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Aula 4 - O Brasil diante da Segunda Guerra Mundial e a ONU JEANCEZAR DITZZ DE SOUZA RIBEIRO Professor de Direito Internacional e Relações Internacionais A sensibilidade dentária é a dor causada pela exposição dos tubos dentinários. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA 2 Objetivos I – Examinar a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial. II – Identificar as principais mudanças na PEB após o Estado Novo. III – Analisar os objetivos dos EUA no seu relacionamento com o Brasil. Retomada (o que foi visto até aqui) Aula 1 – Introdução e conceitos básicos de Análise de Política Externa (Cap. 1 – Ariane Figueira) Aula 2 - A Primeira República (1889-1930). A Revolução de 1930 e as alterações na PEB – (SILVA, André Luiz Reis da. Política Externa Brasileira: uma introdução). Aula 3 – As novas relações do Brasil no Prata (MROS, Günther. Relações Internacionais do Brasil no Limiar da Era Vargas: processo decisório e Questão Siderúrgica, 2011). Aula 4 – A barganha nacionalista de Vargas e o Brasil na 2ª Guerra Mundial (CERVO, Amado. História da Política Exterior do Brasil) Referências MOURA, Gérson. Relações exteriores do Brasil : 1939-1950: mudanças na natureza das relações Brasil e Estados Unidos durante e após a Segunda Guerra Mundial. Apresentação de Letícia Pinheiro; Prefácio à nova edição de Leslie Bethel. Brasília: FUNAG, 2012. http://funag.gov.br/loja/download/998-Relacoes_Exteriores_do_Brasil.pdf ________. O alinhamento sem recompensa: a Política externa do governo Dutra. FGV, 1990. https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/6613 A Segunda Guerra Mundial Potências insatisfeitas: - Alemanha – “espaço vital” (Ratzel/Hitler em 1937), remilitarização da Renânia e Anschluss (Áustria e Sudetos) - Itália – reivindicava novas possessões coloniais (na Etiópia) Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA A eclosão da Guerra Primeira fase: 1939-1941; Segunda fase: 1941-1945. A Frente Ocidental; A Frente Oriental. A Guerra no Pacífico (ataque a Pearl Harbor) https://www.youtube.com/watch?v=kGRmSGSlvvI A paz por um fio Conferência de Munique de 1938 – política de apaziguamento (Sudetos na Tchecoslováquia) Pacto Anti-Komintern de 1936 – Alemanha, Itália, Japão, depois Hungria e Espanha e o Eixo Pacto Ribbentrop-Molotov de 1939 – Pacto Germano-Soviético de não-agressão (Polônia para Alemanha e Báltico para a URSS). O Genocídio - o Holocausto Judeu “Até setembro de 1944, não existiam crianças em Auschwitz, campo de concentração nazista na Polônia – eram todas mortas a gás na chegada. Depois dessa data, começaram a chegar famílias inteiras de poloneses: todos eles foram tatuados, inclusive os recém-nascidos”. (Primo Levi. “Os afogados e os sobreviventes”. Ed. Paz e Terra, 1990, p. 71). Neutralidade e Pragmatismo - Fragilidade brasileira (percepção da Marinha e Exército - 1932 e 1937); Neutralidade proposta por Osvaldo Aranha (MRE do Estado Novo). “arregimentação da opinião pública; economia de combustíveis e trigo; regularização de vencimentos de obrigações internacionais; constituição de estoques de produtos indispensáveis e racionalização do consumo; proibição de exportação de ferro” (CERVO, 2002, p. 249). Guerra por terra e por mar - Para Osvaldo Aranha, por terra, qualquer dos lados poderia ser vitorioso e nos mares, a “supremacia naval seria das democracias”. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC Neutralidade violada A neutralidade foi violada mais de uma vez em razão da falta de capacidade militar brasileira para exercer vigilância em todo o extenso litoral. Era de interesse do Reich manter o Brasil neutro. “Equidisdância pragmática” O período compreendido entre 1935 e 1941 na história da PEB foi sintetizado por Gerson Moura (1980) como de “equidisdância pragmática”, pelo fato de o Brasil ter procurado tirar proveito da disputa então existente entre os dois blocos de poder, Estados Unidos e Alemanha. Vantagens econômicas e comerciais – Livre comércio com os EUA e comércio compensado com a Alemanha Neutralidade até quando? A ambiguidade do governo Vargas às vésperas do início do conflito na Europa refletia a divisão existente na própria cúpula do sistema político, entre pró-eixo e pró-aliados. Aranha (aliados) Vargas e Militares do governo (neutralidade?) Pró-Eixo (Dutra, Góis de Monteiro e Filinto Müller ) “mesmo depois dos avanços das tropas alemãs sobre países neutros – Holanda, Bélgica e Luxemburgo -, em maio de 1940, o governo brasileiro reafirmou sua disposição de manter a neutralidade” (Cervo, 2002, p. 250). Pragmatismo brasileiro Afora o aumento das exportações, o governo brasileiro entendia como essencial para o desenvolvimento nacional a construção de uma usina siderúrgica. Queria-se, ainda, reorganizar as Forças Armadas, inclusive para garantir o seu apoio ao Estado Novo. https://www.dw.com/pt-br/brasil-relutou-at%C3%A9-entrar-na-guerra-ao-lado-dos-aliados/a-18426613 A Missão Aranha (1939) e o “assédio” alemão Relações políticas, comerciais e financeiras. O objetivo era, por meio da assistência econômica, atrelar o Brasil ao sistema de poder dos Estados Unidos (política de Boa Vizinhança de Franklin D. Roosevelt). OS EUA desejavam atrair as simpatias daqueles que, no Brasil, eram admiradores do Eixo (o Departamento de Estado norte-americano esforçou-se para que Góis Monteiro fosse aos EUA para conhecer o equipamento militar antes de atender convite idêntico da Alemanha). A possibilidade de rearmar as forças militares e construir a usina siderúrgica poderia ser feito pela Alemanha. Pontos de discórdia – Brasil e EUA – solidariedade Não aceitação pelo governo brasileiro da presença de soldados norte-americanos no Nordeste e Norte. Relutância dos EUA em fornecer armas para o Brasil. Contudo, Vargas, “discretamente” permitiu que a Pan American Airways, no começo de 1941, construísse e melhorasse aeroportos na costa nordestina, por onde passariam reforços ingleses para o norte da África e norte-americanos para Filipinas e Java, além de “materiais de emergência” para a Índia e a China. Aeroporto de Natal – “Trampolim para a Vitória” http://comav.com.br/historia/ Brasil na 2ª Guerra Mundial Missão Cooke, 1939 (EUA) Discurso de Vargas em Minas Gerais (1940) – após tomada de Paris por Hitler Lend and Lease Act 1942 – Conferência do Rio de Janeiro Tuptura com o Japão Reatamento com a URSS (1945) Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA Boa Vizinhança e “Barganhas” BRASIL Apoio diplomático; Bases Militares no Nordeste Fornecimento de matérias-primas EUA Apoio ao projeto siderúrgico e ao desenvolvimento Reaparelhamento das Forças Armadas Posição de prestígio no Pós-Guerra. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA Cronologia das RI – 1941 I – Acordo Brasil-EUA para a instalação, no Rio de Janeiro, de uma missão do Exército Norte-americano e outra de aviação militar (17 de janeiro de 1941) II – Criado o Ministério da Aeronáutica para organizar e modernizar a Força Aérea Brasileira (FAB), tendo em vista a evolução do conflito mundial (20/01). III – Assinado em Washington acordo entre Brasil e EUA para o fornecimento recíproco de materiais militares e informações sobre defesa (compra de armas pelo Lend & Lease). (10/1941) A Carta do Atlântico é assinada entre Roosevelt e Churchill. Cronologia das RI – 1941 I – Após o ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí (7 dez de 1941), os EUA entram na guerra ao lado dos aliados. Vargas declara a Roosevelt a solidariedade do governo do Brasil aos EUA, “coerente com as suas tradições e compromissos na política continental” (8 de dezembro). Cronologia das RI – 1942 I – O Brasil rompe relações diplomáticas com o Eixo (28 jan). (submarinos alemães, em retaliaçãocontra o Brasil, atacam sistematicamente navios brasileiros no Atlântico. Em sete meses, 19 navios serão torpedeados, totalizando 740 mortes). II – Acordos de Washington (3 mar) – Os EUA concedem um empréstimo de 100 milhões para financiar o projeto siderúrgico brasileiro e um crédito de 200 milhões para renovação das Forças Armadas (o maior compromisso dos EUA com um país latino-americano durante a 2ª Guerra Mundial). Cronologia das RI – 1943 I – Roosevelt encontra-se com Vargas em Natal (RN), no “Trampolim da vitória” (29 de jan). O Brasil adere às Nações Unidas, Países aliados contra o Eixo. Cronologia das RI – 1943 I – Criada por Decreto Presidencial, a FEB (Força Expedicionária Brasileira). Potência associada – Um aliado Especial dos EUA? O Brasil lutou ao lado de forças multiétnicas, com o envio de 26 mil soldados. (Monte Castelo – Renato Russo) https://www.youtube.com/watch?v=NQ-K8QSStOo DIA “D” – 6 de junho de 1944 Desembarque aliado na Normandia, no norte da França. A França vai ser libertada e Charles de Gaulle se torna presidente do governo provisório francês. Relações Econômicas Internacionais - 1944 Conferência de Bretton Woods: Fundo Monetário Internacional (FMI) Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) Plano White – hegemonia do dólar (paridades) Conferências Constitutivas (ONU) 1ª - Conferência de Dumbarton Oaks (EUA) (out. 1944) – Durante a Conferência, os representantes britânico e soviético rejeitam a proposta, sugerida por Roosevelt, de incluir o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança. 2ª - Conferência de Yalta, na Crimeia (4-12 fev./1945), reúne os Três Grandes (Roosevelt, Churchill e Stalin), que discutem as fronteiras soviéticas e o destino dos países do Leste europeu (“zonas de influência soviética). Conferências Constitutivas (ONU) 1ª - Conferência de Dumbarton Oaks (EUA) (out. 1944) – Durante a Conferência, os representantes britânico e soviético rejeitam a proposta, sugerida por Roosevelt, de incluir o Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança. 2ª - Conferência de Yalta, na Crimeia (4-12 fev./1945), reúne os Três Grandes (Roosevelt, Churchill e Stalin), que discutem as fronteiras soviéticas e o destino dos países do Leste europeu (“zonas de influência soviética). Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY FEB – Monte Castelo (21/02/1945) https://oglobo.globo.com/brasil/entre-meritos-criticas-batalha-de-monte-castelo-completa-70-anos-15408510 Ação Integralista Brasileira (AIB) Extinção Política Externa de Vargas Estabelecimento das Relações Diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética (2 abril de 1945). Vargas concede anistia a presos políticos, novos partidos políticos são organizados (UDN, PSD e PTB), e o PCB sai da ilegalidade. Os soviéticos ocupam Berlim (8 de maio de 1945). Brasil declara Guerra ao Japão (6 de junho de 1945). Política Externa de Vargas Estabelecimento das Relações Diplomáticas entre o Brasil e a União Soviética (2 abril de 1945(. Vargas concede anistia a presos políticos, novos partidos políticos são organizados (UDN, PSD e PTB), e o PCB sai da ilegalidade. Os soviéticos ocupam Berlim (8 de maio de 1945). Brasil declara Guerra ao Japão (6 de junho de 1945). Carta das Nações Unidas/1945 A Conferência de São Francisco aprova a Carta das Nações Unidas (26 de junho de 1945), o Brasil é membro fundador. ONU Brasil, a Carta. https://nacoesunidas.org/carta/ https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=90Hjm59qeb8 Conferência de Potsdam (2/8/45) Em Berlim, entre Truman, Stalin e Clement Attlee (que substitui Churchill), sobre o tratamento a ser dado à Alemanha vencida, que é dividada pelos aliados em zonas de ocupação. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND Bomba atômica Lançamento de bombas atômicas norte-americanas sobre as cidades de Hiroshima (6 de agosto de 1945) e Nagasaqui (9 de agosto) O Japão declara sua rendição (14 de agosto). Fim da Guerra do Pacífico. Contradições e crise do Estado Novo Manifesto dos Escritores – fim da censura Manifestações dos oficiais da FEB – Dutra na Itália (na Guerra) Manifesto dos Mineiros – UDN – exigindo as eleições em 1945 (prometidas por Vargas) A invenção do trabalhismo/populismo Teve por objetivos principais reprimir os esforços organizatórios da classe trabalhadora urbana fora do controle do Estado e atraí-la para o apoio difuso do governo (princípio da unidade sindical). (Boris Fausto. História do Brasil. 2006, p. 335 – Cap. 7 – O Estado Getulista (1930-45): a política trabalhista) Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND “Marcha pela Democracia” O Embaixador norte-americano no Brasil, Adolf Berle Jr., Pronunciou discurso em que menciona a “marcha regular para a democracia constitucional” no país (28 de setembro de 1945). Vargas renuncia (29 de outubro de 1945). São convocadas eleições presidenciais “Retrato do Velho” https://www.youtube.com/watch?v=eVgOODBrCMc “Queremismo”, Anistia Política e apoio do PCB O apoio do Partido Comunista Brasileiro, de Prestes, veio de uma orientação de Moscou, no qual os partidos comunistas de todo o mundo deveriam apoiar os governos de seus países, integrantes da frente antifascista, sejam eles ditaduras ou democracias. Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA I Assembleia Geral da ONU Ocorreu em Londres, janeiro de 1946. Diante do impasse entre EUA e URSS, o Brasil é inscrito como primeiro orador, iniciando a tradição de ser sempre o primeiro país a abrir o debate teral. A posição do Brasil na ONU será de alinhamento sem restrições ao bloco ocidental liderado pelos EUA. A batalha de Monte Castello (FEB) https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-segunda-guerra-batalha-de-monte-castelo-maior-vitoria-da-feb.phtml https://www.youtube.com/watch?v=YXW8_xzm0No Participação no Conflito A participação no conflito deixou um saldo positivo ao Brasil. O Exército e a Força Aérea foram modernizados e equipados (Lend-Lease – prolongado com a Guerra ao Japão). Pessoal treinado em centros mais avançados que os nacionais. https://www.youtube.com/watch?v=PsRVEnKW0gI (O Brasil na Segunda Guerra Mundial) “Alô amigos”: Pato Donald encontra Zé Carioca (1943) Pato Donald encontra Zé Carioca (1943) – Política da Boa Vizinhança https://www.youtube.com/watch?v=mPVyiln578g&t=4s “O pai de Mickey visitou a América Latina em busca de ideias durante a Segunda Guerra Mundial” https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/07/cultura/1460044858_011138.html REFERÊNCIAS BÁSICAS CERVO, Amado Cervo. História da Política Exterior do Brasil. 2a ed. Brasília: Ed. UnB, 2003. Transição do período Vargas (1930-1945): nova percepção do interesse nacional, p. 233-267 SILVA, André Luiz Reis. RIEDIGER, Bruna Figueiredo. Política Externa: uma introdução. Editora Intersaberes, 2016, p. 63-89 – na Biblioteca virtual Pearson – Cap. 3 - a Era Vargas. GARCIA, Eugênio Vargas. Cronologia das Relações Internacionais do Brasil. 2a ed. FUNAG, 2005 (disponível download em academia.edu) FAUSTO, Boris. História do Brasil. EDUSP, São Paulo, 2006 – Cap. 7 – O Estado getulista, p. 329-389 BURNS, Edward M. História da Civilização Ocidental. Vol. II, 1959 (Cap. 28 – Ditadura e democracia entre duas guerras; Cap. 29 – A volta à anarquia internacional).
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