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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. CURSO MEGE Site para cadastro: www.mege.com.br Celular/Whatsapp: (99) 982622200 (Tim) Telefone fixo: (99) 932143200 Fanpage: /cursomege Instagram: @cursomege Material: 131º Simulado Mege (TJ-CE) . 131º Simulado Mege TJ-CE (Gabarito Comentado) É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. SUMÁRIO Bloco I ............................................................................................................................................ 4 Direito Civil ....................................................................................................................... 4 Direito Processual Civil .................................................................................................. 31 Direito do Consumidor ................................................................................................... 44 Direito da Criança e do Adolescente ............................................................................. 51 Bloco II ......................................................................................................................................... 55 Direito Penal ................................................................................................................... 55 Direito Processual Penal ................................................................................................ 83 Direito Constitucional .................................................................................................... 99 Direito Eleitoral ............................................................................................................ 111 Bloco III ...................................................................................................................................... 116 Direito Empresarial ...................................................................................................... 116 Direito Tributário ......................................................................................................... 140 Direito Ambiental ......................................................................................................... 178 Direito Administrativo ................................................................................................. 189 Organização Judiciária do Estado do Ceará ................................................................ 196 É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. BLOCO I DIREITO CIVIL 1. A respeito da Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro, assinale a opção correta: (A) A vigência da lei, salvo disposição expressa em sentido contrário, coincide necessariamente com a data da sua publicação no diário oficial. (B) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia noventa dias depois de oficialmente publicada. (C) Quando a norma autodeclarar o seu prazo de “vacatio legis” deverá fazê-lo em dias, não em meses ou anos. (D) Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção somente de erro formal, o prazo da “vacatio legis” inicia-se na data da publicação original. (E) As correções a texto de lei já em vigor não se consideram lei nova. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS LETRA A: ERRADA – Art. 1º, Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro (DL nº 4657/42): “Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. LETRA B: ERRADA – Art. 1º, §1º, Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro (DL nº 4657/42): § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. LETRA C: CORRETA – Art. 8º, LC nº 95/98: “Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far- se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial.” (grifo nosso). É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. LETRA D: ERRADA – Art. 1º, §3º, Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro (DL nº 4657/42): “§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.” LETRA E: ERRADA – Art. 1º, §4º, Lei de Introdução as Normas de Direito Brasileiro (DL nº 4657/42): “§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.” 2. Acerca das disposições referente às pessoas, com fundamento nos dispositivos legais, na doutrina e no entendimento jurisprudencial pátrio, marque a alternativa correta: (A) A perda do feto em razão de acidente de trânsito não gera aos genitores direito ao recebimento do seguro obrigatório (DPVAT), pois o Código Civil condiciona a aquisição da personalidade jurídica ao nascimento com vida. (B) A capacidade de fato está presente em todos os seres humanos. Contudo, nem todos possuem capacidade de direito, que se traduz pela possibilidade de, pessoalmente, praticar, exercer os atos da vida civil. (C) O casamento é uma das formas de emancipação judicial. (D) A emancipação voluntária é aquela que se dá pela concessão de ambos os responsáveis, ou de um deles na falta de outro, mediante instrumento público, independentemente da homologação judicial, a menos que tenha, no mínimo, 16 anos completos. (E) A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão provisória. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS LETRA A: INCORRETA – A jurisprudência do STJ é contrária ao disposto na assertiva. Os genitores possuem direito a indenização do DPVAT. Sobre o tema, vide RECURSO ESPECIAL Nº 1.415.727 - SC (2013/0360491-3), relator LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em 04 de setembro de 2014: RELATOR: MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO RECORRENTE: GRACIANE MULLER SELBMANN ADVOGADO: JULIANE GONZAGA SCOPEL E OUTRO(S) RECORRIDO: SEGURADORA LÍDER DOS CONSÓRCIOS DE SEGURO DPVAT S/A ADVOGADOS: JAIME OLIVEIRA PENTEADO E OUTRO(S) PAULO ROBERTO ANGHINONI GABRIELA FAGUNDES GONÇALVES FABIO OLIVEIRA SANTOS ANA LUCIA MATEUS É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. EMENTA DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. ABORTO. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. ENQUADRAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO. ART. 2º DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. EXEGESE SISTEMÁTICA. ORDENAMENTO JURÍDICO QUE ACENTUA A CONDIÇÃO DE PESSOA DO NASCITURO. VIDA INTRAUTERINA. PERECIMENTO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. ART. 3º, INCISO I, DA LEI N. 6.194/1974. INCIDÊNCIA. 1. A despeito da literalidade do art.2º do Código Civil – que condiciona a aquisição de personalidade jurídica ao nascimento –, o ordenamento jurídico pátrio aponta sinais de que não há essa indissolúvel vinculação entre o nascimento com vida e o conceito de pessoa, de personalidade jurídica e de titularização de direitos, como pode aparentar a leitura mais simplificada da lei. 2. Entre outros, registram-se como indicativos de que o direito brasileiro confere ao nascituro a condição de pessoa, titular de direitos: exegese sistemática dos arts. 1º, 2º, 6º e 45, caput, do Código Civil; direito do nascituro de receber doação, herança e de ser curatelado (arts. 542, 1.779 e 1.798 do Código Civil); a especial proteção conferida à gestante, assegurando-se-lhe atendimento pré-natal (art. 8º do ECA, o qual, ao fim e ao cabo, visa a garantir o direito à vida e à saúde do nascituro); alimentos gravídicos , cuja titularidade é, na verdade, do nascituro e não da mãe (Lei n. 11.804/2008); no direito penal a condição de pessoa viva do nascituro – embora não nascida – é afirmada sem a menor cerimônia, pois o crime de aborto (arts. 124 a 127 do CP) sempre esteve alocado no título referente a "crimes contra a pessoa" e especificamente no capítulo "dos crimes contra a vida" – tutela da vida humana em formação, a chamada vida intrauterina (MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal, volume II. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 62-63; NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 658). 3. As teorias mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista e da personalidade condicional – fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002. O paradigma no qual foram edificadas transitava, essencialmente, dentro da órbita dos direitos patrimoniais. Porém, atualmente isso não mais se sustenta. Reconhecem-se, corriqueiramente, amplos catálogos de direitos não patrimoniais ou de bens imateriais da pessoa – como a honra, o nome, imagem, integridade moral e psíquica, entre outros. 4. Ademais, hoje, mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais importante. Garantir ao nascituro expectativas de direitos, ou mesmo direitos condicionados ao nascimento, só faz sentido se lhe for garantido também o direito de nascer, o direito à vida, que é direito pressuposto a todos os demais. 5. Portanto, é procedente o pedido de indenização referente ao seguro DPVAT, com base no que dispõe o art. 3º da Lei n. 6.194/1974. Se o preceito legal garante indenização por morte, o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o perecimento de uma vida intrauterina. 6. Recurso especial provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo (Presidente), Maria Isabel Gallotti e Antonio Carlos Ferreira votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Marco Buzzi. (https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=391 38375&num_registro=201303604913&data=20140929&tipo=5&formato=PDF) LETRA B: INCORRETA – Conforme lições extraídas da Sinopse de Direito Civil, parte Geral, autores Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo, editora Juspodivm, 6ª edição, pag. 141, temos: “A capacidade de direito está presente em todos os seres humanos. Contudo, nem todos possuem capacidade de fato, que se traduz pela possibilidade de, pessoalmente, praticar, exercer os atos da vida civil. Traduz um poder de autodeterminação e de discernimento, reunindo capacidades físicas e psíquicas de compreender as consequências de seus atos. É o discernimento, a capacidade de distinguir os lícitos dos ilícitos, direcionando sua vida de acordo com seus interesses.” LETRA C: INCORRETA. Trata-se de emancipação legal e não judicial, conforme redação do art. 5º, parágrafo único, II, do Código Civil: “Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: II - pelo casamento.” LETRA D: CORRETA. Art. 5º, parágrafo único, I do Código Civil: “Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; LETRA E: INCORRETA. Art. 6º, Código Civil. “Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.” 3. A propósito do direito das obrigações, assinale a opção incorreta. (A) Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. (B) Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. (C) O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. (D) O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. (E) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, extingue-se a solidariedade. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS LETRA A: CORRETA - Art. 268, Código Civil: “Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.” LETRA B: CORRETA. Art. 270, Código Civil: “Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.” LETRA C: CORRETA. Art. 272, Código Civil. “Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.” LETRA D: CORRETA. Art. 274, Código Civil: “Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. “ LETRA E: INCORRETA. Art. 271, Código Civil. A solidariedade é uma garantia, portanto ela persiste. “Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.” 4. Em 2010, Pedro, com 71 anos de idade, passou a viver em união estável Daniela. No ano de 2015, ele ganhou um prêmio da loteria federal no valor de 1 milhão de reais. Logo depois de ganhar o É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. prêmio, Pedro decidiu terminar o relacionamento com Daniela. Com isso, ela ajuizou uma ação requerendo o reconhecimento e dissolução de união estável,pedindo pensão alimentícia e partilha de bens, dentre eles o prêmio da loteria. Ao prolatar a sentença o juiz deverá: (A) Julgar parcialmente procedente o pedido de Daniela, concedendo o reconhecimento e dissolução da união estável, bem como o direito a pensão alimentícia, porém não haverá partilha de bens, pois Pedro possuía mais de 70 anos de idade quando do início do relacionamento e a relação deve ser regida pela separação obrigatória dos bens. (B) Julgar parcialmente procedente o pedido de Daniela, concedendo somente o reconhecimento e dissolução da união estável, porém excluindo o direito a pensão alimentícia e partilha de bens, pois Pedro possuía mais de 70 anos de idade quando do início do relacionamento. (C) Julgar parcialmente procedente o pedido de Daniela, concedendo o reconhecimento e dissolução da união estável, com o direito a pensão alimentícia e partilha de bens que foram adquiridos pelo esforço comum do casal, excluído o prêmio da loteria, pois adquirido por fato eventual. (D) Julgar totalmente procedente o pedido de Daniela, reconhecendo a existência e dissolução da união estável, bem como o direito a pensão alimentícia e partilha de bens, inclusive o prêmio da loteria, que é considerado um bem comum, que ingressa no patrimônio do casal, independentemente da aferição do esforço de cada um. (E) Julgar improcedente o pedido de Daniela, pois como Pedro possuía mais de 70 anos, a união estável não é válida. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS LETRA A, B, C e E: INCORRETAS. LETRA D: CORRETA. Sobre o tema, vide decisão da 4ª Turma do STJ, no REsp 1.689.152-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/10/2017 (Informativo 616, STJ) e comentários abaixo, extraídos do site Dizer o Direito: “Se a pessoa inicia uma união estável possuindo mais de 70 anos, o regime patrimonial que irá regular essa relação é o da separação obrigatória de bens (art. 1.641, II, do CC). Apesar disso, se, durante essa relação, um dos companheiros ganhar na loteria, o valor do prêmio integra a massa de bens comuns do casal (art. 1.660, II, do CC), de forma que pertence a ambos. Assim, havendo dissolução da união estável, o valor desse prêmio deverá ser partilhado igualmente entre os consortes. Em suma, o prêmio de loteria, recebido por ex-companheiro septuagenário durante a relação de união estável, deve ser objeto de meação entre o casal em caso de dissolução do relacionamento. STJ. 4ª Turma. REsp 1.689.152-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/10/2017 (Info 616). É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Imagine a seguinte situação hipotética: Em 2012, João, 70 anos de idade, passou a viver em união estável com Carla. Em 2015, João ganhou R$ 2 milhões na MegaSena. Alguns dias depois, João decidiu terminar o relacionamento. Em razão disso, Carla ajuizou ação de reconhecimento e dissolução de união estável pedindo o pagamento de pensão alimentícia e a partilha dos bens, dentre os quais o prêmio da loteria. João alegou que não tinha que dividir o patrimônio considerando que, quando a união estável teve início, ele possuía mais de 70 anos de idade, de forma que o regime patrimonial que regulou a relação dos dois foi o regime legal da separação obrigatória de bens, previsto no art. 1.641, II, do Código Civil: Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; Ao maior de 70 anos é imposto o regime de separação obrigatória de bens. O objetivo do legislador foi o de proteger o idoso e seus herdeiros de casamentos realizados por interesse estritamente econômico. Trata-se de “prudência legislativa em favor das pessoas e de suas famílias, considerando a idade dos nubentes. É de lembrar que, conforme os anos passam, a idade avançada acarreta maiores carências afetivas e, portanto, maiores riscos corre aquele que tem mais de setenta anos de sujeitar-se a um casamento em que o outro nubente tenha em vista somente vantagens financeiras, ou seja, em que os atrativos matrimoniais sejam pautados em fortuna e não no afeto” (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito de família. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 295). Essa regra do art. 1.641, II, do CC fala em “casamento”. É possível estendê-la também para a união estável? SIM. O STJ possui alguns julgados afirmando que essa regra específica do casamento deve ser estendida à união estável. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 646.259/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/06/2010. Havendo dissolução de união estável regida pelo regime da separação obrigatória de bens (art. 1.641, II, do CC), como deve ser feita a partilha dos bens? Deverão ser partilhados apenas os bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, e desde que comprovado o esforço comum na sua aquisição (STJ. 2ª Seção. EREsp 1171820/PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 26/08/2015). Desse modo, em nosso exemplo, Carla terá direito à meação dos bens adquiridos durante a união estável, desde que comprovado o esforço comum. E quanto ao prêmio da loteria, ela terá direito? SIM. Segundo o Código Civil, a loteria ingressa na comunhão sob a rubrica de “bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior”. Veja: Art. 1.660. Entram na comunhão: (...) II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; “Os bens adquiridos por fato eventual, ou seja, a título gratuito e não esperado, também integram a massa de bens comuns, mesmo não havendo o consórcio de esforço comum dos nubentes para tal aquisição, sendo, neste caso, responsável o fator sorte.” (TEPEDINO, Gustavo. Código civil interpretado conforme a Constituição da República. Vol. IV, Rio de Janeiro: Renovar, 2014, p. 306) É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. “O inciso II trata dos bens adquiridos por fato eventual. Nesse caso, não se leva em consideração se houve concurso de trabalho ou despesa anterior de qualquer cônjuge. São exemplos os bens havidos por aluvião (art. 1.250), por descoberta (art. 1.233), os tesouros (art. 1.264), a aposta e a loteria”. (SILVA, Regina Beatriz Tavares da. Código Civil Comentado. 6ª ed., São Paulo: Saraiva. p. 1.810). Mas João era maior de 70 anos... Mesmo assim, o prêmio da loteria irá ser objeto de partilha? SIM. O STJ apontou quatro razões: 1) Trata-se de bem comum, que ingressa no patrimônio do casal, independentemente da aferição do esforço de cada um, pouco importando se houve ou não despesa do outro consorte. A própria redação do dispositivo afirma, expressamente, que “os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior”, são comuns. 2) Foi o próprio legislador quem estabeleceu a referida comunicabilidade. 3) A comunicabilidade é a regra, que admite exceções, a depender do regime de bens, sendo que aquele de separação legal do septuagenário é diverso do regime de separação convencional, tendo recebido mitigação reconhecida pela jurisprudência do STF e do STJ, sendo, em verdade, uma mescla de regimes. 4) A partilha dos referidos ganhos com a loteria não ofende o objetivo da lei, já que o prêmio foi ganho durante a relação, não havendo falar em matrimônio (união estável) realizado por interesse. A pessoa não sabia que ele iria ganhar o prêmio. Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.” (Disponível em: http://www.dizerodireito.com.br/2018/02/informativo-comentado-616-stj.html). 5. À luz da jurisprudência do STJ, assinale a opção correta a respeito dos alimentos: (A) O Ministério Público somente tem legitimidade ativa para ajuizar açãode alimentos em proveito de criança ou adolescente nas situações de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente. (B) O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. (C) O Ministério Público somente tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente se os pais não estiverem exercendo o poder familiar. (D) A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e solidária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. (E) O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade é automática e independe de decisão judicial. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS LETRA A: INCORRETA. Súmula, 594, STJ: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.” LETRA B: CORRETA. Súmula, 594, STJ: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.” Sobre o tema, vide comentários extraído do site Dizer o Direito: O Ministério Público pode ajuizar ação de alimentos em favor de criança ou adolescente? SIM. O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente. Nesse caso, o MP atua como substituto processual, ou seja, ele irá propor a ação em nome próprio defendendo direito alheio (da criança/adolescente). Vale ressaltar que o Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar a ação de alimentos ainda que em proveito de uma única criança. Ficará assim na petição inicial: “MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO XX, por intermédio do Promotor de Justiça que ao final subscreve, vem ajuizar a presente AÇÃO DE ALIMENTOS em favor da criança XXX, contra FULANO DE TAL (...)” Quais são os fundamentos para que se reconheça a legitimidade ativa do MP na ação de alimentos em favor das crianças e adolescentes? Fundamentos constitucionais • O direito das crianças e adolescentes aos alimentos pode ser classificado como sendo um interesse individual indisponível, o que se insere nas atribuições do MP, conforme previsto no art. 127 da CF/88. • É dever não apenas da família, como também da sociedade e do Estado, assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, entre outros (art. 227). Fundamento legal É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. • Compete ao Ministério Público promover e acompanhar as ações de alimentos em favor de crianças e adolescentes (art. 201, III, do ECA). O Ministério Público pode ajuizar ação de alimentos em favor de criança ou adolescente mesmo que na localidade exista Defensoria Pública instalada e funcionando? SIM. O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente de existir ou não Defensoria Pública no local. Isso porque as atuações dos órgãos não se confundem, não sendo idênticas. Ação de alimentos proposta pelo MP Ação de alimentos proposta pela Defensoria Na ação de alimentos, o MP atua como substituto processual, pleiteando, em nome próprio, o direito do infante aos alimentos. Para isso, em tese, o Parquet não precisa que a mãe ou o responsável pela criança ou adolescente procure o órgão em busca de assistência. O MP pode atuar de ofício. Aliás, na maioria das vezes o MP atua quando há a omissão dos pais ou responsáveis na satisfação dos direitos mínimos da criança e do adolescente, notadamente o direito à alimentação. Na ação de alimentos, a Defensoria Pública atua como representante processual, pleiteando, em nome da criança ou do adolescente, o seu direito aos alimentos. Para tanto, a Defensoria só pode ajuizar a ação de alimentos se for provocada pelos responsáveis pela criança ou adolescente. Existia uma posição sustentando que o MP somente poderia ajuizar ação de alimentos se a mãe da criança ou do adolescente não estivesse exercendo o poder familiar, uma vez que, em caso contrário, ela deveria tomar essa providência. Essa posição prevaleceu? NÃO. O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente, independentemente do exercício do poder familiar dos pais. Em suma, a mãe e o pai podem estar no pleno exercício do poder familiar e mesmo assim a ação ser proposta pelo Parquet. Existia uma posição sustentando que o MP somente poderia ajuizar ação de alimentos se ficasse caracterizado que a criança ou o adolescente estivesse em situação de risco (art. 98 do ECA). Essa posição prevaleceu? NÃO. O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente mesmo que a criança ou adolescente não se encontre nas situações de risco descritas no art. 98 do ECA. Vigora em nosso ordenamento a doutrina da proteção integral da criança e do adolescente. Como decorrência lógica dessa doutrina, o ECA adota, em seu art. 100, parágrafo único, VI, o princípio da intervenção precoce, segundo o qual a atuação do Estado na proteção do infante deve ocorrer antes que o infante caia no que o antigo Código de Menores chamava de situação irregular, como nas hipóteses de maus-tratos, violação extrema de direitos por parte dos país e demais familiares. (Disponível em: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2017/11/sc3bamula-594-stj.pdf) LETRA C: INCORRETA. Súmula, 594, STJ: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.” LETRA D: INCORRETA. Súmula 596, STJ: É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. “Súmula 596-STJ: A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.” (STJ. 2ª Seção. Aprovada em 08/10/2017). LETRA E: INCORRETA. Súmula 358, STJ: “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.". 6. Júlia celebrou contrato de promessa de compra e venda com uma incorporadora imobiliária para aquisição de um apartamento. Júlia comprometeu-se a pagar 120 parcelas de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) e,em troca, receberia um apartamento. No início do contrato, Júlia foi obrigada a pagar R$ 50 mil a título de arras. No contrato, havia uma cláusula penal compensatória prevendo que, em caso de inadimplemento por parte de Júlia, a incorporadora poderia reter 10% das prestações que foram pagas por ela. Após pagar 40 parcelas, Júlia passou por dificuldades financeiras e deixou de pagá-las. Assinale a alternativa correta, considerando o caso apresentado e a legislação a respeito: (A) A incorporadora deverá ajuizar ação de cobrança em face de Júlia, porém descontando o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pagos a título de arras. (B) A incorporadora deverá ajuizar ação de rescisão contratual em face de Júlia, retendo o valor de 10% das prestações pagas e mais o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil) pago no início da relação contratual, a título de arras. (C) A incorporadora deverá ajuizar ação de rescisão contratual em face de Júlia, devendo optar entre reter o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil) pago no início da relação contratual a título de arras ou o valor de 10% das prestações pagas. (D) As arras penitenciais são previstas no contrato com o objetivo de reforçar e incentivar as partes a cumprirem a obrigação combinada. (E) As arras confirmatórias são previstas no contrato com o objetivo de permitir que as partes possam desistir da obrigação combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor já funcionará como sendo as perdas e danos. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS LETRA A e B: INCORRETAS. Vide comentários do julgado abaixo colacionado que explica detalhadamente a ação a ser ajuizada pela incorporadora É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. LETRA C: CORRETA. Conforme decisão da 3ª Turma do STJ, no Resp 1.617.652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613), Júlia perderá apenas as arras, mas não será obrigada a pagar também a cláusula penal compensatória. Não é possível a cumulação da perda das arras com a imposição da cláusula penal compensatória. Logo, decretada a rescisão do contrato, fica a incorporadora autorizada a apenas reter o valor das arras, sem direito à cláusula penal. Sobre o tema, vide comentário extraídos do site Dizer o Direito: “Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem. Ex: João celebrou contrato de promessa de compra e venda com uma incorporadora imobiliária para aquisição de um apartamento. João comprometeu-se a pagar 80 parcelas de R$ 3 mil e, em troca, receberia um apartamento. No início do contrato, João foi obrigado a pagar R$ 20 mil a título de arras. No contrato, havia uma cláusula penal compensatória prevendo que, em caso de inadimplemento por parte de João, a incorporadora poderia reter 10% das prestações que foram pagas por ele. Trata-se de cláusula penal compensatória. Suponhamos que, após pagar 30 parcelas, João tenha parado de pagar as prestações. Neste caso, João perderá apenas as arras, mas não será obrigado a pagar também a cláusula penal compensatória. Não é possível a cumulação da perda das arras com a imposição da cláusula penal compensatória. Logo, decretada a rescisão do contrato, fica a incorporadora autorizada a apenas reter o valor das arras, sem direito à cláusula penal. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613). CLÁUSULA PENAL Conceito Cláusula penal é... - uma cláusula do contrato - ou um contrato acessório ao principal - em que se estipula, previamente, o valor da indenização que deverá ser paga - pela parte contratante que não cumprir, culposamente, a obrigação. A cláusula penal também pode ser chamada de multa convencional, multa contratual ou pena convencional. Natureza jurídica da cláusula penal Trata-se de uma obrigação acessória, referente a uma obrigação principal. Pode estar inserida dentro do contrato (como uma cláusula) ou prevista em instrumento separado. Finalidades da cláusula penal A cláusula penal possui duas finalidades. • Função ressarcitória: serve de indenização para o credor no caso de inadimplemento culposo do devedor. Ressalte-se que, para o recebimento da cláusula penal, o credor não precisa comprovar É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. qualquer prejuízo. Desse modo, a cláusula penal serve para evitar as dificuldades que o credor teria no momento de provar o valor do prejuízo sofrido com a inadimplência do contrato. • Função coercitiva ou compulsória (meio de coerção): intimida o devedor a cumprir a obrigação, considerando que este já sabe que, se for inadimplente, terá que pagar a multa convencional. Espécies de cláusula penal MORATÓRIA (compulsória): COMPENSATÓRIA (compensar o inadimplemento) Estipulada para desestimular o devedor a incorrer em mora ou para evitar que deixe de cumprir determinada cláusula especial da obrigação principal. É a cominação contratual de uma multa para o caso de mora. Estipulada para servir como indenização no caso de total inadimplemento da obrigação principal (inadimplemento absoluto). Funciona como punição pelo retardamento no cumprimento da obrigação ou pelo inadimplemento de determinada cláusula. Funciona como uma prefixação das perdas e danos, ou seja, representa um valor previamente estipulado pelas partes a título de indenização pela inexecução contratual. Ex.1: em uma promessa de compra e venda de um apartamento, é estipulada multa para o caso de atraso na entrega. Ex.2: multa para o caso do produtor de soja fornecer uma safra de qualidade inferior ao tipo “X”. Ex.: em um contrato para que um cantor faça um show no réveillon, é estipulada uma multa de R$ 100 mil caso ele não se apresente. A cláusula penal moratória é cumulativa, ou seja, o credor poderá exigir o cumprimento da obrigação principal mais o valor da cláusula penal (poderá exigir a substituição da soja inferior e ainda o valor da cláusula penal). A cláusula penal compensatória não é cumulativa. Assim, haverá uma alternativa para o credor: exigir o cumprimento da obrigação principal ou apenas o valor da cláusula penal. Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. Multa moratória = obrigação principal + multa compensatória = obrigação principal ou multa ARRAS O que são as "arras"? Quando duas pessoas celebram um contrato, é possível que elas combinem que uma delas irá pagar à outra um valor em dinheiro (ou em outro bem fungível) como forma de: 1) demonstrar que irá cumprir a obrigação no momento em que chegar o dia do vencimento; ou 2) como uma espécie de valor que será perdido caso ela queira desistir do negócio. Para Sílvio Rodrigues, as arras “constituem a importância em dinheiro ou a coisa dada por um contratante ao outro, por ocasião da conclusão do contrato, com o escopo de firmar a presunção de acordo final e tornar obrigatório o ajuste; ou ainda, excepcionalmente, com o propósito de assegurar, para cada um dos contratantes, o direito de arrependimento” (Direito Civil. Vol. 2, 30ª ed, São Paulo: Saraiva. 2002, p. 279). É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as havia dado. Poderão também ser utilizadas comoparte do pagamento. É o que diz o Código Civil: Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal. As arras só existem em contratos bilaterais (obrigações para ambas as partes) que tenham por objetivo transferir o domínio (propriedade) de alguma coisa. As arras possuem natureza jurídica de contrato acessório. Finalidades das arras A Min. Nancy Andrighi identifica que as arras têm por finalidades: a) firmar a presunção de acordo final, tornando obrigatório o ajuste (caráter confirmatório); b) servir de princípio de pagamento (se forem do mesmo gênero da obrigação principal); c) prefixar o montante das perdas e danos devidos pelo descumprimento do contrato ou pelo exercício do direito de arrependimento, se expressamente estipulado pelas partes (caráter indenizatório). Espécies de arras A partir do conceito acima dado, é possível identificar duas espécies diferentes de arras e a diferença principal entre elas está no objetivo de cada uma: Confirmatórias (arts. 418 e 419) Penitenciais (art. 420). São previstas no contrato com o objetivo de reforçar, incentivar que as partes cumpram a obrigação combinada. São previstas no contrato com o objetivo de permitir que as partes possam desistir da obrigação combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor das arras penitenciais já funcionará como sendo as perdas e danos. A regra são as arras confirmatórias. Assim, no silêncio do contrato, as arras são confirmatórias. Ocorre quando o contrato estipula arras, mas também prevê o direito de arrependimento. Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as havia dado. Poderão também ser utilizadas como parte do pagamento. Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, as arras serão devolvidas para a parte que as havia dado. Poderão também ser utilizadas como parte do pagamento. • Se a parte que deu as arras não executar (cumprir) o contrato: a outra parte (inocente) poderá reter as arras, ou seja, ficar com elas para si. • Se a parte que deu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento): ela perderá as arras dadas. • Se a parte que recebeu as arras não executar o contrato: a outra parte (inocente) poderá exigir a devolução das arras mais o equivalente*. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. • Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir o contrato (exercer seu direito de arrependimento): deverá devolver as arras mais o equivalente*. Além das arras, a parte inocente poderá pedir: • indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima; • a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. As arras penitenciais têm função unicamente indenizatória. Isso significa que a parte inocente ficará apenas com o valor das arras (e do equivalente) e NÃO terá direito a indenização suplementar. Nesse sentido: Súmula 412-STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior, a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo. * Equivalente: significa o valor equivalente das arras que haviam sido dadas. Ex: Mário deu R$ 500 de arras a Paulo; este não cumpriu o contrato; significa que ele terá que devolver as arras recebidas (R$ 500) mais o equivalente (R$ 500), totalizando R$ 1000. Obs: esta devolução deverá ocorrer com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. Exemplo de arras confirmatórias João está se mudando e combina de comprar o carro de Gabriel, que custa R$ 100 mil; o comprador pede para receber o veículo e pagar o preço só daqui a três meses, quando irá passar a morar na cidade; o vendedor não queria aceitar porque existem outros interessados no veículo e ele desejava vender logo; depois de muita insistência, ele acabou concordando, mas impôs uma exigência, qual seja, a de que João pagasse R$ 10 mil adiantados, como "sinal"; Gabriel explicou que este valor serviria como uma demonstração de que João teria intenção de cumprir o contrato e que não iria desistir; o vendedor explicou, ainda, que, quando o comprador pagasse o preço (R$ 100 mil), ele iria devolver o cheque com o "sinal" de R$ 10 mil. Este "sinal" é chamado, juridicamente, de "arras". Exemplo de arras penitenciais Antônio comprometeu-se a vender seu apartamento para Ricardo. No contrato, havia uma cláusula prevendo que o promitente-comprador deveria dar um sinal de R$ 10 mil reais, valor este que foi pago. Vale ressaltar que o contrato estipulou que as partes tinham direito de desistir do negócio (direito de arrependimento). Antes que a primeira prestação fosse paga, Ricardo resolveu não mais comprar o imóvel. Isso significa que ele irá perder o sinal (arras) que pagou. Em outras palavras, não terá direito de pedir de volta essa quantia. Da mesma forma, Antônio não poderá exigir nenhum outro valor de Ricardo, ainda que tenha tido outros prejuízos decorrentes da desistência. CUMULAÇÃO DAS ARRAS COM CLÁUSULA PENAL Imagine a seguinte situação hipotética: João celebrou contrato de promessa de compra e venda com uma incorporadora imobiliária para aquisição de um apartamento. João comprometeu-se a pagar 80 parcelas de R$ 3 mil e, em troca, receberia um apartamento. No início do contrato, João foi obrigado a pagar R$ 20 mil a título de arras. No contrato, havia uma cláusula penal prevendo que, em caso de inadimplemento por parte de João, a incorporadora poderia reter 10% das prestações que foram É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. pagas por ele. Trata-se de cláusula penal compensatória. Suponhamos que, após pagar 30 parcelas, João tenha parado de pagar as prestações Neste caso, ele perderá as arras e também os 10% a título de cláusula penal compensatória? É possível a cumulação da perda das arras com a imposição da cláusula penal compensatória? NÃO. Na hipótese de inadimplemento, as arras funcionam como uma espécie de cláusula penal compensatória, representando o valor previamente estimado pelas partes para indenizar a parte não culpada pela inexecução do contrato. A perda das arras, na hipótese, representa o efeito da resolução imputável e culposa. Assim, as arras, a princípio, têm a função de indicar que a obrigação será cumprida. No entanto, ocorrendo a inexecução contratual elas passam a ter função de cláusula penal. Tanto nas arras confirmatórias como nas arras penitenciais, se a parte que deu as arras não executar o contrato, a outra parte (inocente) poderá reter as arras, ou seja, ficar com elas para si. Dessa forma, o que se conclui é que, na hipótese de inadimplemento do contrato, as arras apresentam natureza indenizatória, desempenhando papel semelhante ao da cláusula penal compensatória. Logo, se as arras cumprem a mesma função da cláusula penal compensatória, não é possível que a parte inocente exija da parte culpada tanto as arras como a cláusula penal compensatória. Isso seria bis in idem (dupla condenação a mesmo título), o que é vedado pelo Direito. Qual das duas deverá, então, prevalecer: as arras ou a cláusula penal? Se previstas cumulativamente para o inadimplemento contratual, entende-se que deve incidir exclusivamente a pena de perda das arras, ou a sua devolução mais o equivalente, a depender da parte a quem se imputa a inexecução contratual. Isso porque o art. 419 do CC afirma queas arras valem como "taxa mínima" de indenização pela inexecução do contrato. Assim, em nosso exemplo, como quem praticou a inexecução contratual foi quem deu as arras (João), ele perderá as arras. Em suma: Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613). LETRA D INCORRETA. O conceito de arras penitenciais está previsto no art. 420, do Código Civil. A assertiva trouxe o conceito de arras confirmatórias previsto nos art. 418 e 419, do mesmo diploma: “Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.” LETRA E INCORRETA. O conceito de arras confirmatórias está previsto nos arts. 418 e 419, do Código Civil. A assertiva trouxe o conceito de arras penitenciais previsto no art. 420, do mesmo diploma legal. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. “Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.” 7. Mel é filha de Marcos e Maria que são divorciados. Maria matriculou sua filha em uma escolar particular e assinou sozinha o contrato de prestação de serviços educacionais, comprometendo-se as pagar as mensalidades. O ano terminou e Maria ficou devendo o pagamento de 5 mensalidades. Maria renegociou o débito com a escola e assinou um termo de confissão de dívida e, em troca, o colégio aceitou receber apenas 4 parcelas. Ocorre que, passado o prazo, essas 4 prestações também não foram pagas, razão pela qual a escola ingressou com execução de título executivo extrajudicial contra Maria. No curso da execução, não foram localizados bens penhoráveis da executada. Diante disso, a exequente requereu que a execução fosse redirecionada contra Marcos. Considerando a jurisprudência dos Tribunais Superiores é correto afirmar que o juiz deverá: (A) Negar o pedido, visto que o contrato e o termo de confissão de dívida não foram assinados por Marcos, que nem sequer constava nesses instrumentos. (B) Negar o pedido, visto que o poder familiar é exercido exclusivamente pela mãe, que foi quem assinou o contrato e a confissão de dívida (C) Negar o pedido, pois se pretendesse executar também o pai da criança, a escola deveria ter exigido a assinatura dele no contrato e o termo de confissão de dívida. (D) Conceder o pedido, visto que a execução de título extrajudicial por inadimplemento de mensalidades escolares de filhos do casal pode ser redirecionada ao outro consorte, ainda que não esteja nominado nos instrumentos contratuais que deram origem à dívida. (E) Nenhuma das alternativas anteriores estão corretas. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS LETRAS A, B, C e E: INCORRETAS. LETRA D: CORRETA. Para responder a questão, o aluno deve ter conhecimento da jurisprudência recente do STJ. Muito importante ressaltar a necessidade de o candidato a concurso público estar sempre atualizado com É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. a jurisprudência dos Tribunais Superiores que são muito exigidas nas provas atuais, especialmente na banca Cespe/Cebraspe. Sobre o tema vide comentários extraídos do site Dizer o Direito, Resp. 1.472.316-SP, relator Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, julgado em 05/12/16, informativo 618, STJ: Imagine a seguinte situação hipotética: Lucas é filho de João e Maria. Maria matriculou Lucas em uma escola particular e, para tanto, teve que assinar um contrato de prestação de serviços educacionais, comprometendo-se as pagar as mensalidades. O ano terminou e Maria ficou devendo o pagamento de 5 mensalidades. A escola chamou a mãe de Lucas para renegociar o débito, tendo ela assinado um termo de confissão de dívida e, em troca, o colégio aceitou receber apenas 4 parcelas. Ocorre que, passado o prazo, essas 4 prestações também não foram pagas, razão pela qual a escola ingressou com execução de título executivo extrajudicial contra Maria. No curso da execução, não foram localizados bens penhoráveis da executada. Diante disso, a escola (exequente) requereu que a execução fosse redirecionada contra João. O juiz negou o pedido afirmando que o contrato e o termo de confissão de dívida não foram assinados por João, que nem sequer constava nesses instrumentos. A questão chegou até o STJ. O pedido formulado pela escola (exequente) pode ser acolhido pelo STJ? SIM. A execução de título extrajudicial por inadimplemento de mensalidades escolares de filhos do casal pode ser redirecionada a outra consorte, ainda que não esteja nominado nos instrumentos contratuais que derem origem à dívida. (STJ, 3ª Turma, Resp. 1.472.316-SP, rel. Min, Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 05/12/2017 – informativo 618). Legitimidade passiva ordinária para a execução A legitimidade passiva ordinária para a execução é daquele que estiver nominado no título executivo. Assim, em regra, somente deve figurar na execução aquele que consta no título executivo. Vale ressaltar, no entanto, que aqueles que se obrigam, por força da lei ou do contrato, solidariamente à satisfação de determinadas obrigações, apesar de não nominados no título, possuem legitimidade passiva extraordinária para a execução. Solidariedade do casal por dívidas contraídas para a administração do lar e para as necessidades da família O Código Civil reconheceu a solidariedade entre os cônjuges em relação a determinadas dívidas, mesmo quando contraídas por apenas um dos consortes. É o que está disposto nos arts. 1.643 e 1.644: Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro: I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica; II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir. Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Nos arts. 1.643 e 1644 do Código Civil, o legislador reconheceu que, pelas obrigações contraídas para a manutenção da economia doméstica, e, assim, notadamente, em proveito da entidade familiar, o casal responderá solidariamente, podendo-se postular a excussão dos bens do legitimado ordinário e do coobrigado, extraordinariamente legitimado. Quando o art. 1.643 estabelece que existe solidariedade entre os cônjuges quanto às dívidas contraídas para fazer frente à economia doméstica, deve-se entender isso de forma ampla. Assim, estão abrangidas na locução "economia doméstica" as obrigações assumidas para a administração do lar e para a satisfação das necessidades da família, o que inclui despesas alimentares, educacionais, culturais, de lazer, de habitação etc. Logo, as despesas contraídas por um dos cônjuges para custear a educação do filho comum também podem ser enquadradasnos arts. 1.643, I e 1.644 do CC. A obrigação relativa à manutenção dos filhos no ensino regular é, sem dúvida alguma, de ambos os pais, o que é evidenciado pelo art. 55 do ECA: Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. Desse modo, deve-se entender que a dívida que surge de um contrato de prestação de serviços educacionais aos filhos é uma dívida comum do casal, havendo solidariedade entre eles. Há essa solidariedade mesmo havendo somente o nome de um dos cônjuges no contrato? SIM. Em se tratando de dívida contraída em benefício da família e no cumprimento do dever de ambos os pais matricularem os seus filhos no ensino regular, não importa que apenas o nome de um dos cônjuges esteja no contrato ou na confissão de dívida. Isso porque, conforme já vimos, o Código Civil prevê que existe, neste caso, uma solidariedade do casal. Poder familiar implica dever de sustento e educação dos filhos Os pais, detentores do poder familiar, têm o dever de garantir o sustento e a educação dos filhos, compreendendo, aí, a manutenção do infante em ensino regular, pelo que deverão, solidariamente, responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho. E se os pais estiverem separados/divorciados? Suponhamos que João não mais estivesse casado (ou nunca tivesse sido casado) com Maria, ainda assim teria legitimidade para figurar na execução? SIM. Por força do poder familiar. Os pais, detentores do poder familiar, têm o dever de garantir o sustento e a educação dos filhos, compreendendo, aí, a manutenção do infante em ensino regular, pelo que deverão, solidariamente, responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho. A obrigação relativa à manutenção dos filhos no ensino regular é, sem dúvida alguma, de ambos os pais, o que é evidenciado pelos arts. 21, 22 e 55 do ECA: É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (...) Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. No mesmo sentido é o Código Civil: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: (...) IV - sustento, guarda e educação dos filhos; Assim, como já dito, ambos os pais têm o dever de garantir o sustento e a educação dos filhos, compreendendo, aí, também a manutenção do infante em ensino regular (art. 55 do ECA), pelo que deverão, solidariamente, responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho. Conforme pontua o Min. Paulo de Tarso Sanseverino: “Essa mútua responsabilidade, própria das dívidas contraídas por apenas um dos pais para o sustento do filho, não deixa de estar presente pelo fato de a dívida ter sido contraída posteriormente à separação/divórcio, pois é no poder familiar que ela encontra sua gênese.” (Disponível em: http://www.dizerodireito.com.br/2018/03/mesmo-que-o-contrato-com- escola.html#more) 8. No que se refere ao contrato de compra e venda do Direito Civil, analise as assertivas e assinale a opção correta. I) São elementos do contrato de compra e venda: coisa, preço e consentimento. II) É nula a venda de ascendente a descendente. III) É anulável o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. IV) É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. V) Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. (A) Estão corretos os itens I, IV e V. (B) Estão corretos os itens I, II e V. (C) Estão corretos os itens II, IV e V. (D) Estão correto os itens I, III e IV. (E) Estão corretos os itens I, II e IV. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS ITEM I: CORRETO. Conforme sinopse de Direito Civil, Contratos, 1ª Edição, volume 13, 2015, editora Juspodivm, pag. 369: “É pacífico na doutrina que a compra e venda é composta por três elementos básicos ou essenciais, quais sejam, consensus, res e pretium, vale dizer, o consentimento das partes, a coisa e o preço. Em outras palavras: sem a presença simultânea e cumulativa, permita-se a redundância, dos elementos consentimento, coisa e preço não se terá compra e venda em hipótese alguma (...)” ITEM II: INCORRETO. Art. 496, Código Civil: “Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.” ITEM III: INCORRETO. Art. 489, Código Civil. “Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.” ITEM IV: CORRETO. Art. 487, Código Civil. “Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.” ITEM V: CORRETO. Art. 504, Código Civil: “Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.” É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. 9. Considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, acerca do tema responsabilidade civil, analise os itens e assinale a alternativa correta: I) Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC. II) Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se a indenização tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal. III) A limitação indenizatória prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal abrange apenas a reparação por danos materiais, não se aplicando para indenizações por danos morais. IV) O prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em voo internacional é 5 anos. V) O prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em voo internacional é 2 anos. (A) Estão corretos os itens I, IV e V. (B) Estão corretos os itens II, III e V. (C) Estão corretos os itens II, IV e V. (D) Estão correto os itens I, III e IV. (E) Estão corretos os itens I, II e IV. RESPOSTA: B COMENTÁRIOS ITEM I: INCORRETO. Sobre o tema vide informativo 866, STF: “Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC ou a indenização tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal? As Convenções internacionais.Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. “ (STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866). É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Imagine a seguinte situação hipotética: Letícia passou sua lua de mel em Paris. Ela voltou da França em um voo direto que pousou em Natal (RN). A viagem dos sonhos acabou se transformando em um pesadelo ao final. Isso porque a mala de Letícia foi extraviada pela companhia aérea que simplesmente perdeu a bagagem; Além do transtorno, Letícia sofreu um enorme prejuízo econômico. Na mala havia duas bolsas de grife francesa e cinco vestidos da última coleção. Diante disso, Letícia ajuizou ação de indenização contra a “Air Paris” pedindo o pagamento de R$ 100 mil a título de danos materiais. Contestação: tese da indenização tarifada (Convenção de Varsóvia) O valor de todos os produtos que estavam na mala de Letícia foi de R$ 100 mil, sendo esta a quantia cobrada por ela da “Air Paris”. Na contestação, contudo, a companhia aérea alegou que, no transporte internacional, deve vigorar os limites de indenização impostos pela "Convenção de Varsóvia". A Convenção de Varsóvia é um tratado internacional, assinado pelo Brasil em 1929 e promulgado por meio do Decreto nº 20.704/31. Posteriormente ela foi alterada pelo Protocolo Adicional 4, assinado na cidade canadense de Montreal em 1975 (ratificado e promulgado pelo Decreto 2.861/1998). Daí falarmos em Convenções de Varsóvia e de Montreal. Essas Convenções estipulam valores máximos que o transportador poderá ser obrigado a pagar em caso de responsabilidade civil decorrente de transporte aéreo internacional. Dessa forma, tais Convenções adotam o princípio da indenizabilidade restrita ou tarifada. Em caso de extravio de bagagens, por exemplo, a Convenção determina que o transportador somente poderá ser obrigado a pagar uma quantia máxima de cerca de R$ 4.500,00. Assim, em vez de receber R$ 100 mil Letícia teria que se contentar com o limite máximo de indenização (por volta de R$ 4.500,00). Conflito entre dois diplomas No presente caso, temos um conflito entre dois diplomas legais: • O CDC, que garante ao consumidor o princípio da reparação integral do dano; • As Convenções de Varsóvia e de Montreal, que determinam a indenização tarifada em caso de transporte internacional. Assim, a antinomia ocorre entre o art. 14 do CDC, que impõe ao fornecedor do serviço o dever de reparar os danos causados, e o art. 22 da Convenção de Varsóvia, que fixa limite máximo para o valor devido pelo transportador, a título de reparação. Qual dos dois diplomas irá prevalecer? Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC ou a indenização tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal? As Convenções internacionais. Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866). Por que prevalece as Convenções? É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. Porque a Constituição Federal de 1988 determinou que, em matéria de transporte internacional, deveriam ser aplicadas as normas previstas em tratados internacionais. Veja: Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. Assim, em virtude dessa previsão expressa quanto ao transporte internacional, deve-se afastar o Código de Defesa do Consumidor e aplicar o regramento do tratado internacional. Critérios para resolver esta antinomia A Convenção de Varsóvia, enquanto tratado internacional comum, possui natureza de lei ordinária e, portanto, está no mesmo nível hierárquico que o CDC. Logo, não há diferença de hierarquia entre os diplomas normativos. Diante disso, a solução do conflito envolve a análise dos critérios cronológico e da especialidade. Em relação ao critério cronológico, os acordos internacionais referidos são mais recentes que o CDC. Isso porque, apesar de o Decreto 20.704 ter sido publicado em 1931, ele sofreu sucessivas modificações posteriores ao CDC. Além disso, a Convenção de Varsóvia – e os regramentos internacionais que a modificaram – são normas especiais em relação ao CDC, pois disciplinam modalidade especial de contrato, qual seja, o contrato de transporte aéreo internacional de passageiros. Três importantes observações: 1) as Convenções de Varsóvia e de Montreal regulam apenas o transporte internacional (art. 178 da CF/88). Em caso de transporte nacional, aplica-se o CDC; 2) a limitação indenizatória prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal abrange apenas a reparação por danos materiais, não se aplicando para indenizações por danos morais. (Disponível em: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2017/07/info-866-stf.pdf) ITEM II: CORRETO. Vide julgado acima colacionado. ITEM III: CORRETO. Vide julgado acima colacionado. ITEM IV: INCORRETO. Sobre o tema vide informativo 866, STF: “Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em voo doméstico? 5 anos, segundo entendimento do STJ, aplicando-se o CDC. Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente aéreo em voo internacional? 2 anos, com base no art. 29 da Convenção de Varsóvia. Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866). (Disponível em: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2017/07/info-866-stf.pdf) ITEM V: CORRETO. Vide julgado acima. 10. Acerca dos direitos reais é correto afirmar que a hipoteca extingue-se, exceto: (A) pelo perecimento da coisa. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. (B) pela renúncia do credor. (C) pela extinção da obrigação principal. (D) confundindo-se na mesma pessoa as qualidades do credor e de dono da coisa. (E) pela arrematação ou adjudicação. RESPOSTA: D COMENTÁRIOS LETRA “A” – CORRETA: Art. 1.499, II, do Código Civil. “Art. 1.499. A hipoteca extingue-se: II - pelo perecimento da coisa.” LETRA “B” – CORRETA: Art. 1.499, IV, do Código Civil. “Art. 1.499. A hipoteca extingue-se: IV - pela renúncia do credor.” LETRA “C” – CORRETA: Art. 1.499, I, do Código Civil. “Art. 1.499. A hipoteca extingue-se: I - pela extinção da obrigação principal; LETRA “D” – INCORRETA: Art.1.436, IV do CódigoCivil. Refere-se a extinção do penhor e não da hipoteca. “Art. 1.436. Extingue-se o penhor: IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa.” LETRA E – CORRETA: Art. 1.499, VI, do Código Civil: “Art. 1.499. A hipoteca extingue-se: VI - pela arrematação ou adjudicação.” 11. Quanto a relação de parentesco no Código Civil é incorreto afirmar: (A) O Código Civil veda o reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento por meio de testamento. (B) O parentesco por afinidade não tem limite na linha reta. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. (C) O filho maior não pode ser reconhecido sem que exare o seu consentimento. (D) A ação negatória de paternidade é imprescritível. (E) O parentesco pode ser natural, civil e por afinidade. RESPOSTA: A COMENTÁRIOS LETRA “A” – INCORRETA. Art. 1.609, III, Código Civil: “Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado.” LETRA “B” – CORRETA. Art. 1.595, Código Civil: “Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.” LETRA “C” – CORRETA. Art. 1.614, Código Civil. “Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.” LETRA “D” – CORRETA. Art. 1.601, Código Civil “Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.” LETRA “E” – CORRETA. Art. 1.593 e 1.595, Código Civil: “Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.” 12. Com base na Lei de Locações nº 8.245/91 e doutrina sobre o tema, assinale a opção correta. (A) Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo indeterminado, prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as disposições procedimentais previstas nesta Lei. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. (B) Não poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação. (C) Em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário, compromete-se este a cumprir a multa convencionada, que não excederá, porém, a soma dos valores dos aluguéis a receber até o termo final da locação. (D) O contrato “built to suit” não tem previsão legal, portanto a maioria da doutrina aduz que sua natureza jurídica é de um contrato atípico. (E) Desde que devidamente registrado o contrato de locação no registro de títulos e documentos da situação do imóvel, os valores relativos aos aluguéis a receber até o termo final contratado serão livremente negociáveis pelo locador com terceiros, na forma dos arts. 286 a 298 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), responsabilizando-se o locatário e eventuais garantidores pelo respectivo adimplemento. RESPOSTA: C COMENTÁRIOS LETRA “A” – INCORRETA. Art. 54-A, Lei nº 8.245/91. O contrato é por prazo determinado e não indeterminado como constou na assertiva. Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo determinado, prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as disposições procedimentais previstas nesta Lei. LETRA “B” – INCORRETA. Art. 54-A, §1º, Lei nº 8.245/91 “§ 1o - Poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação. LETRA “C” – CORRETA. Art. 54-A, §2º, Lei nº 8.245/91: “§ 2o - Em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário, compromete-se este a cumprir a multa convencionada, que não excederá, porém, a soma dos valores dos aluguéis a receber até o termo final da locação.” “LETRA “D” – INCORRETA. A Lei nº 12.744/2012, incluiu o art. 54-A, da Lei de Locações e passou a prever expressamente o contrato “built to suit”, portanto a natureza jurídica deixa de ser atípica e passa a ser de um contrato típico especial, regulamentado na Lei de Locações. É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. LETRA “E” – INCORRETA. A assertiva traz a redação do § 3º, Art. 54-A, Lei da Locações, que foi vetado. A justificativa para o veto foi a seguinte: "Ao exigir que o contrato seja levado ao Registro de Títulos e Documentos, o dispositivo cria ônus adicional, contrário à própria finalidade do projeto. Ademais, a supressão do dispositivo não obstrui a cessão de crédito nos termos da legislação vigente". DIREITO PROCESSUAL CIVIL 13. Em relação à jurisdição, marque a resposta correta: (A) Após a lide ser levada ao judiciário, todos deverão suportar os seus efeitos, tal como informa o princípio da improrrogabilidade. (B) O princípio da duração razoável do processo passa a fazer parte do ordenamento jurídico brasileiro com a Emenda Constitucional nº. 45/2004. (C) As normas processuais têm o caráter exclusivamente coercitivo. (D) A carta precatória configura exceção ao princípio da indeclinabilidade, posto tratar-se de uma medida na qual há pedido de colaboração de um juízo para outro competente. (E) Mesmo em razão de diversas instâncias, juízos, competências e áreas do direito, a jurisdição pode ser considerada unitária. RESPOSTA: E COMENTÁRIOS ALTERNATIVA A: INCORRETA Conceito referente ao princípio da inevitabilidade. A lide, uma vez levada ao judiciário, não poderá às partes impedir a decisão do juiz. Existindo uma decisão as partes devem cumpri-la, independente da satisfação das partes sobre ela. ALTERNATIVA B: INCORRETA O Paco de San José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil em 1992 (Decreto 678/1992) já previa a duração razoável do processo. A EC nº 45/2204 apenas erigiu o referido princípio ao status de direito fundamental. ALTERNATIVA C: INCORRETA O NCPC/2002 aumento o número de disposições com caráter eminentemente dispositivo, fundamento na autonomia de vontade das partes, tal como a suspensão do processo, a eleição do foro ALTERNATIVA D: INCORRETA É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal. A carta precatória trata de competência, em razão dos limites do exercício da jurisdição que é una, razão pela qual não insere-se como exceção ao princípio da indeclinabilidade. ALTERNATIVA E: CORRETA O direito brasileiro adotou o SISTEMA DE JURISDIÇÃO UNA, pelo qual o Poder Judiciário tem o monopólio da FUNÇÃO JURISDICIONAL, ou seja, do poder de apreciar, COM FORÇA DE COISA JULGADA, a lesão ou ameaça de lesão a direitos individuais e coletivos. AFASTOU, portanto, o sistema de dualidade de jurisdição em que, PARALELARMENTE AO PODER JUDICIÁRIO, existem órgãos do Contencioso Administrativo que exercem, como aquele, função jurisdicional sobre
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