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ANA BEATRIZ CAMPOS 1 OBSTETRÍCIA – 2ª AULA BL 2 AMNIORREXE PREMATURO/TRABALHO DE PARTO PREMATURO • Prematuridade: Todo RN vivo com menos de 37 semanas (OMS). • Fatores de risco – Prematuridade: → Epidemiológicos: - Socioeconômico; - Desnutrição; - Gravidez indesejada; - Pré-natal inadequado; - Estresse; - Tabagismo; - Outras drogas; → Obstétricos: - Alterações hormonais: Alguns estudos falam que a deficiência de progesterona pode levar a um trabalho de parto prematuro. Tanto é, que existem estudos com a progesterona para reduzir o trabalho de parto prematuro. - Incompetência cervical: mães com colos curtos. - Sangramento genital; - RPMP; - DPP e placenta prévia; - Gemelaridade e polidrâmnio; - Malformações fetais; - Partos prematuros anteriores; → Ginecológicos: - Amputação do colo uterino; - Malformações uterinas; - Miomas; → Clínicos-cirúrgicos: - Diabetes, HAS, nefropatias, tireoidopatias e infecções. → Iatrogênicos: - Erro na Idade Gestacional – IMPERDOÁVEL. → Desconhecidos; • Prematuridade – Prevenção: → Primária: - Remover todas as causas. Essa gestante tem que viver em um local que tenha saneamento, fazer o pré-natal, retirar o tabagismo, fazer tratamento dentário para evitar infecção, ter qualidade nutricional de alimentação, vida, atividade física. Tudo isso são fatores que vão colaborar. → Secundária: - Detectar alterações e estabelecer conduta profilática. → Terciária: - Inibição do trabalho de parto. É quando a gestante já está com o trabalho de parto instalado e aí, vai tentar fazer a inibição do trabalho de parto. • Prematuridade – Detecção do risco: → Monitorar contrações uterinas – Tocógrafo. → Medida do colo uterino: - Toque vaginal; - USG; Faz a USG entre 20 a 24 semanas, se o colo for <25mm, contém um risco maior de prematuridade. Não tem muito o que fazer, orienta a gestante sobre manter o repouso. → Marcadores bioquímicos: - Fibronectina fetal: Proteína presente no colo uterino/vagina até cerca de 20-22 semanas de gestação. É aferida essa fibronectina fetal em pacientes sintomáticas, e se der negativo, se ela não tiver presente, essa gestante teria pouco risco de ter trabalho de parto prematuro. • Prematuridade – Conduta: → Pré-natal: - Início precoce; - Retorno mais breves; - Orientações higiênica e dietética; - Equipe multidisciplinar; - USG precoce; - Progesterona micronizada: 100mg/d 24 a 34 semanas; 200mg/d quando colo <15mm (em casos de partos prematuros anteriores). - Cerclagem uterina: caso a gestante tenha histórico de perdas precoces de fetos sem sentir dor nem nada. - Orientações dos sinais e sintomas; → Trabalho de parto prematuro: - Contrações rítmicas; - Alterações cervicais; - Tecólise; - Internaçã; ANA BEATRIZ CAMPOS 2 OBSTETRÍCIA – 2ª AULA BL 2 Não existem evidencias que comprovem que o repouso e a hidratação cessem o trabalho de parto prematuro. • Prematuridade – Tocólise: Significa a lise das contrações, parar o trabalho de parto. Não significa que é postergar o trabalho de parto, mas sim, preparar o bebê, que pode ser através da antibioticoterapia, corticoterapia (até 24 semanas para diminuir o risco de membrana hialina/do bb nascer mais cansado) e fazer o sulfato de magnésio até 32 semanas (diminuir o risco de hemorragia intracraniana no 2ª ano de vida). O que a gente quer fazer? Com que esse bb não nasça agora, então, segura até conseguir fazer o antibiótico, corticoide e o sulfato de magnésio. Feito isso, a gente fica um pouco mais seguro que esse bb vai está um pouquinho mais forte aqui fora. → Indicação: Postergar o parto de 48 a 72h. → Irá realizar a tocólise quando tiver contrações efetivas e idade gestacional inferior a 34 semanas. → Quando não vou parar o trabalho de parto prematuro: - Sofrimento fetal, malformações incompatíveis com a vida, restrição e crescimento fetal, ruptura de membranas, infecção amniótica, DPP e placenta prévia. → Medicações para inibir o trabalho de parto (realizar a tocólise) – Uterolíticos: - Bloqueadores de canal de cálcio (padrão ouro): NIFEDIPINA: ✓ 10mg VO (a cada 20 min) até 4 doses ou 2omg VO em dose única. ✓ Se necessário, 20mg após 90-120min se a atividade uterina persistir. ✓ Se após a 2ª dose mantiver atividade uterina, considerar falha terapêutica e utilizar outro agente. ✓ A dose de manutenção é de 20mg VO a cada 4 a 8h por no máximo 72h. ✓ As contraindicações são hipotensão materna (PA ≤ 90/50 mmHg) e bloqueio atrioventricular. - Inibidores de prostaglandinas; - Beta-agonistas: Terbutalina (causa muito calor, pode fazer bradicardia e gerar um edema agudo de pulmão), Salbutamol, Isoxsuprima, Fenoterol e Ritodrina. - Sulfato de magnésio; - Antagonistas da ocitocina; - Nitroglicerina. - Etanol; → Corticoterapia: Começa a fazer inibição, para parar o trabalho de parto, diminuir essas contrações ou fazer as contrações. ✓ Reduz a membrana hialina; ✓ Menor gravidade SAR (Sínd. Da Angústia Resp.) do RN; ✓ Menor hemorragia intracraniana; ✓ Enterocolite necrozante; Pode fazer ate as 34 semanas. Os medicamentos mais usados são a BETAMETASONA e a DEXAMETASONA. A betametasona tem a vantagem de só precisar fazer 1x ao dia, já a dexametasona são 2x ao dia. Betametasona → 12mg hoje e 12mg no outro dia. Dexametasona → 6mg de 12/12h; Após fazer a corticoterapia e o trabalho de parto for inibido, quando passar 3 semanas após, pode fazer mais um ciclo que ajuda, porém, o efeito principal é do primeiro ciclo. → Sulfato de Magnésio: O sulfato de magnésio deixa o útero mais quiescente para inibir o trabalho de parto. Hoje em dia, ele é muito mais usado para prevenir a hemorragia intracraniana no RN no 2ª ano de vida. ✓ Gestação com menos de 30 semanas; ✓ Imediatamente antes do parto; ✓ 4g por via endovenosa; • Prematuridade – Exames Complementares: → Hemograma, sumário de urina, urocultura; → Pesquisa de estreptococo do grupo B, se não tiver sido realizado antes e houver disponibilidade; → USG; • Assistência ao trabalho de parto prematuro: É importante ter a disponibilidade de UTI neonatal. Em fetos com 26-28 semanas a gente sempre tenta chegar à viabilidade até as 32-34 semanas. Além disso, não necessariamente o parto prematuro tem que ser cesáreo. ✓ Monitorização fetal contínua; ✓ Evitar sedativos (opioides); ✓ Analgesia de parto (estresse); ✓ Amniotomia tardia; ✓ Episotomia ampla NÃO é mais recomendado pela MS; ✓ Desprendimento lento de polo cefálico; ✓ Laqueadura de cordão tardia (45-60s); • Profilaxia do streptococo do grupo B: É muito importante, pois esse strep do grupo B habita naturalmente a flora intestinal e pode ficar no períneo da mulher, migrando para o canal vaginal. Então, em alguns serviços se orienta a fazer a cultura vaginal (colhe com um “cotonete” na vagina e ao redor do ânus), caso dê positivo, tem que fazer a profilaxia, se negativo, não é indicado. ANA BEATRIZ CAMPOS 3 OBSTETRÍCIA – 2ª AULA BL 2 ✓ Cultura perineal com 35 semanas de gestação para pesquisa de colonização; ✓ Em prematuros, para todos eles, independente de ter feito pesquisa, durante o trabalho de parto: ANTIBIÓTICO. Os mais usados são os derivados da Penicilina como: PENICILINA CRISTALINA, CEFALOTINA, CEFALOSPORINAS (1ª, 2ª e 3ª geração) . → Fatores de risco para ter uma contaminação por estreptococo do grupo B: ✓ Parto prematuro; ✓ RMO > 18h (membranas rotas mais de 18h existe um risco maior de contaminação do bebê); ✓ Febre durante o trabalho de parto (tem que pensar que pode ser um strep do grupo B causando essa febre); ✓ História prévia (ITU por Estrepto B, mesmo já tratada ou RN com infecção em gestação prévia); ✓ O strepto do grupo B causa doença meningocócica dominante, quando o bebê nasce já começa a ter hemorragias e muito rápido morre. Por mais que faça a antibioticoterapia, se ele desenvolver essa doença, o quadro é fuminante.OBS: Quando tem ruptura de membranas no início é infecção. Conduta: se o bb tiver de 24 a 32 semanas, a conduta é desinfectante, fazer antibiótico, monitorar a paciente para risco infeccioso, fazer exames seriados para saber se ela vai ter infecção ou não, fazer sulfato de magnésio, corticoide e tentar levar essa gravidez até as 32- 34 semanas, pelo menos. A partir de 34 semanas, a mãe tá em casa, por exemplo, e a bolsa estourou, o bb é prematuro, mas já passou das 34 semanas, é conduta ativa (INDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO). Espera 6h para ver se a mãe entra em trabalho de parto espontâneo, se não, começa a fazer a indução. OBS²: Como no trabalho de parto prematuro faz o uso do antibiótico, ele por si só já é um fator de inibição do trabalho de parto. O antibiótico ajuda um pouco a inibir o trabalho de parto. Teoricamente, você está “matando” aquele patógeno que está induzindo o trabalho de parto, então, você reduz a resposta inflamatória, o processo infeccioso, e isso, de alguma forma colabora em aumentar o período de latência. Então, antibiótico tem duplo efeito: controlar ou prevenir a infecção e segundo, de aumentar o período de latência, ou seja, fazer com que a gestante entre em trabalho de parto um pouco mais adiante. PERÍODO DE LATÊNCIA: Momento da ruptura de membrana até entrar em trabalho de parto. OBS³: Quanto menor a idade gestacional, maior vai ser o período de latência, que é justamente o período da paciente ter a ruptura das membranas e ela começar a entrar em trabalho de parto. INFECÇÕES CONGÊNITAS TOXOPLASMOSE • A toxoplasmose é muito mais um problema relacionado a higiene do que de patologia que tem que ser controlada. Dificilmente tem pacientes que vão ter o feto acometido pelo Toxoplasma Gondii. • QUADRO CLÍNICO: → Quadro febril inespecífico; → Linfadenopatia; → Assintomático; → RASTREAMENTO: ELISA IgG/IgM. O grande problema é justamente em adquirir a toxoplasmose na gravidez, porém, quanto mais cedo durante a gravidez ela tiver essa patologia, menor são as chances de transmitir pro feto. Porém, a gravidade é maior quando se tem a toxoplasmose no início da gestação, por causa da embriologia, onde o feto está se formando, está em processo de mitose e meiose extrema. Se no início do pré-natal, fez a sorologia e o IgG/IgM estão negativos, fica mais tranquilo pois nesse momento não tem a toxoplasmose. Mas, tem que repetir essa sorologia no 2ª e 3ª trimestre também, e se por ventura o IgG/IgM derem positivos, ela soro converteu, ou seja, teve toxoplasmose na gravidez. Existem alguns casos em que o IgM dá muito falso positivo, pois tem reação cruzada com uma série de outras patologias e, ficar positivo por até 6 meses. Para descartar, pode fazer um teste de imunofluorescência para eliminar esse falso positivo ou ficar seriando IgG em um intervalo de ANA BEATRIZ CAMPOS 4 OBSTETRÍCIA – 2ª AULA BL 2 3 semanas. Se o IgG não ficar positivo, muito provavelmente esse IgM é um falso positivo por algum outro motivo. A grande questão é quando dosa o IgM no início da gravidez (14-15sem) e da positivo, e aí, a gente vai ficar com dúvida: será que essa gestante está com esse IgM positivo de agora na gravidez ou foi antes da gravidez? Então, vai tentar confirmar, fiz o IgM positivo e está entre 12-16 semanas, vai dosar o IgG através do TESTE DE AVIDEZ. O teste de avidez serve para saber se o IgG tem baixa, média ou alta avidez. ✓ ALTA AVIDEZ: Indica que essa imunoglobulina é um pouco mais antiga. Significa que a gestante teve a infecção há mais de 16 semanas. ✓ BAIXA AVIDEZ: Considera que a gestante teve a infecção pelo Toxoplasma Gondii na gestação. IgM positivo e Baixa avides: confirma. Ela teve Toxoplasmose na gravidez. • TRATAMENTO E RASTREIO DO FETO (SE FOI ACOMETIDO): Para a investigação do feto, a gestante se submete a um procedimento ambulatorial onde é introduzido uma agulha guiada por USG sob anestesia, dentro da cavidade amniótica e faz o PCR do líquido amniótico procurando o Toxoplasma Gondii. Esse procedimento é feito a partir da 18ª semana com a confirmação de toxoplasmose na gravidez. Caso o resultado seja negativo, a mãe continua tomando a ESPIRAMICINA até o final da gravidez. Se o resultado do PCR for positivo, entra com essas drogas: SÍFILIS • DIAGNÓSTICO: Pode ser feito mais direto, pesquisando o agente ou através da sorologia. → Diagnóstico sorológico: É um diagnóstico presuntivo por que vai encontrar o patógeno, é um diagnóstico muito direto. ✓ TESTES NÃO TREPÔNEMICOS: OBS: Fez o VDRL durante a gravidez e deu positivo, TRATA, independentemente do valor. ✓ TESTES TREPÔNEMICOS: São mais específicos do que a sorologia. O teste treponêmico é um teste rápido feito através do método de imunocromatografia. Se for reagente tem que colher uma amostra de sangue para realizar teste não treponêmico para confirmar. VDRL , RPR - Mãe confirmada e feto ③ N ESPIRAMICINA - Mãe t e feto⑦ :Pirimetamina , sulfa t a . F . A IMPORTANTE ; ANA BEATRIZ CAMPOS 5 OBSTETRÍCIA – 2ª AULA BL 2 Confirmando que a paciente tem sífilis ou ainda, tiver as manifestações, tem que fazer a pesquisa para neurossífilis. • RASTREAMENTO NO PRÉ-NATAL: • CICATRIZ SOROLÓGICA: • SUSPEITA NA GESTAÇÃO: → Na dúvida diagnóstica sempre tratar a gestante com sorologia suspeita para sífilis. Mesmo em pacientes com títulos de 1:1 no VDRL. • TRATAMENTO: PENICILINA, ÚNICA DROGA DE ESCOLHA. → Nesse caso, é diferente da bolsa rota, onde o tratamento é a Penicilina Cristalina. Na sífilis, é a PENICILINA BENZATINA, a famosa BENZETACIL. → Quando considera o tratamento inadequado: Além disso, se o parceiro da gestante/pai do bb não for também tratado, considera o tratamento inadequado. • SEGUIMENTO PÓS TRATAMENTO: → USG morfológica e obstétrica; → VDRL mensal; → Sucesso no tratamento: ✓ Diminuição dos títulos em duas diluições em três meses e três diluições em seis meses após conclusão do tratamento; ✓ Persistência de resultados reagentes com títulos baixos (1:1-1:4) durante um ano após o tratamento, quando descartada nova exposição durante o período analisado; → Falha no tratamento: ✓ Títulos de VDRL mantidos por mais de 6 meses → Conferir se houve administração correta de todas as doses, checar tratamento dos parceiros e pesquisar neurossífilis. ✓ Aumento de 4 vezes do VDRL → Tratar novamente. HIV • MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: ANA BEATRIZ CAMPOS 6 OBSTETRÍCIA – 2ª AULA BL 2 Na gravidez, o HIV pode ter diversas manifestações, como queda da imunidade e enfatizar patologias. Tudo que é doença, que poderíamos ter contato como as citadas e nós não teríamos a doença, teve HIV, após 10 anos começa a reativar esses focos. A imunidade começa a ficar baixa e começa a ter uma série de infecções oportunistas. • DIAGNÓSTICO: Faz o rastreio com ELISA e confirma com Western Blot. Basicamente o rastreio é: no pré-natal fica fazendo ELISA. → Ministério da saúde preconiza que o teste de HIV seja oferecido a gestante na primeira consulta e repetido no terceiro trimestre. → Diagnóstico sempre duas fases: ✓ Teste de rastreamento: ELISA. ✓ Teste confirmatório (WB e IB). Chegou pra gente HIV+, já vamos pedir carga viral e contagem de linfócitos TCD4, pra gente saber como é que ta a imunidade e carga viral. Se tem um diagnóstico de HIV+, tem que pensar em todas as outras IST’s e em todas as outras patologias que podem ser oportunistas. Todas as vacinas que não são com o vírus atenuado, elas podem continuar tomando. • VACINAÇÃO: OBS: Fala que uma paciente está “bem” com o CD4 pelo menos >500 céls/mm³. Vacina acima de 200 céls/mm³, mas sempre ficar de olho nos efeitos adversos. • AVALIAÇÃO LABORATORIAL: → Genotipagem: para saber qual o tipo davariante do vírus, qual a virulência dele. → CD4/Carga viral: faz na 1ª consulta, faz de novo depois com 30 dias após a primeira contagem de carga viral e depois com 34 semanas para definir a via de parto. • SEGUIMENTO PRÉ-NATAL: → Seguimento multidisciplinar. → Maior risco de complicações obstétricas: DHEG, DMG, Prematuridade e RCF. → Prevenção de infecções oportunistas: ANA BEATRIZ CAMPOS 7 OBSTETRÍCIA – 2ª AULA BL 2 • TRATAMENTO:
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