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SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA LIVRO DE FICHAS • FICHAS DE DIAGNÓSTICO * • FICHAS DE COMPREENSÃO DO ORAL* • FICHAS DE GRAMÁTICA* • CENÁRIOS DE RESPOSTA* SENTIDOS 11 PORTUGUÊS ANA CATARINO ANA FELICÍSSIMO ISABEL CASTIAJO MARIA JOSÉ PEIXOTO *Materiais disponíveis, em formato editável, em: Índice 1. Fichas de Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 3. Fichas de Gramática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 3.1 Fichas de Conteúdo Específico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.2 Fichas Globais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.3 Fichas Formação ASA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2. Fichas de Compreensão do Oral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 4. Cenários de Resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA FICHAS DE DIAGNÓSTICO 1. Materiais disponíveis em formato editável em 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO FICHA DE DIAGNÓSTICO Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 4 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 01. GRUPO I 1. Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem sobre a poesia trovadoresca. [4 itens x 4 pontos = 16 pontos] a. Nas cantigas de amor, o sujeito de enunciação é a donzela apaixonada. b. Em termos gerais, pode afirmar-se que as características da mulher são as mesmas quer nas cantigas de amor quer nas de amigo. c. Uma das temáticas mais frequentes das cantigas de escárnio é a coita de amor. d. Nas cantigas de escárnio e maldizer é recorrente a crítica de costumes. 2. Selecione a opção correta, baseando-se nos conhecimentos que possui sobre a Crónica de D. João I de Fernão Lopes. [2 itens x 7 pontos = 14 pontos] 2.1. A Crónica de D. João I (A) surge como uma forma de legitimar o reinado de D. João I. (B) incide sobre os reinados da primeira dinastia e o início da dinastia de Avis. (C) centra-se nas medidas tomadas por D. João I para iniciar a expansão marítima. (D) tem como pano de fundo o século XV. 2.2. A figura principal da Crónica de D. João I é (A) D. João, mestre de Avis, pelo facto de ser o que melhores condições reunia para assumir o trono português. (B) D. João de Castela, na medida em que a batalha de Aljubarrota só acontece por este se querer apoderar do reino de Portugal. (C) o povo, porque está disposto a sacrificar a própria vida em prol da pátria, e, sem ele, Portugal perderia a independência. (D) o conde Andeiro, na medida em que é por causa da sua morte que todos os acontecimentos relatados na crónica se desenrolam. 3. Preencha os espaços em branco, recuperando os seus conhecimentos sobre a Farsa de Inês Pereira. [5 itens x 4 pontos = 20 pontos] Na Farsa de Inês Pereira são criticados, entre outros, as a. _______________ que ansiavam a libertação através do casamento; as b._______________, que tinham como ofício arranjar casa- mentos; os c._______________ gabarolas e pobretanas; os d._______________ gananciosos e os membros do e._______________ que não cumpriam os votos de castidade. 5SENTIDOS 11 • Livro de Testes • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO 4. Selecione a alternativa que melhor completa a definição respeitante ao estudo que efetuou das Rimas, de Luís Vaz de Camões. [11 itens x 2 pontos = 22 pontos] Na poesia lírica de Camões, por influência de a. Petrarca / Sá de Miranda, a mulher é apresentada como um ser b. fatal /divino, angélico, com o poder de transformar o Homem e a c. alma / Natureza. Esta surge como um espaço tranquilo, mágico, conducente ao d. sofrimento / amor e ao e. deses- pero / encantamento – tópicos associados ao conceito de f. locus amoenus / locus horrendus –, como espelho da alma do poeta ou ainda como g. opositora / testemunha da dor ou da felicidade do eu lírico. Os temas do h. desconcerto / oportunismo e da i. mudança / amizade, a reflexão de caráter j. impessoal / pessoal, a representação da amada e a experiência amorosa são algumas das k. temáticas / ideologias desenvolvidas por este poeta renascentista. 5. Selecione a alternativa que completa adequadamente cada uma das afirmações seguintes res- peitantes à epopeia Os Lusíadas. [2 itens x 8 pontos = 16 pontos] 5.1. N’ Os Lusíadas, a estrutura interna consiste na seguinte organização da obra: (A) Proposição, Invocação, Narração e Dedicatória. (B) Proposição, Dedicatória, Invocação e Narração. (C) Proposição, Invocação, Dedicatória e Narração. (D) Invocação, Proposição, Dedicatória e Narração. 5.2. O plano das reflexões do poeta é constituído por (A) considerações sobre vários temas, normalmente em consequência dos relatos feitos ante- riormente pelo narrador. (B) considerações sobre as atitudes de Vasco da Gama e dos marinheiros no decurso da viagem. (C) desabafos do poeta sobre o sofrimento a que os navegadores estiveram sujeitos. (D) desabafos sobre o desprezo a que os poetas eram votados em Portugal. 6. Assinale as afirmações, relativas ao capítulo V da História Trágico-Marítima, como verdadeiras ou falsas. [3 itens x 4 pontos = 12 pontos] a. “As terríveis aventuras de Jorge de A. Coelho” é uma narrativa em que se juntam factos heroi- cos e apelos de teor religioso. b. Na viagem são narrados acontecimentos como as lutas contra as adversidades da Natureza. c. A história narrada situa-se no século XV, aquando da descoberta do caminho marítimo para a Índia. 6 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL GRUPO II Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. [10 itens x 5 pontos = 50 pontos] Leia atentamente o texto. Há 30 anos, no Equador… O Equador deve ser o país sul-americano de que menos se fala. Talvez pela relativa estabilidade política e ausência de catástrofes naturais, coisas que abundam nos territórios vizinhos. Mas via- jar neste patchwork1 de culturas há quase 30 anos, foi uma experiência que me deixou memórias excelentes. Equador, um ilustre desconhecido […] Pequeno e diversificado, é um país que combina floresta amazónica, planalto andino – onde despontam uns trinta vulcões, uns mais ativos que outros – e costa marítima. Para não falar no tesouro que são as ilhas Galápagos, que não visitei. Na faixa costeira, de clima quente, concentram-se o comércio e a indústria, e cultiva-se a maior parte dos produtos exportáveis, como banana, café e cacau, escoados através do porto de Guayaquil. Aqui é o território da maioria privilegiada, por oposição aos territórios mais pobres dos Andes, a admirável espinha dorsal da América do Sul, que se estende, interminável, da Venezuela à Terra do Fogo. Nas montanhas, os habitantes mantiveram-se adversos aos intrusos de outras culturas – proeza memorável, só conseguida no Peru e na Bolívia. Mas por oposição ao bulício moderno da costa, a vida continua lenta, incluindo o desenvolvimento da economia local. Para rematar esta manta geográfica, há que considerar a floresta tropical amazónica – o Oriente, como aqui é chamado – que faz fronteira com a Colômbia e o Peru, e que é em grande parte terri- tório bravio e inexplorado. A capital, Quito, fica a 2650 metros de altitude, o que lhe garante o título de segunda capital mais alta do mundo (depois de La Paz). Começou por ser um aldeamento fundado no século XV por incas vindos do Peru, cujas marcas desaparecerem quase completamente, à exceção das quase insignifi- cantes ruínas de Ingapirca, perto de Cuenca, no sul do país. […] Para chegar ao Oriente, que começa nas savanas tropicais de Puyo, a estrada serpenteia pelos contrafortesdos Andes e pode oferecer-nos o milagre de uma visão rápida sobre o cume nevado do Chimborazo, o monte mais alto do Equador, quase sempre escondido pela neblina. As estradas pio- ram, e entramos num mundo verde onde algumas aldeias parecem ter ficado esquecidas à mercê dos tentáculos retorcidos da selva. É uma luxúria de verdes, cascatas de água castanha que acende arco-íris suspensos em desfiladeiros e, por fim, o horizonte compacto da selva. Em Misahuali iniciámos a descida do rio Napo, numa navegação precária que durou uma se- mana com uma canoa motorizada, que avançava condicionada por baixios e rápidos traiçoeiros até Limoncocha, onde nadámos num lago com piranhas, e caimões que só apareciam de noite… Latacunga, Machachi, Otavalo e Zumbahua são nomes que para sempre conjuram na minha ca- beça as imagens de ponchos coloridos, chapéus de abas estreitas, crianças levadas às costas dentro de panos com todas as cores do arco-íris, “comedores” de rua, instalados por uma manhã debaixo de um guarda-sol, pilhas de legumes e batatas que se vendem no chão, nos “mercados índios”. […] Um dia volto lá… http://comedoresdepaisagem.com/equador/ (consultado em janeiro de 2016). 1 miscelânea, mistura 5 10 ´ 15 20 25 30 35 7SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 1. A expressão “patchwork de culturas” (l. 3) significa que o Equador (A) é um país com tradições seculares. (B) é o país sul-americano cuja cultura é a menos conhecida. (C) é um país que valoriza o trabalho artesanal. (D) é um país onde confluem várias culturas. 2. Ao referir os Andes como a “espinha dorsal” (l. 12), o autor (A) demonstra que os Andes atravessam toda a América do Sul. (B) dá ênfase à beleza dessa região. (C) considera os Andes como a região mais pobre da América do Sul. (D) salienta a dureza da travessia desse território. 3. O texto apresentado possui marcas características de (A) texto expositivo, porque demonstra de forma clara o tema da viagem. (B) relato de viagem, pois está presente uma dimensão narrativa, descritiva e um discurso pessoal. (C) texto de apreciação crítica, uma vez que apresenta uma opinião pessoal sobre uma viagem. (D) artigo de divulgação científica, pois evidencia rigor e objetividade no vocabulário e na exposição da informação. 4. No segmento “uns mais ativos que outros” (l. 7), o “que” tem um valor (A) consecutivo. (B) comparativo. (C) causal. (D) completivo. 5. A função sintática desempenhada pela expressão “o comércio e a indústria”(l. 9) é (A) sujeito. (B) complemento direto. (C) predicativo do sujeito. (D) complemento indireto. 6. No segmento frásico “É uma luxúria de verdes, cascatas de água castanha que acende arco-íris suspensos em desfiladeiros” (ll. 28-29) está presente uma (A) metáfora. (B) personificação. (C) sinédoque. (D) comparação. 8 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 7. No contexto em que ocorre, “conjuram” (l. 33) é sinónimo de (A) esbatem. (B) debatem-se. (C) anulam. (D) reúnem em conspiração. 8. Identifique o processo de formação de palavras que deu origem ao vocábulo “completamente” (l. 22). 9. Classifique as orações subordinadas que integram o seguinte segmento frásico. “Para chegar ao Oriente, que começa nas savanas tropicais de Puyo, a estrada serpenteia pelos contrafortes dos Andes e pode oferecer-nos o milagre de uma visão rápida sobre o cume nevado do Chimborazo” (ll. 24-26). 10. Indique a função sintática desempenhada pelo pronome pessoal “nos”, na frase apresentada em 9. GRUPO III [50 pontos] Viajar é não apenas uma forma de lazer, mas também um excelente meio de enriquecimento cultural. Redija um texto expositivo, de 130 a 150 palavras, em que apresente a importânica de viajar dadas as experiências que podem ser vivenciadas e que contribuem para o enriquecimento humano. Considere as seguintes orientações: − estrutura tripartida do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão); − respeito pelos mecanismos de coesão e de coerência; − mobilização de um reportório lexical variado; − respeito pelo género textual e pelo tema. 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 9SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL FICHA DE DIAGNÓSTICO 02. GRUPO I 1. Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem sobre a poesia trovado- resca. [4 itens x 4 pontos = 16 pontos] a. A diferença entre as cantigas de amigo e as de amor reside apenas no facto de, nas primeiras, o sujeito de enunciação ser uma donzela e, nas segundas, um homem. b. A Natureza é tida, muitas vezes, como confidente da donzela nas cantigas de amigo e, por isso, surge personificada. c. Toda a poesia trovadoresca se reveste de uma dimensão satírica. d. O paralelismo consiste na repetição simétrica de palavras, construções, versos ou de ideias. 2. Selecione a opção correta, baseando-se nos conhecimentos que possui sobre a Crónica de D. João I, de Fernão Lopes. [2 itens x 7 pontos = 14 pontos] 2.1. A crise de sucessão verificada após a morte de D. Fernando aconteceu porque (A) o rei não tinha descendência. (B) dois dos seus filhos reclamavam a legitimidade da coroa. (C) o seu filho, D. João, mestre de Avis, não agradava à nobreza. (D) a sua única herdeira estava casada com o rei de Castela. 2.2. Entende-se por afirmação da consciência coletiva o facto de o povo (A) estar ciente da situação que se vivia em Portugal. (B) se unir, desenvolvendo ações em defesa da pátria, sacrificando-se por ela. (C) ter sentido necessidade de ter os mesmos privilégios que a nobreza. (D) querer impor o herdeiro ao trono que mais lhe agradava. 3. Preencha os espaços em branco, tendo em conta o seu conhecimento sobre a Farsa de Inês Pereira. [8 itens x 3 pontos = 24 pontos] A Farsa de Inês Pereira centra-se nos casamentos da personagem principal, primeiro com o a. _______________, depois com b. _______________, após ter ficado viúva do primeiro marido. Na verdade, Inês, cuja principal característica era ser c. _______________, decidiu levar avante o seu primeiro casamento, ainda que a d. _______________ desaprovasse a sua decisão. Mas a rea- lidade foi muito diferente daquilo que ela esperava, acabando por ser e. _______________ pelo seu primeiro marido. Depois da morte deste e tendo aprendido com a vida, decidiu escolher um homem que já conhecia e que lhe tinha sido apresentado por f. _______________, que estava disposto a cumprir todos os seus g. _______________. Assim, aproveitando-se dele, pediu-lhe que a levasse às costas até junto de um h. _______________ . 10 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 4. Selecione a alternativa que melhor complete a definição respeitante ao estudo que fez das Rimas, de Luís Vaz de Camões. [5 itens x 4 pontos = 20 pontos] Na poesia lírica de Camões, a medida a. nova / velha, típica de lírica b. medieval / clássica carateriza-se pela utilização do verso decassilábico e por subgéneros como o c. soneto / lirismo ao passo que a medida d. nova / velha engloba formas poéticas como a redondilha com e. 5 ou 7 sílabas / 3 ou 6 sílabas. 5. Selecione a alternativa que completa adequadamente cada uma das afirmações seguintes res- peitantes à epopeia Os Lusíadas. [2 itens x 7 pontos = 14 pontos] 5.1. Os planos narrativos estão organizados da seguinte forma: (A) plano da História de Portugal, onde se encaixam o plano dos Deuses e o da Viagem. (B) plano da Viagem, que alterna com o plano dos Deuses, e no qual se encaixa o plano da His- tória de Portugal. (C) plano dos Deuses, no qual se encaixa o plano da História de Portugal e o da Viagem. (D) planoda Viagem, em alternância com o plano da História de Portugal, onde se encaixa o plano dos Deuses. 5.2. A presença da mitologia na obra (A) ilustra o valor e a dignidade dos marinheiros portugueses. (B) constitui uma forma da atenuar o sofrimento dos navegadores. (C) ilustra a espírito cristão do povo português. (D) constitui uma das regras da epopeia. 6. Assinale como verdadeiras ou falsas as afirmações que se seguem sobre a História Trágico- -Marítima – “As terríveis aventuras de Jorge de A. Coelho”. [3 itens x 4 pontos = 12 pontos] a. O objetivo da viagem, que era o regresso a Lisboa, não foi atingido. b. Os marinheiros dirigem-se frequentemente a Deus, pedindo a sua intervenção. c. Jorge de Albuquerque Coelho é apresentado como um guerreiro destemido e altruísta. 11SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL A análise genética dos micróbios gástri- cos de Ötzi, a célebre múmia com 5300 anos descoberta em 1991 num glaciar nos Alpes, revela a presença de uma bactéria responsá- vel por doenças estomacais e dá novas pistas sobre as migrações humanas na pré-história. Uma equipa internacional de cientistas detetou e extraiu do estômago do chama- do Homem do Gelo, o ADN de uma bactéria que hoje infeta cerca de metade da população mundial e é responsável por gastrites, úlceras e até cancros. E mais: a sequenciação integral desse ADN antigo revelou algo de imprevisto sobre a história das migrações pré-históricas humanas. […] Ötzi viveu na Idade do Cobre e morreu as- sassinado nos Alpes italianos, muito perto da fronteira austríaca, há cerca de 5300 anos. Em 1991, foi descoberto num glaciar, mumificado pelo frio e em perfeito estado de conservação. Desde então, o seu corpo e indumentária já re- velaram um manancial de informação sobre a vida quotidiana dos europeus daquela época. Agora, Frank Maixner e Albert Zink, do Ins- tituto das Múmias e do Homem do Gelo na Academia Europeia de Bolzano (EURAC) em Itália – com colegas da Alemanha, Áustria, África do Sul e Estados Unidos –, analisaram geneticamente o conteúdo do estômago de Ötzi. Descobriram assim que, no dia em ele que foi morto – ao que tudo indica, na sequência de uma ferida de seta e de um golpe na cabeça infligidos por outra(s) pessoa(s) –, talvez esti- vesse a sentir-se, ainda por cima, maldisposto e com dores devido a uma gastrite. Mais precisamente, os cientistas consegui- ram detetar, no estômago deste homem pré- -histórico, o ADN característico das bactérias da espécie Helicobacter pylori. […] Quando anali- saram as proteínas presentes no seu estômago, tornou-se também claro que o sistema imuni- tário de Ötzi já estava a reagir à infeção. […] Não é possível dizer com certeza se Ötzi es- taria mesmo doente na altura da sua morte, acrescentam, mas somente que existiam as condições para isso acontecer. Contudo, a história contada pelos genes da bactéria Helicobacter do estômago de Ötzi ain- da reservava uma surpresa: a configuração ge- nética do micróbio não correspondia ao grupo de estirpes que os autores esperavam encon- trar num europeu da Idade do Cobre. “Estávamos à espera de encontrar [o mes- mo tipo de] Helicobacter que afeta os europeus de hoje”, explica o coautor Thomas Rattei, da Universidade de Viena (Aústria), no mesmo comunicado. “Mas o que encontrámos foi (um tipo) que atualmente é sobretudo observado na Ásia Central e do Sul.” Pensa-se que havia inicialmente dois tipos de estirpes de Helicobacter, um africano e um asiático, e que, a dada altura, eles se recombi- naram para dar origem às estirpes europeias atuais. E como as estirpes dos europeus de hoje são muito mais próximas das estirpes africanas do que das asiáticas, supunha-se até aqui que os humanos do Neolítico já eram portadores desse tipo híbrido. Mas o caso de Ötzi, cuja bactéria quase não tem vestígios de estirpes africanas, veio agora mostrar que isso nem sempre era assim. O resultado é importante para perceber a história humana, uma vez que a história das bactérias que infetam os humanos está estrei- tamente ligada às migrações desses seus hos- pedeiros. E se Ötzi for de facto representativo da população daquela época na sua região da Europa, esta descoberta introduz mais uma “reviravolta” no complexo percurso da espé- cie humana após a sua saída de África, há uns 60 000 anos. 5 10 ´ 15 20 25 30 35 40 45 50 ´ 55 60 65 70 75 80 GRUPO II Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. [10 itens x 5 pontos = 50 pontos] Leia atentamente o texto. Homem do Gelo poderá ter tido uma gastrite quando foi assassinado Ana Gerschenfeld, in Público (Ciência), edição online de 8 de janeiro de 2016 (consultado em janeiro de 2016). 12 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA 1. FICHAS DE DIAGNÓSTICO E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 1. Este texto classifica-se como (A) um artigo de opinião, uma vez que é apresentado um parecer sobre uma descoberta. (B) uma exposição, na medida em se que transmite informação sobre uma múmia. (C) um artigo de apreciação crítica, dada a análise valorativa da descoberta. (D) um artigo de divulgação científica, visto que se expõem novos dados sobre uma descoberta. 2. Ötzi (A) foi assassinado em 1991. (B) sucumbiu devido à bactéria encontrada agora pelos investigadores. (C) foi encontrado em 1991, vários séculos depois de ter morrido. (D) foi mumificado, depois de ter sido encontrado em 1991. 3. A análise genética dos micróbios gástricos de Ötzi permitiu (A) eliminar uma bactéria que hoje infeta cerca de metade da população mundial. (B) descobrir uma nova bactéria, denominada Helicobacter pylori. (C) comprovar que as estirpes bacterianas dos europeus são originárias de estirpes africanas. (D) dar mais um passo no conhecimento da evolução da espécie humana. 4. A expressão “do estômago do chamado Homem do Gelo” (ll. 8-9) tem a função sintática de (A) complemento direto. (C) complemento indireto. (B) complemento oblíquo. (D) complemento do nome. 5. Os processos fonológicos ocorridos na passagem de PERSONA- para “pessoa” (l. 33) são a (A) assimilação e síncope. (C) dissimilação e aférese. (B) assimilação e apócope. (D) sonorização e síncope. 6. O latim, de que a expressão “Helicobacter pylori” (l. 39) é um exemplo, é um idioma (A) de substrato do português. (C) que está na origem dos romanços ou romances. (B) de superstrato do português. (D) que provém do português. 7. A oração “que o sistema imunitário de Ötzi já estava a reagir à infeção” (ll. 41-42) classifica-se como subordinada (A) substantiva completiva. (C) sadjetiva relativa restritiva. (B) substantiva relativa. (D) adjetiva relativa explicativa. 8. Classifique o termo “ADN” (l. 9) quanto ao processo de formação de palavras. 9. Refira dois exemplos que se constituam como um campo semântico de “cabeça” (l. 32). 10. Sabendo que gastrite provém do termo grego GASTRO que significa estômago, indique duas outras palavras portuguesas que mantenham o mesmo étimo. GRUPO III [50 pontos] Faça a síntese do texto do Grupo II, reduzindo-o a um quarto da sua extensão (entre 135 a 145 palavras). 13SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA FICHAS DE COMPREENSÃO DO ORAL 2. Os recursos áudio/vídeo estão disponíveis em e em www.sentidos11.asa.pt. Também disponível, em ficha de Compreensão do Oral – género Reportagem. 2. FICHAS DE COMPREENSÃO DO ORAL 14 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL TESTE DE COMPREENSÃO DO ORAL — EXPOSIÇÃO Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 01. Acompanhe uma apresentação sobre o filme Os Maias e resolva as atividades propostas. 1. Selecione a alternativa que completa adequadamente cada afirmação. 1.1. A sequênciafílmica (A) tem como cenário o jardim do Ramalhete. (B) descreve o local onde está a ser gravado Os Maias. (C) relata a vida e a obra do autor de Os Maias. (D) destaca a rodagem da primeira cena de Os Maias. 1.2. O realizador é (A) o único indivíduo a dar um depoimento sobre o filme. (B) um cineasta experiente e conhecedor da obra queirosiana. (C) um cineasta inexperiente, apesar da sua idade. (D) um cineasta estrangeiro, mas conhecedor de Os Maias. 1.3. O realizador João Botelho salienta ainda (A) os aspetos retratados no seu filme. (B) os documentos usados na rodagem. (C) o elenco e os papéis atribuídos. (D) as dificuldades inerentes à gravação. 1.4. Da narrativa queirosiana Os Maias, o realizador (A) centra-se exclusivamente na relação incestuosa dos dois irmãos. (B) mantém a narrativa, concentrando-se na intriga principal. (C) destaca a situação política denunciada pelas personagens. (D) revela preferência por Ega, o alter-ego de Eça de Queirós. 1.5. João Botelho considera o filme (A) muito longo para a ação que destacou. (B) desafiante, considerando os meios técnicos utilizados. (C) muito ambicioso, tendo demorado dois anos nos preparativos da gravação. (D) uma excelente crítica à sociedade atual. 2. Assinale como verdadeira ou falsa cada afirmação. Corrija as falsas. a. O realizador considera Os Maias uma obra desatualizada. b. É afirmado que a obra levou sete anos a ser escrita. c. Pouco depois da escrita de Os Maias, Portugal entrou em bancarrota. d. Na altura, o empréstimo contraído por Portugal levou 90 anos a liquidar. e. O primeiro a considerar o filme como histórico é Nuno Casanovas. f. Um palácio situado em Ponte de Lima foi palco das primeiras cenas. g. A rodagem do filme irá prosseguir em Celorico de Basto. 2. FICHAS DE COMPREENSÃO DO ORAL Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 15SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL TESTE DE COMPREENSÃO DO ORAL — EXPOSIÇÃO 02. 1. Visualize uma sequência de caráter expositivo, onde Maria Filomena Mónica se refere ao livro que lançou com a biografia de Cesário Verde, e assinale as afirmações como verdadeiras ou falsas. a. O vídeo inicia-se com a leitura de um poema de Maria Filomena Mónica. b. O interesse da autora pela poesia do Cesário deve-se ao facto de esta se rever na escrita do poeta. c. O objetivo desta publicação é criar uma polémica: “Quem é maior? Fernando Pessoa ou Cesário? d. Segundo as provas recolhidas, Fernando Pessoa é melhor do que Cesário. e. Foi Fernando Pessoa quem, 40 anos após a morte de Cesário, disse que este era um grande poeta. f. Cesário não precisou de heterónimos, mas no final do século XIX já era reconhecido. g. Os 30 poemas que Cesário deixou foram suficientes para mudar a tradição poética portuguesa. h. Cesário vê o mundo como se fosse uma criança, tem um olhar cândido. i. A nível estilístico salientam-se as metáforas fabulosas e a adjetivação original. j. Muita documentação foi encontrada na quinta de Linda-a-Pastora, antes do incêndio que a destruiu. k. A biografia de Maria Filomena Mónica baseia-se na correspondência do poeta e contextualiza a época para melhor se compreender os poemas. l. O apelo feito no final volta-se para a necessidade de se ouvir o que os professores dizem sobre o poeta. 1.1. Corrija as afirmações que assinalou como falsas. 2. FICHAS DE COMPREENSÃO DO ORAL 16 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ TESTE DE COMPREENSÃO DO ORAL — DEBATE 03. 1. Escute atentamente um primeiro segmento de um debate sobre “O estado da Língua” e preen- cha os espaços em branco. O programa radiofónico em análise versa sobre a a.____________________ e tem por base um estudo realizado em 2008 pelo ISCTE a pedido do b._____________________. Este estudo revelou que a língua portuguesa tem um valor estimado de c.____________________, ou seja, cerca de d.____________________ milhões de euros, e que é o idioma oficial de e. ____________________ países, espalhados por f. __________________ continentes, sendo falada há g.___________________ anos, como comprova um dos documentos mais antigos escritos em português: o h. ____________________. 2. Escute, agora, um segundo segmento e recolha a informação necessária para completar a tabela. Moderador Luís Caetano Entidade emissora Rádio Pública Convidados Sandra Duarte Tavares Carlos Rocha Habilitações académicas e atividade desenvolvidas Doutoranda e mestre em linguística portuguesa; docente no ISEC; autora e colaboradora de programas de rádio, com vários livros publicados, o mais recente Gramática descomplicada. a. _________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ Tópicos abordados Mudanças decorrentes do uso de abreviaturas. b. _________________________________ ___________________________________ Opiniões Os falantes fazem a destrinça entre o informal e o formal. Logo, c. __________ ___________________________________ Ex. 1: d. ___________________________ ___________________________________ Ex. 2: e.____________________________ ___________________________________ O uso de abreviaturas não tem grande impacto, sendo que, aliás, elas sempre existiram. Ex. 1: f. ____________________________ ___________________________________ ___________________________________ g. _________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ h. _________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ O acesso à cultura tornou-se muito alargado e levantou problemas enormes para o sistema . 2. FICHAS DE COMPREENSÃO DO ORAL Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 17SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL TESTE DE COMPREENSÃO DO ORAL — DISCURSO POLÍTICO 04. Acompanhe o registo fílmico feito a partir da Assembleia de República para apreensão do sentido global. 1. Complete o quadro, após um segundo visionamento. Orador a. __________________________________________________________________ Partido político representado b. __________________________________________________________________ Tema c. ___________________________ _______________________________________ Posição adotada d. __________________________________________________________________ Argumentos e. __________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ f. __________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ Exemplo g. __________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 2. Selecione a alternativa que melhor complete a definição quanto ao género textual. Este registo vídeo classifica-se como a. uma exposição sobre um tema / um discurso político, na medida em que é evidente o caráter b. demonstrativo / persuasivo do emissor, visível, por exemplo, quando declara que “os partidos políticos devem fazer escolhas, devem assumir as suas escolhas”. Além disso, o registo apresenta uma natureza predominantemente c. argumentativa / explicativa e reveste-se de uma dimensão d. ética / simbólica. 2. FICHAS DE COMPREENSÃO DO ORAL 18 SENTIDOS 11 • Livro deFichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ TESTE DE COMPREENSÃO DO ORAL — DOCUMENTÁRIO Visione o documentário com o título “Jovem casal trocou a cidade pelo campo e vive de forma ecológica”, que nos dá conta das transformações ocorridas na vida de um jovem casal. 1. Completa o quadro, após um segundo visionamento, de forma a avaliar a sua compreensão do documentário. 05. Local de fixação do casal a. ______________________________________________________ Formação académica do jovem b. ______________________________________________________ da jovem c. ___________________________ __________________________ Prioridade estabelecida na compra do terreno d. ______________________________________________________ ________________________________________________________ Processo usado para obtenção de energia e. ______________________________________________________ Posturas/atitudes ecológicas assumidas Aproveitamento de resíduos f. ______________________________________________________ ________________________________________________________ Tipo de habitação selecionada g. ______________________________________________________ ________________________________________________________ Comportamentos evidenciados h. ______________________________________________________ ________________________________________________________ Vantagens de viver no campo i. ______________________________________________________ ________________________________________________________ 19SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA FICHAS DE GRAMÁTICA 3. 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO 3.2 FICHAS GLOBAIS 3.3 FICHAS FORMAÇÃO ASA Durante o primeiro período do ano letivo de 2015/2016, a equipa de autoras do Projeto Sen- tidos dinamizou a ação de Formação A GRAMÁTICA À LUZ DOS NOVOS PROGRAMAS DE PORTUGUÊS E METAS CURRICULARES nas seguintes cidades: Porto, Coimbra, Lisboa e Faro. Desta ação resultaram vários trabalhos que, com a devida autorização dos professores envolvidos, se publicam nesta brochura. Contudo, na impossibilidade de compilar todos os excelentes trabalhos produzidos pelos professores participantes que partilharam o seu saber e a sua experiência na formação, foram selecionados, a título ilustrativo e aleatoriamente, quatro trabalhos, representativos de cada uma das cidades, e para partilhar com todos os outros professores que, por dife- rentes motivos, não puderam estar presentes. A todos um agradecimento especial da equipa. 20 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ PROCESSOS FONOLÓGICOS01. 1. Identifique os processos fonológicos que ocorrem na evolução das seguintes palavras. a. CRUDELE- > cruel b. APOTECA- > bodega c. HUMILE- > humilde d. REGE- > ree > rei e. SEMPER > sempre f. ANTE > antes g. PERSONA- > pessoa h. SPELUNCA- > espelunca i. PLUVIA- > chuva j. DIRECTU- > direito k. LEGERE > leger > leer > ler l. MACULA- > mágoa m. Monótono > monotonia n. *Parteleira – prateleira 2. Descubra, no crucigrama, os processos fonológicos que identificou nas palavras anteriores. B I P A L A T A L I Z A C A O A S I N C O P E M J L E R B S A R O X Z A R T U Y U Q H X N E S M N O E T J A K L N O F S A Q G E O P R V T Y S U J G N M V B E T R E D U Ç A O E V O C A L I C A I W A S S I M I L A C A O U A T Z A S D G U N E S E R E N I S E A X P A R A G O G E O U L J K S C S G U O A Z A L I O I A S A E A Z I R C O B R U J A R E C O T O T W F X A C Y E S E T O R P O N M Q E A R T O J Ç K O P I N M A F E R E S E W T U I O L V Z A 3. Considere os étimos a seguir apresentados e apresente, em duas frases para cada situação, palavras que integrem esses étimos. a. VITA- b. LUNA- c. OCULU- 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO 21SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ COMPLEMENTO OBLÍQUO – CASOS ESPECÍFICOS DE REGÊNCIA VERBAL02. 1. Há um número significativo de verbos que selecionam um complemento oblíquo. 1.1. Grande parte destes verbos são regidos de preposição: Exs.: (os sublinhados correspondem à função sintática do complemento oblíquo) Cesário Verde abdicou da proteção dos literatos da época. Antero de Quental discordava dos apadrinhamentos. Almeida Garrett acabou com o artificialismo típico do Barroco. Vieira preocupou-se com os mais desfavorecidos. Foram muitos os jovens que aderiram à Questão Coimbrã. Em 1875, muitos assistiram à polémica entre Antero e António Feliciano de Castilho. Padre António Vieira passou por muitas contestações dos colonos. Garrett partiu para a Terceira para se juntar às tropas liberais. abdicar de abusar de acabar com aceder a acreditar em aderir a afastar-se de apaixonar-se por apoderar-se de aspirar a assistir a atrever-se a beneficiar de brindar a candidatar-se a cansar-se de chegar a/de concordar com concorrer a confiar em contar com convencer-se de crer em cuidar de depender de desconfiar de desistir de discordar de dispor-se a dotar-se de duvidar de encarregar-se de entrar em esperar por falar de/com fugir de gostar de insistir em interessar-se por investir em ir a/para livrar-se de morar em necessitar de ocupar-se de/com olhar por opor-se a participar em partir de/para passar por/em pensar em persistir em reconciliar-se com precisar de preocupar-se com recordar-se de recorrer a renunciar a residir em sair de sofrer de sujeitar-se a suspeitar de troçar de viver em votar em zangar-se com zelar por […] 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO 22 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA 1.2. Outros, em menor número, não têm regência preposicional. A título exemplificativo: custar pesar durar portar-se medir sentir-se Exs.: (os sublinhados correspondem à função sintática do complemento oblíquo) O livro custou 15 euros. A sessão durou 30 minutos. A mesa mede dois metros. O saco pesa 12 quilogramas. O jovem sentiu-se mal. A menina porta-se bem. 2. Alguns verbos selecionam complemento direto e complemento oblíquo. É o caso de: colocar guardar meter transformar deixar levar pôr Exs: (os sublinhados correspondem ao complemento oblíquo e os negritos ao complemento direto) Antero delegou em alguns dos seus companheiros a dinamização das Conferências do Casino. – Antero delegou-a em alguns dos seus companheiros. Segundo Vieira, Santo António transformou os descrentes em crentes. – Segundo Vieira, Santo António transformou-os em crentes. A angústia existencial levou Antero ao suicídio. – A angústia existencial levou-o ao suicídio. Eça de Queirós colocou alguns dos princípios realistas em Os Maias. – Eça de Queirós colocou-os em Os Maias. Exercícios 1. Sublinhe, nas seguintes frases, os constituintes que desempenham as funções sintáticas de complemento direto e circunde os que desempenham a função sintática de complemento oblíquo. a. Os colegas do João discordaram da sua escolha. b. São muitos os jovens que facilmente aderem a campanhas de solidariedade. c. Os jovens, que são empreendedores, transformam as dificuldades em oportunidades. d. Muitos estudantes, aproveitando o projeto Erasmus, partem para o estrangeiro. e. A aula durou, excecionalmente, o dobro do tempo. f. Esta turma nunca se portou mal. g. Um aluno arrumado coloca os livros nas respetivas prateleiras. 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO Nome: ______________________________________________________N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 23SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL FUNÇÕES SINTÁTICAS03. 1. Identifique as funções sintáticas dos constituintes sublinhados nas frases seguintes. a. A linguagem do “Sermão de Santo António” é difícil de perceber. b. Vieira levou os seus sermões até ao Brasil. c. Padre António Vieira instalou-se em São Salvador da Baía. d. A ação do orado orador Vieira foi criticada pelos colonos. e. As manifestações dos colonos brasileiros eram frequentes. f. Vieira leu alguns dos seus sermões a D. Pedro IV. g. A beleza do sermão vieiriano resulta da arquitetura da linguagem. h. Padre António Vieira publicou o seu último sermão na cidade de Pernambuco. i. Os conhecimentos de Eça de Queirós valeram-lhe o êxito literário. j. A discussão sobre a literatura ocorre no episódio do jantar no Hotel Central. k. A diferença entre Os Maias e A ilustre casa de Ramires é enorme. l. Os alunos consideram a poesia de Antero de Quental fascinante. m. Antero de Quental pensou nos mais desfavorecidos. n. Antero viveu infeliz. o. O livro com a poesia completa de Antero custou 15 euros. p. Os alunos acharam alguns poemas de Antero depressivos. q. Os resultados escolares causaram polémica. r. O professor estava seguro da matéria selecionada. s. Encontrei o aluno sozinho na sala. 2. Sublinhe e classifique as orações subordinadas nos enunciados a seguir apresentados. a. Santo António louvava a Deus ainda que criticasse os homens. b. Os colonos que criticavam as pregações de Vieira quiseram expulsá-lo do Brasil. c. Vieira ordenou aos colonos que parassem com a exploração dos índios. d. É provável que os colonos andassem aflitos com as críticas de Vieira. e. Antero perguntou aos companheiros como correra a sessão no Casino Lisbonense. f. Os alunos afirmaram que leram “O sentimento dum ocidental”. g. Alguns alunos perguntaram quem escrevera esse poema. h. Este jovem ofereceu à colega o livro que os pais lhe tinham dado. i. Os professores pediram para lermos os poemas expressivamente. 2.1. Indique a função desempenhada pelas orações identificadas. 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 24 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ORAÇÕES04. 1. Estabeleça a correspondência entre cada uma das orações destacadas na coluna A e a sua classificação na coluna B. Coluna A Coluna B [A] O texto garrettiano que mais apreciei foi Frei Luís de Sousa. [1] Oração coordenada adversativa [B] Garrett perguntava se o papel do escritor era o silêncio. [2] Oração subordinada substantiva relativa [C] Quem lê atentamente Antero de Quental percebe a sua angústia existencial. [3] Oração subordinada substantiva completiva [D] Eça de Queirós foi tão crítico que chocou mentalidades. [4] Oração subordinada adjetiva relativa restritiva e oração coordenada disjuntiva [E] Ainda que muitos criticassem Cesário, Pessoa considerou-o um mestre. [5] Oração coordenada conclusiva [F] Cesário Verde foi inovador mas foi incompreendido na sua época. [6] Oração subordinada adjetiva relativa restritiva [G] Cesário percorria os locais onde vivia ou viveu. [7] Oração subordinada adverbial concessiva [H] Cesário morreu muito jovem, logo não assistiu ao seu reconhecimento. [8] Oração subordinada adverbial consecutiva 2. Transforme as frases simples em frases complexas, recorrendo a conjunções ou locuções conjuncionais coordenativas com o valor lógico indicado entre parênteses. a. Julgo que Cesário era pouco reconhecido. Poucos literatos privavam com ele. (Explicativa) b. Alguns escritores contemporâneos de Antero consideravam-no um revolucionário. Outros re- conheciam já o seu talento. (Adversativa) 3. Classifique as orações sublinhadas e o “que” que as introduz. a. Pessoa afirmou que admirava Antero de Quental, Cesário Verde e Camilo Pessanha. b. Este é o poema de Cesário que mais críticas suscitou. c. Cesário optou pelo campo para cuidar da sua saúde. d. Antero ficou tão irritado com Castilho que o desafiou para um duelo. e. Este texto, que todos os estudantes de Coimbra leram, deu azo a inúmeras especulações. 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 25SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL COESÃO E COERÊNCIA05. 1. Una as duas frases de cada alínea, subordinando a segunda à primeira. a. (1) A chuva é essencial, embora a maioria das pessoas não tenha consciência disso. (2) A chuva é fonte de vida. b. (1) Cesário reconhece o valor da chuva e do sol para a agricultura. (2) A atividade comercial de Cesário depende dos recursos naturais. c. (1) O planeta Terra é essencial à vida humana, apesar de muitos não o preservarem. (2) Extraímos os nossos alimentos do planeta Terra. d. (1) Na cidade, as pessoas esquecem que a harmonia do planeta depende do equilíbrio entre os dias de sol e os dias de chuva. (2) Na cidade já não se tem noção da origem dos alimentos. 2. Detete o uso indevido do relativo e reescreva o segmento textual, corrigindo-o. As comemorações do centenário do Orfeu decorreram na reitoria da Universidade do Porto, cidade cuja eu nasci, e duraram quatro semanas. As atividades que abrilhantaram os festejos realizaram-se na sala magna onde se assistiu à primeira conferência em que deu início às festi- vidades. O ponto alto das solenidades foi o momento onde o cineasta falou do filme cujo retrata a vida do grupo de intelectuais fundadores da revista. 3. Leia os seguintes segmentos textuais, retirados da revista Saúde & Lar (novembro 2015, p. 24) que se apresentam de forma desordenada. (A) Mas é sempre positivo tentar calçar os sapatos da outra parte com a qual temos de conviver. (B) Assim, quando reivindicares o teu merecido direito à liberdade, não te esqueças de que os adultos sacrificaram mais do que uma vez esse mesmo direito para satisfazer as tuas neces- sidades, ou simplesmente os teus gostos. (C) Além disso, o teu intenso sentido de justiça não vai permitir que esqueças que a todo o direito corresponde um dever. (D) É normal que a tua energia juvenil te leve a pensar que necessitas de, e mereces, uma maior independência; mas ao mesmo tempo – a sinceridade acima de tudo – dás-te conta de que te faz falta o apoio dos teus pais e professores. (E) Os jovens têm dificuldade em compreender algumas das atitudes dos adultos. E é lógico que assim seja, porque às diferenças de idade juntam-se as provocadas pelas profundas modifica- ções culturais e sociais com que temos de conviver. 3.1. Ordene-os de modo a obter uma sequência coesa e coerente. 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 26 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL MODOS DE RELATO DE DISCURSO06. Leia os seguintes excertos de Os Maias. 1. Destaque frases ou segmentos reveladores da presença dos três modos de relato do discurso. Texto A − E a filha? − perguntou Pedro, que o escutara, sério e pálido. Mas isso não o sabia o amigo Alencar. Onde a arranjara assim tão loira e bela? Quem fora a mamã? Onde estava? Quem a ensinara a embrulhar-se com aquele gesto real no seu xale de Caxemira?... − Isso, meu Pedro, são mistérios que jamais pôde Lisboa astuta devassar e só Deus sabe! Em todo o caso quando Lisboa descobriu aquela legenda de sangue e negros, o entusiasmo pelaMonforte calmou. Que diabo! Juno tinha sangue de assassino, a beltà do Ticiano era filha de negreiro! As senhoras, deliciando-se em vilipendiar uma mulher tão loira, tão linda e com tan- tas joias, chamaram-lhe logo a “negreira”! […] Assim, depois de passarem em Lisboa o primeiro inverno, os Monfortes sumiram-se: pois disse-se logo, com furor, que estavam arruinados, que a polícia perseguia o velho, mil perversidades... Eça de Queirós, Os Maias (cap. I), Livros do Brasil, 28.a ed., p. 25. Texto B Pedro um dia ouviu isto, e escandalizou-se: ela replicou desabridamente: e diante daquela face abrasada, onde entre lágrimas os olhos azuis pareciam negros de cólera, ele só pôde balbu- ciar timidamente: − É meu pai, Maria... Seu pai! E à face de toda a Lisboa tratava-a então como uma concubina! Podia ser um fidalgo, as maneiras eram de vilão. Um “D. Fuas”, um “Barbatanas”, nada mais!... Arrebatou a filha, e abraçada nela, romperam as queixas por entre os prantos: − Ninguém nos ama, meu anjo! Ninguém te quer! Tens só a tua mãe! Tratam-te como se fosses bastarda! […] E ele, por fim, no seu coração, justificava aquela cólera de mãe que vê desprezado o seu anjo. De resto, mesmo alguns amigos de Pedro, o Alencar, o D. João da Cunha, que começavam agora a frequentar Arroios, riam daquela obstinação de pai gótico, amuado na província, porque sua nora não tivera avós mortos em Aljubarrota! E onde havia outra em Lisboa, com aquelas toilet- tes, aquela graça, recebendo tão bem? Que diabo, o mundo marchara, saíra-se já das atitudes empertigadas do século XVI! E o próprio Vilaça, um dia que Pedro lhe fora mostrar a pequerruchinha adormecida entre as rendas do seu berço, sensibilizou-se, veio-lhe uma das suas fáceis lágrimas, declarou, com a mão no coração, que aquilo era uma caturrice do sr. Afonso da Maia! Eça de Queirós, Os Maias (cap. II), Livros do Brasil, 28.a ed., pp. 34-35. 5 10 5 10 15 3.1 FICHAS DE CONTEÚDO ESPECÍFICO Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 27SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 01. 3.2 FICHAS GLOBAIS Leia o texto e responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Último Natal descrente Os crentes e confessos de verdade são quase sempre pessoas sumamente perigosas. Acreditam em tudo e mais alguma coisa: nas estações do ano, no novo acordo ortográfico, na Europa unida […]. Foram elas, sem margem para dúvidas, que mandaram colocar em todos os mupis1 de Lisboa um anúncio a uma revista mais ou menos pornográfica (de cujo nome não quero recordar-me) com uma frase irónica, escrita em letra maiúscula: “EU ACREDITO NO PAI NATAL”. Tanto quanto me recordo, trata-se de um senhor de provecta idade, muito barbado de branco, um tanto barrigudo e com um saco cheio de cães e gatos a pender do ombro. Alegre, bonacheirão, um pouco apaler- mado – porque só pode ser de um palerma aturar tanta criançada, tanta neve, tanto trenó vindo da Lapónia e manter, ainda assim, toda aquela bonomia de santo presenteiro. Não sei quem a disse, mas nunca mais esqueci uma frase justa e lapidar, que vai bem com esta moral de dezembro e com o meu espírito natalício: “Os ricos têm todas as razões para acreditar em Deus. Os pobres limitam-se a crer no papa”. Certamente um filósofo. Alemão ou holandês: têm sempre nomes muito difíceis de fixar. Tudo em nós sobe da infância para a idade, numa ascensão do sonho para o desencanto da verdade e da vida. Lembro-me da primeira prenda de Natal que me deram: um pacotinho de alfarrobas vindas de fora (não existiam nos Açores). Umas vagens quase doces, de uma cor quaresmal imprópria para a época. Não gostei dessa partida do Menino Jesus, e nunca mais voltei a pôr o sapato na chaminé. Deixei de crer, cortei relações com ele. Mas isso não obstou a que, muitos e muitos anos mais tar- de, eu lhe tivesse dedicado um breve conto autobiográfico, “Ouro, Incenso e Mirra”, escrito a pedido. Foi lido na televisão e comoveu os olhos da minha mulher até às lágrimas. Um texto pungente de poesia e dos seus contrários; desprovido da fé e dos dogmas da catequese, mas tocado pela es- piritualidade do maravilhoso cristão, tal qual o concebemos no Ocidente. O problema é que, não sendo eu nem pobre nem rico, aquela frase acerca de Deus e do papa não me assenta bem nem com inteira justeza literária. E agora o tempo, o folgado e rijo e impiedoso tempo, corre contra mim. Estou para ser avô de uma menina a quem, um dia, espero vir a contar histórias de Natal que enformem em si o universo do mundo familiar. Esse é desde já um sarilho ou um desafio para mim, e não pequeno, porque é suposto um avô transmitir crenças e histórias com final feliz a uma netinha imanentemente amada que virá em breve ao mundo para me salvar da dor e dos amargores do ceticismo. Este é, por conseguinte, o último Natal em que não creio (ou não creio nele em sintonia com mui- tas outras pessoas). No ano que vem, sim, conto estar de regresso e reconvertido ao presépio, à con- soada e à obra de caridade dos presentes (mesmo sem subsídio de Natal, graças ao Sr. Gaspar – não o rei Mago, mas aquele lambido das Finanças). Dito o que, venho pedir licença de passagem para o meu último soneto de ateu – à conta das tais alfarrobas, de Deus e de todos os papas e doutores da Igreja. Prometo desde já ter mais juízo e ser decente para o ano que vem – não vá pensar-se que serei um avô degenerado ou que a minha futura netinha não foi suficientemente desejada também pela fé da família! João de Melo, in Jornal de Letras, edição online de 21 de dezembro de 2015 (consultado em janeiro de 2016). Nota: João de Melo escreveu a pedido do JL esta história sobre o Natal. 1MUPI, marca registada francesa, de Mobilier Urbain Pour l’Information – painel urbano para informações ou publicidade FICHA GLOBAL 5 10 15 20 25 30 35 28 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 3.2 FICHAS GLOBAIS 1. Pelo conteúdo do segundo período do texto, percebe-se que João de Melo (A) descrê da publicidade. (C) ironiza com todo o tipo de crentes. (B) acredita no pai Natal. (D) critica o acordo ortográfico. 2. O recurso às aspas no primeiro parágrafo justifica-se pelo facto de (A) citar o título do anúncio visionado. (B) reproduzir as palavras do pai Natal. (C) se tratar de um título de um texto. (D) ser uma citação de uma obra do autor. 3. Com a afirmação “Tudo em nós sobe da infância para a idade, numa ascensão do sonho para o desencanto da verdade e da vida.” (ll. 14-15), o autor pretende dizer que (A) só os adultos podem continuar a sonhar. (B) o desencanto e o sonho são características dos adultos. (C) a idade ensina-nos a ter consciência da realidade. (D) ao passarmos para a idade adulta, o sonho torna-se uma constante da vida. 4. O elemento sublinhado em “eu lhe tivesse dedicado um breve conto autobiográfico” (l. 19) refere-se (A) ao pai Natal. (C) ao sapato na chaminé. (B) à prenda de Natal. (D) ao Menino Jesus. 5. Na frase “Deixei de crer, cortei relações com ele.” (l. 18) o constituinte sublinhado desempenha a função sintática de (A) complemento oblíquo. (C) complemento do adjetivo. (B) modificador restritivo do nome. (D) complemento do nome. 6. A oração “que enformem em si o universo do mundo familiar.” (l. 26) é subordinada (A) substantiva completiva. (C) adverbial consecutiva. (B) adverbial causal. (D) adjetiva relativa restritiva. 7. A afirmação “No ano que vem, sim, conto estar de regresso e reconvertido ao presépio, à consoada e à obra de caridade dos presentes” (ll. 31-32) encerra uma (A) ironia. (C) comparação. (B) enumeração. (D) hipérbole. 8. Divida e classifique as orações presentes no enunciado “Não sei quem a disse, mas nunca mais esqueci uma frase justa e lapidar, que vai bem com esta moral dedezembro e com o meu espírito natalício” (ll. 10-11). 9. Identifique o referente do pronome pessoal “a” utilizado na frase anterior. 10. Indique a função sintática dos constituintes sublinhados em “aquela frase acerca de Deus e do papa não me assenta bem nem com inteira justeza literária” (ll. 23-24). Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 29SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 3.2 FICHAS GLOBAIS 02. Leia o texto e responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Crianças, Livros e Leitura Para a nossa conversa de hoje decidi trazer como tema os livros e a leitura, sobretudo no que respeita aos mais novos e ao tempo fora da escola. Muitos estudos e a experiência mostram que os hábitos de leitura são pouco consistentes entre as crianças, adolescentes e jovens como, sem surpresa, também o são entre a população em geral. Por outro lado, também sabemos que a existência de hábitos de leitura e o contacto regular com livros no ambiente familiar são contributos muito importantes para a construção de percursos es- colares e educativos bem-sucedidos. Sabemos ainda o quanto é positivo que os pais ou outros “mais crescidos” se envolvam com as crianças, mesmo em idade de jardim de infância, em práticas de leitura e de atividades com os livros para, por exemplo, contar histórias a partir das imagens. Lembro-me de ouvir o Mestre João dos Santos afirmar que as crianças aprendem a ler desde que abrem os olhos. É verdade que os estilos de vida atuais ou a quantidade de tempo que muitas crianças passam nas instituições educativas podem minimizar a disponibilidade familiar para este tipo de ativida- des depois de dias muito compridos e cansativos para todos. Também sei que os livros e materiais desta natureza têm uma concorrência fortíssima com ou- tro tipo de materiais, jogos ou consolas por exemplo, e que nem sempre é fácil levar as crianças a outras opções, designadamente aos livros. Apesar de tudo isto, também sabemos todos que é possível fazer diferente, mesmo que pouco diferente e com mudanças lentas. Estamos no tempo do Natal, no tempo da família, no tempo dos presentes embora eu sempre diga que mais do que os presentes importam os futuros que preparamos para os miúdos. Neste entendimento poderíamos experimentar oferecer livros e tempo para com eles brincar. Os livros e materiais desta natureza quando usados em comum têm ainda uma mais-valia: ali- mentam a relação entre adultos e crianças, um bem de primeira necessidade, como sabem. A história que se conta a partir das imagens a crianças que ainda não sabem ler ou a leitura partilhada são patamares motivadores e contributivos para a leitura autónoma, competente, que se torna uma ferramenta imprescindível para o acesso ao saber, a todos os saberes. É claro que à escola compete um trabalho de ensino da leitura e também de construção de hábitos de leitura. Este trabalho imprescindível e continuado, que nem sempre decorre da forma mais adequada por razões que um dia aqui abordaremos, pode minimizar efeitos da menor atenção familiar a estes aspetos. No entanto, não é suficiente para dispensar o que nos contextos familiares pode ser feito a propósito da leitura e da importância dos livros. Por todas estas razões e de uma forma intencionalmente muito simples, seria desejável que nos convencêssemos todos, professores, pais e outros intervenientes na vida de crianças e jovens, que só se aprende a ler, lendo, só se aprende a escrever, escrevendo, só se aprende a andar, andando, só se aprende a falar, falando, a decidir, decidindo, etc., etc. José Morgado, in Visão, edição online de 29 de dezembro de 2015 (consultado em janeiro de 2016). FICHA GLOBAL 5 10 15 20 25 30 35 30 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 1. Os dois primeiros parágrafos dão conta da falta de hábitos de leitura por parte (A) dos mais novos. (C) dos adolescentes. (B) das crianças. (D) da população em geral. 2. A existência de hábitos de leitura e o contacto com livros (A) inviabilizam percursos escolares e educativos bem-sucedidos. (B) potenciam relações familiares mais fortes e mais animadas. (C) contribuem para percursos escolares e educativos bem-sucedidos. (D) fazem com que jovens e adultos encarem, mais tarde, os livros com desprezo. 3. As atividades relacionadas com a leitura são afetadas negativamente (A) pela existência de outros materiais mais apelativos. (B) pelos estilos de vida atuais e pela falta de tempo. (C) pelas instituições educativas que não as potenciam. (D) pelas horas de trabalho exigidas aos adultos. 4. O terceiro parágrafo do texto é constituído por (A) quatro orações: uma subordinante, duas coordenadas e uma subordinada adverbial. (B) duas orações: uma subordinante e outra subordinada adjetiva relativa restritiva. (C) três orações: uma subordinante e duas coordenadas copulativas. (D) duas orações: uma subordinante e outra subordinada substantiva completiva. 5. Os constituintes sublinhados em “a existência de hábitos de leitura e o contacto regular com livros no ambiente familiar são contributos muito importantes” (ll. 5-6) têm a função sintática de (A) sujeito e complemento direto. (B) modificador do nome restritivo e complemento direto. (C) sujeito e predicativo do sujeito. (D) sujeito e complemento oblíquo. 6. A afirmação “Estamos no tempo do Natal, no tempo da família, no tempo dos presentes” (l. 20) ilustra uma (A) personificação. (C) hipérbole. (B) enumeração. (D) comparação. 7. O segmento “para o acesso ao saber, a todos os saberes” (l.27) corresponde ao (A) complemento do adjetivo. (C) modificador do nome apositivo. (B) complemento do nome. (D) modificador do nome restritivo. 8. Identifique no primeiro parágrafo um deítico temporal, explicitando o seu referente. 9. Identifique os processos fonológicos presentes na sequência VERITATE- > verdade. 10. Crie um campo lexical de quatro palavras, considerando o vocábulo “leitura”. 3.2 FICHAS GLOBAIS Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 31SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL Leia o texto e responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Até agora não houve resposta Há, em Itália, uma instituição fascinante. Na fronteira entre a Toscana e a Úmbria, o povoado de Pieve Santo Stefano tornou-se a “Cidade do Diário”, porque passou a hospedar, desde os anos 1980, o arquivo diarístico italiano, uma instituição pública que recolhe escritos de pessoas comuns. Os documentos são, na sua maioria, correspondência privada, diários que não passaram do caderno onde foram redigidos, relatos de família ou memórias autobiográficas, e todo um mundo textual que vai dos livros de receitas aos apontamentos de viagem, dos conta correntes de mercearia a es- critos anónimos de natureza política ou mística, conservados muitos deles em suportes precários e insólitos. […] Os que constroem o acervo daquele arquivo não foram protagonistas do seu tempo, não chegaram a ser escutados ou conhecidos senão pelos seus, e ninguém identificou neles nada de extraordinário. Mas, exatamente por isso, a sua existência reflete sob várias formas (e de forma ardente, creio) a vida de todos. […] Ora, foi desta instituição que me recordei ao aceder agora ao volume de relatos de vida dos sem-abrigo que pernoitam na Associação de Albergues Noturnos de Lisboa. O livro chama-se Pomar, foi em boa hora editado por aquela associação, e deve o trabalho de antologiador a Rodrigo Barros, que recolheu, com cuidados de antropólogo, o testemunho de quatro dezenas de informantes, o suficiente para traçar um retrato desarmante do Portugalcon- temporâneo. […] Os protagonistas destas histórias são sobreviventes. Mas são-no todos os dias, numa infelicidade e num (anti) heroísmo que ignoramos. Das seis da tarde às oito da manhã do dia seguinte são recebidos no albergue e depois têm a rua. As histórias que contam mostram um seu retrato. E dão-se a ver: vulneráveis, deslocados, retraídos quando falam da família ou do que sentem, mas também surpreendentemente expansivos e articulados, autoirónicos, violentados, desempregados de longo prazo à cata de pequenos expedientes que lhes garantam, uns trocos ou sem coragem sequer para isso, criativos, suaves, lacónicos, regionais e viajados, com visível prazer em detalhar as aventuras que viveram ou observando um voto de silêncio como se tivessem a boca costurada, paranoicos, indefesos, soterrados de solidão, parados e ainda à espera. Ainda à procura? Um dos textos mais espantosos é de um sem-abrigo que cria uma ficção: “Nasci no planeta XKL 23 Omnipotentis. Sou um chimita. Foi por acidente que a minha nave veio parar aqui à terra. Foi depois de passarmos por Andrómeda que os problemas começaram… Lá em cima parece tão bonita a Terra. Cá em baixo é uma confusão. Não me adapto. Construí um emissor para enviar mensagens de socorro a XKL Omnipotentis. Até agora não houve resposta”. José Tolentino Mendonça, in A Revista – Expresso, edição 2240, 2 de outubro de 2015, p. 88. 1. A “ Cidade do Diário” é um povoado célebre (A) por albergar importantes documentos escritos italianos provenientes de eras remotas. (B) por recolher escritos italianos de inegável valor, embora oriundos de pessoas comuns. (C) devido à preservação de documentos diversos, escritos por pessoas comuns e que apresentam apenas valor pessoal. (D) pela preservação de documentos históricos, recolhidos por pessoas comuns. 03. FICHA GLOBAL 5 10 15 20 25 3.2 FICHAS GLOBAIS 32 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 2. A alusão ao espólio de Pieve Santo Stefano justifica-se (A) por servir de justificação para o desenvolvimento do tema do texto. (B) porque se estabelece um paralelo entre a importância desta localidade e a Associação de Al- bergues Noturnos de Lisboa. (C) por ter servido de inspiração para o trabalho da Associação de Albergues Noturnos de Lisboa. (D) uma vez que é constituído por textos escritos por pessoas comuns tal como a antologia de Rodrigo Barros, intitulada Pomar. 3. Para indicar o conteúdo do acervo da “Cidade do Diário”, o emissor serve-se de (A) uma sequência enumerativa. (B) uma metáfora. (C) um conjunto de frases exclamativas. (D) metáforas e comparações. 4. A leitura dos textos da antologia Pomar permite conhecer seres (A) revoltados com a sociedade que os marginalizou. (B) ao mesmo tempo vulneráveis e argutos, mas que não perderam ainda a esperança. (C) que vivem às custas do albergue e não apresentam vontade de mudar de vida. (D) lunáticos que desconhecem a realidade social do país em que vivem. 5. A utilização dos parênteses em “(e de forma ardente, creio)” (ll. 10-11) justifica-se por se tratar (A) de uma explicação. (B) de um comentário irónico à ideia anteriormente expressa. (C) da clarificação da ideia expressa anteriormente. (D) de um juízo de valor sobre a ideia anteriormente expressa. 6. O conector “Ora” (l. 11), no contexto em que surge, introduz no discurso (A) uma ideia de tempo. (B) um tópico que se opõe ao anterior. (C) uma progressão, com uma nova ideia que tem como base a anterior. (D) uma progressão, com uma ideia de alternativa. 7. O conector “como” (l. 23), no contexto em que surge tem um valor (A) comparativo. (C) consecutivo. (B) causal. (D) aditivo. 8. Indique a função sintática do elemento sublinhado em “Os protagonistas destas histórias são sobreviventes” (l. 16). 9. Classifique a oração “que contam” (l. 18). 10. Indique a subclasse a que pertence o verbo nascer, no contexto em que surge (l. 25). 3.2 FICHAS GLOBAIS Nome: ______________________________________________________ N.O: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________ 33SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 04. Leia o texto e responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Trajeto literário Tendo nascido em 25 de novembro de 1845, na Póvoa do Varzim, Eça de Queirós morreu em 16 de agosto de 1900, em Paris. Os seus primeiros escritos são os de um jovem que, em meados dos anos 1860, enuncia um discurso temática e estilisticamente inusitado; são esses textos, publicados na Gazeta de Portugal (1866-67) e postumamente reunidos nas Prosas bárbaras (1903), que refletem a imagem de um Eça romântico, com tonalidades satânicas e panteístas. O trajeto literário queirosiano, depois da Gazeta de Portugal e de uma breve experiência como jornalista (no Distrito de Évora), passa pela atividade do Cenáculo, que levou à criação do poeta imaginário C. Fradique Mendes, com Batalha Reis e Antero. Antes das Conferências do Casino, Eça colabora com Ramalho Ortigão n’O mistério da estrada de Sintra, obra em que se cruzam o enigmá- tico de extração romântica, o satanismo decadentista, o entramado do relato policial e a análise de costumes. A dimensão de crítica social e de intervenção cívica emerge em Eça sobretudo quando das Conferências do Casino (1871) e da publicação d’As Farpas (1871-1872), estas de parceria com Ramalho; desenrola-se, assim, uma atividade orientada para a reforma de costumes, a exemplo do que fizera o Flaubert de Madame Bovary e sob a influência de Proudhon e de Taine. A aventura d’As Farpas materializa-se num conjunto de folhetos, de publicação periódica, onde Eça e Ramalho fazem o processo crítico da sociedade portuguesa. É no estrangeiro, como cônsul em Newcastle e em Bristol, que Eça escreve O primo Basílio (1878) e O crime do padre Amaro (3.a versão: 1880). E é também porque, com exceção de algumas estadias, se encontra ausente de Portugal, que Eça se vai convencendo das dificuldades de uma escrita que exigia observação atenta da realidade. […] Enquanto cultor do romance, Eça de Queirós constitui, na literatura portuguesa, um caso absolutamente invulgar de agilidade técnica e de capacidade de ajustamento da linguagem da nar- rativa a temas e a motivos que dela careciam. Eça não se limitou ao culto do romance; no contexto da sua produção, o conto ocupa um lugar também significativo, não raro em conjugação temática com os romances publicados. Para além disso, Eça cultivou ainda a crónica; desde o Distrito de Évora, pode dizer-se que jamais o escritor abandonou um género que requeria uma contínua atenção ao real, nele se exercitando também a atitude do romancista interessado no contemporâneo. Publicações como a Gazeta de Notícias, A Atualidade, a Revista moderna e naturalmente a Revista de Portugal foram órgãos privilegiados por uma escrita cronística que propiciou aos leitores portugueses e brasileiros um contacto estreito com a vida cultural, política e social da Europa. https://queirosiana.wordpress.com/trajeto-literario/ (consultado em janeiro de 2016). 1. Os primeiros trabalhos literários de Eça de Queirós (A) refletem um escritor de índole satânica. (B) deixam antever um escritor diferente tanto no estilo como nas temáticas abordadas. (C) foram publicados em 1903. (D) foram escritos enquanto exerceu a sua atividade no jornal Distrito de Évora. 5 10 15 20 25 30 FICHA GLOBAL 3.2 FICHAS GLOBAIS 34 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 2. A participação do escritor nas Conferências do Casino (A) originou um conjunto de escritos de natureza policial. (B) fez nascer a vontade de Eça de participar na vida política portuguesa. (C) conduziu o autor a uma escrita reflexiva orientada para a crítica de costumes. (D) determinou uma tendência literária oposta aos princípios veiculados pelospensadores Prou- dhon e Taine. 3. Através da sua obra dispersa por diversos órgãos de imprensa, Eça (A) deu a conhecer aos portugueses aspetos importantes da vida cultural do país. (B) divulgou, junto de portugueses e de brasileiros, aspetos importantes da vida literária de New- castle e de Bristol. (C) refletiu abundantemente sobre a vida política de Portugal e da Europa. (D) permitiu a portugueses e a brasileiros um melhor conhecimento da Europa a nível social, polí- tico e cultural. 4. No contexto em que surge, o verbo refletir (l. 4) classifica-se como (A) intransitivo. (C) copulativo. (B) transitivo direto. (D) transitivo predicativo. 5. O vocábulo “emerge” (l. 11), no contexto em que surge, pode ser substituído por (A) some-se. (C) sobrevém. (B) anula-se. (D) cessa. 6. O conector “Para além disso” (ll. 25-26) introduz no discurso (A) uma síntese das ideias expressas anteriormente. (B) um novo tópico. (C) um exemplo que confirma a ideia anteriormente expressa. (D) um segmento que contraria a ideia anteriormente expressa. 7. No segmento “que jamais o escritor abandonou um género que requeria uma contínua atenção ao real” (ll. 26-27) verificam-se, respetivamente, uma oração (A) subordinada adverbial consecutiva e uma oração subordinada adjetiva restritiva. (B) subordinada adverbial consecutiva e uma oração subordinada adjetiva explicativa. (C) subordinada substantiva completiva e uma oração subordinada adjetiva explicativa. (D) subordinada substantiva completiva e uma oração subordinada adjetiva restritiva. 8. Classifique a oração “que levou à criação do poeta imaginário C. Fradique Mendes” (ll. 7-8). 9. Classifique a palavra que introduz a oração “que dela careciam” (l. 23). 10. Transcreva o referente do pronome relativo “que” (l. 30). 3.2 FICHAS GLOBAIS 35SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL SINTAXE E COESÃO Leia atentamente o texto. Um viajante solitário Caminho sozinho. Quase sempre. É mais bonito, e toda esta caminhada extenuante se justifica precisamente pela beleza grandiosa e irrepetível desta autoestrada dos primórdios do planeta. Mui- tas das rochas visíveis na falésia têm 2000 milhões de anos. O desfiladeiro é bastante mais recente, qualquer coisa como 50 milhões foi o tempo que o rio precisou para escavar este lenho de cerca de 600 metros de profundidade. Durante os primeiros dois dias, a margem direita é demasiado vertical para permitir o passo humano e mantenho-me no lado esquerdo do rio. Enormes calhaus atravancam o caminho, que é por sua vez de areia fina e mole. Ou me encontro a trepar uma falésia, ou a saltar uma vara, ou a contornar um rochedo, ou a afundar-me na areia. A marcha é lenta e inglória, mas a paisagem tudo justifica. No primeiro dia percorro sete quilómetros, no segundo dia, oito. Uma média de um quilómetro por hora. Estou estupefacto e preocupado: com esta média, quantas semanas serão necessárias para perfazer os 90 quilómetros? A partir do terceiro dia, as margens alargam-se, o passo agiganta-se. Mas em cada nova curva do desfiladeiro sou obrigado a atravessar o rio para a margem interior da curva. Sigo a lógica da erosão: a corrente ataca com mais força o lado de fora, escavando o terreno até ficar apenas a falésia a pique sobre a superfície da água. No quarto dia, atravesso o rio seis vezes, no quinto dia, oito. No total dos dias, terei que saltar de margem em margem vinte e duas vezes. Cada travessia implica um processo lento de tirar a roupa e amarrá-la no topo da mochila, depois colocar a mochila aci- ma dos ombros e então avançar tateando com um cajado pelo caudal imperscrutável e lamacento; na margem oposta, o processo oposto de desamarrar a roupa, vestir-me, e secar bem os pés para não criar bolhas. Perdi completamente de vista o grupo com quem devia caminhar. Prossigo nesta solidão maravilhada sem qualquer inquietude pelo ambiente inóspito e adverso, movo-me com precisão instintiva, avanço ligeiro. Como um qualquer nómada paleolítico que tenha vivido aqui. De vez em quando, encontro outros caminhantes, mas os ritmos das pernas são diferentes, e a companhia dura pouco. Duas vezes por dia passa um pequeno Cessna lá no alto, transportando uma meia dúzia de turistas de luxo que talvez me vejam caminhar aqui em baixo. Cada qual tem a sua perspetiva, porque eu não troco a minha pela deles. As noites são o melhor destes dias de pasmo e esgotamento. Quando a luz começa a diminuir, procuro uma praia solitária e seca para passar a noite. Janto frugalmente fruta seca, sopas instantâ- neas, arroz pré-cozido, biscoitos, chá. Durmo sem tenda, ao relento, improvisando um abrigo para a humidade da madrugada. E, antes de adormecer, contemplo durante horas o céu do Sul, devoro com sofreguidão as estrelas do deserto da Namíbia, as mais límpidas estrelas do mundo. Como se tivesse medo de as esquecer, um dia, mais tarde, em outros planisférios da vida, em outras andan- ças do olhar. Gonçalo Cadilhe, África acima, Alfragide, Oficina do Livro, 8.a ed, 2007, pp. 43-45. 5 10 15 20 25 30 3.3 FICHAS — FORMAÇÃO ASA 01. CÉLIA FONSECA · MARIA ALICE MACHADO · MARIA JOSÉ VARANDA · OLGA COELHO Colégio D. Dinis Escola ES/3 Maia Escola ES/3 Maia Escola ES/3 MaiaPORTO 36 SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL 1. Considere as seguintes frases. (A) “Caminho sozinho.” (l. 1) (B) “as margens alargam-se”. (l. 12) (C) “Duas vezes por dia passa um pequeno Cessna lá no alto”. (l. 24) (D) “que talvez me vejam caminhar aqui em baixo.” (l. 25) 1.1 Identifique as afirmações verdadeiras e falsas. a. Em (A), o sujeito é indeterminado. b. De entre as frases elencadas, apenas uma apresenta um sujeito sob a forma de pronome. c. As frases (B) e (D) apresentam um sujeito composto. 2. Faça corresponder os constituintes presentes (coluna A) à respetiva função sintática (coluna B). Coluna A Coluna B [A] “desta autoestrada” (l. 2) [B] “para permitir o passo humano” (l. 6) [C] “lenta e inglória” (l. 9) [D] “estupefacto e preocupado” (l. 10) [E] “do desfiladeiro” (l. 13) [F]“acima dos ombros” (ll. 17-18) [G] “aqui” (l. 22) [1] Complemento oblíquo [2] Predicativo do sujeito [3] Complemento do nome [4] Complemento do adjetivo [5] Modificador do nome restritivo 3. Complete os espaços com a informação requerida. Considere os exemplos apresentados. Exemplos textuais Processos / mecanismos de coesão Justificação “que é por sua vez de areia fina e mole” (l. 7) Gramatical – referencial (anáfora) Retoma do referente “(o) caminho” “Ou me encontro a trepar” (ll. 7-8) a. b. “ No primeiro dia percorro sete quilómetros, no segundo dia” (ll. 9-10) Lexical - repetição c. “amarrá-la no topo” (l. 17) d. e. “ depois colocar a mochila acima dos ombros e então avançar tateando” (ll. 17-18) Gramatical – Temporal f. “ Cada travessia implica um processo lento de tirar a roupa e amarrá-la […] desamarrar a roupa, vestir-me” (ll. 16-19) g. h. “ Quando a luz começa a diminuir, procuro uma praia solitária e seca” (ll. 27-28) i. j. “Como se tivesse medo de as esquecer” (ll. 31-32) k. l. 3.3 FICHAS - FORMAÇÃO ASA 37SENTIDOS 11 • Livro de Fichas • ASA E D I T Á V E L FOTOCOPIÁVEL COERÊNCIA E COESÃO + Comemoração do “Dia dos Namorados”02. ANABELA ALEIXO LOURO · EUGÉNIA PARDAL · MARGARIDA ALMEIDA · GORETI MORGADO AE Ansião EB/S Q.ta das Flores AE Ansião AE Coimbra CentroCOIMBRA Um texto é um conjunto ordenado de enunciados, devidamente articulados de acordo com critérios de coesão e de coerência textuais que garantem a progressão harmoniosa do sentido. Leia os textos A e B, adaptados da fonte indicada no final do texto B. Texto A Depois de bordado o lenço ia ter às mãos do “namorado” ou “conversado” e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente ou não, que se decidia