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Victoria Karoline Libório Cardoso Doença arterial coronariana aguda Angina instável Introdução Características: presença de placas ateroscleróticas ou ateromas nos vasos da circulação arterial do coração. ● Aterosclerose coronária: assintomática, quando há pequeno grau de obstrução. ● Ateroma: pode ser obstrutivo, logo, sintomático. ● Angina estável: sintomático quando em grandes esforços - caráter benigno e geralmente crônico. ● Angina instável: sintomático em pequenos esforços ou quando em repouso - alto risco, elevada morbidade e mortalidade e geralmente agudo. Manifestações: angina instável, SCA (síndrome coronariana aguda) com supra de ST e sem supra de ST. Processo agudo brando: presença de um trombo parcialmente oclusivo com fluxo sanguíneo residual ou oclusão transitória do lúmen vascular - angina instável, infarto sem supradesnível de ST. Processo agudo grave: oclusão total do lúmen arterial e privação completa do fluxo miocárdico - infarto com supradesnível de ST. Isquemia severa e persistente: os locais de necrose se estendem por toda a espessura do miocárdio e o infarto é transmural. Desenvolvimento de onda Q ao ECG = IM com onda Q. OBS: 50% dos pacientes morrem na 1° hora do evento por fibrilação ventricular. Etiologia Trata-se de um trombo em placa aterosclerótica vulnerável, com estreitamento progressivo do lúmen arterial e espasmo coronário ou vasoconstrição. ● Primário: alteração da função dilatadora do endotélio c/ aumento do tônus vascular. ● Secundário: uso de agentes simpatomiméticos, como a cocaína. A progressão de placa aterosclerótica causa um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de O2, por excesso na demanda. Tipos de infarto Tipo I: infarto agudo do miocárdio - placa aterosclerótica Tipo II: disfunção endotelial - desequilíbrio entre oferta/consumo de O2, por excesso de demanda. Tipo III: leva a morte súbita. Tipo IVa e IVb: angioplastia Tipo V: cirurgia de revascularização. Ateroma instável Relaciona-se à forma aguda da doença, normalmente pela instabilização da placa aterosclerótica. Alterações anatomopatológica: rotura da placa (forma mais grave - 2/3 dos infartos fatais), erosão superficial e hemorragia intraplaca. Placa rota: expõe substâncias trombogênicas ao sangue, formando um coágulo. Erosão superficial: remoção de placas do endotélio vascular com exposição do colágeno tipo IV (na membrana basal) - alteração mais branda. Hemorragia intraplaca: rotura ao provocar rápida extensão da lesão - forma mais rara. Mecanismos moleculares de instabilização do ateroma Teoria inflamatória: 1. O ateroma estável possui um núcleo lipídico com macrófagos de muita gordura citoplasmática, as células espumosas. 2. Esse núcleo lipídico é isolado por uma capa fibrosa de colágeno. Então, ao ocorrerem inflamações que sensibilizem o interior do ateroma, células do sistema imune são ativadas, especialmente linfócitos T. 3. Citocinas liberadas pelos linfócitos impedem a síntese de colágeno, o que interfere no arcabouço do ateroma e predispõe sua rotura. Aterotrombose ● Trombose: causada pelo contato direto de substâncias trombogênicas com plaquetas circulantes e proteínas de coagulação, a partir da rotura do ateroma. Então ocorre a adesão de plaquetas circulantes ao colágeno intersticial. ● Ativação de plaquetas: após a adesão dessas plaquetas, aumenta-se a superfície de contato do vaso, causando a liberação de grânulos citoplasmáticos. As plaquetas ativadas permitirão maior agregação celular, pela expressão de receptores específicos de superfície com moléculas de fibrinogênio. Ou seja, a agregação plaquetária, com a estabilização do trombo e o sistema de coagulação ou a vasoconstricção arterial possibilitam a hemostasia primária. ● Hemostasia primária: formação de um coágulo hemostático pela fase plaquetária, interrompendo o fluxo sanguíneo. ○ Forma mais comum encontrada na AI e IMSST. Com a formação do trombo, há a ativação da cascata de coagulação, permitindo a formação de altas concentrações de trombina. ● Hemostasia secundária: a trombina causa a síntese de uma rede de fibrina dando estabilidade ao trombo - principal achado do IMST. ● Óxido nítrico e prostaciclina: agentes vasodilatadores e antiplaquetários sintetizados pelo endotélio. ● Fatores de risco cardiovasc.: diabetes, dislipidemia, hipertensão e tabagismo Quadro clínico Fácies de dor, dor opressiva/em peso, no centro do tórax, irradiação para ombro e braço esquerdo (face ulnar) ou para mandíbula e pescoço, congestão pulmonar - estertores pulmonares bilaterias. Instalação insidiosa da dor, atingindo um pico de intensidade depois de alguns minutos. Obs: hipotensão e baixo débito sem congestão = infarto de ventrículo direito. Dores fugazes ou duradouras por alguns dias geralmente não está associada a isquemia miocárdica. A dor não costuma piorar com a mudança de posição ou inspiração. Sintomas anginosos são acompanhados de diaforese, náuseas e vômitos (comum IMST). ● Diagnóstico diferencial: angina de peito. Angina instável É a forma mais benigna, mas pode progredir para IM e morte; possui um grau mais leve de isquemia. Ocorre pela instabilização da placa aterosclerótica com trombose limitada e oclusão vascular incompleta. ● Angina de início recente: aparecimento de sintomas anginosos em pacientes previamente assintomáticos. ● Angina progressiva: se manifesta pela exacerbação de sintomas anginosos prévios, com aumento da intensidade e duração da dor ou surgimento a esforços menores. ● Angina em repouso/ mínimos esforços: forma mais grave; a dor intensa é entremeada por períodos assintomáticos. Na AI, a dor torácica não tem evento desencadeante evidente como esforço físico ou estresse emocional e pode surgir em repouso. Em relação ao IM, a AI costuma provocar dor de menor intensidade, com duração de até 20 minutos e sem manifestações simpáticas exuberantes como palidez, sudorese ou náuseas. Classificação de Killip Quanto maior o grau, maior o risco de mortalidade. Killip 1: assintomático - sem sinais de congestão. Killip II: discreta congestão pulmonar + B3 (edema radiológico). Killip III: EAP franco. Killip IV: choque cardiogênico. Angina de Prinzmetal Dor precordial isquêmica por conta de espasmos coronários associados a supradesnível temporário de ST. Os episódios ocorrem em repouso de noite ou de manhã e nessa condição, os pacientes se mantêm assintomáticos o restante do dia, mesmo com grandes esforços. Vasoespasmos coronários ocorrem geralmente adjacentes às placas ateroscleróticas, mas podem ocorrer em trechos normais das coronárias. Infarto do miocárdio IM é a forma mais grave de SCA. A oclusão coronária é completa, ainda que temporária no IAMSST. Manifestações máximas: Dor forte por mais de 30 min, sudorese, náuseas e extremidades frias e úmidas - sensação de morte iminente. Exame físico/percepções IM: diaforese, palidez cutânea, taquicardia, 3° e/ou 4° bulha, suave sopro sistólico apical/ paraesternal e atrito pericárdico. 3° bulha: falência ventricular. ● 4° bulha: contração atrial na presença de redução da complacência ventricular. IM de parede inferior: bradicardia com sinais de baixo débito cardíaco. Exames diagnósticos ● Eletrocardiograma; ● Marcadores de necrose cardíaca: CK-MB (isoenzima MB da creatinoquinase) e Tn (troponinas). Eletrocardiograma ● Isquemia: segmento ST e a onda T alterados - aqui que se dá o suprimento atrial. ondaQ alterada: é onda que indica necrose. Tratamento Para todo paciente que chega com os sinais e sintomas característicos de IAM ou de angina instável, deve-se: ● Realizar um eletrocardiograma nos primeiros 10 minutos de atendimento, para verificar a presença de um IMSST, IMST ou angina instável. ● Se o eletro vier sem ST, fazer a coleta de marcadores de necrose miocárdica. ● Fazer reposição de O2 inalatório em repouso no leito e controle de sinais e sintomas gerais. Etapas do tratamento da SCA S uporte clínico - MOVE. A ntiagregantes ***. V iabilizar reperfusão ***. I squemia (tratar) ***. C oagulação ***. C oração ***. O rganizar a regulação. ● MOVE: Monitoramento, Oxigênio e acesso VEnoso. ● Antiagregantes: AAS e clopidogrel. ● Reperfusão: fibrinolítico ou intervenção percutânea. ● Tratam. isquemia: betabloq. e nitratos. ● Tratam. coagulação: heparina. ● Tratam. coração: IECA, BRA, B-bloq. e estatinas. Síndrome coronariana aguda Sem ST: avalia-se o risco. ● Baixo risco: faz o teste provocativo. ○ Teste positivo: faz cateterismo ou angioplastia. ○ Teste negativo: da alta. ● Médio risco: faz teste provocativo ou vai direto para reperfusão (catet. ou angiopl.) ○ Teste + : catet. ou angiopl. ○ Teste - : da alta. ● Alto risco: direto para a catet. ou angiopl. Com ST: direto para reperfusão com catet. / angiopl. ou por trombólise. ● Catet. / angiopl. : após o procedimento da alta. ● Trombólise - condições: máx de 12 horas dps da dor; centro sem laboratório de hemodinâmica. ● Dar morfina para a dor e antiagregantes (AAS / clopidogrel). Fármacos ● Aspirina 100 a 300 mg - mastigáveis. ● Clopidogrel (7500) - 300 mg. ● Se hipertenso e na ausência de infarto de VD: nitrato endovenoso. ● Heparina: não fracionada ou de baixo peso molecular (enoxaparina 1 mg/kg/peso). ● Reperfusão química ou mecânica; Aspirina Maior evidência de benefício prognóstico e evolução tardia. Ação: ● São antiagregantes, inibe COX, reduzindo TXA2 AI/ IAMSSST-RISC. ● IAM-ISIS-2: redução de mortalidade de 42% quando associado com SK. dose: 200 mg - deve ser mastigado. Clopidogrel e Ticlopidina - derivados tienopiridínicos São antagonistas da ativação plaquetária, mediada pelo ADP. Ação: ● Bloqueio parcial dos receptores glicoproteicos IIb-IIIa, impedindo ligação com fibrinogênio. ● Prevenção primária e secundária. Indicação: ● Eventos agudos e pós angioplastia (evita re-oclusão). Dose de ataque: 300 mg. Dose de manutenção: 75 mg. Antagonistas dos receptores IIb - IIIa Ação: ● Receptor para o fibrinogênio, permitindo a agregação plaquetária. ● Inibem a agregação plaquetária. Antitrombóticos Ação: ● Heparina com efeito anticoagulante ( acelera a ação antitrombina, prevenindo a formação de trombos, mas não promove a lise deles). Tipos: ● Heparina não fracionada ou heparina de baixo peso molecular. Nitrato - Anti isquêmicos Ação: ● Redução da sintomatologia. ● Diminuição dos vasoespasmos. ● Potencial de inibição da agregação plaquetária. ● Redutora de pré-carga e pós-carga, com diminuição do consumo de O2. Betabloqueadores Ação: ● Diminuição do consumo de O2. ● Controle da FC e da PA. ● Reduz a contratilidade miocárdica. Tipos: ● Metoprolol - endovenoso ● Atenolol, propranolol, carvedilol, bisoprolol e nebivolol - oral. obs: o uso é obrigatório em todos os casos de SCA. Inibidores de ECA/BRA Recomendação: ● Pós DAC/IC. ● Utilizar nas primeiras 6 horas, caso não haja contraindicação. Ação: ● Previne óbitos, infartos e AVC. Tipos: ● Captopril, enalapril, ramipril, lisinopril, losartan, valsartan, candesartan, olmesartan. Antagonistas dos canais de cálcio Ação: ● Redução da contratilidade e consumo de O2. Tipos: ● anlodipino, verapamil e diltiazem. obs: não são drogas de primeira escolha. Reperfusão Trombolíticos: ● Indicado exclusivamente no IAM. ● Administração precoce: 30 minutos a partir da chegada ao hospital. Estreptoquinase: ● Ativador tecidual do plaminogênio (RT-PA). ● Tenecteplase (TNK-t-PA). Angioplastia (ATC) Ação: ● É a melhor forma de reperfusão miocárdica. Indicação: ● Deve ser realizada em até 60 min após a chegada no hospital, ou 120 min após o início dos sintomas. ● Em casos de: choque cardiogênico, angina pós-IAM, ICC, arritmias ventriculares malignas, insucesso pós-trombólise. Vantagens: ● Melhor manutenção do fluxo coronário pleno. ● Melhora da função ventricular. ● Menor lesão de reperfusão. ● Menor risco de sangramento e AVC. ● Redução da mortalidade no choque cardiogênico. ● Redução das taxas de mortalidade, de isquemia e de IC em longo prazo. Contraindicações relativas ao uso de trombolíticos ● HAS grave não-controlada (PA > 180/110 mmHg). ● Uso atual de anticoagulantes (IRN > 2-3) ou doença hemorrágica conhecida. ● Trauma recente (2 a 4 semanas), incluindo TCE. ● RCP prolongada (> 10 min) ou potencialmente traumática cirurgia. ● Cirurgia de grande porte (< 3 semanas). ● Sangramento interno recente (2-4 semanas). ● Gravidez. ● Úlcera péptica ativa. ● Para estreptoquinase - uso prévio de 5 dias. Complicações da SCA ● Instabilidade hemodinâmica. ● Hipotensão de leve à moderada. ● Choque cardiogênico - IM mitral por disfunção músculo papilar, CIV por ruptura de septo interventricular ou ruptura livre de VE. ● Arritmias cardíacas: taquicardia e fibrilação ventricular e bloqueios atrioventriculares avançados. Alta hospitalar Orienta-se o paciente sobre a doença, a necessidade de MEV e a terapia farmacológica (betabloq., antiplaquetários, estatinas e I-ECA).
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