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ESCHERICHIA COLI ESCHERICHIA COLI • Características gerais • Patógeno interno e externo ao trato intestinal • Bacilo Gram-Negativo • Anaeróbio facultativo: + abundante no colón e nas fezes • Fermentador de lactose • Flageladas – motilidade positiva • Possui 3 antígenos: • Antígeno O – existem mais de 150 • Antígeno H – existem 50 H • Antígeno K – existem 90 K As várias combinações resultam em mais de 1.000 tipos antigênicos de E. coli Sorotipos específicos são associados a determinadas doenças; por exemplo, O55 e O111 causam surtos de diarreia neonatal. ESCHERICHIA COLI • Doenças • E. coli é a causa mais comum de infecção do trato urinário e sépsis (infecção sistêmica) associada a bacilos gram-negativos. • É um agente causador de meningite neonatal; • Agente causador de diarreia aquosa “diarreia do viajante”; • Algumas linhagens de E. coli são entero-hemorrágicas (ex.: O157:H7) e provocam diarreia sanguinolenta (Disenteria). ESCHERICHIA COLI • Transmissão e epidemiologia • Reservatório de infecção: inclui humanos e animais. • A fonte de E. coli responsável por infecções do trato urinário consiste na própria microbiota colônica do paciente, que coloniza a região urogenital; • A fonte de E. coli que provoca meningite neonatal é o canal de parto materno; a infecção é adquirida durante o nascimento; • E a E. coli responsável pela diarreia do viajante é adquirida pela ingestão de alimento ou água contaminados por fezes humanas; O principal reservatório de E. coli O157:H7 entero-hemorrágica corresponde ao gado bovino, sendo o organismo adquirido através da carne malcozida. ESCHERICHIA COLI • Fatores de virulência • E. coli possui vários componentes (fatores de virulência) claramente identificados que contribuem para sua capacidade de causar doença: • Pili, uma cápsula • Endotoxinas - LPS • Três exotoxinas (enterotoxinas): • Duas causam diarreia aquosa – Toxina termolábil e Toxina termoestável • Uma que provoca diarreia sanguinolenta e síndrome hemolítica-urêmica – Verotoxina (também denominada de toxinas do tipo Shiga, por ser muito similar às produzidas por espécies de Shigella) – codificadas por bacteriófagos lisogênicos. Denominada Verotoxina por ser tóxica às células Vero (macaco) em cultura e também às células de revestimento do cólon ESCHERICHIA COLI • PATOGÊNESE – Infecção do trato intestinal • 1ª Etapa – Adesão: células do jejuno e íleo através dos pili • 2ª Etapa - Quando aderidas, as bactérias sintetizam enterotoxinas (exotoxinas que atuam no trato intestinal), que atuam sobre as células do jejuno e íleo (enterócitos), causando diarreia. • Toxina termolábil (sensível ao calor) • Toxina termoestável (de baixa massa molecular, estimula a guanilato ciclase); • Resultado: Leva ao efluxo de eletrólitos e líquidos na luz do intestino (hipersecreção). ESCHERICHIA COLI • PATOGÊNESE – Infecção do trato intestinal • As linhagens de E. coli enterotoxigênicas podem produzir uma ou ambas as enterotoxinas. • Não causam inflamação, não invadem a mucosa intestinal, e causam diarreia aquosa não sanguinolenta. • No entanto, certas linhagens de E. coli são enteropatogênicas (enteroinvasivas) e causam doença não pela formação de enterotoxina, mas pela invasão do epitélio do intestino grosso (induz apoptose dos enterócitos), provocando diarreia sanguinolenta (disenteria) acompanhada por células inflamatórias (neutrófilos) nas fezes. ESCHERICHIA COLI • PATOGÊNESE – Infecção do trato intestinal • Linhagens de E. coli entero-hemorrágicas (sorotipo O157:H7) – causam diarreia sanguinolenta (disenteria) por produzirem Verotoxina; • Mecanismo: a toxina consegue atravessar as membranas epiteliais intestinais e se disseminam através da circulação sanguínea; • As células endoteliais da circulação intestinal parecem ser células-alvos para a toxina; ESCHERICHIA COLI • PATOGÊNESE – Infecção do trato intestinal • Se liga ao receptor glicolipídico e entra na célula hospedeira, a toxina é transportada de forma retrógrada em vesículas ligadas à membrana até o retículo endoplasmático. • A toxina remove uma adenina do RNA ribossomal maior (28S), interrompendo, assim, a síntese proteica - Morte da célula. E como consequência do dano endotelial causado pela toxina, ocorre ativação da cascata de coagulação, que leva a formação de microtrombos, necrose isquêmica, consumos de plaquetas (trombocitopenia) e fragmentação de hemácias (anemia hemolítica) e insuficiência renal aguda - Principais características da Síndrome Hemolítica-Urêmica. ESCHERICHIA COLI • Síndrome Hemolítica-Urêmica • A insuficiência renal ocorre porque há receptores para a Verotoxina superfície do epitélio renal. • A morte das células epiteliais dos rins leva à insuficiência renal • A trombocitopenia (número reduzido de plaquetas) ocorre porque as plaquetas aderem à superfície endotelial danificada. • A anemia hemolítica ocorre porque há receptores para a Verotoxina na superfície do endotélio de pequenos vasos sanguíneos • A morte das células endoteliais dos pequenos vasos sanguíneos resulta em uma anemia hemolítica microangiopática, em que as hemácias que atravessam a área danificada tornam-se intensamente distorcidas (esquistócitos) e, em seguida, sofrem lise. Esquistócitos ESCHERICHIA COLI • Transmissão • Essas linhagens de E. coli entero-hemorrágica (O157:H7) estão associadas a surtos de diarreia sanguinolenta decorrentes da ingestão de hambúrguer malcozido, frequentemente em restaurantes do tipo “fast-food”. • As bactérias na superfície do hambúrguer são mortas pela cocção, mas aquelas presentes no interior malcozido sobrevivem. • Além disso, o contato direto com animais, por exemplo, visitas a fazendas e zoológicos que permitam o contato com os animais, também podem estar associados à diarreia sanguinolenta causada por linhagens O157:H7. ESCHERICHIA COLI • Tratamento • O tratamento da diarreia causada por linhagens O157:H7 é com antibióticos como por exemplo a ciprofloxacina; • Porém, aumenta o risco de desenvolvimento da síndrome hemolítica-urêmica por aumentar a quantidade de Verotoxina liberada pelas bactérias em processo de morte. ESCHERICHIA COLI • PATOGÊNESE – Infecção sistêmica (sépsis) • Os componentes estruturais - cápsula e endotoxina • Desempenham um papel marcante na patogênese da doença sistêmica, do que na doença do trato intestinal. • Cápsula (polissacarídeo capsular) - interfere na fagocitose, intensificando assim a capacidade de o organismo causa infecções em vários órgãos. • Por exemplo, as linhagens de E. coli que causam meningite neonatal geralmente apresentam um tipo capsular específico, denominado antígeno K1. • A endotoxina de E. coli corresponde ao lipopolissacarídeo (LPS) da parede celular, sendo responsável por várias características da sépsis por gram- negativos, como febre, hipotensão e coagulação intravascular disseminada. ESCHERICHIA COLI • PATOGÊNESE - Infecções do trato urinário • Certos sorotipos O de E. coli causam preferencialmente infecções do trato urinário. • Essas linhagens de E. coli são denominadas de uropatogênicas: caracterizam-se por pili contendo proteínas adesinas que se ligam a receptores específicos do epitélio do trato urinário. • A motilidade de E. coli pode auxiliar em sua capacidade de ascender pela uretra até a bexiga, bem como ascender pelo ureter até o rim Sistema urinário feminino ESCHERICHIA COLI • Manifestações clínicas • E. coli é a principal causa de infecções do trato urinário adquiridas na comunidade. • Ocorrem principalmente em mulheres - uretra curta, proximidade entre a uretra e o ânus e colonização da vagina por membros da microbiota fecal; • Causa frequente de infecções nosocomiais do trato urinário (mesma frequência para homens e mulheres), e são associadas ao uso de cateteres urinários de longa duração. ESCHERICHIA COLI • Manifestações clínicas • As infecções do trato urinário podem limitar-se à bexiga ou estender-se pelo sistema coletor até os rins. • Quando apenas a bexigaestá envolvida, a doença é denominada cistite, ao passo que a infecção atinge os rins é denominada de pielonefrite. • Os sintomas mais marcantes da cistite são: dor (disúria) e micção frequente; • Pielonefrite: é caracterizada por febre, calafrios e dor no flanco. ESCHERICHIA COLI • Manifestações clínicas • A diarreia causada por E. coli enterotoxigênica geralmente é aquosa, não sanguinolenta, autolimitante e de curta duração (1-3 dias). • Está frequentemente associada a viagens (diarreia do viajante ou “turista”); • Infecções por E. coli entero-hemorrágicas - diarreia sanguinolenta, cólica abdominal e febre; • Síndrome Hemolítica-urêmica: Ocorre particularmente em crianças tratadas com fluoroquinolonas ou outros antibióticos por apresentarem diarreia. • Por essa razão, os antibióticos não devem ser utilizados no tratamento de diarreia causada por E. coli entero-hemorrágica. ESCHERICHIA COLI • Diagnóstico laboratorial • Espécimes suspeitos de conterem bacilos entéricos gram-negativos, como E. coli, são cultivados inicialmente em placa de ágar sangue e em meio diferencial, como ágar EAM ou ágar MacConkey; • E. coli, que fermenta a lactose, origina colônias róseas, enquanto organismos lactose-negativos são incolores. • Em ágar EAM, as colônias de E. coli exibem um brilho verde característico. • O isolamento de E. coli enterotoxigênicas ou entero-hemorrágicas a partir de pacientes apresentando diarreia não é um procedimento diagnóstico rotineiro. ESCHERICHIA COLI • Tratamento • O tratamento de infecções por E. coli depende do sítio da doença e do perfil de resistência do microrganismo (realizar antibiograma); • Exemplos 1: infecção não complicada do trato urinário inferior (cistite) pode ser tratada com trimetoprim-sulfametoxazol oral ou uma penicilina oral, por exemplo, ampicilina, por apenas 1-3 dias; • Exemplo 2 : Sépsis por E. coli requer tratamento com antibióticos parenterais (por exemplo, uma cefalosporina de terceira geração, como cefotaxima, associada ou não a um aminoglicosídeo, como a gentamicina); • Exemplo 3: Meningite neonatal, geralmente é administrada uma combinação de ampicilina e cefotaxima • Atenção: Em casos de diarreia aquosa o tratamento com antibiótico não é indicado, apenas reposição de líquidos. ESCHERICHIA COLI • Prevenção • Não há prevenção específica para infecções por E. coli, como imunização ativa ou passiva. • Contudo, várias medidas gerais podem ser adotadas para prevenir certas infecções causadas por E. coli e outros organismos. • A incidência de infecções do trato urinário pode ser reduzida pelo uso criterioso e pela pronta remoção de cateteres e, no caso de infecções recorrentes, pela profilaxia prolongada com antissépticos urinários, por exemplo, nitrofurantoína ou trimetoprim-sulfametoxazol. • A diarreia do viajante pode ser evitada algumas vezes pelo uso profilático de doxiciclina, ciprofloxacina, trimetoprim-sulfametoxazol ou Pepto-Bismol. • A ingestão de alimentos crus e água não purificada deve ser evitada ao viajar- se para certos países. FIM
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