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AS POSSIBILIDADES DE INTERVENCÃO DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL COM A FOBIA SOCIAL Pedro Leite 2014

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
PEDRO LEITE MACHADO 
 
 
 
 
 
AS POSSIBILIDADES DE INTERVENCÃO DA TERAPIA 
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM A FOBIA SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARARAQUARA – SP 
2014 
PEDRO LEITE MACHADO 
 
 
 
 
 
 
AS POSSIBILIDADES DE INTERVENCÃO DA TERAPIA 
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM A FOBIA SOCIAL 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como exigência parcial para 
a finalização do Curso de Especialização 
em Terapia Cognitivo-comportamental, 
pelo Centro Universitário de Araraquara – 
Uniara. 
 
Orientadora: Giseli Renata G. Lamoréa 
 
 
 
 
 
ARARAQUARA – SP 
2014
DECLARAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
Eu, Pedro Leite Machado, declaro ser o autor do texto apresentado 
Trabalho de Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em 
Terapia Cognitivo-comportamental com o título “As possibilidades de intervenção 
cognitivo-comportamental com a fobia social”. 
Afirmo, também, ter seguido as normas do ABNT referentes às citações 
textuais que utilizei e das quais eu não sou o autor, dessa forma, creditando a 
autoria a seus verdadeiros autores. 
 Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre 
o texto apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas 
legais, no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto. 
 
Araraquara, 09 de junho de 2014. 
 
 
 
 
_____________________________________ 
Assinatura do autor 
 
PEDRO LEITE MACHADO 
 
 
AS POSSIBILIDADES DE INTERVENCÃO DA TERAPIA 
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM A FOBIA SOCIAL 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado como exigência parcial para 
a finalização do Curso de Especialização 
em Terapia Cognitivo-comportamental, 
pelo Centro Universitário de Araraquara – 
Uniara. 
Orientadora: Giseli Renata G. Lamoréa 
 
 
 
 
Data da defesa/entrega: ___/___/____ 
 
MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: 
 
 
Presidente e Orientador: Nome e título 
 
 
 
Membro Titular: Nome e título 
 
 
 
Membro Titular: Nome e título 
 Universidade. 
 
 
 
 
Média______ Data: ___/___/____ 
 
Centro Universitário de Araraquara 
Araraquara- SP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
Dedico a realização deste trabalho à minha esposa 
Edmara, que me apoiou e me fortaleceu nesta 
caminhada, e aos meus clientes que me proporcionaram 
novas perspectivas e me instigaram na busca de novas 
possibilidades na prática psicológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
Agradeço a Deus, razão da minha existência, que a todo 
instante ilumina os meus passos. 
À Iris Teresa Lafuente Ávila, professora do curso de pós-
graduação em Psicologia, pelo carinho e companheirismo 
durante todo este percurso. 
À professora Giseli Renata Gouvea Lamoréa, minha 
orientadora, pela paciência e colaboração para meus 
conhecimentos. 
Aos meus colegas de curso pelas contribuições que muito 
auxiliaram no processo de aprendizagem. 
 
 
 
RESUMO 
Este trabalho de revisão bibliográfica tem por objetivo constatar a eficácia da Terapia 
Cognitiva Comportamental (TCC), através da investigação das práticas e resultados 
obtidos pela aplicação das suas técnicas e estratégias terapêuticas mais utilizadas 
no enfrentamento da fobia social. Nesta amostra foram selecionados 21 estudos 
produzidos entre os anos 2004 e 2013, que avaliaram a práticas da TCC nas 
modalidades terapêuticas individuais e em grupo, bem como os estudos específicos 
sobre as técnicas e/ou os efeitos da TCC na fobia social. Os estudos verificados 
demonstraram que as técnicas e estratégias utilizadas pela TCC se constituem em 
importantes instrumentos, sendo na maioria das vezes utilizadas em conjunto, 
possibilitando uma adequação em cada caso e a progressão no processo 
psicoterapêutico. Nesse sentido, observamos que as técnicas mais utilizadas em 
conjunto foram a reestruturação cognitiva e o treino de exposição. Observou-se 
também que a maioria dos trabalhos desta revisão enfatiza a utilização da Terapia 
Cognitiva Comportamental na modalidade individual (TCCI), sendo que, apenas 4 
dos 21 estudos abordaram detalhadamente a modalidade de grupo (TCCG), 
evidenciando assim uma carência de produções acadêmicas e práticas clínicas na 
modalidade grupal. De um modo geral, a maioria dos trabalhos apresentam seus 
resultados indicando significativas melhoras no curso do processo psicoterapêutico, 
apontado para a eficácia da Terapia Cognitiva Comportamental no enfrentamento da 
fobia social. 
Palavras-chave: Terapia Cognitiva Comportamental; Ansiedade Social; Fobia 
Social. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This bibliographic review aims to verify the effectiveness of Cognitive Behavioral 
Therapy (CBT), through research practices and results obtained by the application of 
its techniques and therapeutic strategies most used in confronting social phobia. In 
this sample 21 studies produced between 2004 and 2013, which reviewed the CBT 
practices in individual and group treatment modalities were selected, as well as 
specific studies on technical and/or the effects of CBT in social phobia. Verified 
studies have shown that the techniques and strategies used by CBT constitute 
important instruments, being most often used together, allowing an adjustment in 
each case and the progression in the psychotherapeutic process. In this sense, we 
note that the techniques used together were cognitive restructuring and workout of 
exposure. It was also noted that most studies of this review emphasizes the use of 
Cognitive Behavioral Therapy in individual mode (CBTI), while only 4 of the 21 
studies addressed in detail the batch mode (CBTG), thus showing a lack of academic 
productions and clinical practice in group mode. In general, most studies present 
results indicating significant improvements in the course of the psychotherapeutic 
process, pointed to the effectiveness of Cognitive Behavioral Therapy in confronting 
social phobia. 
Keywords: Cognitive Behavioral Therapy; Social Anxiety; Social Phobia. 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Quadro 1 - Lista de estudos sobre intervenções da TCC na Fobia Social. 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Técnicas e estratégias da TCC abordadas nos estudos. 41 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 APA – Associação Americana de Psiquiatria; 
 DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição; 
 EX - Exposição; 
 EV - Exposição em vídeo; 
 FB - Feedback; 
 FS – Fobia Social; 
 HS - Habilidades Sociais; 
 RC - Reestruturação cognitiva; 
 RL - Relaxamento; 
 RV - Realidade Virtual; 
 PS - Psicoeducação; 
 TA - Treino de Atenção; 
 TC - Tarefas para casa; 
 TAS - Transtorno de Ansiedade Social; 
 TCC - Terapia Cognitiva Comportamental; 
 TCCG - Terapia Cognitiva Comportamental de Grupo; 
 TCCI - Terapia Cognitiva Comportamental Individual; 
 THS – Treino em Habilidades Sociais. 
 
11 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO..................................................................................................12 
1. OBJETIVO.................................................................................................... 14 
 1.1. Geral...................................................................................................... 14 
 1.2. Específicos............................................................................................. 14 
2. METODOLOGIA...........................................................................................
 
14 
3. RESULTADOS ............................................................................................ 
 
15 
 3.1. Fundamentos da Terapia Cognitiva Comportamental........................... 15 
 3.2. Transtorno de ansiedade social ou fobia social....................................
 
22 
 3.3. Técnicas utilizadas pela TCC na fobia social.......................................
 
27 
 3.4. Revisão da Literatura............................................................................
 
34 
4. DISCUSSÃO................................................................................................ 
 
40 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 
 
45 
REFERÊNCIAS............................................................................................... 46 
 
 
 
 
 
 
12 
 
INTRODUÇÃO 
O interesse pelo tema da fobia social surgiu no período de realização da 
pós-graduação em Terapia Cognitivo-comportamental (TCC), onde foram 
estudadas diversas práticas de atendimento nesta abordagem psicológica. A 
partir deste percurso foi possibilitado um novo olhar, através do contato com 
indivíduos que apresentavam queixas deste transtorno mental, conhecido 
também como transtorno de ansiedade social (TAS). Dessa forma, esta 
experiência instigou a necessidade de novas descobertas a partir da busca de 
mais informações sobre o tema. Nesta perspectiva, este trabalho é resultado 
de uma breve revisão bibliográfica das principais práticas psicoterapêuticas 
utilizadas no tratamento desse transtorno mental. 
O termo fobia social ou transtorno de ansiedade social é usado para 
designar um tipo de ansiedade intensa que ocorre em situações sociais e de 
desempenho, que acaba produzindo sofrimento e perdas de oportunidades 
(D’EL REY, 2001). 
As situações sociais são evitadas ou suportadas com grande 
ansiedade e sofrimento por esses pacientes, embora exista o 
desejo de realizar o contato social temido. O comportamento 
fóbico-evitativo determina grave prejuízo no funcionamento do 
indivíduo, seja no trabalho, na escola ou nas relações sociais 
habituais. (MULULO, 2009, p.1) 
A fobia social apresenta significativa interferência nas rotinas de 
trabalho, acadêmicas e sociais da pessoa. Essas situações tendem a 
prejudicar a qualidade de vida dos indivíduos, provocando quase sempre a 
interrupção prematura da vida acadêmica, ausência de lazer, falta de 
relacionamento com amigos, desemprego constante e, em casos extremos, a 
isolação social (PICON, 2004). 
Devido os variados graus de comprometimento observados 
clinicamente, a fobia social pode ser interpretada com um tipo de timidez 
excessiva, observação esta, que não deve ser desprezada. Quando 
diagnosticada precocemente há um leque de estratégias terapêuticas que 
podem ser utilizadas para prevenir as consequências, principalmente nas 
13 
 
crianças e adolescentes. Dessa forma, o diagnóstico dos sintomas, 
principalmente no âmbito escolar e orientação familiar, deve ser inserido na 
abordagem clínica. Neste contexto, a principal estratégia terapêutica consiste 
no tratamento psicológico adequado, associado ou não a medicamentos (DEL 
REY & ABDALLAH, 2006). 
Na busca de dar ao portador de fobia social uma melhor qualidade de 
vida, para que se minimizem os efeitos incapacitantes desse transtorno mental, 
faz-se necessária uma prática terapêutica que o auxilie em sua autoavaliação, 
para que este tenha possibilidade de rever seus medos irracionais e passe a 
adotar comportamentos de enfrentamento que o leve a um novo patamar de 
qualidade de vida. Nesse sentido, as pesquisas tem comprovado que terapia 
cognitivo-comportamental vem apresentando melhores resultados, se 
comparados a outros modelos de psicoterapia. Assim, a TCC tem se mostrado 
mais eficaz e com efeitos terapêuticos duradouros, o que tem despertado a 
atenção dos pesquisadores e clínicos no tratamento da fobia social, em relação 
aos demais tratamentos psicológicos (LINCON et al., 2003; OTTO, 1999; 
DYCK, 1996; BUTLER et al., 1984 apud DEL REY & PACINI, 2005, p.232). 
Considerando que a fobia social tem representado um grande problema 
de saúde mental, por suas características incapacitantes e por suas diferentes 
formas de manifestação na vida das pessoas, esta pesquisa busca demonstrar 
como a TCC vem construindo suas práticas terapêuticas de forma a adaptar-se 
às exigências no campo da saúde mental na atualidade. 
Nesse sentido, este estudo busca constatar como as intervenções da 
TCC têm promovido a diminuição da ansiedade social a partir da mudança no 
padrão de comportamentos das pessoas portadoras desse transtorno mental. 
Assim, esse trabalho apresentará uma visão resumida dos fundamentos 
teóricos da TCC; abordará o transtorno de ansiedade social (TAS) e na 
sequência serão descritas as técnicas da TCC, reconhecidamente eficazes 
para o tratamento da fobia social. 
 
 
14 
 
1. OBJETIVOS 
1.1. Objetivo Geral 
Diante do interesse pela temática da fobia social, este trabalho tem por 
objetivo principal verificar, por meio de revisão bibliográfica, a eficácia da 
terapia cognitivo-comportamental em indivíduos com fobia social. 
1.2. Objetivos Específicos 
Os objetivos específicos desta pesquisa são: a) buscar as práticas 
reconhecidamente eficazes e mais utilizadas pela TCC no enfrentamento da 
fobia social; b) verificar os resultados descritos nas produções acadêmicas a 
partir da utilização dos instrumentos terapêuticos da TCC na fobia social. 
2. METODOLOGIA 
A realização deste trabalho se deu a partir de buscas realizadas na 
internet da referida literatura nas bases de dados das bibliotecas eletrônicas: 
SCIELO, MEDLINE, GOOGLE ACADÊMICO, BIREME e LILACS. Nas buscas 
digitais serão utilizadas as seguintes palavras-chave: Fobia Social, Ansiedade 
Social, Transtorno de Ansiedade Social (TAS) e Terapia Cognitivo-
comportamental (TCC). Serão incluídos nos levantamentos os artigos que 
avaliaram conjuntamente as modalidades terapêuticas individuais e em grupo, 
em indivíduos com fobia social. 
Após o levantamento das obras existentes nessas bases, serão 
consideradas publicações no idioma em português, no período de publicação 
entre 2000 e 2013, com estudos específicos sobre as técnicas e/ou os efeitos 
da TCC na fobia social. Serão descartados estudos abrangendo comorbidades 
com outros transtornos. 
 
 
15 
 
3. RESULTADOS 
3.1. Fundamentos da Terapia Cognitiva Comportamental 
A Terapia Cognitiva surgiu na década de 1950, a partir de uma pesquisa 
realizada pelo psiquiatra e psicanalista Aaron Beck, que realizou um estudo 
onde buscava explicar os processos psicológicos na depressão, em uma 
tentativa de provar a teoria freudiana de depressão como hostilidade 
retrofletida reprimida. Após análises em pacientes deprimidos, Beck propôs em 
seus estudos que os sintomas observados poderiam ser explicados em termos 
cognitivos, considerando que as interpretações das situações vivenciadas 
poderiam ser tendenciosas, devido estarem sendo atribuídas à ativação de 
representações negativas que possuíam de si mesmo, do seu mundo e da suaimagem do futuro (KNAPP & BECK, 2008). 
A Teoria Cognitiva tem como principal objeto de estudo a natureza e a 
função dos aspectos cognitivos, ou seja, como se realiza o processamento de 
informações e a atribuição de significado às coisas ou eventos. Assim, busca 
caracterizar a natureza de processos contidos em determinada psicopatologia, 
de maneira que, se ativados dentro de contextos específicos, caracterizam-se 
como disfuncionais ou mal adaptados. Outro objetivo implica em fornecer 
estratégias capazes de retificar estes conceitos particulares construídos pelo 
indivíduo (BECK & ALFORD, 2000). 
A Terapia Cognitiva baseia-se na comprovação de inúmeras pesquisas, 
e já teve sua eficácia comprovada em indivíduos de ambos os sexos, de 
diferentes faixas etárias e de diversos níveis socioeconômicos. Por essa razão, 
tem sido a mais indicada para os tratamentos mentais como: Transtornos de 
Ansiedade Generalizada, Transtorno do Pânico, Transtorno Depressivo, Fobia 
Social, dentre outros. Em sua prática clínica, constitui-se de uma terapia breve, 
que se utiliza de técnicas comportamentais, como: exposição, prevenção da 
resposta, modelagem, role-playing e relaxamento. É estruturada e orientada 
para o presente, para a solução de problemas e modificação de 
comportamentos e pensamentos disfuncionais. Por mesclar os processos 
cognitivos aos comportamentais, em sua teoria e prática, a Terapia Cognitiva é 
16 
 
denominada mais precisamente de Terapia Cognitiva Comportamental (BECK, 
1997). 
Aaron Beck, o fundador da terapia cognitiva, formulou uma 
base teórica coerente antes do desenvolvimento de estratégias 
terapêuticas. As diretrizes para desenvolver e avaliar o novo 
sistema de psicopatologia e psicoterapia foram: 1) construir 
uma teoria abrangente de psicopatologia que dialogasse bem 
com a abordagem psicoterápica; 2) pesquisar as bases 
empíricas para a teoria; e 3) conduzir estudos empíricos para 
testar a eficácia da terapia. (KNAPP & BECK, 2008, p.55). 
A premissa básica Terapia Cognitiva Comportamental diz que o modo 
dos indivíduos se sentirem e se comportarem serão determinados pela da 
maneira como eles interpretam suas experiências. Assim, é pela maneira como 
os indivíduos interpretam os fatos que se produzem os problemas emocionais e 
não o fato em si mesmo (RANGÉ, 1995). 
As crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o 
futuro, determinam o modo como nos sentimos: o que e como as pessoas 
pensam afeta profundamente o seu bem-estar emocional (BECK et al., 1979). 
Os cognitivistas defendem a ideia de que o homem primeiro pensa e 
depois se comporta, valorizando a função mental. Assim, a importância e 
relevância da função cognitiva e percepção das coisas e do mundo que irá 
influenciar a nossa emoção e comportamento (RANGÉ, 1998). 
A Terapia cognitiva Comportamental está fundamentada nos princípios 
filosóficos do racionalismo de Karl Popper e no construtivismo. Estas teorias 
defendem a ideia que o sujeito tem uma participação ativa no processo de 
interação e conhecimento do mundo, e a partir daí constrói hipóteses e teorias 
do mundo, das situações e das coisas. Com isso, a proposta positivista do 
construtivismo indica que a realidade que o homem tem do mundo provém dos 
erros, das hipóteses. Assim, as representações formuladas pelo homem não 
seriam determinadas pelo objetivo, mas seriam construídas por ele mesmo a 
partir das hipóteses (BAHLS, 2003). 
17 
 
Outra premissa apresentada pela proposta cognitivista é como a 
relevância das crenças e do pensamento podem determinar a emoção e bem 
estar. Nessa perspectiva, os pensamentos têm a capacidade de influenciar as 
emoções e, de modo contínuo, as emoções influenciam os pensamentos. 
Baseados nessa tese retifica-se que as emoções e comportamentos são 
influenciados pela forma de processamento. A partir do processamento, o 
significado que se atribui à situação ou objeto seria fruto da percepção 
particular, individual da pessoa. Assim, a intervenção do cognitivismo seria 
para trabalhar com as emoções e comportamentos (HAWTON et al., 1997). 
O objetivo da Terapia Cognitiva Comportamental é promover avaliações 
realistas e adaptativas dos fatos da vida em lugar de distorções cognitivas. 
Para tal, é utilizada uma abordagem colaborativa psicoeducacional de 
tratamento, na qual experiências de aprendizagens específicas buscam ensinar 
os indivíduos a monitorar seus pensamentos automáticos; reconhecer as 
relações entre cognição, afeto e comportamento; testar a validade dos 
pensamentos automáticos, substituir os pensamentos distorcidos por cognições 
mais realistas; identificar e alterar as crenças, pressupostos ou esquemas 
subjacentes aos padrões errôneos de pensamentos (KNAPP & COLS, 2004). 
A Terapia Cognitiva apresenta seus principais conceitos, propostos por 
Beck, como: esquema, crença central, crença intermediária, pensamento 
automático e distorções cognitivas (BECK et al. 1979). 
Os esquemas são estruturas cognitivas que formam significado, a partir 
da experiência que nos ajudam a interpretar o mundo. A partir dos esquemas 
nossas experiências são filtradas, avaliadas, codificadas, categorizadas e 
interpretadas. Eles se formam a partir das primeiras relações do indivíduo com 
o meio, com isto, valoriza-se a fase da infância, pois o mundo externo é 
apresentado logo após o nascimento (BECK & ALFORD, 2000). 
O conceito de “Crença Central”, também conhecido como crença 
nuclear, defende que este tipo crença constitui o nível mais profundo da 
estrutura cognitiva e são compostas por ideias rígidas, absolutistas e globais 
que o indivíduo tem sobre si mesmo. Estas crenças são formadas por ideias e 
18 
 
conceitos a respeito de nós mesmos, das pessoas e do mundo. Elas são 
aceitas sem grandes questionamentos, são mantidas passivamente e 
reforçadas sistematicamente (RANGÉ, 2001). 
As crenças centrais são ideias e conceitos mais enraizados e 
cristalizados acerca de nós mesmos, dos outros e do mundo. São constituídas 
desde as nossas primeiras experiências na infância e se solidificam ao longo 
da vida, moldando assim nosso jeito de ser e agir no mundo. Tratando-se de 
crenças disfuncionais, aquilo que não é modificado ou corrigido em fase 
desadaptativa, pode chegar à fase adulta como verdades absolutas (KNAPP, 
2004). 
As Crenças intermediárias correspondem ao segundo nível de 
pensamento e não são diretamente relacionadas às situações, ocorrendo sob a 
forma de suposições ou regras. São construções cognitivas disfuncionais, 
expressas em forma de regras, normas, premissas e atitudes que adotamos e 
que guiam a nossa conduta. Estas crenças encontram-se presentes em 
inúmeras situações existenciais. Elas derivam e reforçam as crenças centrais, 
pois pressupõem que, desde que determinadas regras, normas e atitudes 
sejam cumpridas, não haverá problema, e o indivíduo se mantém relativamente 
estável e produtivo. Embora os indivíduos construam e mantenham as crenças 
intermediárias como tentativa de lidar com suas crenças e esquemas 
desadaptativos, eles acabam confirmando e reforçando (KNAPP, 2004). 
O conceito de “Pensamento Automático" parte da compreensão de que 
existem pensamentos que ocorrem espontânea e rapidamente nas fronteiras 
da consciência, sendo interpretações imediatas das mais variadas situações. 
Tais pensamentos são chamados de “automáticos”, pois são diferentes do fluxo 
normal de pensamentos observado no raciocínio reflexivo ou na livre 
associação. Geralmente estes pensamentos são avaliados como razoáveis e 
são aceitos como verdadeiros (KNAPP & BECK, 2008). 
Conforme Beck (1997), mesmo que alguns pensamentos automáticos 
sejam verdadeiros,a maioria deles é falsa ou trazem em seu conteúdo apenas 
19 
 
verdades parciais. Assim, a autora descreve, na lista a seguir, os erros típicos 
destes pensamentos disfuncionais: 
1. Pensamento do tipo tudo-ou-nada (também chamado de 
pensamento preto-e-branco, polarizado ou dicotômico): Você 
vê uma situação em apenas duas categorias em vez de em um 
contínuo. Exemplo: “Se eu não for um sucesso total, eu sou um 
fracasso”. 
2. Catastrofizando (também denominado adivinhação): Você 
prevê o futuro negativamente sem considerar outros resultados 
mais prováveis. Exemplo: “Eu ficarei tão aborrecida que não 
serei capaz de agir direito”. 
3. Desqualificando ou desconsiderando o positivo: Você 
irrazoavelmente diz para si mesmo que experiências, atos ou 
qualidades positivos não contam. Exemplo: “Eu fiz bem aquele 
projeto, mas isso não significa que eu seja competente; eu 
apenas tive sorte”. 
4. Argumentação emocional: Você pensa que algo deve ser 
verdade porque você “sente” (em realidade, acredita) isso de 
maneira tão convincente que acaba por ignorar ou 
desconsiderar evidências contrárias. Exemplo: “Eu sei que eu 
faço muitas coisas certas no trabalho, mas eu ainda me sinto 
como se eu fosse um fracasso”. 
5. Rotulando: Você coloca um rótulo global e fixo sobre si 
mesmo ou sobre os outros sem considerar que as evidências 
poderiam ser mais razoavelmente conduzidas a uma conclusão 
menos desastrosa. Exemplo: “Eu sou um perdedor. Ele não 
presta”. 
6. Magnificação/minimização: Quando você avalia a si 
mesmo, outra pessoa ou uma situação, você magnifica 
irracionalmente o negativo e/ou minimiza o positivo. Exemplo: 
“Receber uma nota medíocre prova quão inadequada eu sou. 
Obter notas altas não significa que eu sou inteligente”. 
7. Filtro mental (também denominado abstração seletiva): 
Você presta atenção indevida a um detalhe negativo em vez de 
considerar o quadro geral. Exemplo: “Porque eu tirei uma nota 
baixa na minha avaliação [que também continha várias notas 
altas] isso significa que eu estou fazendo um trabalho 
deplorável”. 
8. Leitura mental: Você acha que sabe o que os outros estão 
pensando, falhando assim ao considerar outras possibilidades 
mais prováveis. Exemplo: “Ele está pensando que eu não sei 
nada sobre esse projeto”. 
9. Supergeneralização: Você tira uma conclusão negativa 
radical que vai muito além da situação atual. Exemplo: “[Porque 
eu me senti desconfortável no encontro] eu não tenho o que é 
necessário para fazer amigos”. 
10. Personalização: Você acredita que os outros estão se 
comportando negativamente devido a você, sem considerar 
20 
 
explicações mais plausíveis para o seu comportamento. 
Exemplo: “O encanador foi rude comigo porque eu fiz algo 
errado”. 
11. Declarações do tipo “eu deveria” e “eu devo” (também 
chamadas imperativas): Você tem uma ideia exata 
estabelecida de como você ou os outros deveriam comportar-
se e você superestima quão ruim é que essas expectativas não 
sejam preenchidas. Exemplo: “É terrível que eu tenha cometido 
um erro. Eu deveria sempre dar o melhor de mim”. 
12. Visão em túnel: Você vê apenas os aspectos negativos de 
uma situação. Exemplo: “O professor do meu filho não sabe 
fazer nada direito. Ele é crítico, insensível e ensina mal”. 
 (BECK, 1997, p. 129-130) 
As Distorções cognitivas podem ser compreendidas como erros 
sistemáticos na percepção e no processamento de informações de um 
indivíduo. Pessoas com depressão tendem a estruturar suas experiências de 
forma absolutista e inflexível, resultando assim em erros de interpretação 
quanto ao desempenho pessoal e ao julgamento das situações externas 
(BECK, 1995; SCHER et al., 2005 apud POWELL, 2008). 
As Distorções cognitivas sistemáticas ocorrem à medida que esquemas 
disfuncionais são ativados. Como estratégias de enfrentamento, na tentativa de 
evitar o contato com suas crenças centrais e intermediárias, o indivíduo pode 
utilizar estratégias compensatórias. Apesar dessas manobras cognitivas e 
comportamentais aliviarem momentaneamente o sofrimento emocional 
produzido, em longo prazo estas estratégias compensatórias tendem reforçar e 
piorar essas crenças disfuncionais (KNAPP & BECK, 2008). 
A “tríade cognitiva” é outro conceito utilizado pela Terapia cognitiva, que 
indica a percepção que o indivíduo tem de si mesmo, do outro e do mundo, ou 
a perspectiva de futuro. Nessa perspectiva entendemos que a ideia que temos 
de nós mesmos, do outro e do mundo se constituem em estruturas que nos 
dão a compreensão de realidade. Dessa maneira, a partir destes três 
componentes (ele, o outro e o mundo, ou que o rodeia, o que está na frente), o 
indivíduo passa a reconhece-se em sua singularidade (RANGÉ, 1998). 
Na Terapia Cognitiva Comportamental, é fundamental que a o processo 
de psicoterapia tenha como objetivo trabalhar junto com o paciente as mais 
21 
 
diversas estratégias para a resolução de problemas, e formas de pensar mais 
próximos à realidade, sem distorções e percepções distorcidas que causam e 
despertam angustia, e sim, buscar facilitadores das mais diversas formas de 
pensar para ampliar a percepção de si mesmo, do outro e do mundo, bem 
como das expectativas e perspectivas do futuro (LETTNER, 1998). 
Normalmente, a TCC é praticada no formato individual (TCCI). 
Entretanto, Beck, Rush, Shaw e Emery (1979), relatam a utilização na 
modalidade em grupo no tratamento da depressão. Inicialmente esta 
adaptação foi motivada buscando atender mais pacientes no mesmo intervalo 
de tempo e reduzir o investimento recursos financeiros do sistema de saúde. 
Entretanto, esta modalidade da terapia cognitivo-comportamental em grupo 
(TCCG) mostrou-se ir muito além da relação custo-benefício desejada. Em 
especial, no tratamento dos Transtornos de Ansiedade, existem vários estudos 
que comprovam sua eficácia e efetividade. Embora a abordagem em grupo 
esteja cada vez mais difundida, existe uma carência na produção de literatura 
referente às suas especificidades e às possibilidades que este modelo 
proporciona (BECK et al., 1979 apud BIELING et al., 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
3.2. Transtorno de ansiedade social ou fobia social 
A fobia social, também conhecida como transtorno de ansiedade social 
(TAS) é classificada no DSM-IV-TR em duas categorias: o generalizado e o 
circunscrito. A forma generalizada é a mais irracional, pois os indivíduos sofrem 
de ansiedade grave e de maior comprometimento, relacionado a uma série de 
situações, como por exemplo: o desempenho em público, interações sociais 
em participar de festas, pequenos grupos, iniciarem conversas, etc. Já a forma 
circunscrita restringe-se a uma ou duas situações de desempenho tais como: 
falar em público, escrever ou comer na presença de outras pessoas. De uma 
maneira geral, a fobia social é caracterizada por um medo acentuado e 
persistente de uma ou mais situações sociais ou de desempenho. A pessoa 
passa a ter medo que suas ações denunciem os sintomas de ansiedade que 
lhe sejam humilhantes e embaraçosos, levando isso a produzir uma resposta 
de ansiedade intensa pela exposição à situação social temida. Geralmente a 
pessoa passa a evitar tais situações ou as suporta com intenso sofrimento 
(APA, 2002). 
Segundo Picon (2003), até a década de 80, os casos de ansiedade ou 
fobia social eram descritos na literatura da área de Psicologia como timidez 
patológica, ansiedade de encontro ou mesmo insegurança. O transtorno de 
ansiedade social (TAS) recebeu pouca atenção dos pesquisadores durante 
muito tempo, somente em meados da década de 80 deixou de ser 
negligenciado, passando a ser mais bem estudado. Com a publicação do DSM-
III, a fobia social passou a ser reconhecidaoficialmente como um transtorno 
psiquiátrico, ganhando a partir daí, o interesse significativo por sua terapêutica, 
o que é observado pelo crescente número de publicações sobre o tema a partir 
de então. Mesmo assim, a fobia social continua sendo um transtorno mental 
que necessita de mais estudos e aprofundamentos que deem conta de 
preencher dúvidas existentes e solucionar possíveis distorções produzidas 
sobre esse tema (LIEBOWITZ et al., 1985). 
Como a fobia social se manifesta entre a infância e a adolescência, é 
bem provável que o adiamento ou a procura tardia para tratamento seja devido 
o desconhecimento ou uma identificação equivocada da fobia social, que 
23 
 
muitas vezes é interpretada como uma timidez ou parte da personalidade do 
indivíduo. Na medida em que as situações sociais ficam mais complexas estes 
sintomas tendem a se agravarem, trazendo prejuízos em várias áreas na vida 
do portador de fobia social. Muitas vezes tais sintomas acabam evoluindo para 
comorbidades como: depressão, pânico, adicção e outros transtornos de 
ansiedade. Assim, o portador de fobia social acaba desenvolvendo um medo 
central de ser avaliado negativamente pelas pessoas, transformando todo 
contato social num motivo de intensa ansiedade. Por possuir uma autoimagem 
negativa, este indivíduo acaba mantendo e intensificando esse medo, devido 
foco excessivo em si mesmo e a autocrítica e a autocobrança a respeito do 
próprio desempenho nas situações sociais (LEAHY, 2011). 
A ansiedade social é descrita também como uma sensação 
desagradável que ocorre quando o indivíduo está em companhia de outras 
pessoas, sendo que, este desconforto aumenta na proporção em que 
aumentam as formalidades ou em situações em que o mesmo se sinta exposto 
à avaliação dos outros. Esta reação também é acompanhada por um desejo de 
fugir da situação social. Dessa forma, o indivíduo com fobia social acaba 
desenvolvendo comportamentos de evitação e de fuga, incorporando-os de 
forma sistemática à sua rotina de vida, fazendo destes comportamentos um 
padrão sintomático e crônico do transtorno (CABALLO, 2000 apud D'EL REY & 
PACINI, 2006). 
O indivíduo com fobia social, ao entrar em contato com situações 
temidas, ativa crenças centrais de autoimagem em que ele é inadequado em 
termos sociais. Esse procedimento cognitivo dá margem para que ele tenha 
alterações cognitivas típicas da fobia social: autoafirmações depreciativas, 
avaliação negativa do seu desempenho social, juntamente com um padrão de 
exigência excessiva em relação a este desempenho. Somado a isso, estão a 
atenção e memória, voltadas para situações de desempenho negativas no 
passado e no presente e a presença constante da autoconsciência da sua 
exposição pública (CLARK & WELLS, 1995 apud D'EL REY & PACINI, 2006). 
Além da ansiedade resultante da percepção distorcida da realidade, são 
comuns nos portadores de fobia social as manifestações fisiológicas como: 
24 
 
rubor, sudorese, palpitação, tremor nas mãos e urgência em evacuar. Vale 
ressaltar que alguns indivíduos com esse transtorno, descrevem apenas uma 
autoconsciência constante e medo (RANGÉ, 2001). Buscando contornar essa 
situação incômoda, os portadores de fobia social passam a executar 
comportamentos com o propósito de reduzir a ansiedade e os sintomas 
fisiológicos associados. Os comportamentos decorrentes desta situação 
incluem: comportamentos de segurança, inibição das habilidades sociais, 
evitações e fuga das situações temidas (KNAPP, 2004). 
Conforme Clark & Wells (1995), o comportamento de segurança, citado 
anteriormente, são evitações sutis que passam despercebidos, a maior parte 
do tempo. Nesta mesma perspectiva, Knapp (2004) relata que os indivíduos 
com fobia social utilizam este recurso ao se depararem com as situações 
interpretadas como perigosas e eliciadoras de ansiedade. Na busca de 
disfarçar seu sofrimento e reduzir essa ansiedade, o indivíduo enfrenta a 
situação fazendo uso desses comportamentos para minimizar sua ansiedade. 
Todavia, a utilização dessas estratégias acaba impedindo que essa experiência 
corrija os pensamentos disfuncionais, por não confirmarem as crenças 
disfuncionais sobre os comportamentos temidos (KNAPP, 2004). 
Os primeiros modelos explicativos da fobia social se orientavam pela 
hipótese na qual o portador destes sintomas inadequados possuiria um 
repertório de comportamentos resultante da falta de aprendizado, o que 
repercutia na inadequação deste indivíduo às demandas do ambiente 
(CURRAN, 1977; SEGRIN & FLORA, 2000 apud LEVITAN et al., 2008). 
Atualmente os modelos explicativos da fobia social são mais complexos, 
enfatizando especialmente os aspectos cognitivos envolvidos no transtorno. A 
partir dessa perspectiva, há uma compreensão de que os indivíduos com 
ansiedade social antecipam negativamente a experiência de interação social, 
bem como os resultados relacionados a essa situação. Isso é mantido devido à 
visão negativa de si mesmo aliado às crenças de serem rejeitados pelos 
outros, devido o seu desempenho ou passar por constrangimentos. Assim, 
acabam hipervigilantes a sinais que indiquem uma ansiedade visível aos 
outros. Esse comportamento acaba contribuindo na formação e manutenção do 
25 
 
ciclo da fobia social (BECK et al., 1985; LUCOCK & SALKOVSKIS, 1988 apud 
LEVITAN et al., 2008). 
Segundo Knapp (2004), é através dos mecanismos de ordem cognitiva, 
afetiva e comportamental que o indivíduo com fobia social mantém em 
funcionamento esse ciclo vicioso. Os pensamentos distorcidos geram sintomas 
de ansiedade, estes sintomas acabam reforçando ainda mais os pensamentos 
automáticos, juntamente com o processamento autofocado, aliado aos 
comportamentos de segurança esse ciclo se consolida. Assim, o indivíduo fica 
impossibilitado de realizar uma avaliação adequada e realista do ambiente que 
o leve a corrigir esse padrão disfuncional de pensamentos. 
Existe também um modelo cognitivo-comportamental proposto por 
Heimberg, Juster, Hope e Mattia (1995), que presume a existência de 
predisposição para o desenvolvimento da fobia social na infância ou na 
adolescência, a partir de fatores herdados que acabam sensibilizando indivíduo 
nos aspectos produzidos nas situações sociais, aprendidos como sendo 
ameaçadores. 
Tais fatores podem incluir pais com ansiedade social, padrões 
exagerados de perfeição no funcionamento, superproteção 
e/ou isolamento dos contatos sociais. Estes mesmos autores, 
indicam que estes fatores vividos na infância ou adolescência 
aumentam a probabilidade de a pessoa entrar em situações 
sociais de forma apreensiva, desta maneira sentindo muita 
ansiedade ou tentando evitá-las. Estas pessoas formam 
cognições de que as situações sociais são perigosas e que a 
única maneira de prevenir resultados negativos é evitá-las. 
Consequentemente tendem a antecipar uma possível 
humilhação e embaraço, e devido a isto evitam as situações 
sociais ou de desempenho; e quando não conseguem evitá-las 
sofrem em demasia antes e durante a situação (HEIMBERG et 
al., 1995 apud D'EL REY & PACINI, 2006). 
 Na busca de outros fatores relacionados à fobia social, Stein (1998) 
pesquisou possíveis fatores que podem estar relacionados às causas desse 
transtorno mental. Assim, ficou demonstrado em estudos familiares, que na 
fobia social ocorre um padrão de agregação familiar, principalmente do subtipo 
generalizada. Observou-se também uma maior ocorrência de fobia social em 
26 
 
parentes de primeiro grau, sugerindo que esse transtorno possa ser herdado 
geneticamente (STEIN, 1998 apud ITO, 2008). 
Segundo Bernik (2004), a fobia social é extremamente complexa na sua 
origem e não apenas a umaherança genética, mas também à forte influência 
do meio familiar e contexto social. Para a criança, a família se constitui no 
primeiro modelo conhecido, e neste ambiente ela observa como seus 
integrantes lidam com adversidades, como interpretam o ambiente social, se 
são tímidos ou têm muitos amigos. Os filhos de indivíduos com fobia social 
constituem o grupo de maior risco para desenvolver esse transtorno, pois 
compartilham tanto o ambiente quanto a carga genética dos pais. 
Outra questão abordada por Bernik (2004), diz espeito às crianças que 
sofrem maus tratos e agressões no ambiente escolar. Tais crianças, que desde 
cedo vivenciam experiências de rejeição e sofrimento produzidas pelo 
relacionamento interpessoal, acabam mais propensas ao surgimento da fobia 
social. 
Nesta perspectiva, Knapp (2004) comenta que o indivíduo com fobia 
social, apesar de manter sua estrutura de crenças, pressupostos e regras, nele 
está intrínseco uma vontade intensa de ser aceito pelas pessoas e de ter um 
desempenho aprovado socialmente, mesmo com toda insegurança referente à 
capacidade à realização dessa vontade. 
Clark & Wells (1995), afirmam além dessa estrutura cognitiva que orienta 
o portador de fobia social, existem três fatores inerentes a este indivíduo que 
estruturam a dinâmica desse transtorno, que são: a) Critérios próprios e 
exagerados de desempenho social (Ex.: “preciso agradar a todos sempre”); b) 
Crenças condicionadas sobre a avaliação social (Ex.: “se eu errar, eles irão me 
criticar”); c) Crenças não condicionadas sobre si mesmo (Ex.: “sou incapaz, sou 
inaceitável, sou anormal ou inferior”) (CLARK & WELLS, 1995 apud KNAPP, 
2004). 
 
 
27 
 
3.3. Técnicas utilizadas pela TCC na fobia social 
Segundo Heimberg (2002), a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) 
é uma abordagem que possui um perfil educativo, de natureza focal. Em seu 
contexto clínico, o terapeuta assume uma postura colaborativa e ativa junto ao 
cliente, priorizando suas ações a partir das discussões e levantamentos 
realizados durante as sessões e nas tarefas destinadas para casa. Dessa 
maneira, a partir da identificação do tipo de fobia social e sua intensidade, 
realiza-se um percurso terapêutico com a utilização de técnicas e verificação 
dos resultados em cada etapa. 
Estudos indicam que, para a FS circunscrita, 12 a 16 sessões 
semanais em grupo ou individuais são suficientes para a 
redução significativa da sintomatologia. Já para a FS 
generalizada, a resposta ao tratamento depende do número de 
comorbidades e da gravidade dos sintomas, sendo o 
tratamento, em geral, mais prolongado e os resultados mais 
limitados (HEIMBERG, 2002 apud ITO, 2008, p.97). 
Sobre as modalidades de terapia cognitiva comportamental individual 
(TCCI) e em grupo (TCCG), Bieling et al. (2008) chamam a atenção para a 
particularidade do processo grupal, que possui técnicas específicas para esse 
formato, nas diferentes abordagens terapêuticas. No caso da Terapia Cognitiva 
Comportamental, seja ela no modelo individual ou grupal, é imprescindível a 
aplicação das técnicas referentes à estrutura da sessão, o foco na tarefa e as 
estratégias cognitivas e comportamentais. Em especial na TCCG, soma-se a 
estas estratégias o efeito promovido pelo processo grupal, que são os fatores 
resultantes das interações interpessoais ocorridas entre os participantes do 
grupo. 
De acordo com o modelo cognitivo proposto por Clark & Wells (1995), os 
objetivos da TCC na fobia social englobam os diferentes aspectos envolvidos 
no surgimento e na sua manutenção. Nesta perspectiva, as metas da TCC para 
a fobia social buscam reduzir a ansiedade antecipatória e suas reações 
fisiológicas decorrentes, corrigir e reestruturar as cognições de autoavaliação 
negativa, reduzir a frequência dos comportamentos de evitação e dos 
comportamentos de segurança (CLARK & WELLS, 1995 apud KNAPP, 2004). 
28 
 
O planejamento do processo terapêutico da fobia social deve ser 
precedido por uma entrevista, para que se elabore um panorama da vida do 
indivíduo com base nas seguintes informações: a) O resgate histórico da 
doença, pontuando seu início e tempo de duração; b) A história familiar e 
predisposição biológica; c) As experiências no contexto familiar e escolar; d) Os 
relacionamentos sociais, afetivos e sexuais; d) Os sintomas fisiológicos, 
cognitivos e comportamentais; e) A identificação das comorbidades; f) Se há 
necessidade de avaliação psiquiátrica; g) Que situações eliciam sintomas e 
qual o grau de interferência e prejuízo para o indivíduo; h) Como os fatores 
ambientais e influência familiar contribuem; i) A ocorrência de habilidades 
sociais pré-existentes. De posse dessas informações e a partir da identificação 
da intensidade do transtorno fóbico, do grau de esquiva e da disponibilidade, o 
indivíduo poderá ser encaminhado para atendimento na modalidade individual 
ou em grupo. Assim, o processo terapêutico priorizará inicialmente o 
enfrentamento dos sintomas mais intensos, que produzem maior prejuízo e 
sofrimento para o indivíduo (ITO et al., 2008). 
As principais técnicas que vem sendo utilizadas pela Terapia Cognitiva 
Comportamental na fobia social são: reestruturação cognitiva, treinamento de 
habilidades sociais, exposição imaginária e ao vivo e técnicas de relaxamento 
(HEIMBERG, 2001; LINCOLN et al., 2003 apud D'EL REY & PACINI, 2006). 
a) Reestruturação Cognitiva 
A reestruturação cognitiva é uma técnica que tem por objetivo o 
enfrentamento das crenças disfuncionais, substituindo-as por outras mais 
adaptativas. Esta técnica é aplicada aos pensamentos disfuncionais ocorridos 
antes, durante e depois da situação social eliciadora de ocorrências fóbicas. 
Este processo de redefinição e retificação das cognições distorcidas possibilita 
a este indivíduo rever o seu comportamento, onde, na maioria das vezes, 
hipervalorizava negativamente uma situação, menosprezando sua capacidade 
de enfrentamento. Dessa forma, a reestruturação cognitiva busca 
primeiramente a identificação de pensamentos distorcidos, as crenças 
condicionais e a crença central do indivíduo, para que, a partir daí o terapeuta 
29 
 
tenha uma compreensão maior sobre o funcionamento cognitivo do seu cliente. 
Vários estudos mostram que a reestruturação cognitiva é um método eficiente 
no tratamento da fobia social principalmente se utilizada conjuntamente com 
técnicas de exposição (LINCOLN et al., 2003; CLARK & WELLS, 1995 apud 
ITO et al., 2008). 
Conforme Ito, Roso, Tiwari, Kendall e Asbahr (2008), na prática clinica, a 
técnica de reestruturação cognitiva é realizada pelo cliente sob orientação do 
terapeuta, conforme instruções descritas a seguir: 
Um diário deve ser utilizado para auxiliar o paciente a registrar 
seus pensamentos automáticos distorcidos e a respectiva 
ansiedade em uma situação social. A seguir, o paciente é 
orientado a observar estes pensamentos com distância e 
questioná-los, de modo a perceber suas distorções e corrigi-los 
de maneira a baixar a ansiedade gerada por eles. O desafio 
dos pensamentos automáticos distorcidos é feito através da 
técnica de questionamento socrático, com a revisão de 
evidências que confirmem ou não as hipóteses negativas do 
paciente (ITO et al., 2008, p. 98). 
O questionamento socrático é um método utilizado para guiar o indivíduo 
em uma revisão consciente dos seus pensamentos, possibilitando que este 
faça descobertas sobre o seu padrão disfuncional de pensar (KNAPP & BECK, 
2008). 
Com o aprendizado do questionamento dos pensamentos disfuncionais 
é possível identificar os erros lógicos ocorridos na fobia social. Segundo 
Falcone (2001), os erros mais observados são: a) leituramental (“ele me acha 
incompetente”); b) adivinhação e catastrofização (“se eu tiver que assinar o 
meu nome, não vou conseguir escrever”); c) personalização (“eles não estão 
me dando atenção. Devo ter falado besteira”) (FALCONE, 2001 apud ITO et al., 
2008). 
Na reestruturação cognitiva, os pacientes com fobia social são 
ensinados a identificar as cognições disfuncionais, fazer o teste 
da realidade e corrigir os conteúdos distorcidos. Basicamente, 
as estratégias de reestruturação cognitiva objetivam ensinar ao 
paciente as seguintes modificações: observação e controle dos 
pensamentos irracionais e negativos, exame das evidências 
favoráveis e contrárias aos pensamentos distorcidos e correção 
das interpretações tendenciosas por interpretações calcadas 
30 
 
na realidade (BECK, 1997; TAYLOR et al., 1997 apud D'EL 
REY & PACINI, 2005). 
Conforme Ito, Roso, Tiwari, Kendall e Asbahr (2008), a partir do 
aprendizado de identificação dos pensamentos disfuncionais, o indivíduo com 
fobia social pode reduzir a ação negativa destes pensamentos sobre as 
emoções, resultando assim um maior controle e autoconfiança diante de 
situações sociais temidas. 
Uma vez identificados os pensamentos distorcidos, é possível 
encontrar a crença central subjacente que gerou e mantém tais 
pensamentos, bem como as crenças condicionais e estratégias 
compensatórias que o paciente utiliza para lidar com sua 
crença. Para isso, questiona-se o paciente a respeito do 
significado dos pensamentos que ele identificou: “O que 
significa esse pensamento para você, o que quer dizer a seu 
respeito?” (ITO et al., 2008, p. 98). 
b) Treinamento de Habilidades Sociais (THS) 
O objetivo do Treinamento de Habilidades sociais (THS) é disponibilizar 
ao portador de fobia social um repertório de comportamentos que sejam mais 
adaptados socialmente. A utilização do THS tem sido indicada para indivíduos 
que tenham apresentado ou não dificuldade nas habilidades sociais, pois este 
recurso tem se mostrado eficaz na redução dos níveis de ansiedade ocorridos 
no contato interpessoal (LINCOLN et al., 2003). 
O THS é indicado a indivíduos com fobia social devido à tendência dos 
mesmos de apresentarem comportamentos indesejados que, por sua vez, 
aumentariam as possibilidades de avaliações negativas por outras pessoas, 
levando os mesmos ao fortalecimento da autoimagem negativa. Dessa 
maneira, a baixa habilidade social observada nestes indivíduos pode ser 
decorrente da falta de conhecimento, falta de habilidade, inibição 
comportamental e ou evitação, resultantes do próprio quadro de ansiedade 
(HEIMBERG, 2002). 
As principais dificuldades comumente descritas pelos pacientes 
com FS a serem abordadas incluem: iniciar, estabelecer, 
manter e finalizar uma conversa; manter o foco e o interesse no 
assunto; tolerar silêncios; eleger temas e saber discorrer sobre 
31 
 
o mesmo; mudar o assunto se necessário, estabelecer e 
manter amizades (CABALLO et al, 1997 apud ITO et al., 2008, 
p. 98). 
O THS mostra ao indivíduo um amplo e variado repertório de 
comportamentos adaptados socialmente, planejados para cada situação 
específica no contexto social no qual ele está inserido (PICON, 2004). Nessa 
perspectiva, um dos propósitos do THS é auxiliar o indivíduo na identificação 
das deficiências em suas habilidades sociais e reconhecer quais tipos de 
comportamentos não estão adaptados socialmente. O THS abrange variadas 
ações, tais como: exposição gradual e sistemática às situações sociais 
temidas, modelação e dramatização (CAMINHA et al., 2003). 
Conforme Bieling, Mccabe e Antony (2008), o THS beneficia de forma 
direta os indivíduos com fobia social, pois a partir deste treinamento é possível 
lidar de forma adequada com seus conflitos, desenvolver a assertividade, 
avaliar a qualidade de sua comunicação não verbal, melhorar sua 
apresentação e sua capacidade de consolidar relacionamentos íntimos. 
c) Treino de exposição imaginária e ao vivo 
As estratégias da TCC mais indicadas para fobia social são a exposição 
ao vivo combinada com a reestruturação cognitiva (RANGÉ, 2001). A técnica 
de exposição ao vivo é realizada através do confronto direto e gradativo aos 
objetos ou situações temidas, sem utilização de técnica de relaxamento na 
maioria das vezes. A aplicação desta técnica está baseada na premissa que 
considera a ansiedade como uma resposta condicionada, que tende a diminuir 
através da habituação que ocorre a partir do processo de exposição 
sistemática aos estímulos temidos (BUTLER et al.,1984 apud D'EL REY & 
PACINI, 2005). 
A exposição nos quadros de Fobia Social tem por objetivo levar 
o paciente ao enfrentamento das situações sociais temidas, 
mantendo-o psicologicamente engajado, de forma que o 
processo natural de condicionamento, envolvido no medo da 
situação social, apresente redução da ansiedade desperta por 
meio da habituação e da extinção. Elas devem ocorrer de 
forma gradual, das situações menos ansiogênicas para as mais 
32 
 
ansiogênicas, obtendo-se, assim, um grau de maestria 
crescente no paciente, em relação às suas capacidades de 
lidar com as situações alvo, aumentado sua autoeficácia, sua 
segurança em lidar com as situações sociais e aumentando 
sua autoestima (VIANA, 2008, p. 88). 
O treino de exposição deve ser precedido pela elaboração de uma lista 
em conjunto com o cliente, onde deverão ser informadas as situações temidas, 
classificando as mesmas hierarquicamente, desde aquela que causa menor até 
aquela que causa maior nível de ansiedade. A partir daí inicia-se a técnica, 
pela exposição à situação menos temida, até alcançar aquelas que produzem 
maior desconforto. Na técnica de exposição, seja ele ao vivo ou por 
imaginação, é necessário que o indivíduo confronte diretamente ou exercite 
sua imaginação no enfrentamento das situações temidas (WOLPE, 1973 apud 
D'EL REY & PACINI, 2006). 
Nos estágios iniciais do tratamento com exposição, as 
situações são enfrentadas na companhia do terapeuta, até que 
possa ocorrer a habituação da ansiedade no item da hierarquia 
que está sendo confrontado. Após a exposição repetida e 
prolongada e quando a situação não eliciar mais altos níveis de 
ansiedade e desconforto, passa-se ao próximo item da lista de 
situações problemáticas. O processo continua até o paciente 
poder enfrentar todos os itens da hierarquia com significativa 
redução da ansiedade e do desconforto (D'EL REY & PACINI, 
2006, p. 272). 
O treino de exposição pode ser ao vivo, onde o indivíduo é instruído a 
confrontar deliberadamente as situações reais temidas ou por imaginação, 
conhecido também como dessensibilização sistemática. A exposição 
imaginária também pode ser utilizada para treinar o indivíduo antes que esse 
enfrente uma situação real. É muito importante que o terapeuta tenha uma 
atenção especial na consolidação da lista de hierarquia das situações temidas, 
pois isso pode gerar dificuldades durante o treino de exposição, devido 
determinadas situações possuírem a capacidade de eliciar níveis imprevisíveis 
de ansiedade, mas de curta duração, interferindo assim no processo de 
habituação (ITO et al., 2008). 
 
33 
 
d) Técnicas de relaxamento 
Segundo Rangé (2001), o relaxamento é um processo psicofisiológico 
que envolve respostas de ordem somática e autônoma, num estado de 
aquiescência motora, produzido por estímulos verbais de tranquilidade. Neste 
processo de aprendizagem corporal o indivíduo é instruído a reconhecer as 
respostas biológicas resultantes do relaxamento a partir da identificação das 
partes tensionadas ou relaxadas em seu corpo. 
As técnicas de manejo de estresse e relaxamento são 
utilizadas no tratamento da FS com o objetivo de fazercom que 
o paciente aprenda a ter maior controle das respostas 
fisiológicas próprias da ansiedade. Dessa forma, tais técnicas 
são bastante utilizadas no tratamento de todos os quadros 
ansiosos. No manejo do estresse, o paciente é orientado a 
identificar os sinais que indicam um aumento de sua ansiedade 
e a utilizar a distração e/ou um exercício respiratório de 
maneira a não permitir que a ansiedade aumente (ITO et al., 
2008, p 98). 
As técnicas de relaxamento na fobia social são utilizadas no controle dos 
sintomas fisiológicos que ocorrem antes ou durante as situações temidas. 
Basicamente, essa técnica é composta por exercícios de respiração e treino de 
relaxamento. No exercício de respiração o indivíduo é orientado a respirar de 
forma ritmada, realizando inspirações e expirações profundas e diafragmáticas. 
Já no treino de relaxamento, o indivíduo aprende a tencionar e relaxar 
diferentes grupos musculares na busca de conforto e bem estar. Estas técnicas 
tem o objetivo de treinar o portador de fobia social para executá-la no 
enfrentamento de situações de crise (CAMINHA et al., 2003). 
 
 
 
 
 
34 
 
3.4. Revisão da Literatura 
Esta revisão bibliográfica selecionou 21 estudos, realizados entre os 
anos 2004 e 2013, sobre a utilização da TCC como instrumento terapêutico no 
enfrentamento da fobia social. Nesta revisão estão incluídos artigos e 
monografias que avaliaram a práticas da TCC nas modalidades terapêuticas 
individuais e em grupo, bem como os estudos específicos sobre as técnicas 
e/ou os efeitos da TCC na fobia social. Vale ressaltar que não foram incluídos 
nesta revisão os estudos que abordaram comorbidades da fobia social com 
outros transtornos mentais. 
Nos 21 estudos, descritos no quadro 1, foi adotado o critério de 
ordenação cronológica para facilitar a visualização das produções em cada 
ano, destacando-se a síntese dos seus resultados para possibilitar uma rápida 
análise destes trabalhos selecionados nesta amostra. 
O conteúdo dos 21 estudos dessa revisão bibliográfica abordam as 
seguintes temáticas: 
 4 são revisões bibliográficas sobre as técnicas utilizadas pela TCC na 
fobia social; 
 4 abordaram as técnicas e procedimentos utilizados na terapia cognitiva 
comportamental de grupo (TCCG); 
 3 avaliaram a eficácia da TCC no tratamento da fobia social 
generalizada; 
 2 avaliaram a ocorrência da fobia social no âmbito acadêmico; 
 2 são estudos de caso de processo terapêutico; 
 1 avaliou a eficácia da TCC no tratamento da fobia social circunscrita; 
 1 avaliou os prejuízos funcionais causados pela fobia social, 
 1 realizou uma pesquisa sobre as produções acadêmicas (Teses e 
Dissertações) da CAPES; 
35 
 
 1 avaliou a importância da reestruturação cognitiva como componente 
terapêutico essencial da TCC; 
 1 pesquisou a utilização do treino de habilidades sociais (THS) como 
componente terapêutico da TCC na fobia social; 
 1 pesquisou os modelos e técnicas mais utilizados pela TCC na fobia 
social. 
 
Quadro 1. Estudos sobre intervenções da TCC na Fobia Social, ordenados 
cronologicamente com a síntese dos seus resultados. 
(Continua) 
Tema Autor Resultados 
Estratégias de 
reestruturação 
cognitiva no 
tratamento da 
fobia social 
PRIULI, R. 
M. A. (2004) 
Os resultados alcançados reafirmam que a 
técnica de reestruturação cognitiva para o 
tratamento da fobia social é efetiva, utilizando-
se também de estratégias combinadas de 
exposição. 
Tratamento da 
fobia social 
circunscrita por 
exposição ao vivo 
e reestruturação 
cognitiva – Relato 
de Caso 
D'EL REY, G. 
J. F.; Pancini, 
C. A. (2005) 
Um rápido progresso foi conseguido neste caso. 
A paciente seguiu todas as instruções 
terapêuticas e manteve um registro completo de 
seu progresso. Na terceira semana de 
tratamento, ela era capaz de realizar a tarefa 
mais difícil na hierarquia previamente 
construída, quando acompanhada pelo 
terapeuta. Ao final da oitava semana, alcançou 
o objetivo elaborado no início da terapia. 
Apenas níveis suaves de ansiedade eram 
experienciados ao final do tratamento. 
Um estudo de 
caso de Fobia 
Social à luz da 
Terapia Cognitivo 
Comportamental 
MONTAÑO, 
P. C. (2005) 
Após 6 meses de tratamento, a paciente 
apresentou redução significativa no seu nível de 
ansiedade e depressão, assim como 
desenvolveu um melhor manejo de habilidades 
sociais e assertividade. Também foi observada 
uma diminuição da sua própria exigência ao 
perfeccionismo, a qual possivelmente tenha sido 
a desencadeadora de sua ansiedade social nas 
situações de avaliação. Ao finalizar o 
tratamento, a paciente não apresentava os 
critérios para o diagnóstico de Fobia Social. 
36 
 
Quadro 1. Estudos sobre intervenções da TCC na Fobia Social, ordenados 
cronologicamente com a síntese dos seus resultados. 
(Continuação) 
Tema Autor Resultados 
Instrumentos de 
avaliação do 
transtorno de 
ansiedade social 
OSÓRIO, 
F.L.; Crippa, 
J.A.S.; 
Loureiro, 
S.R. (2005) 
A análise das qualidades psicométricas de15 
instrumentos mostrou que os mesmos têm 
assegurado boas qualidades psicométricas. 
Contudo, faz-se necessário aprimorar o estudo 
de tais qualidades psicométricas por meio de 
estudos empíricos que tenham por 
delineamento o rastreamento em populações 
clínicas e não-clínicas de indivíduos com TAS, e 
em pessoas mais jovens, com rigoroso controle 
quanto as comorbidades. 
Fobia social e 
habilidades 
sociais: uma 
revisão da 
literatura 
ANGÉLICO, 
A. P.; Crippa, 
J. A. S. & 
Loureiro, S. 
R. (2006) 
Verificou-se que os estudos sobre a eficácia do 
treino de habilidades sociais (THS) não 
mantiveram uma homogeneidade de 
procedimentos adotados quanto ao número de 
sessões e técnicas empregadas nas 
intervenções, não oferecendo, portanto, um 
modelo de delineamento típico que possa ser 
prescrito para o tratamento de fobia social. 
Tratamento da 
fobia social 
generalizada: 
comparação 
entre técnicas 
D'EL REY, G. 
J. F.; Beidel, 
D. C.; 
Pancini, C. A. 
 (2006) 
Neste estudo, a terapia de grupo com 
treinamento de habilidades sociais (THS) e 
reestruturação cognitiva (RC) mostrou-se como 
um tratamento superior ao treinamento de 
habilidades sociais usados isoladamente no 
tratamento da fobia social generalizada. A 
combinação de técnicas (THS-RC) provou ser 
significativamente mais efetiva nos vários 
instrumentos de avaliação ao final do tratamento 
de 8 semanas e no follow-up de três meses. 
Terapia Cognitivo 
Comportamental 
da Fobia Social: 
Modelos e 
Técnicas 
D'EL REY, G. 
J. F.; Pancini, 
C. A. (2006) 
Concluiu-se que o correto diagnóstico e 
encaminhamento para o tratamento adequado 
fobia social minimizam, se não todos, pelo 
menos os principais efeitos negativos que esta 
grave condição de saúde mental impõe a seus 
portadores. A TCC e a farmacologia, segundo a 
literatura científica, constituem-se hoje como as 
principais intervenções terapêuticas para os 
quadros de fobia social. 
37 
 
Quadro 1. Estudos sobre intervenções da TCC na Fobia Social, ordenados 
cronologicamente com a síntese dos seus resultados. 
(Continuação) 
Tema Autor Resultados 
Fobia social em 
estudantes 
universitários 
FIGUEREDO
, L. Z. P.; 
Barbosa, R. 
V. (2006) 
Os participantes da pesquisa relataram que, 
durante os seminários acadêmicos, sentiram o 
rosto ruborizado, tremedeiras, palpitações, 
desejo de fuga e insegurança quanto à 
avaliação dos outros. Esses dados são 
compatíveis com os descritos pela literatura que 
menciona sintomas similares aos encontrados 
como critério diagnóstico da Fobia Social. 
Protocolo de 
Terapia Cognitivo 
Comportamentalde grupo para 
fobia social 
circunscrita 
D’EL REY, 
G. J. F.; 
Greenberg, 
P. N.; 
Lacava; J. P. 
L. (2007b) 
Neste trabalho estão descritos os protocolos da 
TCC para o atendimento de portadores de fobia 
social, delineando o passo-a-passo prático 
desenvolvido em 12 seções, para a modalidade 
individual e em grupo. 
Terapia Cognitivo 
Comportamental 
de Grupo no 
Tratamento da 
Fobia Social 
Generalizada 
D’EL REY, 
G. J. F; 
Greenberg, 
P. N.; 
Abdallah, M. 
H.; Cejkinski, 
A. (2007a) 
As evidências encontradas neste estudo 
sugerem que a TCCG que deve ser empregado 
na assistência a pacientes com fobia social, 
para que os efeitos negativos sejam 
minimizados. A TCCG mostrou-se como um 
tratamento superior ao realizado com um grupo 
controle placebo de credibilidade (CPC) na fobia 
social generalizada. 
Os prejuízos 
funcionais de 
pessoas com 
transtorno de 
ansiedade social: 
uma revisão 
MORAIS, L. 
V.; Crippa, J. 
A. S.; 
Loureiro, S. 
R. (2007) 
Os trabalhos relativos ao impacto na qualidade 
de vida e nas atividades cotidianas constataram 
a presença de insatisfação com a vida e com a 
saúde em pacientes com transtorno de 
ansiedade social. A análise da literatura apontou 
para a importância da avaliação dos prejuízos 
funcionais do transtorno de ansiedade social no 
funcionamento cotidiano, por meio de medidas 
objetivas. 
A Terapia 
Cognitivo 
Comportamental 
e seus efeitos no 
tratamento dos 
transtornos da 
Fobia Social 
Generalizada 
ANTUNES, 
J. A. A.; 
Silva, R. S. 
(2008) 
Ficou evidente que as técnicas têm seu 
potencial, contudo, no que se refere a 
determinados tipos de transtornos como a fobia 
social generalizada e transtornos de Eixo II, 
esse potencial fica reduzido e depende de 
intervenções auxiliares, como o uso dos 
medicamentos. 
38 
 
Quadro 1. Estudos sobre intervenções da TCC na Fobia Social, ordenados 
cronologicamente com a síntese dos seus resultados. 
(Continuação) 
Tema Autor Resultados 
Terapia Cognitivo 
Comportamental 
de grupo na fobia 
social: resultados 
de 12 semanas 
D’EL REY, G. 
J. F.; Lacava, 
J. P. L.; 
Cejkinski, A.; 
Mello, S. L. 
(2008) 
Neste ensaio clínico randomizado, simples-
cego, a terapia cognitivo-comportamental de 
grupo (TCCG) foi superior à Lista de Espera 
(LE) no tratamento da fobia social 
generalizada. Em todas as medidas de 
avaliações, ao final de 12 semanas, os 
pacientes que receberam TCCG apresentaram 
melhoras superiores aos da LE. 
Fobia social – 
estudo da 
prevalência em 
duas escolas em 
Porto Alegre 
FERNANDES, 
G. C.; Terra, 
M. B. (2008) 
Este estudo concluiu que sintomas 
compatíveis com o diagnóstico de fobia social 
são prevalentes em adolescentes, com 
tendência de maior frequência em meninas. 
Embora correlação entre fobia social e 
repetência escolar não tenha sido encontrada 
no estudo, é provável que os adolescentes 
fóbicos-sociais, sem tratamento adequado, 
não conseguirão atingir o nível esperado de 
desempenho, com maior índice de sofrimento 
e perdas de oportunidades. 
Terapia Cognitivo 
Comportamental 
da fobia social 
ITO, L. M; 
Roso, M. C.; 
Tiwari, S.; 
Kendall, P. C.; 
Asbahr, F. R. 
(2008) 
Revisão da literatura sugere que a fobia social 
é uma condição prevalente e crônica, 
caracterizada por inibição social e timidez 
excessiva. Tanto o diagnóstico como o 
tratamento desse transtorno são comumente 
determinados pelo nível de incômodo e pelo 
prejuízo funcional. Há consenso geral na 
literatura de que a TCC é eficaz tanto para o 
tratamento de jovens como de adultos com 
fobia social. 
Eficácia do 
tratamento 
cognitivo e/ou 
comportamental 
para o transtorno 
de ansiedade 
social. 
MULULO, S. 
C. C.; 
Menezes; G. 
B.; Fontenelle; 
L.; Versiani, M. 
(2009a) 
Quando comparada ao grupo controle, a TCC 
é eficaz na redução dos sintomas de 
ansiedade social, tanto no seu formato padrão 
quanto nas novas formas de intervenção. A 
exceção foi o treino em habilidades sociais, 
que, isoladamente, não se mostrou eficaz. A 
TCC também demonstrou ser superior aos 
outros tipos de psicoterapias. 
39 
 
Quadro 1. Estudos sobre intervenções da TCC na Fobia Social, ordenados 
cronologicamente com a síntese dos seus resultados. 
(Conclusão) 
Tema Autor Resultados 
TCC, terapias 
cognitivas e 
técnicas 
comportamentais 
para o transtorno 
de ansiedade 
social 
MULULO, S. C. 
C.; Menezes; G. 
B.; Fontenelle; 
L.; Versiani, M. 
(2009b) 
Não se encontrou consenso sobre a eficácia 
da associação da terapia cognitiva com 
técnicas comportamentais. Novas técnicas 
(tratamento por realidade virtual, tarefa de 
casa via computador e autoterapia com 
assistência terapêutica) demonstraram 
serem tão eficazes quanto aquelas utilizadas 
na TCC convencional. 
A TCC e o treino 
de Habilidades 
Sociais no 
tratamento da 
Fobia Social 
LEAL, B. B. K.; 
Quadros, S. A.; 
Reis, M. E. A. 
(2011) 
A realização dos protocolos de intervenção 
estruturada em THS é indicada para 
indivíduos com fobia social, buscando a sua 
adaptação no grupo social pela mudança das 
crenças, eliminação dos comportamentos de 
evitação, auxiliando no manejo das reações 
de ansiedade. 
Periódicos da 
CAPES: 
Perspectiva das 
Dissertações e 
Teses sobre 
Transtorno de 
Ansiedade Social 
/ Fobia Social 
MARTINEZ, A. 
S. et al. (2012) 
Percebeu-se um aumento do interesse na 
temática e de pesquisas que buscam 
encontrar fatores causadores de fobia social. 
Houve também o desenvolvimento de 
trabalhos referente às comorbidades que são 
tão comuns no transtorno e que usualmente 
são graves e causam severos prejuízos aos 
sujeitos. Além dessas duas dimensões de 
estudo, encontramos ainda trabalhos que 
buscam desenvolver instrumentos de rastreio 
que possuam propriedades psicométricas 
confiáveis para que possam ser utilizados na 
população, melhorando a identificação 
precoce da Fobia Social. 
A Terapia 
Cognitivo 
Comportamental 
em Grupo no 
Tratamento da 
Ansiedade Social 
em Adultos 
ALMEIDA, 
Cinthia (2013) 
As pesquisas averiguadas demonstraram 
variação quanto ao formato e composição da 
TCCG para a fobia social e confirmaram, em 
sua maior parte, a eficácia do tratamento. No 
entanto, poucos estudos abordaram fatores 
terapêuticos grupais. De forma geral a TCC 
em grupo é um tratamento eficaz. No 
entanto, quando comparada à TCC individual 
ou a tratamentos com ênfase na dinâmica 
grupal, a TCCG tem sua eficácia diminuída. 
A Eficácia da 
Terapia Cognitivo 
Comportamental 
no Transtorno de 
Fobia Social 
NASCIMENTO, 
C. M. V. (2013) 
A revisão demonstrou que as técnicas 
principais do tratamento com TCC para a 
fobia social foram: a reestruturação cognitiva 
e a terapia de exposição. Todos os estudos 
analisados evidenciaram que o tratamento da 
fobia social por meio da TCC produziu efeitos 
terapêuticos superiores aos esperados. 
40 
 
4. DISCUSSÃO 
Este trabalho de revisão bibliográfica teve como objetivos buscar as 
práticas reconhecidamente eficazes utilizadas pela Terapia Cognitivo 
Comportamental no enfrentamento da fobia social e verificar os resultados 
descritos nas produções acadêmicas a partir da utilização destes instrumentos 
terapêuticos. De modo geral, esta revisão busca constatar a eficácia da TCC 
em indivíduos com sintomas de fobia social. 
Esta amostra de estudos utilizados nesta revisão bibliográfica indica que 
as técnicas utilizadas pela TCC se constituem em importantes estratégias e 
instrumentos, sendo na maioria das vezes utilizadas em conjunto, 
possibilitando uma adequação em cada caso e a progressão no processo 
psicoterapêutico. Nesse sentido, podemos observar na tabela 1 que as 
técnicas maisutilizadas em conjunto foram a reestruturação cognitiva e o treino 
de exposição. 
Conforme descrito na tabela 1, os estudos são muito similares, no que 
se refere à aplicação das técnicas terapêuticas da TCC, sendo que as mais 
comentadas foram: a) Reestruturação cognitiva, abordada em 16 estudos; b) 
Treino de Exposição, abordado em 14 estudos; c) Treino de Habilidades 
Sociais, abordado em 13 estudos; d) Relaxamento, abordado em 9 estudos; e) 
Psicoeducação, abordada em 9 estudos; f) Tarefas de casa, abordadas em 9 
estudos. 
Observou-se também que a maioria dos trabalhos selecionados nesta 
amostra enfatiza a utilização da Terapia Cognitivo Comportamental na 
modalidade individual (TCCI) para o tratamento da fobia social. Referente à 
modalidade de grupo (TCCG), constatou-se que apenas 4 dos 21 estudos da 
amostra abordaram detalhadamente esta prática. Isso evidencia que há uma 
carência de produções acadêmicas e práticas clínicas na modalidade em grupo 
(TCCG). 
 
 
41 
 
Tabela 1. Técnicas e estratégias da TCC abordadas nos estudos pesquisados. 
ESTUDO RC EX HS RL PS TC TA FB RV EV 
PRIULI, R. M. A. (2004) x x 
D'EL REY & PANCINI (2005) x x x 
MONTAÑO, P. C. (2005) x x x x 
ANGÉLICO, A. P. et al. (2006) x x x x x x x 
D’EL REY, G. J. F. et al. (2006) x x x 
D'EL REY & PANCINI (2006) x x x x 
D’EL REY, G. J. F. et al. (2007a) x x x x x 
D’EL REY, G. J. F. et al. (2007b) x x x x 
D’EL REY, G. J. F. et al. (2008) x x x x x x 
ANTUNES & SILVA (2008) x x x x x 
ITO, L. M. et al. (2008) x x x x x x 
MULULO, S. C. C. et al. (2009a) x x x x x x 
MULULO, S. C. C. et al. (2009b) x x x x x x x 
LEAL, B. B. K. et al (2011) x x x x x x 
MARTINEZ, A. S. et al. (2012) x x 
ALMEIDA, Cinthia de (2013) x x x x x x x 
NASCIMENTO, C. M. V. (2013) x x x x 
RC: Reestruturação cognitiva; EX: Exposição; HS: Habilidades Sociais; 
RL: Relaxamento; PS: Psicoeducação; TC: Tarefas para casa; TA: Treino de Atenção; 
FB: Feedback; RV: Realidade Virtual (via internet); EV: Exposição em vídeo. 
O estudo sobre TCCG, elaborado por Almeida (2013), relata que as 
pesquisas demonstraram variação quanto ao formato e composição da TCCG 
para a fobia social e confirmaram, em sua maior parte, a eficácia do 
tratamento. No entanto, poucos estudos abordaram fatores terapêuticos 
42 
 
grupais. Quando comparada à TCCI ou a tratamentos com ênfase na dinâmica 
grupal, a TCCG tem sua eficácia diminuída. Nesta perspectiva, constatamos 
que a TCCG ainda necessita desenvolver-se como abordagem terapêutica, 
buscando ampliar suas práticas para atender as necessidades terapêuticas 
grupais e colaborar na construção de protocolos, técnicas e estratégias 
específicas para essa modalidade de atendimento. 
O estudo realizado por Fernandes & Terra (2008), buscou constatar a 
prevalência da fobia social em escolas de ensino fundamental e concluiu que 
sintomas compatíveis são prevalentes em adolescentes, indicando uma 
tendência de maior frequência em meninas. 
Nesta mesma linha de pesquisa, Figueiredo & Barbosa (2006), 
pontuaram relatos de sintomas de fobia social em estudantes do ensino 
superior. Concluindo assim, que os dados obtidos a partir dos instrumentos de 
avaliação, são compatíveis com os descritos pela literatura que menciona 
sintomas similares aos encontrados como critério diagnóstico da Fobia Social. 
O estudo de Osório e colaboradores (2005), sobre a utilização de 
Instrumentos de avaliação do transtorno de ansiedade social, concluiu que as 
qualidades psicométricas dos instrumentos avaliados asseguram boas 
qualidades psicométricas. Ressalvando a necessidade de se aprimorar o 
estudo de tais qualidades psicométricas por meio de estudos empíricos. 
Nesta mesma perspectiva, Morais e colaboradores (2007) abordaram os 
prejuízos funcionais em indivíduos com ansiedade social a partir da utilização 
de instrumentos de referência para avaliar o impacto desse transtorno nas 
ocupações diárias de populações clínicas em comparação a populações não-
clínicas, com as mesmas características sociodemográficas. A análise da 
literatura apontou para a importância da avaliação dos prejuízos funcionais do 
transtorno de ansiedade social no funcionamento cotidiano, por meio de 
medidas objetivas. 
Sobre a utilização de técnicas da TCC, o estudo de Priuli (2004) 
comenta o tratamento do transtorno da fobia social a partir da reestruturação 
cognitiva, possibilita ao indivíduo a criação de pensamentos alternativos, mais 
43 
 
realistas e menos catastróficos, resultando no rebaixamento do nível de 
ansiedade e menor frequência de comportamentos de segurança. Ao realizar 
os procedimentos que caracterizam o modelo cognitivo aliado à técnica de 
exposição para o manejo da ansiedade, foram alcançadas mudanças 
cognitivas, seguidas de rebaixamento na intensidade do humor ansioso, 
resultando em maior adaptação da paciente às situações de sua vida. Estas 
mudanças indicam que os resultados alcançados nesse relato de caso 
reafirmam que a terapia de reestruturação cognitiva para o tratamento da fobia 
social é efetiva, utilizando-se também de estratégias combinadas de exposição. 
Ainda demonstrando a utilização das técnicas de reestruturação 
cognitiva e exposição, D'el Rey & Pacini (2005) relatam um caso incapacitante 
de fobia social circunscrita (medo de escrever em público) de três anos de 
duração com rápido progresso, em um curto período de oito semanas de 
tratamento. A paciente ao final da oitava semana alcançou o objetivo elaborado 
no início da terapia, sendo observados apenas níveis suaves de ansiedade. 
O estudo de Leal e colaboradores (2011) apresenta uma proposta de 
intervenção baseada na utilização de treino de habilidades Sociais (THS), 
seguindo protocolos de intervenção estruturada para indivíduos com fobia 
social, buscando assim a sua adaptação no grupo social pela mudança das 
crenças, eliminação dos comportamentos de evitação e auxiliando no manejo 
das reações de ansiedade. 
Já o estudo de Angélico e colaboradores (2006), ao examinar 16 
estudos sobre a utilização da THS na fobia social, constatou a inexistência de 
um instrumento ou medida padrão para avaliação de habilidades sociais que 
confira uma maior validade e confiabilidade aos dados coletados, levando em 
conta a diversidade de instrumentos utilizados com este objetivo. No conjunto 
de artigos analisados, observou-se também a necessidade de reconhecimento 
de um instrumento sistematicamente estudado como “padrão-ouro” para a 
avaliação de habilidades sociais e/ou competência social dos indivíduos. 
Ainda sobre a utilização do THS no tratamento da fobia social 
generalizada, D’el Rey e colaboradores (2006) elaboraram um estudo 
44 
 
abordando a terapia de grupo com treinamento de habilidades sociais (THS) e 
reestruturação cognitiva (RC). A combinação de técnicas (THS-RC) provou ser 
significativamente mais efetiva nos vários instrumentos de avaliação ao final do 
tratamento de 8 semanas e no follow-up de três meses. Comparando-se os 
dois tratamentos, o grupo que recebeu a combinação de treinamento de 
habilidades sociais e reestruturação cognitiva (THS-RC) apresentou, em todas 
as medidas de avaliação, uma superioridade na melhora da fobia social em 
relação ao grupo que recebeu apenas o treinamento de habilidades sociais 
(THS), sugerindo que a combinação destas duas técnicas é um tratamento 
efetivo para esta grave condição de ansiedade. 
Por fim, os estudos apresentados por Mululo e colaboradores (2009) 
apresentam novas estratégias TCC, onde é comparada a eficácia da

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