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Caso Marbury x Madison

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17/07/2018 Conheça o caso Marbury vs. Madison
https://thiagobo.jusbrasil.com.br/artigos/451428453/conheca-o-caso-marbury-vs-madison 1/6
jusbrasil.com.br
17 de Julho de 2018
Conheça o caso Marbury vs. Madison
Conheça o caso Marbury vs. Madison, que deu origem ao controle difuso
de constitucionalidade.
Estou certo de que, se você já passou pelas disciplinas de Direito
Constitucional, com toda a certeza já ouviu falar do caso Marbury vs.
Madison. Tal precedente jurisprudencial americano influenciou
diversos ordenamentos jurídicos, inclusive o nosso. Foi tal demanda
judicial a responsável por inaugurar o chamado controle difuso de
constitucionalidade. Vejamos, então, quais foram os eventos históricos
que antecederam e deram ensejo ao emblemático caso, e como ele se
desenvolveu a ponto de criar um modelo jurisdicional de controle de
constitucionalidade.
O ano é 1797. Os Estados Unidos eram governados pelo Presidente
John Adams. Advogado, graduado em Direito na então pouco
prestigiada Universidade de Harvard, Adams, que era vice-presidente
de George Washington, acabara de tomar posse como Presidente dos
Estados Unidos.
17/07/2018 Conheça o caso Marbury vs. Madison
https://thiagobo.jusbrasil.com.br/artigos/451428453/conheca-o-caso-marbury-vs-madison 2/6
Durante todo o período em que esteve à frente da Casa Branca, Adams,
membro do partido Federalista, sofreu severas críticas dos
Republicanos, sobretudo no que diz respeito ao posicionamento
americano acerca do conflito existente entre França e Inglaterra.
Os Republicanos acreditavam que os EUA possuíam uma dívida
história com a França, já que a nação europeia foi de grande valia na
guerra de independência americana, por óbvio, contra a mesma
Inglaterra. Adams e a maioria esmagadora dos Federalistas
discordavam de tal pensamento, o que custou, e muito, para a imagem
do então presidente e até mesmo do partido ao qual integrava.
Naquele momento, as eleições para parte das cadeiras no Congresso
Americano já aconteciam antes dos pleitos presidenciais. Neste
diapasão, servia a primeira como verdadeiro termômetro político para
a segunda.
O fato é que os federalistas sofreram uma grande derrota nas eleições
de 1800, tendo perdido preciosos 22 assentos na Câmara dos
Representantes para o partido Republicano. Nas eleições presidenciais
que ocorreriam no mesmo ano, o resultado não seria diferente: Thomas
Jefferson, então vice-presidente dos EUA, membro do partido
Republicano, vence John Adams, candidato à reeleição pelo partido
Federalista.
Diante de sua derrota, e vislumbrando que o partido Federalista
perdera espaço no Legislativo e no Executivo, John Adams decide
então manter o controle sobre o único poder que lhe restava, o
Judiciário.
Para tanto, Adams decide alterar o Judiciary Act de 1789, dobrando o
número de juízes federais, e criando outros cargos na magistratura
americana, no que ficou conhecido como “Midnight Judges” (parte dos
estudiosos apontam que o nome foi dado pelo fato da nomeação ter se
dado no “apagar das luzes” do governo Adams, outros entendem que o
fato recebeu este título por ter se dado às escuras, escondido). Por fim,
17/07/2018 Conheça o caso Marbury vs. Madison
https://thiagobo.jusbrasil.com.br/artigos/451428453/conheca-o-caso-marbury-vs-madison 3/6
o derrotado presidente americano decide nomear John Marshall, seu
secretário de Estado, para o relevante cargo de Chief Justice (em
apertada síntese, o equivalente ao presidente do STF no Brasil).
Fundamental para que se entenda a história é destacar que, dentre os
magistrados nomeados por Adams, está William Marbury, que
assumiria o posto de Juiz de Paz no estado da Colúmbia.
Em 04/03/1801, Thomas Jefferson assume a presidência dos Estados
Unidos. Dentre as suas primeiras medidas no cargo, Jefferson nomeia
James Madison, que viria a ser o próximo presidente dos EUA, para o
ofício de Secretário de Estado. No exercício do cargo, Madison passa a
analisar a situação das nomeações dos novos magistrados.
Ao fazê-lo, Madison observa que um número considerável de possíveis
magistrados ainda não haviam recebido a carta de nomeação, razão
pela qual o ato presidencial não estava completo, sendo, portanto,
passível de cancelamento.
O Secretário de Estado não hesitou: cancelou todas as nomeações
pendentes, dentre elas, a de William Marbury.
Indignado com a situação, Marbury ajuíza, com fulcro na seção 13 do
Judiciary Act, a chamada “writ of mandamus”, uma espécie de
mandado de segurança adotado pelo ordenamento jurídico americano,
em face do Secretário Madison, na Suprema Corte Americana, assim, o
caso passou a ser conhecido como Marbury vs. Madison.
O acima mencionado diploma conferia à Corte máxima americana a
competência originária para apreciar mandados ajuizados em face de
autoridades federais.
John Marshall, então Chief Justice, ficou encarregado de apreciar a
matéria. Além de ser um grande jurista, tendo sido um dos percussores
do direito constitucional americano, Marshall era também um
habilidoso político.
17/07/2018 Conheça o caso Marbury vs. Madison
https://thiagobo.jusbrasil.com.br/artigos/451428453/conheca-o-caso-marbury-vs-madison 4/6
No uso de tais habilidades, o juiz da Suprema Corte analisa o caso
mediante a apreciação de vários pontos, dentre eles, se a Suprema
Corte americana teria, de fato, competência para analisar aquela ação.
Aduz Marshall, brilhantemente, em sua decisão, que a Constituição
estadunidense teria atribuído à Suprema Corte a competência
originária para analisar todas as causas concernentes a embaixadores,
outros ministros públicos e os cônsules, bem como as ações em que for
parte um Estado. Nas demais causas, teria a Corte competência
revisional, em grau de recurso. Nesse sentido, verificava-se um conflito
de normas entre a Constituição Americana e a Seção 13 do Judiciary
Act. O questionamento que se fazia, por óbvio, era o que deveria
prevalecer: a carta magna ou uma lei federal?
Como bem reflete Pedro Lenza [1], “a regra era a de que a lei posterior
revogava anterior. Assim, teria a lei revogado o artigo de Constituição
que tratava das regras sobre competência originária?”
John Marshall, em sua decisão, se encarrega de pacificar a questão.
Argumenta Marshall, em apertada síntese, que, na hierarquia das leis,
impera a Constituição dos EUA, estando os tribunais, bem como os
demais departamentos, vinculados a ela. Deste modo, toda lei que
contrarie a Constituição deveria ser declarada nula.
Assim, decide Marshall, incidentalmente (incidenter tantum), pela
inconstitucionalidade da Seção 13 do Judiciary Act, no ponto em que
contraria os preceitos da Constituição Americana. Declarou-se a
inconstitucionalidade de uma lei, sem a análise do mérito
propriamente dito. Percebam que Marshall, ao proferir tal decisão não
adentrando no mérito, não profere, em tese, entendimento favorável a
nenhum dos dois polos, de modo a não gerar, para ele, conflitos
políticos com os dois partidos.
Cria-se, assim, um novo modelo de controle de constitucionalidade: o
controle difuso, que pode ser entendido, portanto, como aquele que é
realizado incidentalmente, num caso concreto, prejudicando o exame
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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de mérito.
Cabe fazer apenas mais uma ponderação. Desde a Constituição de 1891,
o Brasil tem adotado, também, o modelo difuso de controle de
constitucionalidade, de invenção americana, conforme já observamos.
Entretanto, o modelo brasileiro de controle difuso guarda algumas
distinções, se comparado ao modelo americano. É que o modelo
jurídico americano, que adota o common-law, atribui ao controle de
constitucionalidade difuso verdadeiro efeito erga omnes, não se
limitando a aplicar a decisão judicial a determinado caso concreto,
vinculando, em regra, juízes e tribunais inferiores.
O modelo brasileiro, como é cediço, atribuiu ao controle difuso a
eficácia inter partes, novamente, em regra, não vinculando as esferas
judiciais inferiores.
[1] Direito Constitucional Esquematizado/Pedro Lenza – 19 ed. Rev.
Atual. E amp. – São Paulo, Saraiva, 2015.
FONTE:
Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes, Paulo
Gustavo Gonet Branco. – 9. Ed. rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2014
Gondim, Yuri. "O caso Marbury vs. Madison e a contribuição de John
Marshall". Disponível em:
<https://yurigondim.jusbrasil.com.br/artigos/118688828/o-caso-
marbury-vs madisonea-contribuicao-de-john-marshall> Acessado em
23/04/2017
Disponível em: http://thiagobo.jusbrasil.com.br/artigos/451428453/conheca-o-caso-marbury-vs-
madison
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/92090/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-dos-estados-unidos-do-brasil-91
https://yurigondim.jusbrasil.com.br/artigos/118688828/o-caso-marbury-vs

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