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Genética do TabagisMo - A maior prevalência de fumantes é, atualmente, no continente europeu, segundo a OMS, seguido pelo Pacífico Ocidental. - Em todas as regiões a porcentagem de tabagistas é maior no sexo masculino, envolvendo fatores culturais e sociais. - No Brasil, a taxa de tabagistas vem diminuindo ao longo dos anos: - As políticas contra o tabagismo no Brasil contribuíram para que houvesse essa diminuição ao longo dos anos. Entre essas políticas, destacam- se o início de avisos nos maços e leis contra o fumo em ambientes fechados (1996), a proibição da venda de cigarros para menores de 18 anos (1998), os alertas de saúdes com fotos de forte apelo nos maços (2000) e o aumento das taxas sobre o cigarro (2003). - Fumantes habituais tem uma menor sobrevida em relação aos não fumantes de 10-15 anos. EFEITOS ADVERSOS DO CIGARRO NO ORGANISMO: - Atualmente, o tabagismo é a maior causa de câncer no homem e 2ª maior causa de câncer na mulher, atrás apenas do câncer de colo de útero causado pelo HPV. - Os danos causados pelo cigarro estão mais relacionados à intensidade do que à longevidade. Ou seja, alguém que fuma muito há pouco tempo tem maior risco de câncer de pulmão do que alguém que fuma pouco há muito tempo. - O tabaco tem várias substâncias carcinogênicas. A principal substância que está relacionada ao vício é a nicotina. - O epitélio respiratório (localizado no revestimento da traqueia e brônquios) é o tecido epitelial pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes. - Nos indivíduos tabagistas, as células ciliadas morrem devido à toxicidade das substâncias presentes no tabaco e as células caliciformes proliferam-se, resultando no aumento da produção de muco e acúmulo deste no sistema respiratório (devido à ausência de células ciliadas para transportá-lo), o que propicia a proliferação de bactérias e uma consequente infecção. POR QUE AS PESSOAS FUMAM? ✓ Comportamento rebelde do adolescente; ✓ Necessidade de afirmação de maturidade; ✓ Desafio às autoridades; ✓ Imitação de ídolos; ✓ Pressão de amigos ou familiares fumantes; ✓ Associação do tabagismo com pessoas bem resolvidas do ponto de vista profissional, financeiro e sexual; ✓ Personalidade (busca de desafios) e características do desenvolvimento neuropsicológico. ASPECTOS GENÉTICOS: - O tabagismo envolve uma herança multifatorial. - Os fatores genéticos podem ser agrupados em dois grupos: ✓ Genes que interferem na neurobiologia dos transmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina. ✓ Genes que influenciam a resposta à nicotina, interferindo nos receptores ou no metabolismo da nicotina. - No tabagismo, a genética está relacionada à predisposição ao vício, interferência no tratamento e resistência à droga. - A dopamina é um neurotransmissor responsável pelo prazer. - Receptor DRD2 da dopamina → polimorfismos nesse receptor fazem com que o papel desencadeado pela dopamina quando se liga ao DRD2 seja mais forte, intensificando a sensação de prazer ao fumar. Pacientes com esses polimorfismos têm menor número de receptores dopaminérgicos, começam a fumais mais precocemente e fumam maior quantidade por dia, além de apresentar maior dificuldade em parar de fumar. - SLC6A3 (codifica a proteína de transporte de dopamina na fenda sináptica) → indivíduos que apresentam o polimorfismo SLC6A3-9 têm menor predisposição a tornarem-se fumantes, consomem menos tabaco e apresentam maior facilidade em cessar o hábito tabágico. - Neurotransmissor relacionado ao bem-estar. - SERT e 5HT2A (genes dos receptores de serotonina) → polimorfismos nesses receptores provocam uma sensação de bem-estar quando o indivíduo fuma. Além disso, esses polimorfismos influenciam na iniciação do tabagismo e nas mudanças de humor e sintomas de abstinência, uma vez que o indivíduo começou a fumar. - Hormônio e neurotransmissor com papel na ativação do SNA simpático → aumento da FC, aumento da PA, vasoconstrição. - Monoaminoxidades (MAO-A e MAO-B) → são enzimas que degradam os neurotransmissores na fenda sináptica. Pessoas com polimorfismos associados à noradrenalina têm, em geral, diminuição dessas monoaminoxidades, fazendo com que os efeitos da noradrenalina sejam prolongados. - CYP2A6 (gene envolvido no metabolismo da nicotina) → realiza a regulação hepática da enzima que converte nicotina em cotinina (não causa o mesmo efeito de dependência da insulina). - Um indivíduo cuja enzima que metaboliza a nicotina atua de maneira mais rápida irá fumar mais a fim de manter os níveis de nicotina altos, pois ela será metabolizada muito rapidamente. - Já um indivíduo cuja enzima que metaboliza a nicotina atua mais devagar irá fumar menos, pois os níveis de nicotina permanecerão mais tempo elevados na corrente sanguínea e os efeitos adversos serão mais prolongados e mais intensos com o uso de tabaco. GRAU DE DEPENDÊNCIA DO PACIENTE: - Utiliza-se o Teste de Fagerstrom. - É a dependência da nicotina que mantém o vício e causa os sintomas de nas pessoas que tentam parar de fumar, fazendo com que 90% delas voltem a fumar dentro de um ano. - A utilização do Questionário de Tolerância de Fagerström mostrou ser de aplicação simples, rápida e de baixo custo, e permitiu identificar mais de 50% dos pacientes com um grau de dependência nicotínica que faz prever desconforto ao deixar de fumar e necessidade de tratamento para controle da síndrome de abstinência. - Se o paciente tiver uma dependência consideravelmente alta, o primeiro passo para iniciar o tratamento é indicar um acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra para que esse paciente saiba os efeitos que a abstinência poderá causar e como será o processo de cessar o fumo. - Além disso, o tratamento só é iniciado se for da vontade do paciente após serem explicados os efeitos maléficos do cigarro no organismo. TERAPÊUTICA: - A terapêutica é iniciada com o uso de antidepressivos, que tem o objetivo de amplificar os efeitos da dopamina, noradrenalina e serotonina. Com isso, a pessoa tende a fumar menos, pois os efeitos da nicotina permanecem mais tempo no organismo. - Depois disso, faz-se uma terapia de substituição, substituindo o cigarro comum por substâncias derivadas de nicotina (no Brasil, utiliza-se chicletes e adesivos à base de nicotina e pastilhas de nicotina que dissolvem na boca). - Por último, após serem feitas essas etapas, é recomendada a redução da quantidade de cigarros (até cessar completamente) aliada à melhoria da qualidade de vida, como a prática de atividades físicas e sono melhor. - Terapia de Reposição da Nicotina (TRN) → auxilia os fumantes a abandonar o vício, aliviando a síndrome de retirada física e psicológica. A TRN reduz o desconforto da retirada da nicotina, mantendo os níveis de nicotina relativamente estáveis no cérebro e facilitando a dessensibilização dos receptores nicotínicos. - Uso de Bupropiona → a bupropiona é um antidepressivo cujo mecanismo de ação desse fármaco envolve a inibição da recaptação de noradrenalina e dopamina, aumentando a atividade dopaminérgica e, consequentemente, diminuindo a vontade de fumar e os sintomas da síndrome de abstinência. - Uso de Nortriptilina → a nortriptilina é um antidepressivo que inibe a recaptação de noradrenalina e dopamina na pré-sinapse, aumentando sua concentração na fenda sináptica. A nortriptilina mostrou-se eficaz através de estudos clínicos como tratamento alternativo ao tabagismo, apesar de possuir vários efeitos colaterais. - Uso de Clonidina → a clonidina é um agonista do receptor α2- adrenérgico pré-sináptico, que quando ativado reduz a liberação de noradrenalina, atenuando os efeitos da abstinência, como ansiedadee irritabilidade. - Geralmente, as diferenças quanto às respostas terapêuticas estão associadas com polimorfismos genéticos que afetam a farmacocinética e/ou a farmacodinâmica do medicamento. Os mesmos podem estar relacionados a genes que codificam transportadores do fármaco, proteínas envolvidas na biotransformação ou receptores. - O principal artigo sobre farmacogenética do tabagismo focou no papel do gene CYP2B8, que está implicado na biotransformação da bupropiona e no metabolismo da nicotina no sistema nervoso central. Foi observado que os fumantes com fenótipo tipo metabolizadores lentos TC ou TT apresentavam maior fissura ao abandonar o tabagismo e os percentuais de fracasso era maior quando comparados aos não mutantes CC. - Os resultados revelaram interação gene-gene na probabilidade de recaída, ou seja, fumantes com alelos DRD2-A2 e SLC6A3-9 apresentaram taxas significativamente maiores de abstinência ao final do tratamento e período maior de latência para recaída. Em fumantes com alelos DRD2-A1, o efeito do polimorfismo no gene SLC6A3 não foi significativo. - Em relação aos polimorfismos que envolvem o gene DRD2, tem-se a informação de que os portadores da variante A1 têm maiores possibilidades de apresentar síndrome de abstinência e menores períodos de latência até as recaídas, com maior eficácia no uso de adesivo de nicotina. Esta variante também está relacionada a um menor número de receptores e capacidade de ligação - O polimorfismo CC do gene 5HT2A está ligado a fracasso terapêutico, tanto sob uso de bupropiona como de nortriptilina para o abandono do hábito tabágico. Os portadores de alelos TC têm maiores índices de sucesso com o uso de bupropiona do que com nortriptilina. - O gene CHRNA4 pode ter até 3 configurações em cada pessoa: CC, CT ou TT. Nos estudos foi observado que se a pessoa possui CT ou TT o efeito do tratamento com vareniciclina contra o tabagismo é maior, tem maior taxa de sucesso.
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