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Professor Título Data Disciplina Page 1 Materiais de Construção Mecânica Estrutura Cristalina 27/08/2020 Maurício Fonsêca de Aguiar Agenda Estrutura Cristalina; Difração de raios-X. Page 2 Estrutura Cristalina Page 3 Como os materiais se estruturam? O que é uma estrutura? Estrutura Cristalina Page 4 Segundo o dicionário Michaelis, a palavra estrutura é: Organização e disposição das partes ou dos elementos essenciais que formam um corpo; Arranjo de partículas ou componentes de uma substância ou corpo; textura; Modo de construção de algo; formação; ... Os materiais se estruturam de diferentes formas, a depender da escala analisada. Introdução Page 5 Estrutura Cristalina Page 6 Estrutura Cristalina Page 7 O que significa dizer que um material é cristalino? E amorfo? Estes dois termos remetem a questão de ordenamento de átomos / íons / moléculas de um material. Se um material possui ordenamento periódico a larga escala (grandes distâncias atômicas), ele é dito cristalino. Caso contrário, é dito amorfo. Materiais cristalinos: maioria dos metais e cerâmicos. Alguns polímeros; Materiais amorfos: cerâmicas (vidros) e polímeros (*); Estrutura Cristalina Page 8 Material Cristalino Material Amorfo Estrutura Cristalina Page 9 Agora que a gente viu que os materiais podem possuir um ordenamento, surge uma questão: e como é esta ordem? A princípio, vamos trabalhar apenas os ordenamentos mais básicos, que recaem sobre os metais. Os cerâmicos e polímeros possuem estruturas maiores e mais complexas. Sendo assim, para estudarmos o arranjo do material, precisamos estudar a sua célula unitária. Célula unitária consiste na menor unidade de repetição da estrutura. Estrutura Cristalina Page 10 Estrutura CFC (ex.: austenita e alumínio) Estrutura Cristalina Page 11 Certo, mas quais são as células unitárias então? Vamos dividir as células em 7 sistemas e 14 redes cristalinas (redes de Bravais). Os sete sistemas consistem nas geometrias básicas das células. Já as redes de Bravais consistem nas possibilidades de empilhamentos de átomos dessas redes. Os sistemas cristalinos são: Estrutura Cristalina Page 12 Estrutura Cristalina Page 13 As redes de Bravais são: Estrutura Cristalina Page 14 Estrutura Cristalina Page 15 Exemplos: Metal Estrutura Cristalina Raio Atômico (nm) Alumínio CFC 0,1431 Cádmio HC 0,1490 Cromo CCC 0,1249 Cobalto HC 0,1253 Cobre CFC 0,1278 Ouro CFC 0,1442 Ferrita (Ferro ) CCC 0,1241 Chumbo CFC 0,1750 Metal Estrutura Cristalina Raio Atômico (nm) Molibdênio CCC 0,1363 Níquel CFC 0,1246 Platina CFC 0,1387 Prata CFC 0,1445 Tântalo CCC 0,1430 Titânio ( ) HC 0,1445 Tungstênio CCC 0,1371 Zinco HC 0,1332 Estrutura Cristalina Page 16 Agora vamos discutir as seguintes propriedades das células unitárias mais “comuns” (cúbica, CCC, CFC e HC): Número de átomos por célula (considerar apenas a parte dentro da célula); Número de coordenação (número de átomos vizinhos mais próximos / que se tocam); Volume da célula (relacionar o parâmetro de rede com raio do átomo); Volume ocupado (volume dos átomos dentro da célula); Fator de Empacotamento (FEA) (taxa de ocupação da célula). Estrutura Cristalina Page 17 Estrutura Cúbica Simples: Número de átomos por célula: Número de coordenação: Volume da célula: é Volume ocupado: Fator de Empacotamento (FEA): é Estrutura Cristalina Page 18 Estrutura Cúbica de Face Centrado (CFC): Número de átomos por célula: Número de coordenação: Estrutura Cristalina Page 19 Estrutura Cúbica de Face Centrado (CFC): Volume da célula: é Volume ocupado: Fator de Empacotamento (FEA): é Estrutura Cristalina Page 20 Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC): Número de átomos por célula: Número de coordenação: Estrutura Cristalina Page 21 Estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC): Volume da célula: é Volume ocupado: Fator de Empacotamento (FEA): é Estrutura Cristalina Page 22 Estrutura Hexagonal Compacta (HC): Número de átomos por célula: Número de coordenação: Estrutura Cristalina Page 23 Estrutura Hexagonal Compacta (HC): Volume da célula: é Volume ocupado: Fator de Empacotamento (FEA): é Estrutura Cristalina Page 24 Agora que conhecemos as principais estruturas, vamos identificar direções e planos nelas. Para isto, vamos utilizar os índices de Miller e Miller-Bravais: Para direções e planos em sistemas cúbicos temos três coordenadas -> números h, k e l; Para direções e planos em sistemas hexagonais temos três coordenadas -> números h, k, i e l; Portanto, vamos dividir em duas partes: células cúbicas/tetragonais e células hexagonais. Estrutura Cristalina Direção - Cúbica Page 25 O procedimento para determinar a direção é o seguinte: 1) Determinar as coordenadas do ponto inicial; 2) Determinar as coordenadas do ponto final; 3) Subtrair coordenada a coordenada (final menos inicial); 4) Se tiver algum número fracionário, multiplicar todos os coeficientes pelo MMC. Já se tiver negativo, colocar o sinal acima do número. Célula cúbica Parâmetro de rede: a Coordenada x(h) y (k) z (l) Final 1 1 1 Inicial 0 0 0 Subtraindo 1 1 1 Direção [111] Estrutura Cristalina Direção - Cúbica Page 26 Vamos repetir o procedimento para mais dois exemplos! Coordenada x(h) y (k) z (l) Final 1 0 0 Inicial 0 0 0 Subtraindo 1 0 0 Direção [100] Vetor Vermelho Coordenada x(h) y (k) z (l) Final 0 1 1/2 Inicial 0 0 0 Subtraindo 0 1 1/2 Direção [021] Vetor Roxo Estrutura Cristalina Direção - Cúbica Page 27 Perceberam que o procedimento é simples? Agora, vamos tomar os seguintes cuidados: Cuidado com a notação!!! Direções são sempre expressadas entre colchetes []; Se quisermos expressar uma família de direções, expressamos entre <>. Exemplo: <100> corresponde as direções , , , , , ; Estrutura Cristalina Direção - Cúbica Page 28 Vamos finalizar com mais exercícios: Coordenada x(h) y (k) z (l) Final 1 0 0 Inicial 0 1 0 Subtraindo 1 0 Direção Vetor Vermelho Vetor Roxo: Vetor Verde: Estrutura Cristalina Direção - Cúbica Page 29 Para a célula abaixo, desenhe as direções , e . Vetor Vermelho: Vetor Roxo: Vetor Verde: Estrutura Cristalina Direção - Hexagonal Page 30 O caso das células hexagonais é um pouco diferente do caso das células cúbicas. Aqui, o índice de Miller por si só não é suficiente, sendo necessário trabalhar com o índice de Miller-Bravais. Neste caso, precisamos de 4 direções para caracterizar “[hkil]”. São três eixos no plano basal (base), espaçados em 120°entre si, e uma direção perpendicular (semelhante ao eixo z). a1 a2 a3 c Estrutura Cristalina Direção - Hexagonal Page 31 Devido a geometria do problema, o sistema de Miller pode ser convertido para o sistema de Miller-Bravais através das seguintes equações: Estrutura Cristalina Direção - Hexagonal Page 32 Para identificarmos as direções, o procedimento é semelhante ao das células cúbicas. A diferença se encontra nos seguintes passos: Desenhe a direção no sistema de 3 eixos e determine o índice; Utilize as equações de conversão de 3 para 4 eixos. Escreva utilizando os menores números inteiros possíveis. a1 a2 a3 c Coordenada x(h) y (k) z (l) Final 1 1 1 Inicial 0 0 0 Subtraindo 1 1 1 Direção Estrutura Cristalina Direção - Hexagonal Page 33 a1 a2 a3 c Coordenada x (h) y (k) z (l) Final 0 1 1/2 Inicial 0 0 0 Subtraindo 0 1 1/2 Multiplicando 0 2 1 Direção Estrutura Cristalina Direção - Hexagonal Page 34 Para esboçarmos uma direção, fazemos o seguinte: Deslocamos o ponto central no sentido de cada eixo; A ligação entre o ponto inicial ao ponto deslocado indica a direção; Se o índice l for diferente de 0, deve-se corrigir a altura. a1 a2 a3 c Ex.: Estrutura Cristalina Planos - Cúbica Page 35 O procedimento para determinar o plano é o seguinte: 1) Se o plano passar pela origempode transladá-lo; 2) Determinar os pontos que o plano intercepta os eixos coordenados; 3) Fazer o inverso das coordenadas; 4) Deixar os menores números inteiros possíveis; 5) A notação de um plano é expresso em (). Se for uma família de planos, representar entre {}. Coordenada x(h) y (k) z (l) Intercepta 1 1/2 1/2 Inverso 1 2 2 Plano (122) Plano B Estrutura Cristalina Planos - Cúbica Page 36 E para o plano A do exemplo anterior? Primeiro, vamos mudar o eixo de posição! Coordenada x(h) y (k) z (l) Intercepta 1/2 -1/2 Inverso 2 -2 0 Dividindo por 2 1 -1 0 Plano Plano A Estrutura Cristalina Planos - Cúbica Page 37 Vamos repetir o procedimento para mais dois exemplos! Plano Plano B Plano Coordenada x(h) y (k) z (l) Intercepta 1/2 1 -1 Inverso 2 1 -1 Coordenada x(h) y (k) z (l) Intercepta 1/2 -1 Inverso 0 2 -1 Plano A Estrutura Cristalina Planos - Cúbica Page 38 Para a célula abaixo, desenhe o plano . Coordenada x(h) y (k) z (l) Inverso -1 -1 1 Intercepta -1 -1 1 Estrutura Cristalina Planos - Hexagonal Page 39 O caso dos planos hexagonais é bastante semelhante ao dos planos cúbicos. A diferença está no caso da necessidade de utilizarmos o índice de Miller-Bravais (4 direções). Sendo assim, vamos repetir o seguinte procedimento: 1) Se o plano passar pela origem pode transladá-lo; 2) Determinar os pontos que o plano intercepta os eixos coordenados; 3) Fazer o inverso das coordenadas; 4) Deixar os menores números inteiros possíveis; 5) A notação de um plano é expresso em (). Se for uma família de planos, representar entre {}. Vejamos para o caso dos planos abaixo: Estrutura Cristalina Planos - Hexagonal Page 40 a1 a2 a3 Coordenada a1(h) a2 (k) a3 (i) c (l) Intercepta ∞ 1 -1 ∞ Inverso 0 1 -1 0 Plano Azul a1 a2 a3 c Plano Azul: Plano Verde: Coordenada a1(h) a2 (k) a3 (i) c (l) Intercepta 1 -1 ∞ ∞ Inverso 1 -1 0 0 Plano Verde Vejamos para o caso dos planos abaixo: Estrutura Cristalina Planos - Hexagonal Page 41 Coordenada a1(h) a2 (k) a3 (i) c (l) Intercepta 1 1 -1/2 1 Inverso 1 1 -2 1 Coordenada a1(h) a2 (k) a3 (i) c (l) Intercepta 1 ∞ -1 1 Inverso 1 0 -1 1 Plano Plano Para a célula hexagonal abaixo, desenhe os planos e : Estrutura Cristalina Planos - Hexagonal Page 42 Coordenada a1(h) a2 (k) a3 (i) c (l) Inverso 0 1 -1 1 Intercepta ∞ 1 -1 1 Coordenada a1(h) a2 (k) a3 (i) c (l) Inverso 2 -1 -1 0 Intercepta 1/2 -1 -1 ∞ a1 a2 a3 c a1 a2 a3 c Estrutura Cristalina Densidade Page 43 Após estudarmos a identificação de direções e planos de células unitárias, vamos aprender o conceito de densidade atômica. Este conceito é importante para identificar os sistemas de empacotamento (sistemas compactos, movimentação de discordâncias)!! Então, vamos dividir em dois casos: Densidade Atômica Linear; Densidade Atômica Planar. Estrutura Cristalina Densidade Page 44 A densidade atômica linear é calculado através da seguinte relação: Já a densidade atômica planar é calculado através da seguinte relação: Vejamos então alguns exemplos. Estrutura Cristalina Densidade Page 45 Para a célula CFC, calcule a densidade atômica linear da: Estrutura Cristalina Densidade Page 46 Para a célula CFC, calcule a densidade atômica planar de: Estrutura Cristalina Page 47 Para finalizarmos o estudo das estruturas cristalinas, vamos introduzir algumas definições que nos acompanharão no estudo desta e das futuras disciplinas. Polimorfismo e alotropia: polimorfismo é a capacidade de um sólido se apresentar em diferentes estruturas cristalinas (ferrita e austenita). Já alotropia está relacionado a um elemento poder formar diferentes substâncias. Anisotropia: as propriedades de um material anisotrópico variam de acordo com a direção analisada. Estrutura Cristalina Page 48 Monocristalino x Policristalino: Um material pode consistir de apenas um cristal (não há quebra na repetição da estrutura). Este material é dito monocristalino. Além disto, ele é anisotrópicio; A maior parte dos materiais é constituído de vários pequenos cristais, os denominados grãos. (O que podemos esperar das propriedades destes materiais???) Difração de raios-X Page 49 Onda eletromagnética! Difração de raios-X Page 50 O raio-X foi descoberto em 1985 por Wilhem Röntgen (1°Nobel de Física, 1901). Difração de raios-X Page 51 Difração de raios-X Page 52 Ânodo Número atômico K (Å) Energia crítica de excitação (keV) Cromo 24 2,291 5,99 Ferro 26 1,936 7,11 Cobre 29 1,541 8,98 Molibdênio 42 0,710 20 Difração de raios-X Page 53 A difração de raios-X é o resultado da interação do próprio raio-X com os átomos. Para que a gente observe o fenômeno de difração, é necessário: Átomos regularmente espaçados (material cristalino); O espaçamento do plano seja da ordem do comprimento de onda do raio-X; A interação das ondas seja construtiva. Difração de raios-X Page 54 Lei de Bragg Difração de raios-X Page 55 Difração de raios-X Page 56 2 ? Não era só ? Difração de raios-X Page 57 A distância interplanar pode ser estimada a partir dos índices de Miller. Para isto, temos que utilizar a correlação correta de acordo com a estrutura do material. Estrutura Fórmula Cúbico Tetragonal Ortorrômbico Hexagonal Difração de raios-X Page 58 Exercício: Após um processo de inserção de matéria orgânica em uma argila, a difração do plano (001) passou de 6,1°para 5,5°. Sabendo que a técnica foi realizada com ânodo de cobre , determine o espaçamento interplanar. Para resolvermos, vamos aplicar a Lei de Bragg. Cuidado apenas para converter o ângulo de para ! Portanto, Difração de raios-X Page 59 Exercício: Para ferro CCC, calcule a distância interplanar e o ângulo de difração para os planos (220). O parâmetro de rede do ferro é 0,2866 nm. Assuma que a radiação tem comprimento de onda . Primeiro, vamos calcular a distância interplanar. Para isto, vamos relembrar a sua relação dos índices de Miller: Então, se substituirmos os valores correspondentes na fórmula acima, Difração de raios-X Page 60 Exercício: Para ferro CCC, calcule a distância interplanar e o ângulo de difração para os planos (220). O parâmetro de rede do ferro é 0,2866 nm. Assuma que a radiação tem comprimento de onda e a ordem de difração é 1. Agora, queremos descobrir o ângulo de difração . Como possuímos o comprimento , a distância , e a ordem de difração , só nos basta aplicarmos a Lei de Bragg! Portanto, Difração de raios-X Page 61 A lei de Bragg é uma condição necessária para que haja difração. Entretanto, ela não garante a mesma. Para os materiais que possuem átomos localizados além dos vértices das células unitárias (CCC por exemplo) necessitam de condições a mais para que haja difração, pois estes átomos podem ocasionar em difração fora de fase (destrutiva). Por causa disto, temos condições a mais para essas estruturas! Difração de raios-X Page 62 Estrutura Cristalina Difração não ocorre Difração ocorre Cúbica de corpo centrado (CCC) h+k+l = ímpar h+k+l = par Cúbica de face centrada (CFC) h+k+l misto (pares e ímpares) h+k+l não misto (todos pares ou ímpares) Hexagonal compacta (HC) h+2k = 3n, l ímpar (n é um inteiro) Todos os outros casos
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