Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
������ ������ �������� �� �� ���� ������ ������������ ��������� ����� ������������� S556s Shingo, Shigeo O sistema Toyota de produção [recurso eletrônico] : o ponto de vista da engenharia de produção / Shigeo Shingo ; tradução Eduardo Schaan. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2007. Editado também como livro impresso em 1996. ISBN 978-85-7780-099-5 1. Administração – Produção. 2. Engenharia de Produção. I. Título. CDU 658.511 Catalogação na publicação: Juliana Lagôas Coelho – CRB 10/1798 112 SHIGEO SHINGO Eliminação das Perdas a partir de Melhorias Fundamentais na Função Operação A mesma análise feita com relação às operações revela que apenas opera ções essenciais agregam valor. Outras, tais como trocas de matrizes, ope rações auxiliares e folgas marginais podem ser todas vistas como perda. Portanto, melhorias operacionais constituem-se, também, em uma forma de “melhoria da perda”. Observe os seguintes exemplos: Melhoria do setup. As trocas de matrizes são essenciais, mas conso-mem demasiado tempo. O tamanho do lote é frequentemente aumenta-do para compensar as horas-homem gastas em preparação de máquinas. 113O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO Em comparação, a adoção dos sistemas TRF e troca de ferramentas em um único toque (OTED) reduzem tempos de setup drasticamente e eliminam a necessidade da utilização de grandes lotes. Melhoria em operações auxiliares. Como a sua fi xação e remoção são problemáticas, os produtos são alinhados em uma direção em um magazi- ne e alimentados na máquina automaticamente. Entretanto, com a adoção do fl uxo de peças unitárias no processo precedente, os produtos podem ser removidos automaticamente e transferidos em uma única direção ao proces- so seguinte. Com essa disposição, produtos individuais podem ser fi xados automaticamente para processamento. Da mesma forma, a operação de um interruptor com apenas um to que reduz o tempo de operação. Todavia, se o equipamento for modifi ca do para iniciar a usinagem automaticamente assim que o produto for fi xa do à má- quina, o trabalho manual de ligar o interruptor será eliminado. Melhoria das folgas de trabalho. A automação é utilizada para me- lhorar a aplicação de óleo lubrifi cante e de corte e remoção de cavacos. Uma melhoria real, no entanto, na forma de mancais não lubrifi cados e usina- gem sem óleo poderia eliminar completamente a necessidade de óleos de lubrifi cação e de corte. Além disso, uma névoa de óleo esfria as lâmi nas das ferramentas com 10 vezes mais efi ciência que outros métodos, elimina falsos gumes de corte, remove cavacos para prolongar a vida útil da lâmina em 30 a 60% e reduz o consumo de lubrifi cante em 90%. Os cavacos e os refugos são eliminados, quando métodos de forjamento e fundição forem mais precisos. Uma segunda solução ótima consiste na re- moção forçada dos cavacos da máquina para facilitar seu descarte. Melhoria das folgas entre operações. Em geral, as operações de alimen- tação e estocagem são melhoradas com a utilização de materiais contínuos e de paletes de grande volume. Porém, mecanismos automáti cos para prepa- ração de máquinas podem proporcionar melhoria real. Tais mecanismos co- locam novas bobinas ou lotes de matéria-prima em posi ção para alimentação contínua ou abastecimento de paletes novas, por exemplo, fazendo com que não haja necessidade de os trabalhadores executarem essas tarefas. Além dis- so, conectar processos sucessivos elimina as esperas do processo, minimiza os estoques de peças não acabadas e elimina a necessidade de equipamento especial de estocagem. Esses são todos exemplos de melhoria positiva, permanente – real. Mas quando sua implementação é sugerida, muitas vezes a resposta é “nossos métodos podem não agregar valor, mas sem eles seria impossível realizar 114 SHIGEO SHINGO o trabalho, de maneira que não temos escolha. Eles são um mal – mas um mal necessário”. Infelizmente, com o tempo, o ”mal” é esquecido e apenas o “necessário” permanece. É por isso que tan ta perda permanece oculta por trás dos processos e das operações. A capacidade de eliminar a perda na produção é desenvolvida a par tir do momento em que se deixa de acreditar que “não há outra maneira” de executar uma dada tarefa. É inútil dizer: “Isso tem de ser feito deste jeito”, ou “Isso é inevitável!”. Na Toyota, descobrimos que sempre existe uma outra maneira. Procura mos pelo desperdício que se supõe natural ou que não é consi- derado um problema. Quando descobrimos alguma prática geradora de desperdício, não dizemos “isso é inevitável”. Em vez disso, dizemos: “Isso não agrega valor, portanto, teremos que mudar – mas iremos tolerar essa prática até que encontremos uma maneira de eliminar completamente o desperdí cio”. Uma atitude positiva é absolutamente essencial para a eliminação da perda. Enquanto ratifi carmos a condição atual, afi rmando que não há como modifi cá-la, deixaremos escapar oportunidades para melhoria. Não poderemos encontrar e eliminar desperdício, se não estivermos procuran- do por ele. Exemplo 5.1– Prensas com interruptores de um toque. As normas de segurança do tra- balho exigem que os operadores sejam protegidos de qualquer contato com o ma- quinário que possa ser perigoso, por meio de dispositivos de desarme, a menos que as máquinas estejam equipadas para que parem automaticamente quando qual- quer parte do corpo do operador entre na zona de risco. Por motivos de segurança, então, a operação da prensa requer que os in- terruptores sejam pressionados durante toda a operação com as duas mãos, para garantir que ambas estejam fora da zona de risco daquela máquina. Se uma mão for retirada do interruptor, a máquina para automaticamente. Em geral, diz-se: “Se esta é uma norma de segurança, é impossível modifi cá-la”. Contudo, essa prática, que diminui a velocidade do trabalho consideravelmente, constitui desperdício. Como se poderia atender às normas de segurança e ao mesmo tempo aumentar a produti- vidade? A Figura 24 mostra como as operações multimáquinas ou multiprocessos são executadas na Toyota. Uma chave de um toque para a primeira prensa é colocada próximo à segunda, a chave da segunda é colocada próximo à terceira e assim por diante. Quando o operador dá partida na prensa, ele já está em segurança, fora da zona de risco daquela máquina. Essa melhoria por si só já duplicou a produtivida- de! (Ela não protege, entretanto, uma terceira pessoa de acidentalmente entrar na zona de risco, de forma que medidas adicionais de proteção devem ser tomadas.) Mas pense o quanto podemos alcançar quando paramos de pensar que algo “é impossí vel ou inevitável”. 115O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO Exemplo 5.2 – Eliminação do desperdício representado pela aplicação de óleo sobre o retalho. Na Indústria T, material bobinado era utilizado com matrizes progressivas na pren- sa. Perguntei ao gerente de fabricação por que ele punha óleo sobre o material com um rolete de feltro. Ele respondeu explicando que o óleo era necessário durante a extrusão do material. Então perguntei: “Por que o senhor põe óleo sobre o reta- lho?”. Após pensar por algum tempo, ele respondeu: “O rolete cobre toda a super- fície do material, de forma que não há como evitar que isso seja feito”. Disse a ele que o verdadeiro problema estava nas palavras “não há como evi tar”. No momento em que tomamos conhecimento de que aplicar óleo sobre o reta lho representa perda, estamos prontos para pensar em outro método de lubri- fi cação. Algum tempo depois, o método de lubrifi cação foi modifi cado. Utilizando um méto do de aspersão de névoa de óleo nas partes superior e inferior da matriz, a lubrifi ca ção do retalho foi eliminada. Esse é um exemplo simples de um princípio poderoso: procure con- tinuamente pelo desperdício! Exemplo 5.3 – Partida rápida e simultânea de diversas máquinas. Na Taiho Industry, um trabalhador executava uma operação multimáquinas com 14 máquinas decorte e tinha que dar partida manualmente nas máquinas a cada processo. Para melhorar esse procedimento, um botão de um toque foi instalado próximo à oitava máquina para comandar as máquinas de números 1 a 7, de modo que todas as sete máquinas poderiam ser ligadas ao mesmo tempo; um outro botão comandando as máquinas 8 a 14 foi instalado próximo à primeira máquina, de modo que todas as máquinas também poderiam ser ligadas ao mesmo tempo. Essa melhoria reduziu o tempo de ciclo de 35 para 4,2 segundos. Nessa fábri- ca pensava-se que “não havia outro jeito” senão ligar cada máquina separadamen- te. Esse procedimento inefi ciente não poderia ser melhorado se eles não percebes- sem que o tempo necessário para cada máquina operar e terminar o seu processo não era importante, desde que todas terminassem antes do ciclo seguinte. Figura 24. Controle remoto de prensa. 116 SHIGEO SHINGO Melhoria do Processamento e das Operações Essenciais Como já observado, apenas aqueles aspectos do processo que transfor- mam o material ou melhoraram a qualidade, as operações essenciais que re- almente propiciam mudanças na forma e na qualidade, isto é, usinagem, etc., agregam valor ao produto. Inspeção, espera, trans porte e outras operações incluídas no processamento (operações auxilia res, de setup e de margem de tolerância) apenas elevam os custos e devem ser eliminadas. O processamento em si e as operações essenciais devem ser examina- dos cuidadosamente na busca de possíveis melhorias. Há formas melho res de aumentar o valor agregado dos produtos do ponto de vista da En genharia de Valor (EV) e da Análise de Valor (AV). Para ajudar na resposta a essa ques- tão, devemos reexaminar os materiais, os métodos e os própri os produtos. A moldagem a vácuo para evitar rebarbagem e reduzir defei tos é um exemplo de melhoria do método de processamento. Pergunte “Quem, O que, Quando, Onde, Como” e “Por quê?” Uma atividade-chave à qual é dada muita importância na Toyota é a pro cura pelas causas reais dos problemas e perdas. Perguntamos “Por quê?” repetidas vezes até que a resposta seja encontrada. Tradicionalmente, o 5W1H signifi ca: • Quem (Who) – sujeito da produção • O que (What) – objetos da produção • Quando (When) – tempo • Onde (Where) – espaço • Por quê (Why) – encontrar a causa para cada uma das perguntas acima porque todas são importantes fatores na resolução de um proble ma • Como (How) – métodos Na Toyota, as cinco primeiras perguntas significam realmente cinco Por quês. Perguntando “Por quê?” cinco vezes ou mais vezes até que a causa de um problema seja descoberta. Para cada fator – o que, quem, onde, quando e como – perguntamos “Por quê, por quê, por quê, por quê, por quê?”. Per guntar uma vez nunca é suficiente. Ao perguntarmos “Por quê?” cinco vezes, o como devemos solucionar o problema também será esclarecido. A busca da melhoria pode ser defi nida por três eixos: 117O SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO 1. O eixo X – representa os objetivos da melhoria 2. O eixo Y – reconhece objetivos múltiplos 3. O eixo Z – busca objetivos de forma sistemática, trabalhando gradual- mente na direção de objetivos subjacentes ou fundamentais Perguntar “Por quê?” cinco vezes nos impede de terminar a investigação antes de termos atingido a raiz do problema, que é o objetivo fundamen tal da melhoria. Se não conduzirmos nossa investigação aplicada e siste maticamente e se não continuarmos perguntando “Por quê?”, poderemos nos acomodar com uma medida intermediária que não elimina realmente a raiz do problema.
Compartilhar