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PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA

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TRABALHO-PSICOLOGIA-CONSTRUTIVISTA 
Andréia Laís dos Santos B548JE-1
ÍNDICE
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................3
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA............................................................................................4
GRAFISMO INFANTIL..........................................................................................................5
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................11
ANEXOS..................................................................................................................................12
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................16
INTRODUÇÃO
Apesar de muitos ainda considerarem Piaget como o “pai” da Psicologia Infantil, não era esse o seu intuito, todo o seu vasto período de pesquisas, desenvolvimentos teóricos e práticos refletiam sua pergunta que fundamentou todo o seu trabalho: “Como construímos o pensamento?”. Tal pergunta permeou todo seu trabalho, sua ênfase em adotar suas pesquisas particularmente com crianças, sendo essas os seres mais evidentemente quem constrói os pensamentos, sua pergunta não infantil e sim epistemológica é baseada na inteligência e na construção do conhecimento.
A seguir apresentaremos análises feitas de desenhos a partir de estudos sobre estádios cognitivos de Piaget, e sobre estágios do grafismo infantil de Luquet e Lowenfeld.
Serão apresentados desenhos feitos por crianças de idades diferentes, e será feita uma analise de cada desenho onde iremos procurar articular todo conteúdo prático de nossa pesquisa, aos estudos de Piaget, Luquet e Lowenfeld, procurando fazer com que fique o mais claro possível a relação entre as teorias de desenvolvimento cognitivo e de grafismo infantil, e sua aplicação pragmática. 
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA
	
	Praticamente, a obra de Piaget trata do desenvolvimento da inteligência e da construção do conhecimento e sua obra ficou conhecida como Psicologia Genética. A inteligência deve ser definir enquanto função e enquanto estrutura, a função é uma estrutura adaptativa ao meio e vice versa, do ponto de vista estrutural a inteligência é uma organização de processos que permitem em sua complexidade superiora ou inferiora organizar-se no seu crescimento não pelo acumulo das informações, mas na sua organização das informações.
	O conceito de assimilação é na Psicologia Genética quando uma pessoa entra em contato com o meio, seu objeto do conhecimento, retira-se desse objeto algumas informações, as únicas informações nas quais a criança é capaz de retê-las. O conceito de acomodação para Piaget são as estruturas mentais (organizações) que a pessoa tem para conhecer o mundo é capaz de se modificarem para dar conta das singularidades de determinados objetos. Tais processos de assimilação e acomodação são inseparáveis e trabalham entre si. A equilibração é para Piaget uma metáfora, pois trata de um desiquilíbrio em função da modificação das estruturas mentais para buscar uma dinâmica do conhecimento que se constrói.
	Outros dois conceitos importantes na Psicologia Genética são: Abstração Empírica e Abstração Reflexiva. A abstração empírica são as informações que se retira do objeto do conhecimento, porém nesse processo de retirada de informação também pode-se pensar sobre como nos relacionamos com o objeto do conhecimento, pensamos sobre o nosso agir sobre o objeto do conhecimento, essa é a abstração reflexiva. 
	O conceito mais famoso de Piaget é o Estágio: o conhecimento não é linear, um acumulo, mas sim algo que se dá por saltos, por estágios que são superados por outros estágios superiores apresentando outras lógicas sobre o mesmo objeto do conhecimento, cada estágio apresenta uma nova qualidade. Os estágios se subdividem em vários rigores: 
· Estágio Sensório Motor (0-24 meses) 
· Estágio Pré-Operatório (02-07 anos) 
· Estágio Operatório (07-12 anos) dentro desse Estágio, Piaget dividiu em 2: 
· Operatório Concreto (07-11 anos)
· Operatório Formal (12 anos em diante) 
O GRAFISMO INFANTIL
Como já bem afirma Luquet: “O desenho é uma forma de função semiótica que se inscreve a meio-caminho entre o jogo simbólico, cujo mesmo prazer funcional e cuja mesma autotelia apresenta, e a imagem mental, com a qual partilha o esforço de imitação do real”. Os primeiros estudos sobre desenho das crianças datam do final do século XIX e estão fundados nas concepções psicológicas e estéticas da época.  São os psicólogos e os artistas que descobrem a originalidade dos desenhos infantis e publicam as primeiras 'notas' e 'observações' sobre o assunto. Como escreveu o famoso pintor Pablo Picasso em relação às suas observações sobre o desenho infantil: Quando criança, eu desenhava como Rafael. À medida que fiquei mais velho, passei a desenhar como criança. 
De certa forma eles transpuseram para o domínio do grafismo a descoberta fundamental de Jean Jacques Rousseau sobre a maneira própria de ver e de pensar da criança. As concepções relativas a infância modificaram-se progressivamente. A descoberta de leis próprias da psique infantil, a demonstração da originalidade de seu desenvolvimento, levaram a admitir a especificidade desse universo. Piaget (1948) diz que a representação é gerada pela função semiótica, a qual possibilita à criança reconstruir em pensamento um objeto ausente por meio de um símbolo ou signo.
Os desenhos das crianças que propusermos a liberdade do grafismo, ou seja, a livre escolha em desenhar o que bem lhes quisessem nos proporciona um contato profundo com os ensinamentos de Piaget, e Luquet e os demais autores que se debruçaram sobre tais estudos voltados para o desenvolvimento infantil. Vários estudiosos observaram e procuraram identificar e descrever as etapas gráficas do desenvolvimento do desenho.
Luquet, por exemplo, dividiu as etapas gráficas em:
· Realismo Fortuito
· Realismo Falhado 
· Realismo intelectual e realismo visual.
No Realismo Fortuito, a criança começa a fazer traços sem qualquer objetivo (não há intenção para uma representação gráfica), mesmo sabendo que os traços realizados podem querer determinar um objeto determinado e representa-lo efetivamente, a criança não considera a ideia de também possuir a mesma habilidade. É nesta fase também que podemos identificar as famosas "garatujas", e de acordo com as definições de Piaget, este é o período sensório-motor. Neste aspecto podemos considerar o desenho de Guilherme (02 anos)[footnoteRef:1]. Em certo ponto, a criança produzirá mesmo acidentalmente uma parecença não procurada. A partir daí ela passará por uma série de transições até adquirir a totalidade das faculdades gráficas (intenção, execução e a interpretação correspondente à intenção) chegando consequentemente ao realismo intencional. A Segunda Fase descrita por Luquet é o Realismo Falhado: quando a criança chega ao desenho propriamente dito, quer ser realista, mas a sua intenção choca-se com obstáculos gráficos e psíquicos, que dificultam a sua manifestação. São exemplos de obstáculos a incapacidade para dirigir seus movimentos gráficos, o caráter limitado e descontínuo da atenção infantil e principalmente a incapacidade sintética – quando a criança não chega a sintetizar num conjunto coerente os diferentes pormenores que desenha com a preocupação exclusiva de os representar cada um por si. [1: DESENHO 1] 
A terceira fase, é a do realismo intelectual, onde a criança pretende deliberadamente reproduzir do objeto representado não só o que se pode ver, mas tudo o que ali existe e dar a cada um dos elementos a sua forma exemplar.  De acordo com Piaget, é neste ponto que a criança se encontra no estágio pré-esquemático, que se inicia por volta dos 4 anos e se estende até os 7 anos mais ou menos. Assim podemos também observar no desenho de Graziele (7 anos).
Após esta fasea criança com idade entre 7 e 9 anos entra no estágio esquemático, e após os 9 anos passa para o estágio do realismo nascente, vale ressaltar que estes estágios compreendidos entre os 7 e 11 anos estão dentro do período das operações concretas. É claro que estes estágios não são estáticos, imutáveis, existem crianças que pulam alguns estágios de desenvolvimento, e existe crianças que param de se desenvolver devido a vários fatores que influenciam em sua vida, como família, situação social e econômica, distúrbios psicológicos e gosto particular.[footnoteRef:2] [2: DESENHO 2] 
Segundo Luquet, dentre as fases de desenvolvimento do desenho está o realismo intelectual (4 a 8 anos) em que a criança desenha o que sabe e não o que vê. O realismo começa a partir da interpretação da criança e cada fase da evolução gráfica é determinada por um modo particular de realismo. Nesta fase o desenho deve conter elementos reais do objeto. A criança atribui aos seus desenhos elementos que só existem em sua mente. O realismo intelectual possibilita a criança fazer uso de diversos processos, criados por ela mesma, para representar o que deseja. Também faz uso de transparências, planificação, rebatimento e mistura variados pontos de vista.
Para Lowenfeld a criança entre 4 a 7 anos vivencia a fase pré-esquemática. Nesta fase inicia-se a representação da figura humana e dos objetos que fazem parte do cotidiano direto da criança. A criança apresenta as primeiras tentativas de representação do real, exprimi sua fantasia, desenhando vários objetos ou o que imagina deles. A ação é voltada para resultados concretos, maior poder de concentração e intensa formação de conceitos. Para Piaget o desenvolvimento cognitivo é um processo de continuas modificações qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas decorrentes de estruturas anteriores. A fase pré-operatório que segundo Piaget acontece entre 2 a 7 anos é também conhecida como estágio da inteligência. Nesta fase a criança é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro.
Os desenhos feitos pelas duas participantes que se encaixam na faixa etária entre 11-12 anos de idade, articulamos os dois conceitos de Piaget: Operatório Concreto e Formal. Neste momento serão apresentados os dados obtidos com o desenho de Ana Clara, uma menina de 12 anos, e uma análise de seu desenvolvimento cognitivo segundo a abordagem Piagetiana e as pesquisas de grafismo infantil de Luquet e Lowenfeld.
Para Luquet o desenho é a representação do modelo interno do objeto que a criança vê. Ele dividiu o desenvolvimento do grafismo em quatro etapas. A etapa em que segundo Luquet, a menina que produziu o desenho (Ana Clara[footnoteRef:3]) se encontra, é denominada Realismo Intelectual, onde a criança representa objetos pelo seu conhecimento intelectual, ela reproduz objetos que vê e também que estão ausentes. Dá transparência a alguns objetos desenhando o que está dentro do corpo ou de uma casa por exemplo. Usam legendas e nessa etapa também conseguem representar distancias, profundidade e posições organizando os objetos no espaço usando uma base de referência. 	 [3: DESENHO 3] 
Categorizamos a fase em que Ana está pelo quarto estádio de desenvolvimento, pois ela já possui 12 anos e seu desenvolvimento se assemelha muito mais com o desenvolvimento descrito e esperado pelo estádio de desenvolvimento psíquico denominado estádio ou período das operações lógico-formais ou lógico-abstrato. Essa fase é essencialmente caracterizada pela distinção entre o real e o possível. Podemos perceber que no desenho de Ana, há um aparelho celular (com a legenda de Iphone acima deste mesmo), um notebook (computador portátil) e um dos personagens que estão neste desenho, segundo Ana, se trata de uma Gamer (alguém que joga frequentemente jogos, e neste caso, alguém que é conhecida por este título, conhecida provavelmente via internet) com vários fãs, como esta mesma menina.
	Estas figuras podem representar desejos e conquistas que ela pretende ter ou ser, mostrando assim uma característica desse período cognitivo, pois ela já manifestou desejos e sonhos que são possíveis (do ponto de vista comum) de alcançar. Ganhar um Iphone, um notebook, conhecer a gamer, são coisas alcançáveis, e que outros adolescentes e até adultos querem e sonham também, pois se ela ainda estivesse se desenvolvendo na fase anterior, poderia haver desenhos de animais não existentes (criados pela imaginação), desejos que podem ser considerados impossíveis. 
	A autora diz: “Neste momento (adolescência), acontecem as identificações sucessivas, graças às quais os adolescentes escolhem modelos com os quais se identificam: algumas vezes são as pessoas do seu próprio relacionamento, amigos dos pais, e outras vezes são artistas, heróis vivos ou de ficção que passam a determinar a escolha de suas roupas, seu modo de falar e agir.”¹ .Assim percebemos a influência que a Gamer pode ter na vida desta menina, provavelmente fazendo com que a menina jogue os mesmo jogos e da mesma maneira que sua figura de admiração gamer.
	A autora ainda cita: “É também nesta idade que o adolescente se torna capaz de se projetar no futuro e tentar definir o que pretende profissionalmente e socialmente.”².
Com esta citação notamos também no desenho uma câmera fotográfica com a legenda abaixo:” ser fotografa”, e percebemos claramente como ela já começou a planejar seu futuro profissional, talvez desejando ser fotografa.
Podemos perceber também a relação emocional e afetiva da menina, vendo que ela desenha os integrantes de sua família, e logo acima corações e a palavra “Amor”, dando uma noção de como é seu relacionamento com a figura familiar e talvez também com outros que não fazem parte deste convívio.
	Outra característica muito importante desta fase é o desenvolvimento dos sentimentos e julgamentos morais. Em mais um trecho a autora diz: “A formação da consciência e dos sentimentos morais é um dos resultados da relação afetiva entre a criança e os pais” ³. 
	Voltamos então à figura, aos desenhos dos pais, com a possível “demonstração” de amor em volta da figura, e percebemos no topo da folha (olhando horizontalmente) uma nuvem com a legenda: “Deus”, ou seja, os sentimentos morais, as crenças e o desenvolvimento moral, são totalmente influenciados pela relação familiar que com certeza se encontram em meio religioso e a criança tendo contato com essa experiência, identifica-se e se assemelha com esta visão, com este titulo. 
		Então nesta observação e visão segundo a teoria Construtivista entendemos como se dá o desenvolvimento cognitivo e como a família, a sociedade, e muitos outros aspectos influenciam em nossa construção pessoal desde muito cedo.[footnoteRef:4] Podemos nestes dois desenhos identificar outros dois estágios do desenvolvimento infantil: Estágio do início do realismo (9 a 11 anos) e Estágio pseudorealístico do raciocínio (11-13 anos). O Estágio do início do realismo é o afastamento do esquema, linha de base e do horizonte se encontram cobrindo o espaço em branco que existia na fase anterior, tendência para as linhas realísticas. Maior rigidez resultante da atitude egocêntrica e da ênfase sobre detalhes como roupas, cabelos, etc. Diferença acentuada entre meninas e meninos, maior consciência do eu em relação ao ao sexo. Idade do bando, meninos junto de meninos e meninas junto de meninas. Estágio subjetivo da cor, a cor é usada em relação a experiência subjetiva. Já o Estágio pseudorealístico do raciocínio é a aproximação realística inconsciente, tendência a disposição visual ou não visual, amor a ação e a dramatização. Introdução das articulações na figura humana, atenção visual às mudanças de movimento introduzidas através do movimento ou da atmosfera. espaço tridimensional expresso pelas proporções diminuídas dos objetos distantes. Regressão, do não disposto visualmente, à linha de base ou a expressão do meio somente quando significativo. Mudança da cor em sua natureza relacionadas à distância e a um estado particularde humor [4: DESENHO 4
] 
	
	
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenho é uma maneira de expressão não verbal, através de um desenho muitas coisas são desvendadas, é incrível a capacidade que se tem num simples desenhar, o ser humano é feito de símbolos, de classificações e quando essas vão surgindo o ser humano vai se desenvolvendo.
Consideramos então neste trabalho que as diferenças nos desenhos observados são visíveis, e suas etapas bem classificadas, foi um bom aprendizado vivenciar essas etapas tão de perto, observamos quatro crianças, todas de idades e etapas diferentes, interligamos a experiência vivida com a teoria do Luquet e de Piaget estudadas em aula e finalizamos esse trabalho dizendo que, as etapas não são padronizadas, nem todas as crianças desenvolvem no mesmo tempo mais todas elas passam por essas etapas, e a diferença de tempo varia de um ano ou um pouco mais.
Assim como na introdução, considera-se também que a teoria de Piaget não formula apenas uma ênfase na Psicologia Infantil, mas sim como início de seus estudos uma vez que as crianças, aparentemente, retêm os primeiros estágios da formação do conhecimento.
ANEXOS
DESENHOS 
DESENHO 1 - Guilherme Silva – 02 Anos
DESENHO 2 - Graziele - (07 Anos)
DESENHO 3 - Beatriz Andrade “Bia” – (11 anos)
DESENHO 4 Ana Clara (11 anos e 11 mêses)
BIBLIOGRAFIA
LIVROS
GOULART, Íris Barbosa, Piaget: experiência básica para utilização pelo professor, 20ed, Petrópolis:Vozes,2003.
PIAGET, J. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D'Amorim e Paulo Sério Lima Silva. 25ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
ARTIGOS ACADÊMICOS
http://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1219/1033
http://rodadeinfancia.blogspot.com.br/2013/07/grafismo-infantil-estagios-do-desenho.html
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