Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROPEDÊUTICA BÁSICA EM GINECOLOGIA 1-DOENÇAS DA VULVA Podem se apresentar como irritação, prurido, queimação e lesões. Muitas vezes diagnosticamos como o próprio exame clínico (anamnese e exame físico). A avaliação da história, inspeção, palpação, cultura e biópsia são importantes. Sempre faça diagnósticos diferenciais entre infecções, condições dermatológicas e neoplasias. INFECÇÕES NA VULVA Pode ser por Cândida, Condiloma, Herpes, Abscesso da Glândula de Bartholin, Molusco Contagioso, Sífilis Primária. CONDIÇÕES DERMATOLÓGICAS Pode ser por irritação química, dermatite de contato, hiperplasia de células escamosas, líquen escleroso, psoríase, nevo, dermatite seborreica, fibroma/lipoma Exemplo: Líquen Escleroso → vulva atrófica, leucoplasia extensa, ferida por coçadura; importante fazer biópsia para diagnóstico diferencial com câncer de vulva, que pode se manifestar dessa forma NEOPLASIAS O câncer de vulva é raro. O carcinoma vulvar ocorre em mulheres de 60 a 70 anos. Pode se manifestar como prurido, massa, dor, ulceração ou ser apenas uma mancha na vulva. O espectro varia desde líquen para mancha para invasão de vários tecidos. Nesse momento é importante realizar: • Vulvoscopia o Análise da anatomia da vulva com microscópio • Biópsia o Em cunha o Para fazer o histopatológico. 2-DOENÇAS DA VAGINA Sempre importante pesquisar o Corrimento. O corrimento normal varia com o ciclo menstrual e com hormônios. É feito por lactobacilos Precisamos fazer diagnóstico diferencial com infecções e carcinoma vaginal. Diagnóstico → exame a fresco, cultura e biópsia VAGINOSE BACTERIANA Caracterizada por: corrimento cinza, homogêneo, não inflamatório. No exame ao microscópio, vemos as Clue Celss (células epiteliais com perda da nitidez da borda repleta de bactérias, fica parecendo pelos). Na fita de pH temos 5 a 5,5. Se adicionarmos KOH a 10%, o cheiro fica muito desagradável pela liberação das aminas. CANDIDÍASE Caracterizada por: coceira, irritação, dispareunia (dor na relação sexual ou outra atividade sexual penetrativa) Temos corrimento branco, espessado, aderente às paredes laterais. No exame a fresco, vemos pseudo-hifas. Na fita, temos pH menor que 4. TRICOMONÍASE Corrimento difuso, com odor fétido, verde-amerelo e pruriginoso. São protozoários móveis, flagelados no exame a fresco, onde também vemos polimorfonucleares. Com coloração fica mais fácil de ver. VAGINITE ATRÓFICA Causada por hipoestrogenismo. Há hipoestrogenismo na amamentação, após o parto e na menopausa. Paciente sente coceira, irritação e queimação. Vemos células epiteliais escamosas imaturas e células basais arredondas em exame a fresco CARCINOMA VAGINAL Mais raro, ocorre com a idade média de 60 a 65 anos. Apresenta-se como sangramento vaginal ou corrimento com odor fétido Propedêutica → citologia vaginal, vaginoscopia (fazer o colposcópio com uma amplificação de 30 a 40 vezes da vagina) com biópsia. Na imagem, vemos o Sarcoma botryoides, que ocorre abaixo dos 5 anos e tem forma de cacho de uva vermelho. Muito importante a realização de biópsia, sempre ao ver qualquer lesão suspeita ou duvidosa. 3-DOENÇAS DO COLO Se manifesta como secreção, dor, sangramento pós-coito, sangramento visto no exame (incidental) Os diagnósticos diferenciais são: cervicite, pólipos cervicais, displasia cervical (HPV), câncer cervical (escamoso, adenocarcinoma) CERVICITE POR CLAMÍDIA/GONOCOCO Uma causa muito comum de cervicite é a clamídia ou o gonococo. Nem sempre dá para ver a secreção. Pode aparecer como corrimento na uretra. A clamídia é uma bactéria intracelular obrigatória. Quase sempre é acompanhada do gonococo. É uma IST. Devemos ter abordagem sindrômica. Pode causar cervicite, salpingite e uterite (doença inflamatória pélvica). Pode provocar infertilidade, gravidez ectópica, conjuntivite neonatal, cegueira, sepse, pneuomonite. Muito importante o exame clínico. Exames laboratoriais (HMG, proteína C reativa, VHS e EAS) são inespecíficos, servem mais para nos guiar em abdome inflamatório. O exame de imagem (ultrassonografia) é mais para ver se há um abscesso. Os principais métodos são cultivo celular (padrão ouro), pesquisa de anticorpo e testes moleculares (como um PCR). PÓLIPO CERVICAL É comum e benigno. Vemos sangramento de escape e sangramento pós-coito. Uma lesão exofítica que vemos no exame especular Deve ser feita polipectomia (já no exame especular mesmo) e biópsia 4-EXAMES DO COLO DO ÚTERO INSPEÇÃO VISUAL DO COLO Para rastreamento do câncer cervical. Em locais com recursos limitados, onde não conseguimos fazer a citologia e a colposcopia. Inspeção visual é o único método disponível para mulheres que só podem acessar o rastreamento em uma visita. Sua especificidade é limitada e tem baixo valor preditivo positivo (cerca de 10%). Fazemos por ácido acético ou iodo (teste de Schiller) que marcam a lesões do colo CITOLOGIA CERVICAL O rastreamento para câncer deve ser feito com a citologia cervical. O Papanicolau ou colpocitologia oncótica é o que realizamos no Brasil. Pode ser feito a Tipagem HPV (feita nos EUA), citologia em meio líquido. É uma ferramenta de triagem. A biópsia que dá o diagnóstico COLPOSCOPIA Visualização do colo do útero sob ampliação. Deve ver toda a zona de transformação. Utilizamos o ácido acético para marcar Serve para guiar biópsia. Conseguimos ver alterações vasculares, como presença de vasos atípicos. Serve para fazer uma curetagem endocervical, especialmente quando temos suspeita de lesões glandulares. É indicada: • Citologia cervical anormal ou teste HPV-positivo • Avaliação de colo do útero, vagina ou vulva visualmente anormal • Avaliação após inspeção visual em locais onde não há outros métodos de rastreamento • No tratamento das neoplasias intraepiteliais cervicais para garantir que as lesões conhecidas foram removidas ou tratadas CONIZAÇÃO DO ÚTERO Quando vemos HSIL (lesão de alto grau, NIC 2 ou 3 ou CA in situ), AGUS (lesão provavelmente glandular de significado indeterminado) ou um Câncer Invasor fazemos uma Biópsia em Cone. A biópsia em cone é chamada de conização do útero. Fazemos com bisturi frio e com amplas margens para ter certeza que tiramos tudo Existe uma maneira menos invasiva (imagem 3), que é o procedimento com excisão eletrocirúrgica de alça (CAF), que tira profundamente a lâmina do colo do útero com a lesão. 5-DOENÇAS DO ÚTERO A apresentação é sangramento anormal, dismenorreia, dor, pressão, infertilidade Os principais diagnósticos diferenciais: pólipos endometriais, endometriose/adenomiose, leiomioma, hiperplasia endometrial, carcinoma endometrial As causas de útero aumentado de tamanho visto no exame físico são principalmente leiomioma e gravidez. O adenomioma uterino ou adenomiose difusa, sarcoma uterino, neoplasia metastática (normalmente de outro trato reprodutivo primário), processos endometriais que podem aumenta o útero (como pólipo endometrial, hiperplasia endometrial, hematométrio) ENDOMETRIOSE/ADENOMIOSE Caracterizada pela tríade dismenorreia, dispareunia e infertilidade. Pode ter dor pélvica crônica, sintomas urinários e disquezia (dor ao evacuar), alteração do hábito intestinal durante o período menstrual, hematoquezia A gravidade da doença não se correlaciona com os sintomas O diagnóstico de certeza é feito pelo anatomopatológico (cirúrgico) A clínica é muito rica. Pode-se fazer diagnóstico presumido. Métodos de imagem como ultrassom (necessita de experiência do médico radiologista e preparo do paciente), RNM e ultrassom retal ajudam. Marcadores bioquímicos (Ca 125) também auxiliam. PÓLIPO ENDOMETRIAL/ALTERAÇÕES NO ENDOMÉTRIO É um supercrescimento das glândulas endometriais/estromais. Se manifesta como sangramento irregularou anormal O pico de incidência é na faixa etária de 40 a 49 anos. Pode se fazer o exame por ultrassom/histerossonografia, biópsia endometrial, histeroscopia HISTEROSCOPIA É a avaliação ou tratamento da cavidade endometrial, óstios tubários ou canal endocervical. Feito com uma câmera que atravessa o óstio do colo do útero. Feito em casos de: sangramento uterino normal, espessamento endometrial ou pólipos, miomas submucosos, aderências intrauterinas, anomalias Müllerianas, contraceptivos intrauterinos retidos ou outros corpos estranhos, produtos de concepção retidos (DIU retido), lesões endocervicais. Pode ser diagnóstica (feito na clínica mesmo, com no máximo uma biópsia) ou cirúrgica (quando se vai retirar lesões) HISTEROSOSONOGRAFIA Exame ultrassonográfico. Injeta uma solução salina no colo, expandindo a cavidade uterina. Assim, melhorando a visualização da cavidade durante o ultrassom transvaginal. A técnica melhora a detecção de patologias endometriais (como pólipos, hiperplasia, câncer, leiomioma e aderências). LEIOMIOMA Pode ser feito ultrassom, TC ou RM Devemos fazer hemograma para avaliar anemia (sempre em frente a paciente com sangramento uterino anormal). Ultrassom transvaginal tem alta sensibilidade (95 a 100%) para detectar miomas no útero RM → feita quando se tem muitos miomas e fazemos de uma forma conservadora a cirurgia, guiando um 3D da cirurgia; também usado para distinguir leiomioma, adenomiose e adenomioma. A distinção entre leiomioma e sarcoma. Mioma ocorre em 70% das mulheres brancas e 80% das mulheres negras. O sarcoma é bem raro (3 a 7 a cada 100.000). Erramos muito pouco o diagnóstico quando falamos que é mioma e não sarcoma. Para distinguir leiomioma e sarcoma devemos fazer acompanhamento. • Quando suspeitar de sarcoma o Pacientes que não respondem à terapia medicamentosa, surgimento de novos sintomas ou agravamento dos sintomas em meio a terapia medicamentosa → pensar em sarcoma o Pacientes na pós menopausa com massa uterina nova ou crescendo em ritmo lento ou rápido devem ser avaliadas quanto à malignidade. Caso não haja dúvida de sarcoma, devemos continuar com ultrassom transvaginal para acompanhar o leiomioma Achados que não indicam sarcoma de forma confiável → massa uterina grande ou solitária, massa uterina crescendo rápido no pré-menopausa MAL FORMAÇÕES UTERINAS Podemos ter agenesia, hipoplasia, útero septado, útero didelfo, útero arqueado, útero com apenas um colpo, útero com corno, útero mal formado por exposição a drogas. Os métodos que podem ser usados são ultrassom 3D, histerossonografia, histerossalpingografia, ressonância magnética. Cada um desses métodos possui suas funções na avaliação das mal formações do útero. Ultrassom 3D é novo. Histerossalpingografia nos permite ver o preenchimento do útero, mas não sua morfologia exata. DOENÇAS DAS TROMPAS E OVÁRIOS As principais são infertilidade e massa anexial Apresentação: • Assintomático • Dor • Menstruação irregular • Massa no exame • Inchaço • Constipação • Desconforto abdominal vago MASSAS ANEXIAIS Ovários palpáveis cerca de 50% das vezes. Exceto em adolescentes e mulheres pós-menopausa, obesas, contraceptivo de longa data. Nesse caso, avalie a forma, o tamanho, a consistência e a mobilidade. O USTV é preferido para estruturas anexiais. Ca-125 é um marcador inespecífico. Contudo, se muito alterado, pode nos guiar um pouco. Diagnóstico diferenciais das massas anexiais (clínica é importante para isso). Etiologia das massas anexiais A depender da idade, podemos desconfiar de diferentes quadros O câncer de ovário é muito raro nas mulheres. Contudo, é muito mortal para sua incidência. A propedêutica é: anamnese e exame físico (exame clínico), marcadores séricos (nunca usados isoladamente pela baixa especificidade) e ultrassonografia transvaginal (massa ovariana suspeita e isolada) Os aspectos de malignidade são: mais de 10 centímetros, septação espessa, projeções papilares (mais de 4), multilocularidade, Ecogenicidade aumentada ou mista, aumento de fluxo ao doppler. INFERTILIDADE É classificada como a INCAPACIDADE DE CONCEBER apesar da ATIVIDADE SEXUAL REGULAR SEM MÉTODO CONTRACEPTIVO por um período mínimo de UM ANO. A investigação é dada da seguinte forma: A propedêutica deve ser feita no casal Aqui separado o que se deve fazer com cada sexo DOR PÉLVICA AGUDA Características da DPA • Dor no baixo abdome ou na pelve que dura menos de três meses • Dor difusa ou focal que, em alguns casos, inclui dores musculoesqueléticas e lombares Siga o fluxograma DOSAGENS HORMONAIS TESTE DA PROGESTERONA Feito na ausência da menstruação. Você dá progesterona por alguns dias e vê se ela menstrua após cessar. Os resultados indicam Esse exame atrasa o diagnóstico e não acrescenta nada em relação ao FSH, PRL e TSH ESSE EXAME NÃO É UTILIZADO! AMENORREIA PRIMÁRIA Peça a dosagem do FSH. No resultado, faça o seguinte fluxograma CLIMATÉRIO Não é necessário dosar o FSH para diagnosticar menopausa. Dosamos apenas quando ocorre menopausa precoce. Assim, dosagem de FSH deve ser feita quando: • Insuficiência ovariana precoce • Avaliação da reserva ovariana • Amenorreia primária e secundária • Infertilidade em mulheres com mais de 35 anos de idade • Puberdade precoce/tardia AVALIAÇÃO DA RESERVA OVARIANA Feita para saber até quando se tem tempo para engravidar ou para pacientes com infertilidade Feito com dosagem de FSH e estradiol do ciclo, dosagem do anti-mulleriano, dosagem de inibina B, US com contagem de folículos antrais e teste do clomifeno (indutor de ovulação para depois se fazer dosagem do FSH e ver a resposta, mas caiu em desuso) Ciclos menstruais regulares indicam ovulação! (exceto 35 anos para cima) CONFIRMAÇÃO DA OVULAÇÃO Pode ser feito por • Dosagem da progesterona (21° dia em mulheres com ciclo de 28 dias) • Rastreamento de ovulação ao US (achado de corpo lúteo) o Dá para ver na US o corpo lúteo o Pode ser feito do endométrio também para avaliar como o endométrio está DOSAGEM DA TESTOSTERONA TOTAL NÃO dosar testosterona livre! (são ensaios variáveis e pouco confiáveis). Fazemos por TESTOTERONA TOTAL. Se queremos livre, pedimos SHPG e fazemos um cálculo matemático Dosamos testosterona total em HIPERANDROGENISMO CLÍNICO! Não existe deficiência de androgênio na mulher. Não existe síndrome ou algo do tipo. Não está indicada para o diagnóstico do tratamento do transtorno da excitação sexual feminino, nem para avaliação da baixa função ovariana ou adrenal O USO DE TESTOSTERONA PELA MULHER NÃO ESTÁ APROVADO NO BRASIL E NÃO EXISTEM MEDICAMENTOS FISCALIZADOS PELA ANVISA!
Compartilhar