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E-book 1 Hamilton Moura CONTABILIDADE GERAL Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 A LINGUAGEM DOS NEGÓCIOS �������������4 Demonstração do Resultado �����������������������������������8 Balanço Patrimonial – Ativos Princípio do Custo como Base de Valor e Conservadorismo � 13 Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido ������������������������������������������������������������������� 17 Demonstração dos Fluxos de Caixa �������������������� 20 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS ������������������������������������������������ 22 O plano de contas ������������������������������������������������� 22 Exemplo 1 �������������������������������������������������������������� 24 Exemplo 2 �������������������������������������������������������������� 26 Exemplo 3 �������������������������������������������������������������� 27 Exemplo 4 �������������������������������������������������������������� 28 Exemplo 5 �������������������������������������������������������������� 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������31 SÍNTESE ������������������������������������������������������� 32 2 INTRODUÇÃO Neste módulo de Contabilidade Geral apresentare- mos alguns princípios contábeis básicos e termino- logia contábil� Depois de se familiarizar com alguns desses termos e conceitos, você se sentirá à vontade para navegar pelas explicações, quizzes, e outros recursos do curso� Alguns dos termos básicos de contabilidade que você aprenderá incluem receitas, despesas, ativos, passivos, demonstração do resultado, balanço patri- monial e demonstração do fluxo de caixa. Você se familiarizará com débitos e créditos contábeis, mos- traremos como registrar as operações que ocorrem em uma empresa� Você também saberá por que dois conceitos básicos de contabilidade – o conceito de reconhecimento de receita e o princípio da compe- tência de exercícios – garantem que a demonstração de resultados de uma empresa relate a lucratividade de uma empresa na competência do exercício� Nessa exposição dos fundamentos contábeis bus- caremos apresentar explicações claras e concisas� 3 A LINGUAGEM DOS NEGÓCIOS Em 2014, Warren Buffett comparou a contabilidade com uma língua estrangeira, que precisa ser aprendi- da antes para possibilitar um diálogo compreensível com outras pessoas� A vantagem de aprender a lín- gua dos negócios é que você pode falar em qualquer lugar sobre uma demonstração de resultados ou um balanço patrimonial, elaborados de acordo com as normas internacionais, e isso será compreendido por qualquer pessoa que também conheça a linguagem dos negócios, a contabilidade� Vamos começar nosso curso tratando a linguagem dos negócios e apresentando os princípios básicos da contabilidade por meio da história de uma pessoa iniciando um novo negócio� A pessoa é José Roberto – um homem experiente que vê a necessidade de um serviço de entrega de encomendas em sua comuni- dade� José pesquisou as necessidades do mercado, pesquisou a concorrência, viajou para outros lugares visitando empresas que trabalhavam nesse ramo de negócio e, após esses estudos, validou sua ideia e preparou um plano de negócios que documenta a viabilidade de seu novo negócio� Podcast 1 4 https://famonline.instructure.com/files/118399/download?download_frd=1 José pediu indicação de um contador para um amigo que também tem uma empresa de serviços, se en- controu com o contador Wilson para discutir a forma de negócio que deveria usar� Dada a sua situação específica, eles concluíram que uma sociedade com a esposa seria melhor, pois enquadrada no regime de tributação simplificado. José decide que o nome de sua empresa será JR Serviços de Entregas Ltda� O contador também aconselha José sobre as várias licenças e registros que serão necessários para a nova empresa� José Roberto é muito trabalhador e um homem in- teligente, mas admite que não está confortável com a parte burocrática e de gestão de sua empresa� Ele sabe que poderá contar com a expertise de seu con- tador e que poderá utilizar um software de contabili- dade para registrar todas as operações da empresa, mas quer entender melhor como a contabilidade pode auxiliar na gestão do seu negócio� Em sua segunda reunião com Wilson, José Roberto pede a ele uma visão geral da contabilidade, das de- monstrações financeiras e como são geradas es- sas informações� Com base no plano de negócios de José, Wilson percebe que provavelmente haverá milhares de transações a cada ano. Ele afirma que um software contábil permitirá o registro eletrônico, armazenamento e recuperação das transações� O software de contabilidade permitirá que José Roberto gere as demonstrações financeiras e outros relatórios necessários para administrar seus negócios� 5 José Roberto parece confuso com o termo transação, então Wilson explica que transação é o nome que se dá às operações que serão realizadas pela empresa, também chamadas de fatos administrativos, e dá cinco exemplos de transações que a JR Serviços de Entregas Ltda� precisará registrar: • José Roberto, sem dúvida, iniciará seus negócios colocando parte de seu próprio dinheiro nisso� Na ver- dade, ele está integralizando o capital da JR Serviços de Entregas Ltda� • A JR Serviços de Entregas Ltda� precisará comprar um veículo de entrega robusto e confiável. • A empresa começará a receber valores de clientes para entregar suas encomendas� • A empresa pagará impostos sobre os valores recebidos� • A empresa incorrerá em despesas para sua opera- ção, como um salário para José Roberto, despesas associadas ao veículo de entrega, publicidade, etc� Com milhares de transações desse tipo em um de- terminado ano, José Roberto percebe que precisará usar o software desde o início� O software de conta- bilidade gera faturas de vendas e lançamentos con- tábeis simultaneamente, emite notas fiscais para os clientes sem nenhum trabalho adicional, atualiza automaticamente os registros contábeis, etc� Ao adquirir o hábito de inserir todas as transações comerciais do dia em seu computador, José poderá ter acesso rápido e fácil às informações específicas 6 necessárias para tomar decisões comerciais cor- retas� Wilson diz a José Roberto que a “abordagem de transação” da contabilidade é útil, confiável e informativa� Ele já trabalhou com outros proprietá- rios de pequenas empresas que acham que basta simplesmente “saber” que sua empresa ganhou R$ 90�000,00 durante o ano (com base apenas no fato de que ela possui R$ 90�000,00 a mais do que em 1º de janeiro)� Essas são as pessoas que começam de forma errada e acabam no escritório de Wilson à procura de conselhos financeiros. Se José Roberto inserir todas as transações da JR Serviços de Entregas Ltda� em seu computador, um bom software de contabilidade permitirá que ele im- prima suas demonstrações contábeis com apenas um clique� A seguir, Wilson explica o conteúdo e o ob- jetivo das três principais demonstrações financeiras: • Demonstração do Resultado; • Balanço patrimonial; e, • Demonstração dos Fluxos de Caixa� 7 Figura 1: Linguagem dos negócios. Fonte: Pixabay. Demonstração do Resultado Wilson ressalta que uma Demonstração do Resultado mostrará como a JR Serviços de Entregas Ltda� foi lucrativa durante o intervalo de tempo mostrado em seu cabeçalho� Esse período de tempo pode ser uma semana, um mês, três meses, cinco semanas ou um ano – José Roberto pode escolher qualquer período de tempo que julgue mais útil� A demonstração do resultado envolve duas coisas: o montante que foi ganho (receitas) e as despesas necessárias para obter as receitas� Como você ob- servará a seguir, o termo receita não é o mesmo que recebimentos, e o termo despesas envolve mais do que apenas um cheque para pagar uma conta� 8 https://pixabay.com/pt/photos/local-de-trabalho-equipe-1245776/ Receitas As principais receitas da JR Serviços de Entregas Ltda� são as taxas que ela recebe para o envio de encomendas�De acordo com o regime contábil de competência (ao contrário do método contábil de caixa), as receitas são registradas quando são au- feridas, e não quando a empresa recebe o dinheiro� Registrar as receitas quando elas são obtidas é o resultado de um dos princípios básicos de conta- bilidade conhecido como princípio da competência de exercícios� Por exemplo, se José Roberto entregar 1�000 enco- mendas em dezembro por R$ 4,00 cada entrega, ele tecnicamente ganhou taxas totalizando R$ 4�000,00 para esse mês� Suponha que ele envie faturas a seus clientes por essas taxas com vencimento até 10 de janeiro do ano seguinte� Mesmo que seus clientes não paguem a JR Serviços de Entregas Ltda� até 10 de janeiro, o regime de competência exige que os R$ 4�000,00 sejam registrados como receita de dezem- bro, uma vez que é quando o trabalho das entregas realmente ocorreu� Depois que as despesas são cor- respondidas com essas receitas, a demonstração do resultado de dezembro mostrará quão lucrativa a empresa foi com a entrega de encomendas em dezembro� Quando José Roberto receber os cheques de paga- mento no valor de R$ 4�000,00 de seus clientes, em 10 de janeiro, ele fará uma entrada contábil para mos- trar que o dinheiro foi recebido� Esses R$ 4�000,00 9 de recebimentos não serão considerados como re- ceitas de janeiro, uma vez que as receitas já foram reportadas como receita em dezembro, quando fo- ram auferidas� Esses R$ 4�000,00 de recebimentos serão registrados em janeiro como uma redução no Contas a Receber (em dezembro, José Roberto fez uma entrada no Contas a Receber e nas Vendas)� Despesas Agora Wilson se volta para a segunda parte da de- monstração de resultados – as despesas� A demons- tração do resultado de dezembro deve mostrar as despesas incorridas durante o mês de dezembro, independentemente de quando a empresa realmente pagou ou pagará essas despesas� Por exemplo, se José Roberto contratar alguém para ajudá-lo com as entregas de dezembro e José Roberto concordar em pagar-lhe R$ 900,00, em 3 de janeiro, essa despesa de R$ 900,00 precisa ser mostrada na demonstração do resultado de dezembro� A data real em que os R$ 900,00 são pagos não importa� O que importa é quando o trabalho foi feito – quando a despesa foi incorrida – e, nesse caso, o trabalho foi feito em dezembro� A despesa de R$ 900,00 é contada como uma despesa de dezembro, embora o valor seja pago somente em 3 de janeiro� O registro das despesas com as receitas relacionadas também está associa- do ao princípio da competência de exercícios� Wilson explica a José Roberto que mostrar os R$ 900,00 de despesas de salário na demonstração do resultado de dezembro resultará em uma correspon- 10 dência do custo da mão de obra usada para fazer as entregas de dezembro, com as receitas da entrega de dezembro� Essa correspondência é muito importante para medir a rentabilidade de uma empresa durante um determinado período de tempo� Wilson fica encantado ao ver que José Roberto já tem uma compreensão intuitiva desse princípio con- tábil básico� Para ganhar receitas em dezembro, a empresa teve de incorrer em algumas despesas de operação em dezembro, mesmo que as despesas sejam pagas em janeiro� Outras despesas a serem correspondidas com as receitas de dezembro seriam o combustível para o veículo de entrega e spots pu- blicitários no rádio, por exemplo� José Roberto pede a Wilson para fornecer outro exemplo de um custo que não seria pago em de- zembro, mas teria que ser correspondido como uma despesa na demonstração do resultado de dezembro� Wilson usa a despesa de juros em dinheiro empres- tado como exemplo� Ele pede a José Roberto para supor que, no dia 1º de dezembro, a JR Serviços de Entregas Ltda� pegue um empréstimo R$ 24�000,00 com prazo de dois anos e com uma taxa de juros de 10% ao ano, ou R$ 2�400,00 por ano� Esse juro deve ser pago em uma quantia fixa em 1º de dezembro de cada ano� Agora, mesmo que o juro esteja sendo pago ao ban- co apenas uma vez por ano, José Roberto percebe que, na realidade, um pouco dessa despesa de ju- ros é incorrida a cada dia após ser contratada� Se 11 José Roberto estiver preparando demonstração do resultado mensal, ele deverá informar um mês de despesas com juros na demonstração do resultado de cada mês� O valor que a JR Serviços de Entregas Ltda� incorrerá como despesa de juros será de R$ 200 por mês durante todo o ano (R$ 24�000 x 10% dividido por 12)� Em outras palavras, José Roberto precisa descontar R$ 200 de despesas com juros das receitas de cada mês� A despesa de juros é consi- derada um custo necessário para obter as receitas apresentadas nas demonstrações de resultados� Wilson explica a José Roberto que a demonstração do resultado é um pouco mais complicada do que o que ele acabou de explicar, mas, por enquanto, ele só quer que José Roberto aprenda alguns conceitos básicos de contabilidade e alguma terminologia con- tábil� Wilson garante, no entanto, que José Roberto entenda um ponto simples, mas importante: uma demonstração de resultado, não informa o recebi- mento do dinheiro – em vez disso, sua finalidade é: • Informar as receitas obtidas pelos esforços da empresa durante o período� • Relatar as despesas incorridas pela empresa du- rante o mesmo período� O objetivo da demonstração de resultados é mostrar a lucratividade de uma empresa durante um perío- do de tempo específico. A diferença (ou “líquido”) entre as receitas e as despesas da JR Serviços de Entregas Ltda� é geralmente chamada de última linha 12 e é rotulada como Lucro Líquido ou Prejuízo Líquido do Exercício� Outros exemplos de gastos que podem ser pagos antes de serem usados incluem seguros e anuidade para uma associação comercial ou assinatura de periódicos. A parcela que expira no período contábil atual é registrada como uma despesa na demons- tração do resultado; a parte que ainda não expirou é registrada como um ativo no balanço patrimonial. Wilson assegura a José Roberto que ele logo verá uma ligação significativa entre a demonstração do resultado e o balanço patrimonial, mas por enquanto ele continua com sua explicação dos ativos. Balanço Patrimonial – Ativos Princípio do Custo como Base de Valor e Conservadorismo José Roberto descobre que cada um dos ativos de sua empresa é registrado pelo seu custo original e, mesmo que o valor justo de mercado de um item au- mente, o contador não aumentará o valor registrado desse ativo no balanço patrimonial� Esse é o resul- tado de outro princípio contábil básico, conhecido como princípio de custo como base de valor� Embora os contadores geralmente não aumentem o valor de um ativo, eles podem diminuir seu valor como resultado de um conceito conhecido como con- servadorismo� Por exemplo, depois de alguns meses 13 de trabalho, José Roberto percebe uma necessidade de seus clientes: eles precisam de caixas para emba- lar as encomendas; então, começa a comprar caixas de diferentes tamanhos para vender aos clientes� Digamos que a JR Serviços de Entregas Ltda� tenha comprado 1�000 caixas por atacado a R$ 1,00 cada� Desde o momento em que José Roberto as comprou, no entanto, o preço de atacado das caixas foi reduzi- do em 40% e, ao preço de hoje, ele poderia comprá- -las por R$ 0,60 cada� Se o valor realizável líquido de seu estoque for menor que o custo registrado originalmente, o princípio do conservadorismo dire- ciona o contador a relatar o valor mais baixo como o valor do ativo, no balanço patrimonial� Em resumo, o princípio do custo como base de valor geralmente evita que os ativos sejam reportados a mais do que o custo, enquanto o conservadorismo pode exigir que os ativos sejam informados a um custo menor do que esse� Depreciação José Roberto também precisa saber que os valores reportados em seu balanço patrimonial para ativos, como equipamentos, veículos e edifícios são rotinei- ramente reduzidos pela depreciação� A depreciação é realizadapelo princípio contábil da competência de exercícios� A depreciação é usada para ativos cuja vida não é indefinida – o equipamento se desgasta, os veículos se tornam muito antigos e caros para manter, a idade dos edifícios e alguns ativos (como computadores) se tornam obsoletos� Depreciação 14 é a alocação do custo do ativo em despesas de de- preciação, na demonstração do resultado, ao longo de sua vida útil� Como exemplo, suponha que o veículo do JR Serviços de Entregas Ltda� tenha uma vida útil estimada de cinco anos e tenha sido comprado a um custo de R$ 60�000,00� O contador pode lançar R$ 12�000,00 (R$ 60�000,00 ÷ 5 anos) de Despesas de Depreciação, com as receitas de cada ano, por cinco anos� A cada ano, o valor contábil do veículo será reduzido em R$ 12�000,00� (O valor contábil relatado no balanço pa- trimonial é o custo do veículo menos a depreciação total, desde que o veículo foi adquirido.) Isso significa que, após um ano, o balanço patrimonial reporta- rá o valor contábil do veículo de entrega como R$ 48�000,00, após dois anos o valor contábil será de R$ 36.000,00, etc. Após cinco anos – ao fim da vida útil esperada do veículo – seu valor contábil será zero� SAIBA MAIS “Como Calcular a Depreciação e Impairment”, vídeo do Prof. Daniel Ramos Nogueira: https://www.youtu- be.com/watch?v=PQH6P7s_gQk José Roberto quer ter certeza de que entende o que Wilson está lhe dizendo sobre os ativos no balanço, então pergunta a Wilson se o balanço está, de fato, mostrando o valor dos ativos da empresa. Ele fica surpreso ao ouvir Wilson dizer que os ativos não são reportados no balanço patrimonial pelo seu 15 https://www.youtube.com/watch?v=PQH6P7s_gQk https://www.youtube.com/watch?v=PQH6P7s_gQk valor (valor justo de mercado)� Os ativos de longo prazo (como edifícios, equipamentos e mobiliário) são reportados pelo seu custo, menos os valores já enviados para a demonstração do resultado, como Despesa de Depreciação� O resultado é que o valor de mercado de um edifício pode realmente ter au- mentado desde que foi adquirido, mas o valor no balanço patrimonial foi consistentemente reduzido, à medida que o contador transferiu parte de seu custo para a despesa de depreciação, na demonstração de resultados� Outro ativo, um equipamento de escritório, pode ter um valor justo de mercado muito menor do que o valor contábil informado no balanço patrimonial� Os contabilistas veem a depreciação como um processo de alocação – alocando o seu valor à despesa para confrontar os custos com as receitas geradas pelo ativo� Os contadores não consideram a depreciação como um processo de avaliação� Um terreno não é depreciado porque não têm uma vida útil definida; aparecem ao custo original, mesmo que a terra valha cem vezes mais do que seu custo, não há desgaste de terreno, não há consumo, o terreno sempre será o mesmo com o passar do tempo� Os valores dos ativos de curto prazo (atuais) pro- vavelmente estarão próximos de seus valores de mercado, uma vez que tendem a “girar” em períodos relativamente curtos de tempo� Wilson adverte José Roberto que o balanço reporta apenas os ativos adquiridos ao seu custo de aquisi- 16 ção. Isso significa que a reputação de uma empresa – por melhor que seja – não será listada como um ativo. Isso também significa que Alexandre Costa não aparecerá como um ativo no balanço da Cacau Show; Antônio Luiz Seabra não aparecerá como um ativo no balanço da Natura; O logotipo da Cacau Show e da Natura também não aparecerão como ativo em seus balanços. José Roberto fica surpreso ao ouvir isso, pois, em sua opinião, esses itens talvez fossem as coisas mais valiosas dessas empresas. Wilson diz a José Roberto que ele acabou de apren- der uma lição importante da qual ele deve sempre se lembrar ao ler um balanço. Balanço Patrimonial – Passivo e Patrimônio Líquido Passivo O balanço reporta os passivos da JR Serviços de Entregas Ltda. na data indicada no cabeçalho do balanço. Passivos são obrigações da empresa; são valores devidos a outros na data do balanço. Wilson dá a José Roberto alguns exemplos de obrigações: o empréstimo que ele teria recebido do banco, os juros sobre o empréstimo que ele deve, o montante devido à loja de suprimentos por itens comprados a crédito (Contas a Pagar), o salário que ele deve a um empregado, mas que ainda não pagou (Salário a Pagar), os impostos calculados sobre suas vendas que deverão ser recolhidos no próximo mês. 17 Outra obrigação é o dinheiro recebido antes de realmente realizar um trabalho ou entregar um pro- duto. Por exemplo, suponha que a JR Serviços de Entregas Ltda. conclua um contrato com um de seus clientes estipulando que o cliente pague R$ 6.000,00 em troca da entrega de 30 itens por mês, durante 6 meses. Suponha que a Entregas Diretas receba o pagamento de R$ 6.000,00 em 1º de dezembro para entregas a serem realizadas entre 1º de de- zembro e 31 de maio. A JR Serviços de Entregas Ltda. tem um recebimento de R$ 6.000,00 em 1º de dezembro, mas não tem receita de R$ 6.000,00, neste momento. Ela terá receitas apenas quando ganhar, entregando os itens. Em 1º de dezembro, a contabilidade mostrará que seu ativo aumentou em R$ 6.000,00, mas também terá de mostrar que tem um passivo de R$ 6.000,00 (a empresa assumiu a obrigação de entregar R$ 6.000,00 em itens dentro de 6 meses, ou devolver o dinheiro). A conta do passivo envolvida nos R$ 6.000,00 rece- bidos em 1º de dezembro é a receita não recebida (ou Receitas diferidas, depósitos de clientes, etc.). A cada mês, à medida que os 30 itens são entre- gues, a JR Serviços de Entregas Ltda. está ganhan- do R$ 1.000,00 e, como resultado, a cada mês, R$ 1.000,00 são transferidos das Receitas Diferidas para a Receita de Serviços. A cada mês, a obrigação da JR Serviços de Entregas Ltda. diminui em R$ 1.000,00, uma vez que ela cumpre o contrato, en- tregando encomendas e, a cada mês, suas receitas 18 na demonstração de resultados aumentam em R$ 1.000,00. Patrimônio Líquido A terceira seção do balanço de uma empresa é o Patrimônio Líquido. O valor do Patrimônio Líquido é exatamente a diferença entre os valores dos ativos e os valores dos passivos. Como resultado, os conta- dores geralmente se referem ao Patrimônio Líquido como a diferença de ativos menos passivos. Como os ativos da empresa são demonstrados pelo menor valor de custo ou mercado (e não pelos valo- res de mercado), é importante que você não associe o valor apresentado do Patrimônio Líquido ao valor de mercado da empresa� Portanto, é uma má escolha referir-se ao Patrimônio Líquido como o “valor líquido” da empresa� Para encontrar o valor de mercado de uma empresa, você deve obter os serviços de um pro- fissional familiarizado com a avaliação de negócios. Dentro da seção Patrimônio Líquido, você pode ter contas como Capital Social, Capital a Integralizar, Ações Preferenciais, Ações Ordinárias, Reserva de Capital, Reserva de Lucros, Ações em Tesouraria, etc� A conta Capital Social será aumentada quando hou- ver aumento de capital em dinheiro ou algum outro ativo, ou quando houver incorporação de parte das reservas ao capital social� Outra conta, Reserva de Lucros, aumentará quando a empresa obtiver lucro� Haverá uma diminuição quando a empresa tiver um prejuízo. Isso significa que as receitas automatica- 19 mente causarão um aumento no Patrimônio Líquido e as despesas automaticamente causarão uma redu- ção no Patrimônio Líquido� Isso ilustra uma ligação entre o balanço patrimonial e a demonstração de resultados de uma empresa� Figura 2: Equilíbrio Patrimonial. Fonte: Pixabay. Demonstração dos Fluxos de Caixa A terceira demonstração financeira que José Roberto precisa entender é a Demonstração dos Fluxos de Caixa� Esse relatório mostra como o saldo de caixa da JR Serviços de Entregas Ltda� foi alterado duran- te o intervalo de tempo mostrado no cabeçalho da demonstração� José Roberto poderá ver o dinheirogerado e utilizado pelas atividades operacionais, suas 20 https://pixabay.com/pt/photos/senhora-justi%C3%A7a-legal-direito-2388500/ atividades de investimento e suas atividades de fi- nanciamento de sua empresa� Muita da informação sobre esta demonstração financeira virá dos balan- ços e demonstrações de resultados da empresa� Os três relatórios financeiros que Wilson apresentou a José Roberto – a demonstração do resultado, o balanço patrimonial e a demonstração do fluxo de caixa – representam um segmento da valiosa produ- ção que um bom software contábil pode gerar para os proprietários de empresas� Agora Wilson explica a José Roberto o básico para começar a registrar suas transações� 21 MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS O campo da contabilidade – tanto os sistemas ma- nuais antigos quanto o software básico de contabili- dade de hoje – é baseado no procedimento contábil de 500 anos, conhecido como método das partidas dobradas� A partida dobrada é um conceito simples, mas poderoso: cada uma das transações de uma empresa resultará em um valor registrado em, pelo menos, duas das contas no sistema contábil� Podcast 2 SAIBA MAIS Assista ao vídeo a seguir para entender melhor o método das partidas dobradas: “Método das Par- tidas Dobradas: Desvendando o segredo dos Conta- dores” do Prof. Cláudio Marcelo R. Cordeiro. https://www.youtube.com/watch?v=CSKT_VGbtso O plano de contas Para iniciar o processo de configuração do sistema de contabilidade de José Roberto, ele precisará fazer uma lista detalhada de todos os nomes das contas que a JR Serviços de Entregas Ltda� pode considerar 22 https://famonline.instructure.com/files/118400/download?download_frd=1 úteis para relatar suas transações� Esta listagem de- talhada é chamada de plano de contas� O software de contabilidade geralmente fornece modelos de planos de contas para vários tipos de negócios� Ao iniciar suas operações, José Roberto descobrirá que o plano de contas o ajudará a selecionar as duas (ou mais) contas para classificar cada uma delas. José Roberto poderá ainda adicionar mais nomes de contas ao plano de contas ou excluir nomes de contas que nunca serão usadas� Um bom plano de contas deve ser flexível, possibilitando adaptações para melhor classificar e relatar as transações de seus negócios� Por causa do método das partidas dobradas, todas as transações da JR Serviços de Entregas Ltda� en- volverão uma combinação de duas ou mais contas do balanço patrimonial e / ou da demonstração de resultados� Wilson lista alguns exemplos de contas que José Roberto provavelmente precisará incluir em seu plano de contas: Contas de balanço: • Contas de ativos (Exemplos: Caixa, Contas a Receber, Suprimentos, Veículos, Equipamentos) • Contas de Passivo (Exemplos: Contas a Pagar, Impostos a Pagar, Salários a Pagar) • Contas do Patrimônio Líquido (Exemplos: Capital Social, Reserva de Lucros) 23 Contas de demonstração de resultados: • Contas de receita (Exemplos: Receitas de Serviço, Receitas Financeiras) • Contas de despesas (Exemplos: despesas de salários, despesas de aluguel, despesas de depreciação) Para ajudar José Roberto a entender como isso fun- ciona, Wilson ilustra o método das partidas dobra- das com alguns exemplos de transações que José Roberto provavelmente encontrará� Exemplo 1 Em 3 de dezembro de 2018, José Roberto inicia seu negócio na JR Serviços de Entregas Ltda� A primeira transação que José Roberto registrará para sua em- presa é o investimento pessoal de R$ 200�000,00 na JR Serviços de Entregas Ltda� O sistema contábil da empresa mostrará um aumento em sua conta Caixa de R$ 200�000,00, e um aumento na conta Capital Social, do patrimônio líquido, em R$ 200�000,00� Ambas as contas são contas do balanço patrimonial� Não há receita porque nenhum serviço foi prestado pela empresa e não houve despesas� Depois que José Roberto registrar essa transação, o balanço da JR Serviços de Entregas Ltda. ficará assim: 24 JR Serviços de Entregas Ltda. Balanço Patrimonial 03/12/2018 Ativos Aplicação de Recursos Origem dos Recursos Aplicados Caixa R$ 200.000 Passivo Líquido Capital Social Total TotalR$ 20.000 R$ 200.000 R$ 200.000 Passivos Figura 3: Representação do patrimônio. Wilson diz a José Roberto se ele pode perceber que o balanço é apenas isso: um equilíbrio� José Roberto olha para o total de R$ 200�000,00 no lado do ati- vo, e olha para R$ 200�000,00, no lado direito, e diz que sim; é claro, ele verifica que realmente há um equilíbrio� Wilson mostra a José Roberto algo chamado de equação básica da contabilidade, que, explica, é realmente o mesmo conceito do balanço, apenas apresentado em um formato equação: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido R$ 200�000 = R$ 0 + R$ 200�000 25 A equação contábil (e o balanço) deve estar sempre em equilíbrio� Exemplo 2 Se, no dia 04/12, a empresa comprar um veículo para fazer suas entregas no valor de R$ 50�000,00, pagando 50% à vista e financiando 50%. O valor da aplicação de recursos foi de R$ 50�000,00, mas qual foi a origem dos recursos para comprar esse veículo? A metade teve origem no próprio ativo, ou seja, diver- sificou a aplicação do Capital Social inicial, ficando R$ 175�000,00 em Caixa e R$ 50�000,00 em Veículos� O restante foi financiado, tendo origem, portanto, em capital de terceiros (Passivo)� Analisemos como ficaria agora a distribuição do Patrimônio (em origens e aplicações): Demonstração do Patrimônio após a aquisição do veículo: JR Serviços de Entregas Ltda. Balanço Patrimonial 04/12/2018 Ativo (aplicações de recursos) Passivo (origens dos recursos) Caixa R$ 175.000,00 Financiamento R$ 25.000,00 Veículos R$ 50.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$ 200.000,00 Total R$ 225.000,00 Total R$ 225.000,00 Tabela 1: Representação do patrimônio. 26 Exemplo 3 Se, no dia 05/12, a empresa adquirir suprimentos de seus fornecedores a prazo, no valor de R$ 10�000,00, deverá demonstrar em seu patrimônio essa nova aquisição e a origem dos recursos para tal� JR Serviços de Entregas Ltda. Balanço Patrimonial 05/12/2018 Ativo (aplicações de recursos) Passivo (origens dos recursos) Caixa R$ 175.000,00 Suprimentos R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 10.000,00 Financiamento R$ 25.000,00 Veículos R$ 50.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$ 200.000,00 Total R$ 235.000,00 Total R$ 235.000,00 Tabela 2: Representação do patrimônio. Observe que o total do Ativo é de R$ 235�000,00 e o valor do Passivo + Patrimônio Líquido é de R$ 235�000,00, mas o valor do Patrimônio Líquido per- manece o mesmo, ou seja, as origens de capital pró- prio não foram alteradas, todas as novas aplicações de recursos tiveram origens nos recursos do próprio Ativo ou do Passivo (capital de terceiros)� Você já deve ter percebido que qualquer transação que afeta o patrimônio é possível encontrar suas origens e aplicações dos recursos� 27 Exemplo 4 Suponha agora que, no dia 06/12, a empresa adquira móveis e equipamentos para o seu escritório, no valor de R$ 20�000,00, pagando 40% à vista e o restante em 4 parcelas� O seu caixa diminuirá em R$ 8�000,00 (40% x R$ 20�000,00) e a sua dívida com fornecedores au- mentará em R$ 12�000,00� Por outro lado, seu ati- vo aumentará em R$ 20�000,00 na conta Móveis e equipamentos� A aplicação foi feita em móveis e equipamentos, e as origens de recursos foram R$ 8�000,00 do Caixa e R$ 12�000,00 de Fornecedores� JR Serviços de Entregas Ltda. Balanço Patrimonial 06/12/2018 Ativo (aplicações de recursos) Passivo (origens dos recursos) Caixa R$ 167.000,00 Suprimentos R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 22.000,00 Financiamento R$ 25.000,00 VeículosR$ 50.000,00 Móveis e Equipam. R$ 20.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$ 200.000,00 Total R$ 247.000,00 Total R$ 247.000,00 Tabela 3: Representação do patrimônio. 28 José Roberto fica perplexo com o método da conta- bilidade e com as informações que terá para dirigir seu negócio, mas não dispensa a assessoria do seu contador, pois sabe que haverá maior complexidade, à medida que a empresa aumentar seu volume de operações� O Contador provoca José Roberto e dá outro exem- plo, envolvendo prestação de serviços� Exemplo 5 Suponha que a JR Serviços de Entrega Ltda� prestou um serviço de entrega para uma empresa, no dia 06/12, e emitiu uma fatura que vencerá em 30 dias� O valor do serviço foi de R$ 1�000,00� Como contabilizar? Desafia Wilson. Nesse caso, temos uma receita de serviços, pois já ocorreu a prestação do serviço, no entanto, ainda não foi recebido� JR Serviços de Entregas Ltda. Balanço Patrimonial 06/12/2018 Ativo (aplicações de recursos) Passivo (origens dos recursos) Caixa R$ 167.000,00 Contas a Receber R$ 1.000,00 Suprimentos R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 22.000,00 Financiamento R$ 25.000,00 29 Veículos R$ 50.000,00 Móveis e Equipam. R$ 20.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$ 200.000,00 Lucro R$ 1.000,00 Total R$ 248.000,00 Total R$ 248.000,00 Tabela 4: Representação do patrimônio. A contrapartida de contas a receber será uma conta de resultado, que aumentará o Patrimônio Líquido; por ora, vamos supor que houve um lucro de R$ 1�000,00� No entanto, essa é uma conta de resultado chamada Receitas de Serviços� 30 CONSIDERAÇÕES FINAIS Iniciamos, neste primeiro módulo, o estudo da lin- guagem dos negócios, a contabilidade� Você já deve ter percebido que é preciso entender muitos termos e conceitos para poder se comunicar no mundo dos negócios� Começamos com uma história fictícia de um empre- sário iniciando um novo negócio com a assessoria de um contador� Dessa forma, introduzimos alguns conceitos e princípios da contabilidade, explicamos o funcionamento das principais demonstrações con- tábeis e fornecemos alguns exemplos de transações de uma empresa� Nos próximos módulos, vamos nos aprofundando nos conceitos e princípios necessários para o bom entendimento da contabilidade� Consideramos que a contabilidade é um complexo sistema de comunicação e, para que essa comuni- cação tenha a fluidez necessária ao ambiente de negócios, é preciso aprender sua linguagem� 31 Síntese • patrimônio líquido. • patrimônio. • passivo. • ativo. • capital de terceiros. • contas de resultado. • contas patrimoniais. • fatura. • prestação de serviços. • vendas. • compras. • fluxo de caixa. • demonstração do resultado. • balanço patrimonial. Linguagem dos negócios Informação aos usuários da contabilidade CONTABILIDADE GERAL Transações Princípios Contábeis Referências Bibliográficas & Consultadas CORDEIRO, Cláudio Marcelo R� Método das Partidas Dobradas: Desvendando o segredo dos Contadores� Vídeo disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=CSKT_VGbtso� Acesso em: 28 jun� 2019� FAVERO, Hamilton Luiz; LONARDONI, Mário; SOUZA, Clóvis de; TAKAKURA, Massakazu� Contabilidade: Teoria e Prática� 6� ed� São Paulo: Atlas, 2011� GELBECKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos; IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu� Manual de Contabilidade Societária. 3� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca] IUDÍCIBUS, Sergio de� et al� Contabilidade Introdutória. 12� ed� São Paulo: Atlas, 2019� [Minha Biblioteca] IUDÍCIBUS� Sergio de; MARION, José Carlos� Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito e en- genharia� 8� ed� São Paulo: Atlas, 2019� [Minha Biblioteca] MARION, José Carlos� Contabilidade básica. 12� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca] MARION, José Carlos� Contabilidade empresarial. 16� ed� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca] NOGUEIRA, Daniel Ramos� Como Calcular a Depreciação e Impairment. Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PQH6P7s_gQk� Acesso em: 28 jun� 2019� PADOVEZE, Clóvis Luiz� Introdução à Contabilidade para não contadores. 2� ed� São Paulo: Cengage Learning, 2016� [Minha Biblioteca] PADOVEZE, Clóvis Luís� Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária� 10� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca]� E-book 2 Hamilton Moura CONTABILIDADE GERAL Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 PATRIMÔNIO ������������������������������������������������4 Origens e Aplicações de Recursos �������������������������7 As Demonstrações Contábeis Básicas ������������������9 CICLO CONTÁBIL �������������������������������������� 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������28 SÍNTESE �������������������������������������������������������29 2 INTRODUÇÃO Na sua forma mais simples, a contabilidade é uma forma de comunicar a saúde financeira de uma em- presa ou organização a todas e quaisquer partes interessadas� É uma maneira de avaliar os ativos, passivos, resultados econômicos e financeiros, ou o futuro de uma entidade para todos os investidores atuais e futuros� É uma ferramenta vital para todos os tipos de negócios que precisam transformar os dados de suas transações em informações� Neste módulo, vamos tratar do objeto de estudo da contabilidade: o Patrimônio� Para estudar o patri- mônio e suas variações ao longo do tempo, a con- tabilidade rastreia todas as origens e aplicações de recursos que vão ocorrendo por meio das transações efetuadas pela entidade� Chamamos de entidade qualquer ente que possua um patrimônio que possa ser estudado pela contabilidade: pessoa física ou pessoa jurídica, englobando empresas publicas e privadas, associações, sindicatos, organizações não governamentais, etc� Atuando dentro de um ciclo contábil, o contador re- gistra todas as transações do período e pode apre- sentar as demonstrações contábeis básicas: • Demonstração do Resultado • Demonstração de Fluxo de Caixa • Balanço Patrimonial 3 PATRIMÔNIO A Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio e suas variações, com o objetivo de fornecer infor- mações úteis para tomada de decisão por parte de gestores ou investidores� A construção da informação contábil é baseada na observação de uma entidade e sua atividade espe- cífica. O processamento dos dados para obter in- formações é feito operando com uma linguagem contábil específica e meios para que eles atendam às necessidades do usuário e à legislação vigente� A contabilidade propõe uma modelagem abrangente da entidade baseada em regras que garantem a ob- tenção de informações contábeis de alta qualidade e não apenas uma lista de contas e números� Além de desempenhar um importante papel no con- trole da gestão de recursos e sua contribuição para a tomada de decisão por diferentes usuários, a con- tabilidade passou a desempenhar, nos últimos anos, um papel do ajuste social, pois as informações das grandes empresas que geram impacto em determi- nados segmentos sociais são de interesse geral� As demonstrações contábeis são um resumo das informações que caracterizam os elementos do patri- mônio de cada empresa e representam o documento oficial de gestão, que deve espelhar uma imagem ver- dadeira, clara e completa dos ativos, posição finan- ceira e resultados econômicos obtidos� Além disso, 4 as demonstrações contábeis mostram os resulta- dos da administração da entidade, incluindo gestão dos recursos que lhes são confiados. Os usuários que desejarem avaliar a gestão de uma empresa, ou avaliar as decisões que impactam no seu resultado econômico – tais como a opção de manter ou vender o investimento ou a substituição ourecondução de administradores profissionais –, podem utilizar as informações produzidas pela contabilidade� As decisões econômicas tomadas pelos usuários das demonstrações contábeis exigem a avaliação de capacidade da empresa de gerar caixa ou equivalen- tes de caixa e resultados econômicos consistentes� Em última análise, depende, por exemplo, da capa- cidade de uma entidade pagar a seus empregados e fornecedores, pagar juros, pagar empréstimos e remunerar seus proprietários� Mas o que é patrimônio? Patrimônio é entendido na contabilidade como o con- junto de bens, direitos e obrigações de uma entidade� Toda entidade (pessoa física ou jurídica), ao longo de sua vida, adquire bens e direitos e assume obri- gações, pois as empresas precisam dos bens para produzir outros bens e serviços, e comercializá-los; assume obrigações de pagar fornecedores, funcio- nários, governo, sócios, instituições financeiras. Mas o que são bens? São considerados bens de uma empresa tudo o que possui valor econômico e que possa ser transfor- 5 mado em dinheiro, sendo útil para a realização do objetivo social da pessoa jurídica� Em nosso exemplo, a JR Serviços de Entregas Ltda� Necessita, para atingir seu objetivo social, “fazer en- tregas de objetos, documentos e produtos”, portanto, precisa de alguns bens – como de um veículo robus- to, de um local – para seu funcionamento, alguns móveis e equipamentos para sua administração� Esses bens fazem parte do patrimônio da empresa� Em relação aos direitos, toda vez que a JR Serviços de Entregas Ltda� faz uma entrega para um cliente, ela adquire o direito de receber o valor da entrega do seu cliente� Em relação às obrigações, quando a empresa compra a prazo ou faz um empréstimo no banco, ela assume a obrigação de pagar essas dívidas� SAIBA MAIS Assista ao vídeo Contabilidade – Patrimônio, do professor Mário Junior, para aprofundar o concei- to de patrimônio e sua composição: https://www. youtube.com/watch?v=W8YyDkg-wg8 Origens e Aplicações de Recursos Como já observamos, o Sr� José Roberto constituindo sua empresa de entregas, a entidade JR Serviços de 6 https://www.youtube.com/watch?v=W8YyDkg-wg8 https://www.youtube.com/watch?v=W8YyDkg-wg8 Entregas Ltda� Essa entidade adquiriu alguns bens e assumiu algumas obrigações em suas operações iniciais� Para melhor organizar as informações, a contabilida- de faz uma divisão dos bens, direitos e obrigações: todos os bens e direitos são classificados no Ativo e todas as obrigações da entidade são classificadas no Passivo� É fácil entender que no Ativo estão todas as aplicações de recursos da entidade: os bens e direitos que ela adquiriu; e no Passivo estão todas as obrigações da entidade, ou seja, as obrigações que assumiu para poder adquirir aqueles bens e direitos� Para exemplificar, vamos reproduzir uma demons- tração da JR Serviços de Entregas Ltda� JR Serviços de Entregas Ltda. Balanço Patrimonial 06/12/2018 Ativo (aplicações de recursos) Passivo (origens dos recursos) Caixa R$ 167.000,00 Contas a Receber R$ 1.000,00 Suprimentos R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 22.000,00 Financiamento R$ 25.000,00 Veículos R$ 50.000,00 Móveis e Equipam. R$ 20.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$ 200.000,00 Lucro R$ 1.000,00 Total R$ 248.000,00 Total R$ 248.000,00 Tabela 1: Balanço Patrimonial hipotético. Fonte: Elaboração própria. Observe que a empresa de José Roberto tem R$ 248�000,00 de origens e o mesmo valor em aplica- ções� Quais foram as origens dos recursos? • Fornecedores R$ 22�000,00 7 • Financiamento R$ 25�000,00 • Capital Social R$ 200�000,00 • Lucro R$ 1�000,00 Falamos que no Passivo estão as obrigações da entidade, mas o Capital Social, não é da entidade? Não, o Capital Social e o lucro pertencem aos sócios da entidade, ou seja, a entidade deve aos sócios� Chamamos essa obrigação de não exigível, pois ela não tem prazo de vencimento, ao contrário das outras obrigações que não estão no Patrimônio Líquido, que serão exigidas pelo fornecedor do recurso em determinada data� Podemos expressar o Patrimônio Líquido por meio da seguinte equação: Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Ou seja, tudo o que a entidade tem, menos o que ela deve a terceiros, pertence aos seus sócios� As Demonstrações Contábeis Básicas O objetivo das demonstrações contábeis Embora o objetivo específico e a finalidade das de- monstrações contábeis possam ser diferentes para diferentes órgãos contábeis, no geral é bastante similar� De acordo com o IFRS, 8 o objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer informações con- tábil-financeiras acerca da entidade que as reporta (reporting entity) sendo úteis para inves- tidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e de dívida, e a oferecer ou disponi- bilizar empréstimos ou outras formas de crédito. (OLIVEIRA, 2013, p. 3) O IFRS também declara que essas decisões depen- dem das expectativas do usuário quanto ao risco, valor e época de futuros ingressos líquidos de caixa da entidade que reporta� Abordaremos, inicialmente, como demonstra- ções contábeis básicas: o Balanço patrimonial, a Demonstração do resultado e a Demonstração do fluxo de caixa, as demais demonstrações serão ana- lisadas ao longo do curso� Balanço Patrimonial O balanço patrimonial é uma representação do pa- trimônio da entidade em determinada data, ou seja, é uma fotografia financeira do patrimônio em deter- minado momento e, por convenção, é dividido em dois lados� O lado esquerdo do balanço patrimonial engloba to- das as contas do Ativo da entidade, que representam os seus bens e direitos 9 O lado direito, o Passivo do balanço patrimonial, en- globa todas as contas que representam as obriga- ções da entidade e o patrimônio líquido que engloba as contas que representam as obrigações da em- presa para com os acionistas� Em ambos os lados, as contas são classificadas por liquidez. Entende- se por liquidez a facilidade de converter os itens representados pelas contas, em dinheiro em curto prazo� Contas mais líquidas, como Caixa, Contas a Receber Estoques, Contas a Pagar são colocadas an- tes de contas sem liquidez, como Prédio da Fábrica, Equipamentos, Veículos e Dívida de Longo Prazo� Os ativos e passivos também são separados em duas categorias: • Ativo Circulante e Ativo não Circulante • Passivo Circulante e Passivo não Circulante ATIVO PASSIVO Circulante Circulante Caixa e Bancos R$ Contas a Pagar R$ Contas a Receber R$ Fornecedores R$ Estoques R$ Tributos a Pagar R$ Empréstimos R$ Não Circulante Não Circulante Permanente Financiamentos R$ Investimentos R$ Imobilizado R$ Patrimônio Líquido Capital Social R$ Reserva de Lucros R$ Total do Ativo R$ Total do Passivo R$ Tabela 2: Representação do patrimônio. Fonte: Elaboração própria. 10 No Ativo Circulante são classificadas as contas que representam bens e direitos de curto prazo (geral- mente um ano), entende-se como curto prazo o que pode ser realizado (transformado em dinheiro) dentro prazo do ciclo contábil da empresa� Exemplos: Caixa, Contas a Receber e Estoques� No Ativo não Circulante são classificadas as contas que representam bens e direitos que ultrapassam um ciclo contábil� Exemplo: Contas a Receber a longo pra- zo, os bens do ativo imobilizado que, por sua própria característica, não serão realizados no curto prazo, não estão disponíveis para venda, mas para serem utilizados na produção de outros bens ou serviços� O intangível, como por exemplo, marcas e patentes, que também não são realizáveis a curto prazo� No Passivo Circulante são classificadas todasas contas que representam obrigações da entidade, cujo vencimento se dará em até um ciclo contá- bil� Exemplo: Salários a Pagar, Encargos Sociais a Pagar, Impostos a Pagar, Fornecedores, Empréstimos Bancários, etc� No Passivo não Circulante são classificadas todas as contas que representam obrigações da entidade, cujo vencimento se dará após um ciclo contábil� Exemplo: Financiamentos e Empréstimos de longo prazo� No Patrimônio Líquido são classificadas as contas que representam obrigações da entidade para com os seus sócios ou acionistas� Estas contas não têm vencimento definido, pois a quase totalidade das 11 entidades são constituídas sem prazo para encerrar suas atividades� Assim como os pratos de uma balança, os dois la- dos do balanço, permanecem em equilíbrio; no prato esquerdo está o ativo (aplicações de recursos) e no prato direito estão o passivo e patrimônio líquido (origens dos recursos)� Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido� Figura 1: Balança de dois pratos. Fonte: Pixabay. 12 https://pixabay.com/illustrations/graphics-design-3d-balance-sheet-875115/ Demonstração do Resultado É uma das três demonstrações contábeis básicas que as empresas devem preparar, além do balanço e da demonstração de fluxo de caixa. A demonstração do resultado mostra a rentabilida- de da empresa ao longo de um período de tempo� Em primeiro lugar, é preciso definir um período de tempo, como um mês, um trimestre ou um ano de resultados acumulados. Definido esse período de tempo, periodicamente (mês a mês, trimestre a tri- mestre, ano a ano), a contabilidade fará a apuração do resultado desse período, com os procedimentos que estudaremos mais adiante� A “tabela” de demonstração do resultado abaixo é apresentada com uma explicação linha a linha para que você possa ver o lucro ou a perda após a dedu- ção de cada despesa� A linha 1 mostra a receita líquida ou o valor de vendas deduzidos os tributos incidentes sobre essas vendas� Isso equivale ao montante total de vendas em reais que a empresa fez para o período de demonstração de resultados� Se sua empresa vendesse 50�000 uni- dades por R$ 20,00 cada (líquido de tributos), essa li- nha mostraria R$ 1�000�000,00� A empresa mostraria a quantia vendida, mesmo que tenha cobrado, mas ainda não tenha recebido o dinheiro de seus clientes� A linha 2 tem um valor de R$ 500�000 para o custo das mercadorias vendidas� Esse custo cobre a custo de compra de unidades vendidas do seu produto� 13 O custo das mercadorias vendidas geralmente é o maior gasto da empresa� O custo dos produtos ou mercadorias vendidas contém todos os custos direta- mente relacionados à produção do seu produto, como mão de obra direta e compras de matérias-primas� Se você comprar produtos por atacado e, em seguida, revendê-los, você também colocaria sobre essa linha� Por exemplo, 50�000 unidades comprados a um custo de atacado de R$ 10,50 cada um é igual ao custo de R$ 525�000,00 de mercadorias vendidas durante o período refletido nesta demonstração do resultado. Linha 3: Subtraia o custo das mercadorias vendidas das vendas líquidas para obter lucro bruto (Linha 3)� Linha 4: Do lucro bruto de R$ 475�000,00, subtraia as despesas de vendas e administração� Esse item de R$ 200�000 representa as despesas necessárias para realizar as receitas de vendas, não relaciona- dos à produção dos produtos para venda� Se você tiver várias despesas relacionadas, como contas de telefone, eletricidade e água, você pode agrupá-las em uma única linha chamada “serviços públicos”, por exemplo� As despesas administrativas também incluem cus- tos como salários, comissões de vendas, aluguel de escritórios e taxas legais e contábeis� A linha 5 mostra a despesa de depreciação da empre- sa� Quando você compra um prédio ou equipamento para o seu negócio, você o deprecia ao longo de um período de tempo� A depreciação é uma despesa 14 não-caixa e serve como um abrigo fiscal, por isso é mostrado na demonstração do resultado� Vamos supor aqui uma depreciação de R$ 60�000,00� Linha 6: Depois de subtrair despesas de vendas e administrativas e depreciação, você chega ao lucro operacional� O lucro operacional também é chamado de lucro antes de juros e impostos (EBITDA), que neste caso totaliza R$ 215�000,00� Linha 7: Depois de calcular o EBITDA, adicione as despesas de juros da sua empresa� O juro é o que você paga em qualquer dívida que sua empresa deve� Para calcular os juros da dívida, você precisa saber a taxa de juros que está pagando e multiplicá-la pelo valor principal de sua dívida� Para este exemplo, o montante de juros é assumido em R$ 40�000,00 e vai na linha 7� Linha 8: Depois de subtrair sua despesa de juros do EBITDA, você chega aos lucros antes dos impostos na Linha 8, no valor de R$ 175�000,00 Linha 9: Preencha a quantia que você paga em im- postos na Linha 9� A alíquota de imposto, neste exemplo, é de 30%, ou R$ 52�500,00� Linha 10: Depois de subtrair a despesa com impos- tos, você chegará aos ganhos disponíveis para os seus acionistas ordinários, que estão indicados na Linha 10, no valor de R$ 122�500,00� Linha 11: Se você tem investidores em sua empre- sa, a Linha 11 é onde você registra os dividendos� 15 Suponha que essa empresa pagará dividendos de R$ 40�000,00 a seus acionistas� Linha 12: Subtraindo todas as despesas abaixo da linha 3, lucro bruto, calculamos o lucro líquido da sua empresa� Isso representa o dinheiro que você deixou para reinvestir na empresa, na forma de lu- cros retidos� Transfira esse valor de lucro líquido para o seu ba- lanço, no final do seu período contábil, para a conta de Reserva de Lucros� Além de ser reinvestido na empresa, esse valor também pode ser usado para pagar dividendos futuros� A tabela abaixo mostra um exemplo de demonstra- ção do resultado muito simplificada. A demonstração de resultados da sua empresa pode ser um pouco mais complexa e conter mais itens� Esta demonstra- ção deve servir para dar a você um esquema básico e uma ideia de como uma demonstração do resultado funciona� ABC Indústria e Comércio de Utilidades Ltda. Demonstração do Resultado Exercício findo em 31/12/2018 linha item valor 1 Vendas R$ 1�000�000,00 2 Custo dos Produtos Vendidos R$ 525�000,00 3 Lucro Bruto R$ 475�000,00 4 Despesas Comerciais e Administrativas R$ 200�000,00 5 Depreciação R$ 60�000,00 16 6 Lucro Operacional (EBITDA) R$ 175�000,00 7 Juros R$ 40�000,00 8 Lucro Antes dos Impostos (EBITDA) 9 Impostos (30%) R$ 52�500,00 10 Lucro Disponível para Acionistas R$ 122�500,00 11 Dividendos R$ 40�000,00 12 Lucro Líquido R$ 82�500,00 Tabela 3: Demonstração do Resultado. A demonstração do resultado de uma empresa é tão precisa quanto à qualidade de seus dados� É in- teressante revisar as transações contábeis em um nível detalhado, especialmente se um dos itens de linha em sua demonstração de receita parece excep- cionalmente grande ou pequeno, destoando do que normalmente ocorre� Podcast 1 Demonstração de Fluxo de Caixa A Demonstração de Fluxo de Caixa é uma das três principais demonstrações contábeis que reporta o caixa gerado e gasto durante um período específico de tempo (um mês, um trimestre ou um ano, por exemplo). A demonstração de fluxo de caixa atua como uma ponte entre a demonstração do resultado e o balanço, mostrando como o dinheiro entra e sai do negócio� 17 https://famonline.instructure.com/files/118401/download?download_frd=1 Três seções da demonstração de fluxo de caixa: Atividades operacionais: As principais atividades geradoras de receita de uma organização e outras atividades que não são de investimento ou financia- mento; quaisquer fluxos de caixa de ativo circulante e passivo circulante� Atividades de investimento: Quaisquer fluxos de caixa proveniente da aquisição e alienação de ati- vos para o longo prazo e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa� Atividades de financiamento: Quaisquer fluxosde caixa que resultem em mudanças no tamanho e na composição do capital acionário contribuído ou dos empréstimos da entidade (ou seja, títulos, ações, dividendos)� Definições de fluxo de caixa Fluxo de caixa: entradas e saídas de caixa e equiva- lentes de caixa� Em alguns estudos é representado pelo diagrama abaixo, as setas voltadas para cima indicam entradas de caixa e as setas voltadas para baixo indicam saídas de caixa� 18 Fluxo de caixa positivo indica entrada de caixa 1 2 3 4 Fluxos de caixa negativos – indicam saídas de caixa Figura 2: Fluxos de Caixa. Saldo de caixa: disponibilidades em dinheiro e depó- sitos à vista (saldo em caixa no balanço patrimonial) Equivalentes de Caixa: os equivalentes de caixa incluem o caixa mantido como depósitos bancários, investimentos de curto prazo e qualquer outro ativo de conversão de caixa muito facilmente. Classificações de fluxo de caixa Fluxo de Caixa Operacional As atividades operacionais são as principais ativida- des geradoras de receita da entidade. O Fluxo de Caixa das Operações normalmente inclui os fluxos de caixa associados a vendas, compras e outras despesas. 19 O contador ou o diretor financeiro da empresa pode escolher entre o método direto ou indireto do fluxo de caixa operacional: Método Direto: Os fluxos de caixa operacionais são apresentados como uma lista de fluxos de caixa; recebimento de vendas, pagamento de despesas de capital, etc� Método simples, mas raramente é usado, o métdo indireto é mais comum� Exemplo: Fluxo de Caixa pelo método direto Das Atividades Operacionais R$ (+) Recebimentos de Clientes e outros (-) Pagamentos a fornecedores (-) Pagamentos a funcionários (-) Pagamentos ao governo (-) Pagamentos a outros credores (=) Disponibilidades geradas pelas Atividades Operacionais Das Atividades de Investimentos R$ (+) Recebimento de Venda de Imobilizado (-) Aquisição de ativo permanente (+) Recebimento de dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas atividades de Investimentos Das Atividades de Financiamento R$ (+) Empréstimos contratados (-) Amortização de empréstimos (+) Emissão de debêntures (+) Integralização de capital (-) Pagamento de dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas atividades de financiamento Aumento / Redução nas disponibilidades Disponível no início do período Disponível no final do período Tabela 4: Fluxo de Caixa pelo método direto. 20 Método indireto: Os fluxos de caixa operacionais são apresentados como uma reconciliação do lucro para o fluxo de caixa. Para preparar o fluxo de caixa pelo método indireto é preciso estar com o balanço patrimonial de dois exercícios e a demonstração do resultado em mão� Partindo do lucro líquido do último exercício contábil, somamos as despesas que foram lançadas na de- monstração do resultado, mas que não implicaram em saídas de caixa, como por exemplo, depreciações e amortizações� Em seguida, com base nas variações das contas do ativo e passivo de um exercício para o outro, po- demos preparar a demonstração de fluxo de caixa. Quando a variação de uma conta liberar recursos para o fluxo de caixa, ela entra com sinal positivo; e, quanto à variação retirar recursos do fluxo de caixa, ela entra com sinal negativo� Os itens na demonstração de fluxo de caixa não são todos os fluxos de caixa reais; por esse motivo, o saldo de caixa é diferente do lucro� Fluxo de Caixa de Investimento O Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento in- clui a aquisição e alienação de ativos não circulantes e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa. Os fluxos de caixa de investimentos nor- malmente incluem os fluxos de caixa associados à compra ou venda de ativos imobilizados, outros ativos não circulantes e outros ativos financeiros. 21 O dinheiro gasto na compra de ativo imobilizado é chamado de despesas de capital� Fluxo de Caixa de Financiamento Fluxos de Caixa das Atividades de Financiamento são atividades que resultam em mudanças no ta- manho e na composição do capital acionário ou dos empréstimos da entidade. Os fluxos de caixa de fi- nanciamento normalmente incluem fluxos de caixa associados a empréstimos e empréstimos bancários, e a emissão e recompra de ações� SAIBA MAIS Assista ao vídeo “Contabilidade Básica – Demons- tração dos Fluxos de Caixa”, do professor Renato Cha- ves, para saber mais sobre a elaboração da demons- tração do fluxo de caixa. https://www.youtube.com/ watch?v=EwIkFBBf9T4 22 https://www.youtube.com/watch?v=EwIkFBBf9T4 https://www.youtube.com/watch?v=EwIkFBBf9T4 CICLO CONTÁBIL O ciclo contábil compreende um período de tempo no qual são consideradas as transações de uma em- presa para apurar o seu resultado econômico e ao fim do qual a contabilidade possa apresentar sua situação patrimonial e financeira. As cinco fases do ciclo contábil são: captação, reco- nhecimento, processo de acumulação, sumarização e evidenciação� Apresentamos abaixo, de forma mais operacional, as seguintes etapas que envolvem o ciclo contábil: Etapa 1 - Transações As transações da empresa iniciam o processo� Se não houver transações, não haverá nada para acom- panhar� Elas podem incluir um pagamento de dívida, qualquer compra ou aquisição de ativos, receita de vendas ou quaisquer despesas incorridas� Etapa 2 - Registro no livro Diário Com as transações efetuadas, são classificadas de acordo com o plano de contas e registradas no livro diário da empresa, em ordem cronológica� Ao debitar uma ou mais contas e creditar uma ou mais contas, os débitos e créditos devem sempre equilibrar; o valor total debitado em uma ou mais contas deve ser igual ao valor creditado em outra(s) conta(s)� 23 Etapa 3 - Registro no livro Razão Os lançamentos no Diário são lançados no Razão, onde cada conta recebe seus débitos ou créditos que foram lançados no livro Diário; temos, então, um resu- mo de todas as transações para contas individuais� Etapa 4 - Balancete de Verificação do livro Razão No final do período contábil (que pode ser trimestral, mensal ou anual, dependendo da empresa), é apura- do o saldo de cada uma das contas e apresentado um relatório dessas contas com seus saldos deve- dores e credores� O valor total dos saldos devedores deve ser igual ao valor total dos saldos credores; caso isso não aconteça, o contador deve fazer uma verificação em todas as contas e encontrar o erro. Etapa 5 - Encerramento das contas de resultado As contas de resultado (receitas, custos e despesas) são contas transitórias, o seu saldo credor ou deve- dor deve ser transferido para uma conta de apuração do resultado do exercício� Essa conta recebe todos os créditos das contas de receita e todos os débitos das contas de custos e despesas, apura-se então o seu saldo, e esse saldo será o resultado do exercício� Se o saldo for credor, a empresa terá apresentado um lucro; mas se for devedor, ela terá apresentado um prejuízo no exercício� 24 Podcast 2 As contas de receita e despesa são fechadas e zeradas para o próximo ciclo contábil� Isso ocorre porque as contas de receita e despesa são contas da demonstração do resultado que mostram o de- sempenho de um período específico. As contas do balanço não são fechadas porque mostram a po- sição financeira da empresa em um determinado momento; os saldos finais das contas patrimoniais de um exercício contábil serão os saldos iniciais do próximo período� O saldo dessa conta de apuração deve ser transfe- rido para uma conta patrimonial, lucro do exercício ou reserva de lucros� Etapa 6 - Balancete de Verificação após o encer- ramento das contas de resultado Após encerrar e transferir os saldos das contas de resultado para a conta patrimonial, o contador deve fazer um novo balancete de verificação, fazendo eventuais ajustes necessários nas contas, antes de elaborar as demonstrações contábeis� Etapa 7 - Elaboração das Demonstrações Contábeis Após o encerramento das contas de resultado e transferênciapara a conta patrimonial, o contador pode preparar as demonstrações contábeis: o ba- 25 https://famonline.instructure.com/files/118402/download?download_frd=1 lanço patrimonial, demonstração do resultado e de- monstração e o fluxo de caixa. Com base na conta de apuração do resultado do exercício, ou nos saldos das contas de resultado, é possível preparar a demonstração do resultado� Com base no balancete de verificação após o encer- ramento das contas de resultado, é possível preparar o balanço patrimonial� E, finalmente, tendo os dois primeiros demonstra- tivos, é possível preparar a demonstração de fluxo de caixa� O livro Razão serve como olhos e ouvidos dos conta- dores e mostra todas as transações que ocorreram na empresa de forma organizada� Essencialmente é uma enorme compilação de todas as transações registradas em um documento específico ou um sof- tware de contabilidade, que é o método predominan- te hoje em dia� Por exemplo, se você quiser ver as alterações nos níveis de caixa, durante o curso da empresa, e todas as transações relevantes, consulte o livro Razão da conta Caixa, que mostra todos os débitos e créditos em dinheiro� 26 Elaboração das demonstrações contábeis Análise: Apuração do resultado Balancetes Registros: Diário Razão Coleta de dados Identificação das transações Figura 3: Ciclo Contábil. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos que patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade e que é composto por bens, direitos e obrigações� O estudo do patrimônio, com o método das partidas dobradas, possibilita que a contabilidade produza relatórios com informações úteis para a tomada de decisões dos administradores, acionistas, investi- dores e todos os demais usuários interessados nas informações econômico-financeiras da entidade. Para que essas informações sejam obtidas, não é suficiente o seu registro pelo método das partidas dobradas, é necessário também que se estabeleça um ciclo contábil, um período de tempo no qual os re- sultados serão apurados e, ao final, do qual seja apu- rada a posição patrimonial e financeira da entidade. Dentro desse ciclo contábil, apresentamos as várias etapas que devem ser seguidas para obter com êxito as informações necessárias aos seus usuários� 28 Síntese Os recursos são originados pelas obrigações que a empresa assume. Origens de recursos Todas as aplicações de recursos são representadas por bens e direitos. Aplicações de recursos Patrimônio Líquido obrigações da empresa com os sócios. Passivo obrigações comterceiros. Ativo bens e direitos. posição patrimonial e financeira. Balanço Patrimonial resultado econômico. Demonstração do Resultado resultado financeiro. Demonstração do Fluxo de Caixa Linguagem dos negócios Demonstrações contábeis básicas CONTABILIDADE GERAL Patrimônio bens, direitos e obrigações. Ciclo Contábil Captação Sumarização Evidenciação Reconhecimento Processo de Acumulação Referências Bibliográficas & Consultadas CHAVES, Renato� Contabilidade Básica – Demonstração do Fluxo de Caixa� Vídeo disponível em https://www.youtube.com/ watch?v=EwIkFBBf9T4� Acesso em: 14 jul� 2019� FAVERO, Hamilton Luiz; LONARDONI, Mário; SOUZA, Clóvis de; TAKAKURA, Massakazu� Contabilidade: Teoria e Prática� 6� ed� São Paulo: Atlas, 2011� GELBECKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos; IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu� Manual de Contabilidade Societária. 3� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca] IUDÍCIBUS, Sergio de� et al� Contabilidade Introdutória. 12� ed� São Paulo: Atlas, 2019� [Minha Biblioteca] \IUDÍCIBUS� Sergio de; MARION, José Carlos� Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito e engenharia� 8� ed� São Paulo: Atlas, 2019� [Minha Biblioteca] JUNIOR, Mário� Contabilidade – Patrimônio� Vídeo disponíel em https://www.youtube.com/ watch?v=W8YyDkg-wg8� Acesso em: 14 jul� 2019� MARION, José Carlos� Contabilidade básica. 12� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca] MARION, José Carlos� Contabilidade empresarial. 16� ed� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca] OLIVEIRA, Antonio Benedito Silva; SANTOS, Dalgi Siqueira� IFRS e CPC: Guia de Aplicação Contábil para Contexto Brasileiro� São Paulo: Saraiva, 2013� [Minha Biblioteca] PADOVEZE, Clóvis Luiz� Introdução à Contabilidade para não contadores. 2� ed� São Paulo: Cengage Learning, 2016� [Minha Biblioteca] PADOVEZE, Clóvis Luís� Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária� 10� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca]� E-book 3 Hamilton Moura CONTABILIDADE GERAL Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 CONTAS E PLANO DE CONTAS ��������������4 O MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS �������������������������������������������������12 DÉBITOS E CRÉDITOS – POR QUE OS LEIGOS NÃO ENTENDEM? ���������������18 REGISTRO CONTÁBIL DAS CONTAS PATRIMONIAIS �������������������������������������������19 PREPARAÇÃO DE UM BALANCETE DE VERIFICAÇÃO ��������������������������������������27 O que é um balancete de verificação? ����������������� 27 REGISTRO CONTÁBIL DAS CONTAS DE RESULTADO ����������������������������������������� 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������39 SÍNTESE ������������������������������������������������������ 40 2 INTRODUÇÃO Neste módulo, vamos começar a estudar como é feito o processamento da contabilidade. São muitos detalhes que você precisa ir assimilando aos poucos para conseguir dominar a linguagem dos negócios. Estudaremos o que é uma conta e como elaborar um plano de contas de uma empresa para que a conta- bilidade consiga gerar as informações necessárias aos seus usuários. Depois, verificaremos como são efetuados os regis- tros contábeis das transações feitas pela empresa para que se possa elaborar as duas principais de- monstrações contábeis, balanço patrimonial e de- monstração do resultado. Eu estou certo de que logo você vai começar a do- minar essa nova língua que está aprendendo e con- seguirá se comunicar muito melhor no mundo dos negócios. 3 CONTAS E PLANO DE CONTAS O que é uma conta? O significado de conta, quando se procura um dicio- nário, é a ação ou efeito de contar, de avaliar uma quantidade� Para a Contabilidade, conta é o elemento do patri- mônio ou de resultado que permite realizar a classi- ficação todas as transações da empresa. Para que se consiga fazer essa classificação é necessário elaborar um plano de contas e, nesse plano, cada elemento patrimonial ou econômico deve ser repre- sentado em uma conta. Elementos Patrimoniais do Ativo • Nomenclatura da Conta: � Caixa � Bancos � Contas a receber � Estoques � Veículos �Máquinas e Equipamentos �Móveis e Utensílios 4 Elementos Patrimoniais do Passivo • Nomenclatura da Conta: � Fornecedores � Empréstimos � Impostos a Pagar � Salários e Encargos Sociais a Pagar Elementos do Patrimônio Líquido • Nomenclatura da Conta: � Capital Social � Reserva de Lucros O plano de contas deve ser desenhado sob medida para a empresa, de forma que atenda às necessida- des de informações de seus usuários sobre todos os elementos patrimoniais e econômicos da entidade. Ainda que dentro de um mesmo ramo de atividade, as empresas podem e devem ter planos de contas diferentes, pois sempre há algum elemento patrimo- nial particular ou uma necessidade de informação específica para aquela empresa. Cabe ao contador, junto com o gestor ou proprietário da empresa, fazer esse trabalho inicial, planejando todas as contas que serão necessárias para o re- gistro de todas as suas transações e controle dos elementos patrimoniais e econômicos, conseguindo extrair relatórios úteis para a gestão da empresa. 5 Podcast 1 Para facilitar o registro, o plano de contas deve ser codificado em níveis de contas sintéticas e analíticas. As contas sintéticas agruparão outras contas, tendo um nível de detalhe menor,e as contas analíticas serão aquelas que entrarão no detalhe das transa- ções. Por exemplo, a conta “fornecedores” englobará todas as dívidas com todos os fornecedores, mas a contabilidade deverá ter uma conta analítica para cada fornecedor, assim, saberá a qualquer momento o valor da dívida com um fornecedor específico. Os planos de contas usam, de forma geral, a seguinte estrutura para as contas patrimoniais: 1. Ativo 1.1. Ativo Circulante 1.1.1 Disponibilidades 1.1.2 Contas a Receber 1.1.2.01 cliente x 1�1�2�02 cliente y 1�1�2�03 ��� 1.1.3 Estoques 1.1.3.01 produto x 1.1.3.02 produto y 1�1�3�04 ��� 6 https://famonline.instructure.com/files/118403/download?download_frd=1 1.1.4 Veículos 1.1.4.01 veículo x 1.1.4.02 veículo y 1�1�4�03��� 1.2 Ativo não Circulante 1.2.1 Imobilizado 1.2.1.1 Máquinas e Equipamentos 1.2.1.1.01 Máquina x... 1.2.1.1.02.1.1 Máquina y 1�2�1�1�02�1�2 ��� 1.2.1.1.02.1.3 Equipamento x 1.2.1.1.02.1.4 Equipamento y 1�2�1�1�02�1�5 ��� 1.2.1.2 Móveis e Utensílios 1�2�1�2�01�1 Mesas 1.2.1.2.01.2 Cadeiras 1.2.1.2.01.3 Poltronas 1�2�1�2�01�4 ��� 2. Passivo 2.1 Passivo Circulante 2.1.1 Fornecedores 7 2.1.1.01 Fornecedor x 2.1.1.02 Fornecedor y 2�1�1�03 ��� 2.1.2 Empréstimos 2.1.2.01 Banco x 2.1.2.02 Banco y 2�1�2�03 ��� 2.1.3 Impostos a Pagar 2.1.3.01 Imposto de renda a pagar 2.1.3.02 ICMS a Pagar 2.1.3.03 ISS a Pagar 2�1�3�04 ��� 2.1.4 Salários e Encargos Sociais a Pagar 2.1.4.01 Salários a Pagar 2.1.4.02 FGTS a Pagar 2.1.4.03 INSS a Pagar 2.1.4.04 Férias a Pagar 2�1�4�05 ��� 2.2 Passivo não Circulante 2.2.1 Empréstimos de Longo Prazo 8 2.2.1.01 Banco x 2.2.1.02 Banco y 2�2�1�03 ��� 2.2.2 Financiamento de Longo prazo 2.2.2.01 Financeira x 2�2�2�02 Financeira y 2.3 Patrimônio Líquido 2.3.1 Capital Social 2.3.2 Capital Social a Realizar 2.3.3 Reserva de Capital 2.3.4 Reserva de Lucros 3 Resultado Líquido 3.1 Resultado Operacional 3.1.1 Receitas Operacionais 3�1�1�1 Receitas de Vendas 3.1.1.2 Receitas de Prestação de Serviços 3�1�1�3 ��� 3.1.2 Custos Operacionais 3.1.2.1 Custos dos Produtos Vendidos 3.1.2.2 Custos dos Serviços Prestados 3�1�2�3 ��� 9 3.1.3 Despesas Operacionais 3.1.3.1 Despesas Administrativas 3.1.3.2 Despesas Comerciais 3.1.3.3 Despesas Financeiras Líquidas 3.1.3.4 Despesas Tributárias 3.1.3.5 Amortizações e Depreciações 3�1�3�6 ��� Note que é importante que o plano de contas tenha flexibilidade para incluir mais contas que poderão ser necessárias para registrar as operações da em- presa. Deve prever um bom número de contas analí- ticas para ter um controle detalhado dos elementos patrimoniais. Nesse exemplo simples, consideramos a conta clien- tes com o código 1.1.2.01 cliente X, isso significa que poderemos registrar simultaneamente até 99 clientes, 01, 02, 03, 04...98, 99. Poderíamos ter criado um número mais amplo, dependendo do porte da empresa, por exemplo, 1.1.2.001 podendo registrar simultaneamente até 999 clientes, de 001 a 999. Com essa codificação, os sistemas de contabilidade conseguem resumir as informações ou entrar nos detalhes que seu usuário necessitar. Para elaborar o Balanço Patrimonial, as contas mais utilizadas serão as contas sintéticas, pois não interessa mostrar no balanço patrimonial o saldo de cada cliente, o saldo 10 de cada fornecedor ou o saldo de cada item do ativo imobilizado. Falamos em necessidades de informações por par- te dos usuários da contabilidade. Quem são esses usuários? Temos dois tipos de usuários: os internos e os exter- nos. Os usuários internos são os sócios da empresa, seus gestores e colaboradores; esses têm acesso a informações mais detalhadas, analíticas dos ele- mentos patrimoniais. Os usuários externos utilizam as informações produzidas para o público externo, as demonstrações contábeis publicadas. Abaixo se- gue alguns usuários externos e sua necessidade de informação: • Credores – precisam ter informações sobre a capa- cidade da empresa para pagar empréstimos e juros. • Fornecedores – geralmente dão crédito à empresa e querem saber se a empresa terá liquidez (recursos para pagar suas dívidas). • Funcionários – estão particularmente interessados na capacidade da empresa de pagar seus salários e eventuais participações. • Clientes – especialmente se forem dependentes de um fornecedor, estão interessados na continuidade da empresa. • Governos e seus agentes – informações financeiras confiáveis das empresas são usadas como base para a tributação. 11 • Sociedade – as demonstrações contábeis publica- das incluem informações relevantes para o interesse público, tais como informações ambientais ou políti- cas sobre o emprego de pessoas com deficiência, etc. 12 O MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS Os registros contábeis, para qualquer empresa, de- vem ser mantidos separados dos negócios pessoais dos seus sócios. Esse conceito de que a pessoa jurí- dica se distingue da pessoa física dos proprietários é conhecido como o princípio da entidade. Por que todas as empresas precisam manter regis- tros contábeis? Os registros contábeis acompanham de onde vem o recurso e como é aplicado e são obrigatórios por lei. Ajudam a manter o controle de bens, direitos e obrigações de uma empresa. Uma pessoa jurídica, quando constituída, não tem dinheiro, o proprietário é que investe os recursos (co- nhecido como capital próprio) e talvez tome recursos emprestados também, e esse dinheiro é usado para comprar ativos que devem trazer benefícios financei- ros futuros para a empresa. Se for uma empresa de varejo, esses ativos podem ser instalações, equipa- mentos e mercadorias para revenda. Uma empresa de serviços pode precisar apenas de um escritório, móveis e computadores. Já uma empresa industrial tem um investimento elevado em ativos imobilizados (máquinas, equipamentos, veículos, etc.), pois pre- cisa comprar matéria-prima, fabricar seus produtos, formar estoques e vender. 13 Os registros contábeis separam os recursos coloca- dos na empresa pelo proprietário (capital próprio) e o recurso emprestado (as dívidas que precisam ser pagas). Os registros contábeis também separam os ativos comprados, do financiamento usado para comprar os ativos. A empresa só pode ter tantos ativos quanto os recursos financeiros disponíveis. Os registros contábeis, consequentemente, sempre refletirão que: Ativos = patrimônio líquido + passivos (ou seja, financiamento dos sócios + financiamento de terceiros) O que são ativos, passivos e patrimônio líquido? Os Ativos são os recursos econômicos pertencen- tes a uma empresa. Ativos podem ser dinheiro em caixa ou em conta bancária da empresa, ou itens como imóveis, móveis e utensílios, equipamentos, veículos e ações de outras empresas, mercadorias para revenda, entre outros. Um ativo importante nas empresas que vendem bens ou serviços a prazo é o que é devido à empresa pelos seus clientes. Este ativo é conhecido como Contas a Receber ou Valores a Receber� Os Passivos são as dívidas da empresa. Os principais tipos de obrigações são os credores (dinheiro devido pela empresa a fornecedores de bens e serviços), tributos, empréstimos bancários, entre outros. O Patrimônio Líquido representa o valor do inves- timento na empresa pelos sócios. É essa parte da 14 empresa que pertence ao proprietário; é classificado como patrimônio líquido – tudo o que a empresa tem, menos o que ela deve a terceiros. REFLITA Uma empresa no final de seu primeiro ano de atividades tem ativos de R$ 100.000,00 e passi- vos de R$ 80.000,00. Que informação importante está contida na diferença entre estes dois itens? Ativos de R$ 100.000,00 menos passivos de R$ 80.000,00 significam que a empresa tem ativos líquidos de R$ 20.000,00. Outra maneira de dizer que a empresa tem um patrimônio líquido de R$ 20.000,00 pertencente aos proprietários. Qual- quer que seja o tamanho e a natureza da empre- sa, os ativos menos os passivos
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