facilidade de programação do Max, com o baixo custo do arduino, e à �exibilidade criativa disponível em ambas as tecnologias. Muitas são as escolas que utilizam o arduino como suporte a diversas disciplinas no campo da eletrônica, da robótica e das artes. Saiba mais Assista ao vídeo: Top 10 best arduino music projects. Mais alguns exemplos sobre o Arduino: Conheça: 20 arduino projects with DIY instructions; 74 audio projects. A conexão entre o MAX e o arduino permite expandir as possibilidades de elaboração dos mais diversos projetos que envolvam a interatividade entre artistas, músicos e o público em geral com produções e performances audiovisuais em tempo real. Saiba mais Conheça TechGloves; Assista ao vídeo Interactive Arduino to Max MSP Project. O MAX também possui uma extensão chamada Max for Live, que permite a conexão direta entre os processadores programados no Max com o software de música Ableton, que é um dos softwares mais utilizados pelos DJs e pelos produtores e artistas na música eletrônica. Saiba mais Conheça Max for live; Assista ao vídeo Max for Live Connection Kit. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Novos instrumentos musicais, geradores, controladores e processadores sonoros A seguir são apresentados vídeos que exempli�cam e tecem uma breve explanação sobre alguns dos novos instrumentos musicais desenvolvidos na sociedade contemporânea: Saiba mais Conheça: Wintergatan - Marble Machine. Blocks - The instrument that grows with you. Cinco inovações em instrumentos musicais. Atividade 1) O que signi�ca o termo paisagens sonoras? 2) O que signi�ca o termo instalações sonoras e qual a sua ideia básica? 3) Qual a diferença básica entre o Max Cycling e o arduino? Qual a relação dessas tecnologias com a música? 4) Qual o recurso que possibilita a interação entre o Max Cycling 74 e o software para produção musical ableton? Referências javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Notas BLASCO, M. Espongina. half/half. [S.l: s.n.]. Disponível em: //half-half.es/espongina/. Acesso em: 27 maio 2019. CIPRIANI, ALESSANDRO; GIRI, MAURIZIO. Electronic Music and Sound Design: Theory and Practice. Rome, Italy: Contemponet s.a.s., 1993. Vol. 1, Language: English, 3. ed. 2016. EVANS, MARTIN; NOBLE, JOSHUA; HOCHENBAUM, JORDAN. Arduino em Ação. São Paulo: Novatec, 2013. IMBROISI, M.; MARTINS, S. História das Artes - Instalação. Disponível em: https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte- seculo-20/instalacao/. Acesso em: 27 maio 2019. LIND, A. Sounds like Lind. Disponível em: //www.soundslikelind.se/. Acesso em: 27 maio 2019. SCHAFER, R. MURRAY. The Soundscape: Our Sonic Environment and the Tuning of World. New York, United States: Destiny Books, 1993. Próxima aula Introdução aos estudos do som; Design sonoro e as novas tecnologiasde espacialização do som. Wave Field, Objetos Sonoros e som 3D. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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