Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Victoria Karoline Libório Cardoso Doenças da aorta torácica Introdução Segmentos da aorta torácica: ● Segmento inicial: aorta ascendente. ○ Porção proximal: da valva aórtica à junção sinotubular. ○ Porção distal: da junção sinotubular ao arco aórtico. ● Segmento médio: arco aórtico - está entre o início do tronco braquiocefálico e a artéria subclávia esquerda. ● Segmento distal: aorta descendente - se estende da artéria subclávia esquerda até o diafragma. Diâmetros normais: ● Junção sinotubular: 3,0 cm (+ 0,2 cm). ● Aorta ascendente: 3,1 cm (+ 0,2 cm). ● Arco aórtico: 2,8 cm (+ 0,2 cm). ● Aorta descendente: 2,5 cm (+ 0,2 cm). Patogênese dos aneurismas e dissecções da aorta Fatores genéticos: mais evidente quando se trata de parentes de 1° grau. Fatores ambientais: complicadores - sexo masculino, idade, história familiar de aneurisma da aorta abdominal, tabagismo, hipertensão arterial e dislipidemia. Obs: apesar de os aneurismas serem mais comuns em homens, as mulheres têm mais risco de ruptura dos aneurismas para qualquer diâmetro. Fatores infecciosos e autoimunes: Chlamydia pneumoniae, aumento de enzimas proteolíticas (MMP) e aumento do estresse oxidativo. Fatores mecânicos: ● Estresse de parede no segmento abdominal da aorta, por conta da redução de elastina em comparação com a aorta torácica, por isso da acentuada diferença em incidência entre as localizações. ● Redução dos vasa vasorum no segmento abdominal também pode ser um facilitador por reduzir a perfusão local. ● Presença de trombo intravascular reduzindo a transmissão de pressão para a parede da aorta. ● Na dissecção da aorta, a ruptura da íntima permite que o sangue penetre na parede aórtica e força a descontinuidade das camadas vasculares. Obs: no caso da dissecção, a delaminação avança ao longo do terço externo da média, possibilitando a ruptura para o pericárdio ou espaços pleurais, assim como nas isquemias. Tipos de dissecção (Stanford) Tipo A: pacientes mais jovens e com degeneração do tecido elástico. Tipo B: pacientes mais idosos com lesão secundária a degeneração da média pelo uso e desgaste do envelhecimento. Victoria Karoline Libório Cardoso ● A ruptura é mais frequente na aorta proximal pelo seu maior diâmetro transverso e porque a aorta descendente tem uma camada de sustentação adicional. Aneurisma de aorta Definição Trata-se de uma dilatação irreversível da aorta e possui alguns tipos. Aneurisma fusiforme: toda a circunferência da aorta está acometida e dilatada. Aneurisma sacular: a dilatação está restrita a uma porção da parede aórtica, com o restante da circunferência normal. Pseudoaneurisma: quando a dilatação da aorta não envolve a íntima, o que pode ocorrer nas anastomoses após trauma torácico e aneurismas micóticos. Manifestações clínicas 75% dos aneurismas são assintomáticos e diagnosticados ao acaso. Quando sintomático: ● Dor torácica, lombar ou abdominal. ● Com ou sem instabilidade hemodinâmica. Na ruptura de aorta podem haver: ● Exteriorização de sangue. ● Tamponamento cardíaco. ● Hemotórax. ● Hemomediastino. ● Sangramento para o retroperitônio. ● Sinal de Einstein. ● Hematêmese. ● Hemoptise e hemoptóicos. Obs: comprometimento da valva aórtica com insuficiência valvar pode cursar com insuficiência cardíaca. Na compressão de estruturas adjacentes à dilatação aneurismática: ● Síndrome de veia cava superior. ● Disfagia. ● Insuficiência respiratória. ● Disfonia. ● Fenômenos trombóticos: AVC, IAM ou sinais de embolia periférica. Conduta terapêutica Independente da localização, do fator etiológico e dos sintomas, a evolução dos aneurismas sempre é a ruptura ou a dissecção da aorta. Profilaxia: cirurgia para a correção do aneurisma de aorta. ● Evita a ruptura da aorta e suas consequências. Quando há presença de sintomas relacionados aos aneurismas, a cirurgia é terapêutica, pois o risco de ruptura é maior, independente do diâmetro e da localização. Quando os aneurismas são assintomáticos, a cirurgia é indicada quando o diâmetro for > 5 cm. Nos aneurismas de aorta ascendente, são operados quando o diâmetro > 5,5 cm. ● Quando a cirurgia for associada e a aorta ascendente for > 4,5 cm ela também deve ser substituída. Os aneurismas do arco aórtico são operados quando o diâmetro for > 6 cm. Já os aneurismas de aorta descendente ou toracoabdominais, por conta da complexidade e dos riscos de isquemia medular e esplânica, são operados quando o diâmetro for > 6,5 cm. Dissecção de aorta Definição Victoria Karoline Libório Cardoso É um evento agudo de delaminação da camada média, a partir da ruptura da íntima, com a criação de um falso lúmen por onde o sangue corre paralelamente ao lúmen verdadeiro. ● Essa ruptura da camada íntima ocorre na junção sinotubular e no istmo da aorta. Classificações O tempo de início do evento da dissecção determina a classificação em agudo e crônico. ● Dissecção aguda: início < 2 semanas. ● Dissecção crônica: início > 2 semanas. Classificações de acordo com o segmento acometido - DeBakey: ● Tipo I: acometimento da aorta ascendente, pegando o arco aórtico e aorta descendente. ● Tipo II: delaminação restrita a aorta ascendente. ● Tipo III: delaminação se estendendo da artéria subclávia esquerda em direção ao diafragma (IIIa) ou até o abdômen (IIIb). Classificações de acordo com o segmento acometido - Daily: ● Stanford tipo A: quando há comprometimento da aorta ascendente. ● Stanford tipo B: acometimento a partir da artéria subclávia esquerda. ○ Também se classifica assim se a delaminação acometer o arco aórtico, sem comprometer a aorta ascendente. Manifestações clínicas Dissecção aguda da aorta: ● Dor intensa súbita, de caráter migratório e descrito como rasgamento ou pontada. Obs: a localização inicial da dor sugere o local do início da dissecção. ● Dissecções proximais: a dor começa no precórdio, irradia para pescoço, braços, mandíbula e depois costas, lombar ou MMII. ● Dissecções distais: dor nas costas, irradiada para dorso, abdome ou MMII. ○ Difere da isquemia miocárdica por não ter associação com náuseas e vômitos, pela intensidade crescente e possível isquemia de territórios adjacentes. Conduta terapêutica Dissecções agudas proximais tipo I e II de DeBakey ou Stanford tipo A: cirurgia o mais rápido possível. Dissecções distais tipo III de DeBakey ou Stanford tipo B: é mais benigno na fase aguda, com mortalidade de + 10%, não justificando a cirurgia, a não ser que haja ruptura ou isquemia. Dissecção crônica: mesmas indicações de tratamento cirúrgico que no aneurisma da aorta. Variantes das dissecções da aorta torácica Úlceras ateroscleróticas penetrantes Apresentam placas ateromatosas que ulceram e desorganizam a lâmina elástica interna, penetrando profundamente por meio da íntima até a camada média da aorta. Presente em pacientes com aterosclerose avançada; pode provocar: Victoria Karoline Libório Cardoso ● Dissecção localizada intramedial, com variável grau de hematoma na parede da aorta. ● Caso se estenda até a adventícia forma pseudoaneurismas. ● Ou se rompem nas cavidades torácicas, mediastino e abdome. Hematoma intramural (HIM) É uma dissecção aórtica sem ruptura da íntima que supostamente se inicia pela ruptura dos vasa vasorum, formando um hematoma na camada média da aorta. Pode ocorrer espontaneamente em pacientes hipertensos, associados à UAP ou após traumatismostorácicos não penetrantes. Manifestações clínicas Dores súbitas lancinantes no precórdio ou nas costas; pode ter características migratórias (principalmente no HIM). Não costuma haver associação com eventos isquêmicos, diferente das dissecções clássicas. Pacientes com dissecção tipo B são mais idosos do que os portadores do tipo A. Geralmente a localização é na aorta torácica descendente. Conduta terapêutica Pacientes com dissecção atípica da aorta torácica têm tratamento semelhante aos portadores das dissecções clássicas da aorta. Diagnóstico nas doenças da aorta torácica Quando não há associação com complicações de ruptura ou dissecção, geralmente é achado em exames de rotina. Somente o aneurisma da aorta abdominal pode ser identificado secundariamente ao exame físico. Método clássico, porém invasivo: arteriografia. Métodos não invasivos/ eficientes: ecocardiograma, tomografia e ressonância magnética. Tratamento medicamentoso VER Betabloqueador: prevenção da dilatação aórtica em pacientes com síndrome de Marfan. Propanolol Atenolol IECA: melhoram a distensibilidade aórtica e reduzem o índice de rigidez em pacientes com síndrome de Marfan
Compartilhar