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BIOQUÍMICA 2 Artur José da Silva 2020 1. 2. Nucleotídeos Definição: → Moléculas orgânicas formadas por um grupamento fosfato (mono, di ou trifosfato), uma pentose (ribose ou desoxirribose) e uma base nitrogenada (Adenina, Guanina, Citosina, Timina ou Uracila). Funções: → Estrutura dos ácidos nucleicos: precursores do DNA e RNA; → Carreadores essenciais de energia química – papel desempenhado basicamente pelo ATP e, em parte, pelo GTP; → Componente dos cofatores NAD+, FAD+ e coenzima A; → Fazem parte de muitas coenzimas e atuam como doadores de grupos fosforila (ex: ATP ou GTP), de açucares (açucares com UDP ou GDP) oulipídeos (ex: CDP-acilglicerol); → Atuam também como mensageiros secundários reguladores de vias de transduçao de sinal, como o AMPc e o GMPc; → Entre os nucleotídeos reguladores, podemos citar também o controle da fosforilação oxidativa pelo ADP e a regulação alostérica da atividade enzimática pelo ATP, AMP e CTP. Pentoses: → A pentose pode ser de duas formas: uma ribose (presente nos nucleotídeos do RNA) ou uma desoxirribose (presente nos nucleotídeos de DNA). Desoxirribose e Ribose. Bases Nitrogenadas: → As bases nitrogenadas nucleotídeos podem ser divididos em 2 grupos: purinas e pirimidinas. → Timina é uma base nitrogenada exclusiva de nucleotídeos de DNA, e, a Uracila, de nucleotídeos de RNA. Purinas: Adenina e Guanina. Pirimidinas: Timina, Uracila e Citosina. Grupamento Fosfato: → Os nucleotídeos podem ser mono-, di- ou trifosfatados. Adenosina Trifosfato (ATP). AMPc: Catabolismo de Ácidos Nucleicos: → A digestão de ácidos nucleicos exógenos ocorre das seguintes maneiras: → O DNA é quebrado em oligo-dNTPs pela enzima desoxirribonucleotidase pancreática, esses oligo-dNTPs são quebrados em dNTPS pela fosfodiesterase pancreática e em seguida convertidos em desoxirribonucleosídeos pela monocluease intestinal. → O RNA é quebrado em oligo-NTPs pela enzima ribonucleotidase pancreática, esses oligo-NTPs são quebrados em NTPS pela fosfodiestase pancreática e em seguida convertidos em ribonucleosídeos pela monocluease intestinal. → Os ácidos nucleicos endógenos são digeridos pelas nucleases e transformados em nucleotídeos, que são transformados em nucleosídeos pela enzima 5’-nucleosidase. → A digestão desses nucleosídeos são digeridos de formas diferentes a depender se são púricos ou pirimídicos. Catabolismo de Purinas: → O ácido úrico é o produto final do catabolismo dos nucleotídeos púricos em primatas (sendo que um ser humano saudável excreta 0,6 g de ácido úrico por dia). → Esse catabolismo de purinas tem 2 origens: dos nucleosídeos púricos ingeridos da alimentação (que não são usados na produção de outros nucleotídeos) ou da renovação dos nucleotídeos de ácidos nucleicos. → A maior parte das purinas livres não são degradadas, mas sim reutilizadas para a produção de novos nucleotídeos (através da via de salvação). Produtos da excreção de urinas. Catabolismo de Pirimidinas: → As vias de degradação de pirimidinas levam a uma produção intermediária de NH4+ e, assim, a síntese de ureia. → A via de degradação de pirimidinas influencia em várias outras vias metabólicas. O oroduto final da degradação da timina pode ser convertido em semialdeído metilmalônico que é degradado para propionil-CoA. Esse p-CoA pode ser usado para gerar succinil-CoA. A degradação de citosina e uracila levam a produção de β-alanina, que é usado para a produção de Acetil-CoA. Tanto o Acetil-CoA quanto o Succinil-CoA influenciam, por exemplo, no Ciclo de Krebs. Catabolismo de Timina. Biossíntese de Nucleotídeos: → A biossíntese de nucleotídeo se dá por duas vias: a via de salvação (que “salva” bases nitrogenadas livres em novos nucleotídeos) e a via de novo (que produz nucleotídeos do “zero”). → Ambas vias precisam de PRPP (5’-fosforribosil-1-pirofosfato) que é originado a partir da fosforilação “dupla” da ribose-5-fosfato (advinda do ciclo das pentoses fosfato) com quebra de um ATP em AMP pela enzima PRPP-sintetase. Via de Salvação de Purinas: → As enzimas dessa via são: adenosina-fosforribosil transferase (para a adenina) e hipoxantina-guanina-fosforribosil transferase. → 2 patologias estão relacionadas com alguma deficiência ou anomalia nessa via: Síndrome de Lesh-Nyhan e a Gota. → Uma via semelhante ocorre com as pirimidinas. Via de Novo de Purinas: → Para a síntese de novas purinas é necessário primeiramente inosinato (IMP) e depois produzir – individualmente – AMP e GMP. → Para a produção de IMP em humanos são necessários: PRPP (fornece a ribose-5-fosfato), 2 glutaminas (fornecem dois nitrogênios), glicina (fornece C=C-N), CO2 (fornece o carbono), aspartato (fornece outro nitrogênio), 2 N10-formil-tetrahidrofolato (fornece outro carbono) e 4 ATPs (energizadores das reações). → Em bactérias e fungos a reação 6a não ocorre, levando ao gasto de mais 1 ATP. → A conversão de IMP em AMP leva a necessidade de mais 1 aspartato, a quebra de um GTP e liberação de 1 fumarato. → A conversão de IMP em GMP leva a necessidade de mais H20, NAD+, mais uma glutamina e a quebra de mais um ATP. Regulação da Via de Novo de Purinas: → 3 mecanismos de retroalimentação negativa são responsáveis por essa regulação (além da síntese de PRPP que também é regulado pela concentração de ADP). → Os reguladores desses nucleotídeos se diferenciam pois o AMP é necessário em concentração maior que o GMP, então o ritmo de síntese deles precisam ser diferenciados. Síntese de Novo de UMP e CTP: → A síntese de novo de pirimidinas funciona da seguinte forma: primeiro há a formação de UMP que é convertido em UTP e depois em CTP. A síntese de timidilato é feito posteriormente. → O carbamoil-fosfato necessário nessa via também é um intermediário do ciclo da ureia. Porém, nos animais, o carbamoil-fosfato do ciclo da ureia é produzido na mitocôndria pela enzima carbamoil-fosfato sintetase I e o carbamoil-fosfato da síntese de pirimidinas é produzido no citoplasma pela enzima carbamoil-fosfato sintetase II. Síntese de Carbamoil-fosfato. Síntese de novo de UMP, UTP e CTP. → O motivo do DNA ser formado por uracila é que essa base nitrogenada é susceptível a ser convertida em citosina (que mudaria o par de base no DNA). Regulação da Síntese de Novo de CTP: → Essa regulação se dá a partir da inibição da aspartato-transcarbamoilase (ATCase) pelo acúmulo de CTP. → O acúmulo de, por outro lado, ATP impede essa inibição. → A regulação é feita dessa forma pois equilibra as concentrações entre os nucleotídeos no momento de replicação do DNA. Regulação alostérica da ATCase Síntese de Timidilato: → O CTP e o UMP podem ser usados para formar o dTMP, mas antes precisam ser desoxidados. → A coenzima mais importante dessa síntese é o ácido fólico (H4folato). Conversão de NMPs em NTPs: → Exitem 3 tipos de conversão comuns a todas células que podem ocorrer. → Conversão de AMP em ADP pela enzima adenilato-cinase. → Conversão de nucleosídeos monofosfato em nucleosídeos difosfato pela enzima nucleosídeo-monofosfato-cinase (não é específica à pentose, mas sim para o nucleosídeo). → Conversão de nucleosídeos difosfato em nucleosídeos trifosfato pela enzima nucleosídeo-difosfato-cinase (não é específica para à pentose ou ao nucleosídeo). Redução de Ribonucleotídeos: → Os ribonucleotídeos são precursores de seus desoxirribonucleotídeos correspondentes. → A reação é catalisada pela enzima ribonucleotídeo-redutase e gera uma molécula de água. → A ribonucleotídeo-redutase precisa ser reduzida por uma cascata de reações que no final acarreta na oxidação de NADPH + H+. Extras: → Síndrome de Lesch-Nyhan: Um defeito genético na atividade da hipoxantina-guanina-fosforribosil-transferase, observado quase exclusivamente em crianças do sexo masculino, resulta no conjunto de sintomas denominado síndrome de Lesch-Nyhan. Crianças com essa doença genética, que se manifesta em torno dos dois anos, apresentam, algumas vezes, baixa coordenação motora e deficiência intelectual. Além disso, são extremamente agressivas e mostram tendências à compulsão autodestrutiva:apresentam automutilação, mordendo dedos, artelhos e lábios. Os efeitos devastadores da síndrome de Lesch-Nyhan ilustram a importância das vias de salvação. Hipoxantina e guanina surgem constantemente da degradação dos ácidos nucleicos. Na ausência da hipoxantina-guanina-fosforribosil-transferase, os níveis de PRPP aumentam e ocorre uma superprodução de purinas pela via de novo, resultando na produção de altos níveis de ácido úrico e lesão tecidual. O cérebro é especialmente dependente das vias de salvação e isso pode ser a causa da lesão do sistema nervoso em crianças com síndrome de Lesch-Nyhan. → Gota: A gota é uma doença das articulações, causada pela concentração elevada de ácido úrico no sangue e nos tecidos. As articulações tornam-se inflamadas, doloridas e artríticas devido à deposição anormal de cristais de urato de sódio. Os rins também são afetados, pois ácido úrico em excesso se deposita nos túbulos renais. A gota ocorre predominantemente em pessoas do sexo masculino. Sua causa precisa não é conhecida, mas frequentemente envolve uma excreção reduzida de uratos. A deficiência genética de alguma enzima do metabolismo das purinas também pode ser um fator em alguns casos. A gota pode ser tratada de maneira eficiente por uma combinação de terapias nutricionais e farmacológicas. Alimentos especialmente ricos em nucleotídeos e ácidos nucleicos, como fígado ou produtos glandulares, devem ser removidos da dieta. Um grande alívio dos sintomas pode ser obtido pela administração de alopurinol (Figura 22-50), que inibe a xantina-oxidase, a enzima que catalisa a conversão de purinas em ácido úrico. Quando a xantina- -oxidase é inibida, os produtos de excreção do metabolismo das purinas são xantina e hipoxantina, que são mais hidrossolúveis que o ácido úrico e apresentam menor probabilidade de formar depósitos de cristais. → Azasserina e acivicina: a glutamina atua como doador de nitrogênio em pelo menos meia dúzia de reações isoladas da biossíntese de nucleotídeos e os sítios de ligação para a glutamina e o mecanismo pelo qual o NH4 1 é extraído são bastante semelhantes em muitas dessas enzimas. A maioria delas é fortemente inibida por agentes quimioterápicos análogos da glutamina, como azasserina e acivicina. As enzimas da via de novo de purinas que são inibidas por essas agentes são: glutamina-PRPP-amidotransferase, FGAR-amidotransferase e XMP-glutamina-amidotransferase. → Deficiência de Ácido fólico: o tetrahidrofolato é muito importante para a conversão de dUMP em dTMP (importante nucleotídeo para a formação de DNA) e a sua deficiência leva a redução de timidilato, levando a uma incorporação anormal de uracila no DNA. Essa uracila é removida da fita de DNA pelo sistema de reparo do DNA, o gera quebras na fita de DNA, que podem afetar muito a função e a regulação do DNA nuclear, causando doenças cardíacas, distúrbios encefálicos, assim como aumento da mutagênese, que leva ao câncer.
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