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. .Biofilme. . Também denominado placa dental, o biofilme é a utilizado para nomear comunidades microbianas ligadas a uma superfície. Os microrganismos constituintes do biofilme são organizados de forma tridimensional e incluídos em uma matriz e material extracelular derivada do metabolismo das células e do meio ambiente. OBS: A presença do biofilme na superfície dentária pode ser evidenciada pelo enxágue com eritrosina, também conhecido como evidenciador de placa. ➤ Propriedades gerais do biofilme. . ➛Proteção contra defesas do hospedeiro: o biofilme possui polímeros extracelulares (matriz ou glicocálice) que podem formar uma camada espessa, contínua, hidratada e carregada ao redor da célula; ➛Proteção contra agentes antimicrobianos; ➛Nova expressão de gene e fenótipo, que pode ser a causa do aumento na resistência à agentes antimicrobianos; Essa expressão gênica também é responsável pela expressão dos genes da glicosiltransferase B, responsável pela ligação alfa 1-3, que torna o biofilme insolúvel em água. ➛Heterogeneidade espacial e ambiental: este primeiro possibilita a sobrevivência de bactérias fastidiosas, ou seja, que necessitam de nutrientes e vitaminas específicas para seu desenvolvimento, em ambientes aparentemente hostis ou incompatíveis; Já o segundo resulta em um mosaico de microambientes, que suportam o crescimento de uma comunidade bacteriana diferente. ➛Arquitetura e abertura: canais e túneis, permitindo a penetração mais extensiva de nutrientes e oxigênio no biofilme; ➛Sinalização célula - célula: Quorum sensing. ➤ Formação da Película adquirida. . - Após a limpeza da superfície dentária, glicoproteínas salivares aderem-se a essa formando uma fina película sobre o esmalte. Essa película possui variações locais em composição química o que influencia no padrão de deposição microbiana. - Espécies pioneiras: S. mitis, S. oralis e S. sanguinis, essas duas últimas produzem protease IgA, que as protegem da ação da imunoglobulina IgA, presente na saliva, garantindo à elas um maior índice de sobrevivência. - A película se transforma em biofilme a medida que as espécies pioneiras passam a apresentar condições apropriadas para a colonização de bactérias com maior nível de exigências atmosféricas, formando uma comunidade clímax para as bactérias do biofilme, que varia dependendo do local. OBS: A função da película adquirida é agir protegendo o esmalte e atuar como reservatório de flúor, porém após cerca de 10-20 horas da sua formação os microrganismos pioneiros passam a aderir-se a ela. - Constituída por: Amilase, Lisozima; Albumina. Imunoglobulinas; Glicosiltransferase e Glucano. ➤ Formação do biofilme. . Dividido em estágios que incluem: 1. Adsorção de moléculas do hospedeiro e de bactérias à superfície do dente para formar um filme limitado (película adquirida); 2. Transporte de microrganismos para a superfície do dente recoberta pela película; 3. Interações físico-químicas entre a superfície da célula e o dente revestido pela película, através das ligações de Van der Waals, que forma uma área de fraca atração em malha que facilita a adesão reversível; 4. Interações entre adesinas na superfície microbiana e receptores da película adquirida resulta na adesão irreversível; 5. Co-agregação / Co-adesão de microrganismos às células já ligadas, resultando no aumento da diversidade da microflora; 6. Multiplicação dos microrganismos ligados para produzir um crescimento confluente e um biofilme, além da síntese de polímeros extracelulares (formados por carboidratos que possibilita a resistência às forças de limpeza e facilita a retenção e agregação bacteriana na superfície do dente); 7. Deslocamento de células do biofilme na fase planctônica (saliva), facilitando a colonização de locais novos. OBS: O crescimento a remoção e a religação das bactérias é um processo contínuo e dinâmico, ou seja, o biofilme microbiano irá sofrer uma reorganização contínua. ➤ CO-agregação. . Envolve, frequentemente, lectinas, proteínas de ligação a carboidratos que interagem com os receptores complementares contendo carboidratos em uma outra célula. Essa mediação realizada pela lectina pode ser um mecanismo importante na organização estrutural das comunidades microbianas, como o biofilme da superfície dentária. ➤ Maturação do biofilme. . - A taxa de crescimento da bactéria da placa dentária muda à medida que o biofilme amadurece. - As glicosiltransferases são responsáveis pela síntese de uma série de glucanos solúveis (alfa 1-6 - GTF D) e insolúveis ( alfa 1-3 GTF B) em água; - O desenvolvimento da placa envolve o crescimento da bactéria ligada para produzir um biofilme. ➤ Composição bacteriana da comunidade clímax do biofilme. . A variação das condições ambientais em um dente influência na diversidades das comunidades microbianas presentes em um mesmo dente, dependendo dos locais indicados, sendo estes: - Fissuras: a microflora presente nas fissuras dentárias é predominantemente constituída por Gram-positivos, estreptococos, principalmente espécies produtoras de polissacarídeos extracelulares e também por bactérias anaeróbias facultativas, devido a restrição de oxigênio nas fissuras, e nutrientes, e também por Actinomyces - Face interproximal: composta por microrganismos gram positivos e gram negativos, anaeróbios facultativos e obrigatórios. Por Neisseria. Streptococcus; Actinomyces; Prevotella e Veillonella. - Sulco gengival: Composto por bactérias gram positivas e gram negativas, sendo anaeróbias facultativas e obrigatórias, constituídas por Streptococcus, Actinomyces, Eubacterium, Fusobacterium, Prevotella e Treponema. - Placa de dentadura: a microflora em próteses de locais saudáveis é altamente variável. Em áreas estagnadas em contato com a mucosa a placa tende a ser mais ácido-gênica favorecendo o desenvolvimento de estreptococos (principalmente S. mutans) e algumas vezes Candida spp. ➤ Cálculo. . Popularmente nomeado como tártaro, é a nomenclatura utilizada para descrever a calcificação do biofilme dental, devido a deposição de minerais como apatita, bruxita e fosfato de cálcio. O cálculo pode ocorrer de forma supragengival (especialmente próximo dos ductos salivares) e de forma subgengival, o que pode atuar como um fator retentivo de biofilme na gengiva, favorecendo o desenvolvimento de gengivites e outras formas de doença periodontal. Pode também estimular a reabsorção óssea. Cerca de 80% dos adultos tem cálculo e sua prevalência aumenta com a idade. Sua remoção é feita de forma exclusivamente mecânica no consultório odontológico, no entanto existem produtos que atuam de forma a restringir a formação de cálculo, pois contém pirofosfato, sais de zinco ou polifosfonatosque inibem a mineralização pelo crescimento lento dos cristais e reduzir a coalescência (fusão / união dos minerais). ➤ Interações microbianas na placa dental. . Benéficas para uma ou mais populações, maléficas para outras. Essas interações influenciam no metabolismo bacteriano a ponto de afetar o crescimento de outras espécies.: ● Interações sinérgicas: o crescimento de alguns microrganismos será dependente de outros para a remoção de carboidratos terminais de cadeias laterais de oligossacarídeos de uma glicoproteína para expô-la aos açúcares. Uma consequência dessas interações é que espécies diferentes evitam competição direta para nutrientes individuais, sendo assim capazes de coexistir. Essa interação é um exemplo de mutualismo, onde ocorre benefícios para todos os envolvidos. Um outro exemplo de interação é quando o produto do metabolismo de um microrganismo torna-se a principal fonte de nutrientes para um outro, sendo então este o consumidor secundário, por exemplo Veillonella spp. que possuem a capacidade de reduzir o potencial cariogênico de outras bactérias da placa, como da S. mutans ao utilizar o ácido lático produzido por esta como fonte de nutrientes para si, convertendo-o em propiônico e ác. lático responsáveis por lesões cariosas de menor virulência. ● Interações antagônicas: a produção de compostos antagônicos pode dar a um organismo a vantagem competitiva quando interagindo com outros microrganismos, no entanto a produção desses compostos não leva necessariamente à exclusão completa das espécies sensíveis, devido a existência de microambientes que permite a sobrevivência de microrganismos em locais incompatíveis. ➤ Homeostase microbiana: Comunidade Clímax. . - Apesar da variedade microbiana a composição do biofilme possui um grau notável de equilíbrio entre as espécies componentes, mantido apesar das defesas do hospedeiro e da exposição regular da comunidade a uma variedade estresses, sendo estes tais como a dieta, as defesas do hospedeiro, presença de espécies exógenas, distúrbios físicos, uso de terapia antibiótica e influência hormonal. Quando o ambiente sofre perturbações mecanismos / reações homeostáticas forçam a restauração do equilíbrio original, um componente essencial desses mecanismos é o feedback negativo, pelo qual uma mudança em um ou mais microrganismos resulta e uma resposta por outros em oposição ou neutralização das alterações. OBS: quanto maior a diversidade de espécies maior a tendência homeostática. Fatores que podem impedir a manutenção homeostática do biofilme podem ser: 1. Deficiências na resposta imune ou de outros fatores não imunes. As defesas do hospedeiro juntamente com a microflora residente servem para manter a homeostase da placa. ➤ Mecanismos de remoção do biofilme. . - Físicos: remoção do biofilme com uma correta escovação e uso adequado do fio dental. - Químicos: produtos como a clorexidina previne a formação do biofilme na superfície dentária; - Dieta: com níveis de açúcares baixos tendem a ser menos propensa a retenção do biofilme.
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