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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL SANTA CATARINA / BLUMENAU TTEECCNNOOLLOOGGIIAA DDEE RRIISSCCOO EE CCOORRTTEE Curso Técnico em Vestuário – 2º Sem. Profº Alexandre Luis Prim Aluno(a):_______________________________________________________ Blumenau 2012/2 Tecnologia de Risco e Corte 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 1. ARMAZENAMENTO DO TECIDO/MALHA ................................................. 5 1.1. Recebimento de Tecidos Planos ou malha ........................................... 5 1.2. Armazenamento de tecidos ................................................................... 5 1.3. Talão de Pedidos .................................................................................. 9 1.4. Ordem de Corte .................................................................................. 10 2. TIPOS DE MOLDES ................................................................................. 11 2.1. Moldes simétricos................................................................................ 11 2.2. Moldes assimétricos ............................................................................ 12 3. RISCO MARCADOR ................................................................................. 13 3.1. Classificação do Encaixe quanto ao Tipo de Tecido ........................... 15 3.1.1. Riscos Normais ............................................................................. 15 3.1.2. Riscos Atravessados .................................................................... 16 3.2. Classificação do Encaixe quanto ao Tipo de Modelagem ................... 18 3.2.1. Encaixe Par .................................................................................. 18 3.2.2. Encaixe Ímpar (ou Único) ............................................................. 18 3.2.3. Encaixe Misto ............................................................................... 19 4. MÉTODOS DE OTIMIZAÇÃO (ENCAIXE DE MOLDES) .......................... 20 4.1. Manual, com giz no tecido ................................................................... 20 4.2. Manual, sobre o papel com moldes em miniatura ............................... 20 4.3. Computadorizado (CAD) ..................................................................... 20 5. TIPOS DE TECIDOS................................................................................. 21 6. TIPOS DE ENFESTOS ............................................................................. 22 6.1. Enfesto Único ...................................................................................... 22 6.2. Enfesto Par ......................................................................................... 23 6.3. Enfesto Escada ................................................................................... 25 7. MÉTODOS DE ESTENDIMENTO ............................................................. 27 7.1. Estendida feita à mão .......................................................................... 27 7.2. Estendida com carro manual ............................................................... 27 7.3. Estendida com carro automático ......................................................... 27 7.4. Acessórios que facilitam o enfesto ...................................................... 27 7.4.1. Carregador de rolos ...................................................................... 27 7.4.2. Barra alinhadora ........................................................................... 27 7.4.3. Pinças e/ou ................................................................................... 27 7.5. Procedimentos no Ato de Enfestar ...................................................... 27 7.6. Fatores de Enfestamento .................................................................... 28 7.6.1. Alinhamento .................................................................................. 28 7.6.2. Tensão .......................................................................................... 28 7.6.3. Enrugamento ................................................................................ 28 7.6.4. Corte das pontas .......................................................................... 28 7.6.5. Qualidade do enfestamento .......................................................... 28 7.6.6. Emendas ...................................................................................... 29 8. FREQUÊNCIA ........................................................................................... 30 9. GASTO MÉDIO ......................................................................................... 31 10. FREQUÊNCIA MÁXIMA ......................................................................... 32 11. PLANEJAMENTO DE RISCO ................................................................ 33 12. MÉTODOS DE CORTE .......................................................................... 37 Tecnologia de Risco e Corte 3 12.1. Manual ............................................................................................. 37 12.2. Mecânizado ...................................................................................... 37 12.2.1. Lâmina redonda (máquina de disco) ......................................... 37 12.2.2. Lâmina vertical (máquina de faca) ............................................ 37 12.2.3. Balancim (prensa) ..................................................................... 37 12.2.4. Serra fita .................................................................................... 38 12.2.5. Máquina de marcar furos ........................................................... 38 12.2.6. Máquina para marcação de etiqueta e meios de gola ............... 38 12.3. Eletrônico ......................................................................................... 38 12.3.1. Faca vertical .............................................................................. 38 12.3.2. Raio laser .................................................................................. 38 12.3.3. Bierribi ....................................................................................... 38 13. DESPERDÍCIO ....................................................................................... 39 13.1. Desperdícios de matéria-prima ........................................................ 39 13.1.1. Desperdício de planejamento .................................................... 39 13.1.2. Desperdício de encaixe ............................................................. 39 13.1.3. Desperdício de enfesto.............................................................. 40 13.2. Desperdício de mão-de-obra ........................................................... 40 13.3. Controle de Desperdício no Risco Marcador ................................... 40 13.4. Controle de Desperdício após enfesto ............................................. 41 14. SEPARAÇÃO ETIQUETAGEM E EMPACOTAMENTO ......................... 42 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 43 Tecnologia de Risco e Corte 4 INTRODUÇÃO A área industrial possui a grade responsabilidade de transformar o que está planejado em produto físico. O Planejamento de Risco e Corte cujo sua responsabilidade é de transformar a matéria-prima pela primeira vez, possuem uma das mais importantes funções em uma organização. Em certas regiões, e dependentemente da matéria-prima, o custo da matéria-prima pode atingir de média 60 a 70% do custo total do produto, isso representa uma responsabilidade muito grande sobre o aproveitamento de cada material utilizado. O Planejamento de Risco e Corte, envolvendo uma série de atividades sucessivase coordenadas, nada mais é do que uma forma econômica e racional de executar os pedidos dentro dos prazos e com um mínimo de desperdício de material. Diante de todos estes problemas que surgem... mal aproveitamento de matéria-prima, sem planejamento de risco, matéria-prima defeituosa sem conferência antes de chegar ao corte, etc. se reflete em desperdícios irreparáveis. Mas, um problema solucionado afasta dificuldades e gera lucros, o mal resolvido conduz a perdas, provoca sérios prejuízos e pode, até, levar uma empresa à falência. Foi para diminuir ou eliminar esses problemas que surgiu o Planejamento de Risco e Corte dentro das indústrias do vestuário. Tecnologia de Risco e Corte 5 1. ARMAZENAMENTO DO TECIDO/MALHA 1.1. Recebimento de Tecidos Planos ou malha Tecidos são materiais delicados (os de malha mais que os planos) que podem sofrer danos facilmente se mal manipulados. Para que os tecidos não sejam danificados pela sua manipulação no recebimento, é importante recebê- los conforme as seguintes regras: – separar os tecidos por cor, referência ou lote de tingimento; – ao serem descarregadas, as peças de tecido não devem ter suas pontas batidas no chão, nem devem ser jogadas no chão; – os rolos de tecido não podem ser mantidos em pé; – os rolos de tecido não podem ter o canudo interno quebrado. Seguindo-se essas regras simples, teremos a certeza de que não lhe foram causados danos. Para obter os resultados esperados, estes procedimentos devem ser partes integrantes das atitudes do pessoal designado para essas tarefas, sem exceção. 1.2. Armazenamento de tecidos Os tecidos que aguardam para entrar no setor de corte, devem ser armazenados de forma correta, para não sofrerem deformações e, assim, dificultarem o trabalho do enfestador e do cortador, principalmente o tecido de malha, seja ela de trama, seja de urdume. Para tanto é importante armazenar os tecidos conforme as regras: – manter os tecidos em seus respectivos sacos plásticos, até o momento de sua utilização. Essa atitude deve ser tomada principalmente com tecidos claros, que têm mais risco de sujar; – os tecidos devem ser armazenados de forma ordenada, protegidos da luz (ao menos solar) e em local seco; – nunca armazenar os rolos na forma vertical pois deforma a ourela do tecido, mas sim empilhados na horizontal com no máximo 1,25m de altura; – não usar vigas de madeira ou outro material na horizontal ou vertical, para apoiar os rolos; – a armazenagem de tecidos nunca poderá ser feita cruzando-se os rolos “tipo fogueira”, mas, sim, sempre com estes lado a lado, com escora lateral. Quando cruzados, os rolos depositados na parte de baixo da pilha recebem um peso concentrado nos quatro pontos de contato entre eles, o que gera deformações permanentes, causando defeitos futuros irreparáveis. – evitar abrir as embalagens plásticas com objetos pontiagudos que possam danificar o tecido; Tecnologia de Risco e Corte 6 – evitar dar pancadas nas extremidades ou no meio dos rolos, assim como de transportar os rolos carregando-os sobre os ombros. – Ao transportar os rolos não os arrastar, se necessário utilizar duas pessoas para manuseá-lo. – Após utilizar o rolo, recoloque a embalagem, pois ela garante a proteção e qualidade de seu produto. O suor das mãos dos operadores pode até causar problemas de afinidade do corante. No caso de tecidos de malha, os cuidados são os mesmos, porém se redobram, porque, pela própria formação do ponto da malha, a deformação e suas conseqüências normalmente são maiores e muitas vezes irreversíveis. Usando as regras descritas, teremos as seguintes vantagens: – localização mais fácil do tecido na hora de utilizá-lo; – evitam mistura de peças de referências diferentes, facilitando o controle. Figura 1 – Forma de armazenamento de tecidos e malhas Tecnologia de Risco e Corte 7 NOÇÕES PRELIMINARES Seqüência no PCP anteriores ao corte propriamente dito. RECEBIMENTO DE PEDIDO VERIFICAÇÃO DOS ESTOQUES APROPRIAÇÃO DE MATERIAIS PLANEJAMENTO DE RISCOS ENCAIXE DOS MOLDES CONTROLE DE RISCOS (PREV) CONTROLE DE RISCOS (REAL) PREENCHIMENTO ORDEM DE FABRICAÇÃO (O.C.) TALÃO DE PACOTES ACOMPANHAMENTO DE PACOTES CONTROLE DA PRODUÇÃO BAIXA DE ESTOQUES Recebimento de Pedidos: Os pedidos são enviados para o Setor de Planejamento pelo Setor de Vendas. E juntamente neste, constata-se a possibilidade de sua entrega de acordo com a necessidade do cliente (já verificando se há materiais em estoque). Apropriação de materiais: Após analisar a possibilidade da entrega deste pedido, apropria-se os materiais que estão em estoque à este pedido, garantindo que não se utilize este material para outro pedido. Planejamento de Riscos: De uma maneira simples, planejamento de riscos é a divisão da quantidade de peças pedidas (sofrendo ou não correção) de tal maneira que se obtenha um casamento de tamanhos e quantidades, que permita um número razoável de riscos com um aproveitamento de tecido, instalações, equipamentos e pessoal dentro dos limites pré-fixados. Controle de Riscos: A partir das áreas dos moldes e do planejamento de riscos é preenchido um formulário chamado Controle de Riscos que é composto de duas partes: O Consumo previsto do encaixe é preenchido pelo programador após o planejamento de riscos. O Consumo real do encaixe é preenchido pelo encaixador após a confecção do enfesto. Encaixe dos Moldes: é a concretização do planejamento de riscos numa representação gráfica (desenho) das partes componentes dos moldes. Ordem de Fabricação ou Ordem de Corte: é o documento composto das informações necessárias à fabricação do produto no corte. Talão de Pacotes: é o documento que acompanhará os pacotes de peças durante sua fabricação. Acompanhamento de Pacotes: é um mapa para acompanhar de maneira conjunta a evolução e situação dos pacotes na fabricação. Controle de Produção: é o responsável pelo acompanhamento de toda a ordem de fabricação durante sua passagem pela produção, tomando as medidas preventivas e corretivas conforme a necessidade. Baixa de Estoques: conforme vimos inicialmente é feito um comprometimento dos materiais através do consumo planejado podendo ocorrer uma redução ou aumento deste consumo. Tecnologia de Risco e Corte 9 1.3. Talão de Pedidos Os vendedores, depois de muitas atividades junto a o mercado consumidor, entregam à empresa, um documento que correspondentes às vendas realizadas. Pois será nessas vias do talão de Pedidos entregues à fábrica que toda a sua programação deverá se basear. TALÃO DE PEDIDOS SENAI CTV – BLUMENAU Pedido N Emissão: ......./......./...... Prazo de Entrega:.......................... Forma de Pagamento:.............................. Assim. do Cliente:......................... Razão Social:............................................................... End:.......................................Tel:.................................. Estado:.....................................Cep:............................. CGC:..............................Insc. Estadual........................ Transp:......................................................................... Local de Entrega:........................................................ Local de Cobrança:..................................................... Representante............................................................. APROVAÇÃO DO CADASTRO SIM NÃO Responsável:................................................ MODELO: PREÇO: MODELO: PREÇO: REFERÊNCIA: PRAZO ENT: REFERÊNCIA: PRAZO ENT: CORES 0 1 2 2 4 5 6 TOTAL CORES 0 1 2 2 4 5 6 TOTAL P P P M G G G PP P M G GG2 4 6 8 10 12 14 16 2 4 6 8 10 12 14 16 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 TOTAL TOTAL 1.4. Ordem de Corte Para que se saibam as informações referentes ao processo que deve ser executado na produção, seguimos um exemplo de Ordem de Corte. Tecnologia de Risco e Corte 11 2. TIPOS DE MOLDES Os moldes, em cartolina ou papel, representam, através de medidas próprias, as formas do corpo humano. Eles compõem, assim, um conjunto de peças que servem de guia para o corte de um tecido. Para o Planejador de Risco e Corte, os moldes são examinados segundo dois critérios básicos: 2.1. Moldes simétricos Quando as diferentes partes de um molde servem de maneira igual para os lados direito e esquerdo do corpo humano, dizemos que ele é simétrico. No exemplo abaixo, você pode observar uma modelagem de calça, onde, por serem simétricos, os moldes do lado direito servem para o lado esquerdo, desde que invertidos, ou vice-versa. Ilustração 2 - Molde simétrico Tecnologia de Risco e Corte 12 2.2. Moldes assimétricos Quando o molde que serve para vestir o lado esquerdo do corpo não é exatamente igual e inverso ao que serve para vestir o lado direito (ou vice- versa) dizemos que ele é assimétrico, ou seja, um lado diferente do outro. No exemplo abaixo, você pode observar uma modelagem de camisa e poderá também notar que os moldes das duas frentes não são exatamente iguais, enquanto o molde das costas, por não estar dividido em duas partes, mas por ser uma peça única, é, também, para efeito de programação de risco, assimétrico. Ilustração 3 - Molde assimétrico Tecnologia de Risco e Corte 13 3. RISCO MARCADOR O Risco marcador é um papel com a largura e o comprimento úteis do enfesto, sobre o qual são transportados os contornos e marcações de diferentes moldes correspondentes a tamanhos e/ ou modelos distintos. Nesses riscos marcadores, os diferentes tamanhos são repetidos uma, ou várias frações de vezes, conforme determine a necessidade, para fins de colocação sobre o enfesto e posterior corte. Exemplo de um Risco Marcador, correspondente ao corte de três camisas nos tamanhos 1, 2 e 4. Ilustração 4 - Risco marcador Para o correto posicionamento dos moldes na confecção do Risco Marcador, os moldes precisam estar identificados com algumas referências básicas: a) Nome da parte da peça (frente direita, frente esquerda, costas, etc); b) Tamanho da peça (Tamanho 2); c) Referência da peça (Ref. 714); d) Quantidade de vezes que a parte aparece na peça (1X= 1 vez 2X= 2 vezes, etc); e) Sentido do fio do urdimento (Fio). Tecnologia de Risco e Corte 14 Ilustração 51 - Trama e urdume Tabela 1 - Denominações de tecelagem e malharia Fio de urdimento É aquele que, no tecido, corre no sentido do seu comprimento. Fio de Trama É aquele que, no tecido, corre no sentido da sua largura. Colunas São seqüências de malha que se vão superpondo umas às outras em sentido vertical. Carreiras São seqüências de malhas dispostas lado a lado no sentido horizontal do tecido. A palavra "fio", quando escrita nas diferentes partes de um molde, serve para indicar, que o corte da peça deverá ser feito no sentido do fio de urdimento do tecido ou, quando malha, no sentido de suas colunas. O posicionamento dos moldes sobre o Risco Marcador também obedece à técnicas ligadas ao tipo de tecido a ser riscado. Tecnologia de Risco e Corte 15 3.1. Classificação do Encaixe quanto ao Tipo de Tecido 3.1.1. Riscos Normais Indica que o encaixe será sem sentido. As partes dos moldes, mesmo aquelas que correspondem a um mesmo tamanho, podem ser riscadas em qualquer sentido, porém, obedecendo sempre à direção indicada no "fio" dada no molde. Exemplo: Ilustração 6 – Encaixe sem sentido Indica que o encaixe será com sentido. As partes dos moldes de um mesmo tamanho deverão ser riscadas sempre no mesmo sentido, enquanto a(s) de outro(s) tamanho(s) podem ficar em sentido contrário, porém sempre obedecendo à indicação de "fio" dada no molde. Ilustração 7 – Encaixe com sentido Tecnologia de Risco e Corte 16 Indica que o encaixe será com pé. Todas as partes, de todos os tamanhos, participantes de um mesmo risco, deverão, obrigatoriamente, ser riscadas no mesmo sentido, porém, sempre obedecendo à indicação de "fio" dada no molde. Ilustração 8 – Encaixe para Tecido com Pé 3.1.2. Riscos Atravessados Indica que o encaixe será sem sentido. As partes dos moldes, mesmo as que correspondam a um mesmo tamanho, podem ser riscadas em qualquer sentido, porém, neste tipo de risco, a indicação de "fio" dada no molde não deverá ficar na direção do urdimento (ou da coluna) e sim no da trama (ou carreira). Ilustração 9 - Riscos atravessados Tecnologia de Risco e Corte 17 Indica que o encaixe será com pé. Todas as partes de todos os tamanhos participantes de um mesmo Risco Marcador deverão, obrigatoriamente, ser riscadas no mesmo sentido, porém, neste tipo de risco, a indicação de "fio", tal como no caso anterior, não deverá ficar na direção do urdimento (ou da coluna) e sim na da trama (ou carreira). Ilustração 20 - Riscos atravessados Observe como todas as partes de todos os tamanhos, no risco acima, se encontram fielmente riscadas no mesmo sentido, sem exceção, porém com a indicação de "fio" orientada para a direção da trama (ou da carreira, no caso de tecido de malha) e não na direção do urdimento. Este tipo de risco é o usado para os chamados tecidos "degradé", ou seja, para aqueles que apresentam mudanças de tonalidade ou de tamanho de estampa no sentido de sua largura. Ilustração 31 - Tecido degradê com variação tamanho da estampa. Tecnologia de Risco e Corte 18 3.2. Classificação do Encaixe quanto ao Tipo de Modelagem 3.2.1. Encaixe Par São aqueles em que a quantidade de vezes indicada nas partes componentes de uma modelagem deve ser obedecida pela metade, para formar o par desta parte. Assim, por exemplo, se houver na modelagem, a indicação 2X sobre determinada parte de uma peça, você sé deverá colocar no encaixe Par essa parte uma vez, ou seja, 2 X 0,5 = 1x. Nos riscos pares, o enfesto terá de ser obrigatoriamente par e a modelagem simétrica, a fim de que a outra metade da parte, que não participou do risco, possa ser cortada noutra folha de enfesto em posição inversa à riscada. Ilustração 42 - Riscos pares Observe como a frente e o traseiro das calças de todos os tamanhos só foram riscados uma vez, ainda que se saiba que qualquer calça tem de ter duas frentes e dois traseiros. 3.2.2. Encaixe Ímpar (ou Único) São aqueles em que a quantidade de vezes indicada nas partes componentes dos moldes é obedecida. Neste tipo de risco, caso a modelagem seja assimétrica, o enfesto terá de ser único, porém, no caso de ser simétrica, o enfesto tanto poderá ser par como único. Ilustração 13 - Riscos únicos Tecnologia de Risco e Corte 19 Observe que no risco único, a camisa está encaixada por completa. Com duas frentes, duas mangas, uma costa etc. 3.2.3. Encaixe Misto São aqueles em que as indicações de vezes colocadas nas partes componentes dos moldes, tanto podem ser obedecidaspela metade para determinado(s) tamanhos(s), como multiplicadas por números inteiros ou fracionários para outro(s) tamanho(s). Por exemplo, em um encaixe se apresenta da seguinte maneira, onde o enfesto possuirá duas folhas: TAMANHO FREQUÊNCIA NO ENCAIXE FOLHAS PEÇAS 36 1,5x 2 3 42 1x 2 2 44 1x 2 2 50 0,5x 2 1 Observe que os tamanhos 36, 42 e 50 são de encaixes pares, pois utilizaram a folha de enfesto abaixo para formar o par para completar a peça. Já o tamanho 44, suficientemente precisa de uma folha para completar uma peça. Ilustração 14 - Riscos mistos ATENÇÃO: No Risco Misto, o enfesto terá de ser par e a modelagem simétrica, a fim de que as outras partes que não participaram do risco possam ser cortadas noutra folha de enfesto em posição inversa à riscada. Tecnologia de Risco e Corte 20 4. MÉTODOS DE OTIMIZAÇÃO (ENCAIXE DE MOLDES) 4.1. Manual, com giz no tecido É um risco feito em tamanho natural sobre o tecido, sem prévio estudo. Apresenta baixa qualidade, pois, o tecido estica sob a pressão do giz dificultando o corte. Este método não permite cópias. 4.2. Manual, sobre o papel com moldes em miniatura O método sobre o papel é de boa qualidade, pois, evita a distorção das medias da modelagem por ser riscado com caneta ou lápis. Este método se faz moldes em miniatura realizando um prévio estudo e após é repassado para o tamanho natural. Neste tipo de risco também não permite arquivamento do encaixe natural, em virtude do mesmo ser destruído com a execução do corte. Somente do tamanho miniatura. 4.3. Computadorizado (CAD) Permite fazer o estudo diretamente na tela do computador. Oferece condições de mover as partes componentes de forma rápida e segura. Apresenta informações diretas como: eficiência, área quadrada e perímetro de cada parte da modelagem. Excelente em termos de qualidade e flexibilidade, porém seu custo ainda é alto para pequenas confecções. Exemplo de sistemas de encaixe por computador: Lectra, Gerber, Investrônica, Audaces etc. Sua reprodução em tamanho natural é feita através do plotter. Tecnologia de Risco e Corte 21 5. TIPOS DE TECIDOS Para efeito de posicionamento dos moldes de uma peça sobre um tecido que deva ser cortado de acordo com eles, é necessário classificar esse tecido quanto à sua aparência. Seja qual for o tecido, ele pode: Mudar de cor ou tonalidade quando examinado visualmente de ângulos diferentes; Manter inalterada sua cor ou tonalidade independentemente do ângulo de onde esteja sendo observado; Mudar de tonalidade de acordo com o sentido para onde forem deslocados os seus pelos; Ter direito e avesso; Não ter direito ou avesso. Assim sendo, você deverá levar em consideração essas diferentes características, a fim de efetuar um planejamento de risco preciso e adequado para cada tipo de tecido. Existe, para todos os casos, uma terminologia própria e uma indicação simbólica para classificar o tipo de tecido para fins de risco.Veja na tabela abaixo: Tabela 2 - Terminologia e simbolismo na indústria do Vestuário TIPO DE TECIDO DESCRIÇÃO SÍMBOLO Sem sentido Com direito e avesso Visto de qualquer ângulo tem a mesma cor e tonalidade Sem sentido e Sem direito e avesso Visto de qualquer ângulo ou face tem a mesma cor e tonalidade Com sentido e Com direito e avesso Visto de ângulos diferentes muda de cor e tonalidade Com pé e com direito e avesso O tom, o toque ou o desenho modificam-se de acordo com a inclinação dos pelos, das felpas ou das estampas. Tecnologia de Risco e Corte 22 6. TIPOS DE ENFESTOS Enfesto é a superposição de duas ou mais folhas de tecido para fins de corte. Em função do tipo de tecido e as características do produto, pode-se utilizar os diferentes tipos de enfesto. O enfesto pode se dividir de duas formas: sendo Par ou Único. Vejamos abaixo suas definições: 6.1. Enfesto Único É aquele em que todas as folhas do tecido a ser cortado são superpostas com a mesma face (direito ou avesso) voltada para o mesmo lado. Ilustração 15 - Enfesto único Conforme a ilustração 4, confira que não há necessidade que as folhas do tecido estejam com seus lados direitos para cima ou com os mesmos voltados para baixo. O que não pode ocorrer é que existam, na pilha de folhas, alguns lados direitos para cima e outros para baixo. Para que não ocorra a superposição desordenada das folhas de tecido, basta que na hora de fazer o enfesto corte as folhas do tecido sem retirar o rolo de tecido da sua posição inicial e puxando sempre o pano na direção da seta. Três diferentes tipos de tecido se prestam para o Enfesto Único. Aqui estão eles, na coluna A, com a face direita voltada para cima e, na coluna B, com a face direita voltada para baixo: Tecnologia de Risco e Corte 23 Ilustração 16 - Diferentes tipos de tecidos Este tipo de enfesto é utilizado, obrigatoriamente, quando sobre ele devem ser riscados Moldes Assimétricos, mas também serve para receber os riscos dos Moldes Simétricos. 6.2. Enfesto Par É aquele em que as folhas do tecido ora estão com uma das faces para cima, ora para baixo, formando pares de folhas face a face (lado direito X lado direito e lado avesso X lado avesso). Para o enfesto par o rolo fica solto, ou seja, o tecido efetua um movimento de zig-zag, quando o tecido não possui sentido ou pe. Tecnologia de Risco e Corte 24 Ilustração 17 - Movimentação do enfesto Zig-zag Quando o tecido a ser riscado e cortado tiver sentido e/ou pé, o rolo de tecido terá de ocupar as posições A e B, alternadamente girando 180º, para que se forme o enfesto par, conforme ilustração abaixo: Ilustração 18 - Posições para enfesto par Assim, os quatro tipos diferentes de tecidos prestam-se para o enfesto Par. Eles se encontram simbolicamente ilustrados e identificados abaixo: Tecnologia de Risco e Corte 25 Ilustração 19 - Sentido do tecido no enfesto 6.3. Enfesto Escada Permite um melhor aproveitamento do tecido quando há uma freqüência pouco utilizada. Este tipo de estendimento pode utilizar-se do enfesto único ou par. Ilustração 20 – Enfesto Escada No entanto seja o enfesto de que tipo for o número máximo de folhas permitido para sua colocação na Máquina de Corte vai depender da espessura de cada folha do tecido e da capacidade da mencionada máquina. Tecnologia de Risco e Corte 26 Tabela 3 - Exemplo de altura de enfesto Equipamento Tecido Média Quant. Folhas Artigo Máquina Faca 10’ Indigo 14 oz 100 Calça Máquina Faca 10’ Indigo 11 oz 110 Calça Máquina Faca 10’ Felpudo 60 Roupão Máquina Faca 10’ Popeline 180 Camisa Máquina Faca 8’ Veludo 80 Calça Máquina Faca 8’ Seda 50 Camisa Serra Fita Lycra 50 Lingerie Serra Fita Helanca 50 Lingerie Para este tipo de conhecimento, as empresas criam um padrão obedecendo ao seu limite na altura de faca do corte. Para se obter este padrão basta fazer os seguintes questionamentos: - Qual a altura máxima ou ideal de corte de nosso equipamento? - Quantas folhas em média para cada tipo de tecido atingem a altura máxima da faca de corte? Obs: Para 10 folhas deste tecido, qual a altura do enfesto? Podeis fazer uma projeção até chegar à altura máxima da faca. Tecnologia de Risco e Corte 27 7. MÉTODOS DE ESTENDIMENTO 7.1. Estendida feita à mão Sem uso de nenhum equipamento especial. Pesado em termos de mão- de-obra, qualidade geralmente baixa, principalmente para as malharias, onde provocam problemas de esticamento. 7.2. Estendida com carro manual Poucas vantagens sobre o primeiro, a não ser a redução damão-de- obra, melhoria da qualidade no alinhamento das bordas e no que tange ao esticamento do tecido. 7.3. Estendida com carro automático Muito melhor que o anterior, especialmente quando equipado com alimentação positiva do material, reduzindo problemas de esticamento. Leva sobre o precedente a vantagem de reduzir os desperdícios nas pontas dos enfesto. Possui dispositivos para programação de unidades e acumulação dos metros enfestados, sendo a parada automática ao alcance da programação. Geralmente possui a mesa em esteira para deslocamento do enfesto após o término da operação. 7.4. Acessórios que facilitam o enfesto 7.4.1. Carregador de rolos Particularmente interessante para rolos pesados, que requerem dois operadores para carregar. 7.4.2. Barra alinhadora Para alinhamento das cabeças de enfesto, na prática manual. 7.4.3. Pinças e/ou Para prender as pontas ou laterais do enfesto. 7.5. Procedimentos no Ato de Enfestar Tecnologia de Risco e Corte 28 Conferir a Ordem de Produção com o risco. Conferir a largura do tecido, a cor e o número do lote. Verifica-se o comprimento do risco e as possíveis emendas. Regula a régua ou semelhante no tamanho do risco. A partir daí, dá-se o procedimento total do enfesto, verificando o alinhamento da ourela, as emendas, e separando com fita as tonalidades, se caso houver. Terminando o enfesto, se for corte manual, posiciona-se o risco sobre o enfesto; se o corte for automatizado, posiciona-se na máquina de corte. 7.6. Fatores de Enfestamento 7.6.1. Alinhamento Em função da variação de largura, processa-se o alinhamento em uma das bordas do tecido, formando uma semelhante parede. 7.6.2. Tensão Deve ser evitada a tensão, especialmente em tecidos de malha. Se o tecido tiver tensão demais, o mesmo voltará para seu estado normal (relaxação) e ocorrerá uma variação no tamanho das peças após cortado. 7.6.3. Enrugamento Para exatidão do corte, é necessário que o tecido esteja perfeitamente ajustado no topo das camadas. Quando não for assim haverá uma tendência a provocação de bolhas de ar dentro de todo o enfesto, mudando de um lugar para outro, movendo as camadas e portanto distorcendo o corte. 7.6.4. Corte das pontas Mais de que um fator de qualidade é um fator de economia de tecido. Este deve ser cortado com exatidão no comprimento. É comum que os enfestadores não tenham cuidado, cortando alguns centímetros extras. Para evitar isto é conveniente usar dispositivos cortadores de extremidade que cortam mais rápido e no tamanho exato. 7.6.5. Qualidade do enfestamento Além dos fatores já mencionado, que afetam a qualidade no corte, devemos considerar a remoção de defeitos do tecido. Isto pode ser feito durante o enfestamento, ou depois do corte. Feito durante o enfestamento, os enfestadores devem considerar: Importância do defeito do tecido. Localização exata do defeito nas peças cortadas. Tecnologia de Risco e Corte 29 Para retirar um defeito no meio de um rolo, e voltar a enfestar, faz-se um processo que chamamos de Emenda. 7.6.6. Emendas Consiste na marcação do risco ou mesa, para sinalizar, quando houver trocas de rolo de tecido/malha, onde deve terminar ou iniciar uma nova camada de tecido sem que haja perdas de peças após cortado. Tecnologia de Risco e Corte 30 8. FREQUÊNCIA É a quantidade de vezes em que um determinado tamanho se repete num risco. Grade de tamanhos 36 38 40 42 44 46 48 50 Frequência 2 1 2 0,5 1,5 3 5 2,5 Veja, em seguida, três diferentes Riscos Marcadores, acompanhados de suas respectivas freqüências. E Os diferentes tamanhos de determinado modelo se repetem dentro de um mesmo risco, dando origem ao que chamamos de freqüência. Quantas vezes, no entanto, esses tamanhos poderiam se repetir no mesmo risco, levando em consideração, o comprimento útil da Mesa de Corte onde o enfesto é realizado? A essa quantidade máxima de repetições dá-se o nome de Freqüência Máxima por Modelo no Risco. Tecnologia de Risco e Corte 31 Área de Risco = 0,88 m X 5,52 m = 4,8576 m² Gasto Médio = Área de Risco Somatório das Freqüências 4,8576 = 0,81 m² por peça 6 9. GASTO MÉDIO É o comprimento de tecido que se consome, em média, para riscar uma peça completa. Este consumo de tecido poderá variar nas seguintes proporções: Quanto maior a largura do tecido, menor será o comprimento deste, para o risco de uma peça. Quanto menor a largura do tecido, maior será o comprimento deste, para o risco de uma peça. Exemplo: Um Risco marcador mede 0,88 m de largura por 5,52 m de comprimento e tem a seguinte freqüência: Tamanho 10 12 14 16 Freqüência 1 1,5 2,5 1 Para calcular o gasto médio por peça em m² usaremos o seguinte raciocínio: CÁLCULO DE GASTO MÉDIO = sFreqüência das Somatório Risco do oCompriment GASTO MÉDIO = M92,0 6 M52,5 Tecnologia de Risco e Corte 32 10. FREQUÊNCIA MÁXIMA É a quantidade máxima de vezes que diferentes tamanhos de um modelo podem estar contidos num mesmo risco, levando em consideração o comprimento útil da Mesa de Corte. Exemplo: Comprimento útil da mesa de corte = 17 m. Gasto Médio por Peça = 0,95 m. A Freqüência Máxima por modelo no risco será: Isso quer dizer que, considerando os dois fatores acima, o seu planejamento poderá repetir, em cada risco, um máximo de 17 tamanhos. 17 0,95 = 17,7x Freqüência Máxima = Médio Gasto Corte de Mesa da ÚtiloCompriment Tecnologia de Risco e Corte 33 11. PLANEJAMENTO DE RISCO O Planejamento de Risco normalmente em grandes empresas é realizado através de softwares especializados, porém não sendo ainda a realidade da maioria das empresas. Consiste em dimensionar freqüências por riscos, visando o máximo aproveitamento da equipe de corte, e faz-se do seguinte modo: Distribuir, o mais racionalmente possível, os diferentes tamanhos dentro de um mesmo Risco Marcador. Completar o seu Planejamento com a menor quantidade possível de Riscos Marcadores. Diminuir, ao máximo, o percentual de desperdícios. Suponha que você tenha recebido, para fins de planejamento de risco, a seguinte parte de um formulário de Ordem de Fabricação: Mod.: Calça Ref.: 40.166 Cor: 01 Tecido:Jeans 8 oz Larg.: 148 cm NÚMERO DO PEDIDO 0 1 2 3 4 5 6 TOTAL PP P M G GG 2 4 6 8 10 12 14 16 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 1009 - 2 17 30 20 10 9 5 2 3 98 1007 - 8 14 35 23 12 11 6 1 2 112 1012 - 5 18 20 16 14 5 4 5 2 87 1019 - 5 17 23 15 15 5 5 2 5 82 Sub-Total - 20 66 108 74 51 30 20 10 10 389 Desconto - - 6 8 4 1 - - - - 19 Total Geral - 20 60 100 70 50 30 20 10 10 370 Transportando estas informações para o Formulário de Planejamento, faremos um exemplo, considerando os seguintes dados: Tecnologia de Risco e Corte 34 Freqüência Máxima = 8 Quantidade Máxima de Folhas do enfesto = 20 Modelagem = Simétrica Risco Marcador = Misto Enfesto = Par Mod.: Calça Ref.: 40.166 Cor: 01 Tecido: Jeans 8 oz Larg.: 148cm TAMANHOS 0 1 2 3 4 5 6 TOTAL PP P M G GG 2 4 6 8 10 12 14 16 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 PEÇAS >> 0 20 60 100 70 50 30 20 10 10 370 RISCOS FOLHAS 1 20 - 1x 3x 4x - - - - - - 160 SALDO R1 0 0 0 20 70 50 30 20 10 10 2 20 - - - 1x 3x 2x 1x 1x - - 160 SALDO R 0 0 0 0 10 10 10 0 10 10 3 10 - - - - 1x 1x 1x - 1x 1x 50 SALDO R3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 SALDO R4 5 SALDO R56 SALDO R6 7 SALDO R7 8 SALDO R8 9 SALDO R9 10 SALDO R10 Total Geral 0 20 60 100 70 50 30 20 10 10 370 Tecnologia de Risco e Corte 35 Considerando a mesma referencia de produto acima, apenas com uma quantidade diferente no tamanho 36 (22 peças): Mod.: Calça Ref.: 40.166 Cor: 01 Tecido: Jeans 8 oz Larg.: 148cm TAMANHOS 0 1 2 3 4 5 6 TOTAL PP P M G GG 2 4 6 8 10 12 14 16 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 PEÇAS >> 0 22 60 100 70 50 30 20 10 10 370 RISCOS FOLHAS 1 20 - 1x 3x 4x - - - - - - 160 SALDO R1 0 2 0 20 70 50 30 20 10 10 2 20 - - - 1x 3x 2x 1x 1x - - 160 SALDO R 0 2 0 0 10 10 10 0 10 10 3 10 - - - - 1x 1x 1x - 1x 1x 50 SALDO R3 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 4 SALDO R4 5 SALDO R5 6 SALDO R6 7 SALDO R7 8 SALDO R8 9 SALDO R9 10 SALDO R10 Reajuste 0 -2 0 0 0 0 0 0 0 0 Total Geral 0 20 60 100 70 50 30 20 10 10 370 Veja que neste caso sobraram 2 peças no tamanho 36, e seria necessário fazer um risco a mais para atender esta quantia desejada pelo cliente. Mas, muitas empresas quando projetam grades de tamanho neste formato negociam com seus clientes a viabilização de uma tolerância de entregas (variação de quantidade de peças a serem entregues por tamanho e cor), onde podem ser alteradas conforme as especificações do cliente. Tecnologia de Risco e Corte 36 Segue abaixo um exemplo de Planejamento de risco com três cores: Mod.: Short sarja Ref.: 48.201 Cor: 01 Tecido: Sarja Freq. Máx: 8x TAMANHOS 0 1 2 3 4 5 6 Máx Folhas: 50 PP P M G GG TOTAL 2 4 6 8 10 12 14 16 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 PEÇAS >> COR 1 - - - 10 20 30 10 - - - 70 PEÇAS >> COR 2 - - - 20 40 60 20 - - - 140 PEÇAS >> COR 3 - - - 15 30 45 15 - - - 105 RISCO 1 - - - 1 2 3 1 - - - CORES FOLHAS COR 1 10 - - - 10 20 30 10 - - - 70 COR 2 20 - - - 20 40 60 20 - - - 140 COR 3 15 - - - 15 30 45 15 - - - 105 SALDO R1 COR 1 10 - - - 0 0 0 0 - - - COR 2 20 - - - 0 0 0 0 - - - COR 3 15 - - - 0 0 0 0 - - - Total Geral 45 90 135 45 315 Tecnologia de Risco e Corte 37 12. MÉTODOS DE CORTE Podemos dizer que existem três tipos de corte: 12.1. Manual Pouco utilizado pela indústria, exceto pequenas empresas devido sua baixa produção.É feito com tesoura manual. 12.2. Mecânizado É feito com o uso de máquinas. Essas máquinas podem ser: 12.2.1. Lâmina redonda (máquina de disco) Para o corte de enfesto de pouca altura. Seu corte não é preciso nas curvas acentuadas e nem permite fazer piques com segurança. Existem várias dimensões de disco. Dentro das máquinas de lâmina redonda podemos mencionar as tesouras elétricas: mini-shere e bullmer. 12.2.2. Lâmina vertical (máquina de faca) Para enfesto de grande altura. Permite cortar qualquer tipo de risco. Não é aconselhável para baixo enfesto. A altura da faca varia de tamanho. (Ex.: 6”, 8”, 10”, 12”). 12.2.3. Balancim (prensa) Ótima qualidade de corte. É empregado para partes componentes padrão como: Punho de camisa, gola, pé de gola, colarinho, etc. Seu consumo de matéria-prima é mais elevado em relação ao corte normal por necessitar de um maior espaço entre os moldes. Apresenta elevado custo das formas. Tecnologia de Risco e Corte 38 12.2.4. Serra fita Este método de corte pode ser usado junto com a máquina de faca vertical para cortes onde a precisão é importante, de corte de camisa, cava da manga, partes pequenas, etc. Toda a qualidade de corte depende da maneira de segurar as peças. 12.2.5. Máquina de marcar furos Consiste em marcar no enfesto a posição exata, como por exemplo o local da pence. Existe máquina por aquecimento e broca. 12.2.6. Máquina para marcação de etiqueta e meios de gola Muito utilizado para malha, pois, a mesma trabalha com um lâmina aquecida onde faz as marcações necessárias. 12.3. Eletrônico É feito com o uso de máquinas. Essas máquinas podem ser: 12.3.1. Faca vertical Dirigido por computador, tem a possibilidade de cortar todos tipos de enfestos. A altura do enfesto está ligada a altura da faca. 12.3.2. Raio laser Este sistema muito avançado tem como característica o corte de uma folha de cada vez. Não indicado no caso de fibras sintéticas, devido a fusão das mesmas pelo calor. 12.3.3. Bierribi Muito utilizado nas empresas que trabalham com malha. Surgiu para o corte de camisa largura do corpo (Body-size). Tecnologia de Risco e Corte 39 13. DESPERDÍCIO A palavra desperdício aparece tanto no formulário de Ordem de Risco, como no de Ordem de Corte e este é um dos fatores determinantes para o bom e mau desempenho da indústria de confecção. Considerando que a matéria-prima tem um peso considerável no preço final do produto, devemos cuidar para que desde o Planejamento até a execução do Corte, tenhamos um menor percentual de desperdício, reduzindo o custo de fabricação, nos possibilitando fazer frente aos nossos concorrentes. Chamamos de desperdício, tudo aquilo que não é utilizado na constituição do produto. A indústria de confecção para que possa ser rentável deve controlar basicamente dois tipos de desperdício: Desperdício de matéria-prima; Desperdício de mão-de-obra; 13.1. Desperdícios de matéria-prima São os desperdícios decorrentes da não utilização total dos materiais, em especial tecido. 13.1.1. Desperdício de planejamento É o desperdício decorrente de dificuldade do planejador de riscos escolher sempre as melhores soluções (combinação de tamanhos) na preparação das ordens de riscos. 13.1.2. Desperdício de encaixe É o desperdício decorrente da perda de tecido localizada entre os moldes que não se encaixam perfeitamente. Ele está ligado diretamente a dois fatores: Características dos moldes: Cada artigo apresenta uma característica especial que pode influenciar o desperdício de encaixe. Podemos dizer que estas características são concavidades e convexidades existentes. Quanto maior for o número destas, maior será a possibilidade de desperdício. Características dos encaixes: Muitas vezes alguns tecidos apresentam características especiais que podem influenciar o desperdício de encaixe, tais como largura inadequada, tecido com sentido determinado, etc. A indústria de confecção moderna utiliza um sistema informatizado (CAD) para o estudo do melhor aproveitamento do tecido. Porém para você tirar “o melhor” deste recurso você deve dominar os princípios básicos da área em questão, conforme seqüência abaixo: Tecnologia de Risco e Corte 40 Conhecer a área dos moldes a serem encaixados em um determinado risco. Conhecer a largura do encaixe (útil). Reduzir os moldes em escala cuja finalidade é a de facilitar a visualização de toda área do risco e permitir estudos sobre um mesmo risco sem ocupar as instalações da produção. Encaixar os moldes de tal maneira a obter o consumo dentro dos padrões ou abaixo deste. 13.1.3. Desperdício de enfesto Este tipo de desperdício depende basicamente da habilidade do enfestador, sendo que ocorre principalmente naspontas do enfesto, nas emendas e no lado reto do enfesto (lado onde à ourela é acertada). É o mais fácil de ser controlado, não fugindo muito dos padrões estabelecidos, porém é o mais encontrado nas fábricas. 13.2. Desperdício de mão-de-obra São aqueles provenientes da falta de treinamento e capacitação do pessoal. 13.3. Controle de Desperdício no Risco Marcador Registra o desperdício de matéria-prima obtido do Risco Marcador, podendo ser de duas formas: 1ª Cálculo de área do risco; Calculo da Área Total do risco Calculo do Percentual de Ocupação dos Moldes Calculo do Percentual de Desperdício do tecido A = C x L A = 1555 cm x 112 cm A = 174.160 cm² 174.160 cm² - 100% 149.328 cm² - x x = 85,74 % 100% - 85,74% = 14,26% Tecnologia de Risco e Corte 41 13.4. Controle de Desperdício após enfesto Após o corte do enfesto, proceder como abaixo: Pesam-se todas as partes componentes de todos os tamanhos; Pesa-se todo o desperdício resultante do corte do enfesto; Pesam-se os retalhos que, por ventura, tenham resultado do mencionado enfesto. Calcula-se o aproveitamento e o desperdício; Enfestador e o Cortador assinam a Ordem de corte. O.C. nº Kg LÍQUIDO 51,65 87,90% DESPERD. 6,28 10,70% RETALHOS 0,81 1,40% TOTAL 58,74 100,00% Tecnologia de Risco e Corte 42 14. SEPARAÇÃO ETIQUETAGEM E EMPACOTAMENTO Depois que as peças estiverem cortadas, elas devem ser identificadas e separadas adequadamente para despachar para as operações de costura. A separação, etiquetagem e empacotamento, consiste em: Etiquetar as partes do modelo (contendo: tamanho, ordem de produção e número seqüencial da peça); Separa cores e tonalidades em pacotes; O pacote tem a sua quantidade especificada pelo Talão de Pacote, feito pela programação. Os pacotes devem ser completos (contendo todas as partes do produto) ou divididos em diversos quando houver trabalhos distintos, como bordado, estamparia, dependendo da metodologia do processo adotado pela organização. Tabela 4 - Exemplo de formulário de Etiquetagem e Empacotamento ACOMPANHAMENTO DE PACOTES OP: 001 REF.: 001 Data: 13/10/2010 Oper.: João N° do Pacote Tamanho Cor Quantidade 1 40 001 20 2 40 002 20 3 42 001 10 4 42 002 10 5 44 001 10 Tecnologia de Risco e Corte 43 REFERÊNCIAS ARAUJO. Mário de, Tecnologia do Vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. ROCHA. Rosangela dos Santos, Planejamento de risco e corte. Blumenau: SENAI, 2002. ROMITO. Mario, Armazenagem correta de tecidos. São Paulo: Revista Costura Perfeita, 2010. Manual de Manuseio de tecidos e Confecção. Santana Têxtil www.santanense.com.br/central-de-assistencia www.walterporteiro.com.br javascript:nova_pesquisa(%22Rocha,%20Rosangela%20dos%20Santos%22,%22540417%22,700); http://www.santanense.com.br/central-de-assistencia http://www.walterporteiro.com.br/ Tecnologia de Risco e Corte 44 EXERCÍCIOS SENTIDO DO RISCO Dados três tipos de Riscos Normais A, B e C, identifique-os quanto ao tipo de tecido, indicando com um "X" o símbolo correto de cada um deles. EXERCÍCIO Marque com F ou V as afirmações abaixo, conforme elas sejam falsas ou verdadeiras: a) ( ) O Risco Par se caracteriza por ser proveniente de uma modelagem simétrica. b) ( ) O Risco Único só pode ser feito com uma modelagem assimétrica. c) ( ) Para se cortar um Enfesto Par o risco terá de ser par. d) ( ) Se a modelagem é assimétrica, o risco e o enfesto terão de ser únicos. e) ( ) Dependendo da parte que for assimétrica na modelagem, e se o tecido a ser cortado for tubular ou dobrado, o risco poderá se par ou misto e enfesto par. f) ( ) No Risco Único deve-se riscar sempre multiplicando por 0,5 as quantidades de vezes que vêm registradas nas partes que compõem a modelagem do tamanho em questão. Abaixo lado, você tem apresentados riscos em tecido plano, Indique para cada um deles: a) O tipo do encaixe quanto à modelagem. b) O tipo de modelagem. c) O símbolo gráfico indicativo do tipo de tecido Tecnologia de Risco e Corte 46 EXERCÍCIO FREQUENCIA Apresentados dois tipos de Riscos Marcadores, escreva na Grade de Tamanhos respectiva, a Freqüência correspondente: Tecnologia de Risco e Corte 47 EXERCÍCIOS GASTO MEDIO Calcule o Gasto Médio correspondente a um Risco Marcador de calça onde foram riscadas três (3) peças tamanho 38, duas e meia (2,5) peças tamanho 40 e uma (1) peça tamanho 50, tendo esse Risco atingido o comprimento de 6,50m. EXERCÍCIO FREQUENCIA MÁXIMA Sabendo-se que o comprimento útil para enfesto de uma Mesa de Corte é 14,0 m e que o Gasto Médio do artigo a ser cortado é 1,05m, calcule a Freqüência Máxima do mencionado artigo para planejar e fazer o risco Marcador.
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