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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de atividade individual Disciplina: Direito do Trabalho Módulo: Aluno: Larissa Dias Moraes Turma: 5 Tarefa: Orientação Jurídica/Parecer Tema: Como advogado de Daniel, prepare uma orientação jurídica abordando os possíveis direitos trabalhistas do seu cliente bem como os riscos jurídicos de cada hipótese. Orientação jurídica PARECER JURÍDICO EMENTA PRESCRIÇÃO. INTEGRAÇÃO COMISSÃO. INTEGRAÇÃO PRÊMIO. TRABALHADOR EXTERNO. CARGO DE CONFIANÇA. CONTROLE DE JORNADA. HORAS EXTRAS. INTERVALO SUPRIMIDO DEMISSÃO DISCRIMINATÓRIA. HIV. OCORRÊNCIA. OBJETIVO: Trata-se de parecer solicitado por Daniel a fim de apurar seus direitos diante das condutas adotadas por sua ex-empregadora, Lojas Ratazana, durante a relação de emprego. A orientação jurídica a seguir, emoldurada na estrutura de parecer, busca a análise do caso concreto, sob a ótica da legislação aplicável ao tempo de cada fato jurídico, atenta aos princípios norteadores do direito do trabalho e a jurisprudência mais atualizada. SÍNTESE DO CASO A relação empregatícia teve início no ano de 2015, quando Daniel foi regularmente contratado pelas Lojas Ratazana para exercer o trabalho de vendendor. Diante do bom desempenho, foi promovido ao cargo de Gerente Comercial no ano de 2018. Pelo 2 trabalho, recebia salário fixo, comissões sobre as vendas e prêmio por produtividade condicionado às metas estabelecidas, sendo que estas últimas sempre eram alcançadas por Daniel. Desde a sua contratação, Daniel exercia trabalho com sobrejornada de 02 (duas) horas diárias, sem, contudo, receber a contrapartida pelo labor extra. Verifica-se ainda que Daniel gozava de 30 (trinta) minutos de intervalo de refeição e descanso. Em janeiro de 2020, Daniel descobriu ser portador do vírus HIV. Em um primeiro momento, decidiu não relatar aos seus superiores, por receio de ser discriminado. Contudo, em fevereiro/2020, após passar mal e sofrer um desmaio no seu local de trabalho, Daniel teve de ser socorrido e hospitalizado. Não tendo mais como esconder a sua condição de saúde, comunicou o seu diagnóstico ao setor de Recuros Humanos da empregadora. Quando de sua alta hospitalar, Daniel reparou que seus colegas de trabalho estavam o tratando de modo diferente, não o cumprimentando como antes, adotando uma postura distante e evasiva, se furtando às conversas e ao contato físico. Em março/2020, Daniel foi demitido, sem justa causa e sem a apresentação de nenhum motivo, o que gerou o questionamento interno sobre a possibilidade de se tratar de discriminação por ser portador do vírus HIV. DA APURAÇÃO DOS DIREITOS TRABALHISTAS Prescrição quinquenal Antes de adentrar ao direito material propriamente dito, há a necessidade de esclarecer sobre a aplicação do instituto da prescrição no presente caso. Veja-se que as pretensões de Daniel são relativas a direitos violados desde o início do contrato de trabalho, iniciado no ano de 2015. Ainda que desconhecida a data precisa do início do contrato de trabalho, estão abarcados pela prescrição, todos os créditos trabalhistas originados até 05 de dezembro de 2015, considerando que o presente parecer é datado de 06 de dezembro de 2020, conforme a previsão da norma contida no art. 11 da CLT: Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Desta feita, a análise do direito aos créditos trabalhistas a seguir desenvolvida tem como limite a prescrição já operada. Considerando esse fator limitador, passa-se a análise do direito material de Daniel. Do Direito a Integração das comissões na folha de pagamento e reflexos. Conforme análise fática, as comissões pagas pela empregadora Lojas Ratazana a Daniel não eram contabilizadas em folha de pagamento, ou seja, não compunham o salário do empregado, descumprindo a norma do art. 457 e parágrafo 1º da CLT que dispõe: Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador. (destaquei) Desta feita, verifica-se que a comissão tem natureza salarial, e, por consequência deve integrar o salário, devendo refletir nas verbas pagas a título de aviso prévio, de décimos terceiros salários, férias e FGTS. A questão é pacífica nos tribunais e, se comprovada pelos meios de prova disponíveis em direito, possui grande probabilidade de êxito na reclamação trabalhista que eventualmente seja distribuída. Da Integração dos prémios na folha de pagamento e reflexos Conforme verifica-se da narrativa dos fatos, Daniel sempre atingia a quota mensal de vendas estabelecida e recebia prêmio o valor de 5% do seu salário contratual, sendo que o pagamento desta verba nunca foi contabilizado na folha e não compunha o salário. 4 Diante do contexto da Reforma trabalhista, Lei Nº 13.467/2017, a análise do caso é dividida em dois momentos: antes e após a reforma, conforme quadro abaixo: Antes da Reforma Trabalhista Até o dia 10 de novembro de 2017 Após a Reforma Trabalhista A partir de 11 de novembro de 2017 Art. 457. (...) § 2º - Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para viagem que não excedam de 50% (cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado.(Redação dada pela Lei nº 1.999, de 1.10.1953) Art. 457. (...) § 2o As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) Nesse sentido, antes da reforma trabalhista, não há na legislação a previsão expressa afastamento os prêmios da composição do salário, pelo que se entende por elemento facilitador ao reconhecimento judicial para a integração da verba ao salário. Ao passo que, com a reforma os prêmios foram expressamente excluídos das verbas que integram o salário. Por consequência, após a reforma, a única possibilidade de incorporação dos prêmios a remuneração é a desconstituição destes enquanto prêmios para reenquadramento como outra rubrica, o que representa risco jurídico. O parágrafo 4° do artigo 457 da CLT conceitua prêmios como “as liberalidades concedidas pelo empregador em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinariamente esperado no exercício de suas atividades”. Considerando que Daniel sempre recebeu os “prêmios”, durante os quase 05 (cinco) anos em que foi empregado das Lojas Ratazana não é plausível afirmar que teria este tido um desempenho superior ao ordinariamente esperado, todos os dias, durante todo o contrato de trabalho. Desse modo, adotando o princípio da primazia da realidade sob a forma, pode-se verificar que, embora as verbas tenham sido pagas sobre a rubrica de “prêmios” a bem da verdade, considerando a percepção dos valores todos os meses durante o contrato de trabalho, vinculadas ao alcance de metas, eram de fato “salário” também não contabilizado em folha. Em caso semelhando o TRT da 15ª Região proferiu o seguinte entendimento: 3. PRÊMIO PRODUTIVIDADE Afirma a reclamada que não pode prevalecer a r. sentença que a condenou ao pagamento da integração do prêmio produtividade. Sustenta, em síntese, que referido prêmio trata-se de premiação, não tratando,portanto, de salário propriamente dito. Pois bem. Da análise detida das fichas financeiras constata-se que o reclamante, diferentemente do que sustenta a reclamada, recebia o prêmio assiduidade, habitualmente, o que atrai a aplicação do artigo 457, §1º, da CLT, que elegeu o critério objetivo da habitualidade para caracterizar a natureza salarial da verba. Nas lições da Desembargadora Vólia Bomfim Cassar quanto a natureza e finalidade do prêmio: "Os prêmios têm a finalidade de recompensar, estimular, agradar, presentear o empregado. É instituto em caráter de liberalidade para uma situação especial, não obrigando o empregador a repeti-lo ad futurum, salvo ajuste em contrário. (...) Se o prêmio corresponder a um percentual ou for pago mensalmente, isto é, de forma habitual ou periódica, terá natureza salarial, pois será verdadeira comissão ou gratificação habitual, descaracterizando-o como prêmio." (Direito do Trabalho, 16ª edição, 2018, fls. 805/807). Assim, não merece reforma a r. sentença. Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região TRT-15 : ROT 0010903- 16.2017.5.15.0080 0010903-16.2017.5.15.0080 - Inteiro Teor Desta feita, verifica-se que os prêmios pagos, no caso concreto tem natureza salarial, antes e após a reforma, e, por consequência devem integrar o salário, devendo refletir nas verbas pagas a título de aviso prévio, de décimos terceiros salários, férias e FGTS. 6 Pelo exposto, há um certo risco jurídico no direito da incorporação dos prêmios a folha de pagamento e seus reflexos após a reforma, eis que contraria norma expressa, mas adotando o princípio da primazia da realidade sob a forma e a junção do precedente jurisprudencial encontrado, há boas possibilidades de êxito. Horas extras por jornada extraordinária e reflexos Pelo contexto apresentado, Daniel sempre exerceu trabalho em regime de sobrejornada de 02 (duas) horas diárias, sem, contudo, ter recebido qualquer contraprestação. Em um primeiro momento, pode-se até justificar o não pagamento do trabalho extraordinário de Daniel enquanto vendedor externo e enquanto gerente ocupante de cargo de confiança, veja-se: Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: (Redação dada pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994) I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; (Incluído pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994) II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. (Incluído pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994) (destaquei). Portanto, via de regra à condição de vendedor externo e à condição de gerente faltaria o elemento controle de jornada. Contudo, o caso fático não se amolda a condição legal, eis que confirma-se a existência do controle de jornada na obrigação de comparecimento, diário, na hora da entrada e saída do trabalho para coletar os pedidos de venda, enquanto vendedor e também enquanto gerente – ocupante de cargo de confiança. Sobre o caso o TST já se posicionou quanto a concessão de horas extras para o trabalhador externo e para o trabalhador ocupante de cargo de confiança quando há controle de jornada: "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nº 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. CONFIGURAÇÃO. Ante a possível violação do art. 93, IX, da Constituição Federal, impõe-se o provimento do agravo de instrumento, para melhor exame do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS Nº 13.015/2014, 13.105/2015 E 13.467/2017. PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. CONFIGURAÇÃO. 1. O autor alega que o Tribunal Regional incorreu em negativa de prestação jurisdicional, ao deixar de apreciar suas alegações acerca da confissão do preposto de que ele estava sujeito a uma jornada rígida de trabalho e deveria relatar ao gestor da área eventuais atrasos e faltas. Aduz que tais informações poderiam alterar o resultado do julgamento, em face da possibilidade de controle de sua jornada. 2. Discute- se, em um dos tópicos do processo, a possibilidade ou não de controle da jornada do autor, em face do seu labor externo, de modo a se determinar o acerto ou não da decisão pela qual se indeferiu o pagamento das horas extras. A jurisprudência desta Corte está posta no sentido de que o efetivo controle da jornada de trabalho do trabalhador externo, bem como a simples possibilidade de fazê-lo, enseja a exclusão do empregado da exceção prevista no art. 62, I, da CLT, e o pagamento do excesso de jornada como horas extras. 3. Para a hipótese dos autos, percebe-se que o Tribunal Regional não emitiu tese acerca da confissão invocada pelo autor e, tampouco, sobre a aplicabilidade da Súmula 338, I, do TST à hipótese em exame. Ora, à luz da Súmula 126 do TST, é defeso a esta Corte o reexame da prova dos autos. Assim, faz-se necessário que toda a moldura fática suscitada pelas partes esteja claramente evidenciada no acórdão regional, de modo a possibilitar o correto enquadramento jurídico dos fatos. 4. Nesse passo, uma vez que o Tribunal, embora provocado, não se manifestou sobre as alegações do autor acerca da confissão do preposto sobre a sua jornada, sobre a necessidade ou não de reportar ao gestor da área eventuais atrasos e faltas e sobre a aplicabilidade ou não da Súmula 338, I, do TST à hipótese dos autos, incorreu em negativa de prestação jurisdicional, circunstância que autoriza o provimento do recurso de revista, no aspecto. Recurso de revista conhecido por violação do art. 93, IX, da Constituição Federal e provido " (RR-1001656-75.2015.5.02.0322, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 04/12/2020). AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CARGO DE CONFIANÇA DDESCARACTERIZADO. HORAS EXTRAS. REFLEXOS . REEXAME DE FATOS E PROVAS. (SÚMULA 126 DO TST). O Tribunal Regional consignou que "a presença de controle de jornada descaracteriza o cargo de confiança, porquanto mitiga a autonomia que lhe é inerente". Registrou, também, que "a própria existência de cartões de ponto juntados pela empresa, ainda que não sejam considerados válidos para fins de comprovação dos horários efetivamente cumpridos, 8 comprovam a existência de controle de jornada e obstam o enquadramento do trabalhador na hipótese descrita no artigo 62, II do Texto Consolidado". As questões fáticas delineadas encontram óbice para sua revisão na Súmula 126 desta Corte. Agravo não provido. COMISSÕES. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. INOVAÇÃO RECURSAL . A alegação de que houve a insurgência contra a condenação ao pagamento de diferenças de comissões e do adicional de insalubridade não constaram da minuta do agravo de instrumento ou das razões de recurso de revista, configurando inovação recursal a sua invocação somente na minuta de agravo. Agravo não provido. (TST – Ag – AIRR:19883120145020443, Relator: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 22/05/2019, 2ª Turma, Data da Publicação? DEJT 24/05/2019) O TST também já se posicionou quanto ao tema horas extras e cargo de confiança, cujos ônus da prova contrária recai sobre o empregador, ao julgar o AIRR - 798- 38.2014.5.17.0012, trazendo perspectiva de análise conforme trecho do inteiro teor abaixo selecionados: 1. HORAS EXTRAS . CARGO DE CONFIANÇA . Eis os fundamentos do Regional quanto ao tema: " Das horas extras Rebela-se em face da concessão de horas extras, ao argumento de que o reclamante estava enquadrado na exceção do artigo 62, incisoII, da CLT, pois exerceu a função de supervisor de desenvolvimento e planejamento de mina, sendo o responsável por admissões, demissões e aplicação de penalidades. Assevera que o obreiro era um dos mais altos funcionários da empresa e não estava submetido ao controle horário, possuindo amplos poderes de mando gestão e fazendo as vezes do empregador. Alega, ademais, que o reclamante recebia salário superior e diferenciado em relação aos demais empregados. Cita jurisprudência em abono à tese. Nas palavras do jurista Eduardo Gabriel Saad, em sua renomada obra CLT - Comentada, 31º ed., São Paulo, LTr, pág. 89, verifica-se de forma exata a definição da referida função, quando do comentário acerca do disposto no artigo 62 da CLT: "Não estão os gerentes sujeitos a horário. Não basta denominar uma dada função de "gerente", pois na doutrina e na jurisprudência, é ponto pacífico não ser suficiente o rótulo para bem configurar uma relação empregatícia. É mister que o gerente possua, de fato, os poderes de que fala a lei, ou melhor, como se fala no artigo sob comentário. Três são as características que, segundo a lei, identificam o cargo de gerente de uma empresa: mandato, em forma legal; exercício de encargos de gestão; e salário mais alto que o dos demais empregados." Nos apontamentos da professora Vólia Bonfim Cassar, em sua obra Direito do Trabalho conforme a Reforma Trabalhista, Editora Método Gen, 14º Edição, Págs. 645-647, a figura do artigo 62, inciso II, da CLT configura um longa manus do empregador e muitas vezes com ele se confunde, possuindo amplos poderes de mando e gestão: "(..) A confiança preconizada no art. 62, II, da CLT é aquela que é depositada no empregado que exerce, por delegação, algum poder típico do empregador, se confundindo com ele em alguns atos, similar àquela conceituada no art. 1.172 do Código Civil. O principal poder do empregador é o de gerir a empresa com autonomia, bem como o de disciplinar seus empregados. Desta forma, aquele empregado que tiver como função a de gestão de empresa, do setor ou filial, com total autonomia, é um alto empregado incluído do art. 62 da CLT e, portanto, excluído do Capítulo em estudo. (...) Estes trabalhadores são caracterizados como alto empregados, por se confundirem com o próprio empregador, face a amplitude de seus poderes. Um único ato destes empregados poderá colocar em risco não só a atividade do empregador, mas a sua própria existência." O artigo 62, inciso II, do Estatuto Consolidado considera como detentor do cargo de confiança aquele empregado que goza de prerrogativas amplas de mando e gestão, coloca-se como o próprio empregador, com autonomia para tomar decisões importantes para o organismo empresarial. Ao alegar o exercício desta figura, a ré atraiu para si o ônus da prova do fato impeditivo do direito do reclamante ao controle de jornada, nos moldes dos artigos 818, inciso II, da CLT e 373, inciso II, do CPC de 2015, do qual não se desvencilhou satisfatoriamente, como se denota da prova oral colhida em Juízo, pois ambas as testemunhas ouvidas em Juízo nada relataram sobre os amplos poderes de mando e direção do autor ou que fizesse o papel do próprio empregador dentro do organismo empresarial (ID 756282f - Págs. 1-2). A admissão pelo obreiro, em depoimento pessoal, dos poderes de advertência e aplicação de faltas aos funcionários a ele subordinados não implica no reconhecimento do alto cargo de gestão previsto no diploma celetista (ID 756282f - Pág. 1). Assim sendo, não há que se falar em enquadramento na exceção do artigo 62, II, da CLT, devendo ser mantida a condenação nas horas extras e reflexos em DSRs, férias acrescidas de 1/3, 13º salários, aviso prévio indenizado, FGTS e indenização de 40%, tendo em vista a prática habitual da jornada suplementar. Nada a modificar." (fls. 767/769) Nas razões de revista, às fls. 801/810, a reclamada se insurge contra sua condenação ao pagamento de horas extras, ao fundamento de que o 10 reclamante desempenhava cargo de gestão, estando excluído, portanto, do capítulo da CLT que trata do controle de jornada. Destaca, nesse sentido, que o reclamante desempenhava a função de supervisor de desenvolvimento e planejamento de mina; realizava admissões, promoções, demissões e punições dos demais empregados; tinha atribuições para gerir sua equipe, contratar e acompanhar serviços terceirizados e treinar e acompanhar o trabalho de colaboradores novos; e, ainda, elaborar escala de trabalho, controlar horas extras, promover ações de melhoria no desenvolvimento do trabalho, enviar documentos para setores responsáveis, enviar folha de ponto, solicitação de compras etc. Conclui, assim, que o empregado exercia cargo de confiança, com amplos poderes de mando e gestão, recebendo remuneração superior àquela paga aos empregados sob seu comando e sem controle de jornada. Aponta violação dos artigos 62, II, e 818 da CLT e 373 do CPC e divergência jurisprudencial. Examina-se. O Regional, sopesando a prova oral produzida, concluiu não terem sido comprovados nos autos os amplos poderes de mando e gestão do reclamante. Com efeito, o Regional asseverou expressamente que " ambas as testemunhas ouvidas em Juízo nada relataram sobre os amplos poderes de mando e direção do autor ou que fizesse o papel do próprio empregador dentro do organismo empresarial" . Diante desse contexto, assentada a premissa fática de que não ficaram caracterizados os amplos poderes de mando e gestão, permanece ilesa a literalidade do art. 62, II, da CLT. Não se divisa ofensa aos artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC , mas sua estrita observância , já que, conforme estabelecido pelo Regional, a reclamada não se desincumbiu do encargo de comprovar o fato impeditivo do direito alegado pelo reclamante na inicial. A revista não alcança conhecimento por divergência jurisprudencial. O aresto colacionado às fls. 806/807 é procedente de Turma do TST, órgão jurisdicional não elencado no art . 896, "a", da CLT. O aresto procedente do TRT da 18ª Região é inespecífico, pois parte da premissa de que ficaram caracterizados os amplos poderes de gestão, premissa diametralmente oposta à narrada nos presentes autos, a atrair o óbice da Súmula nº 296 do TST. Nego provimento. Pelo exposto, há grandes possibilidades do afastamento das exceções previstas na norma do art. 62, incisos I e II e aplicação do artigo 59 da CLT que aduz: Antes da Reforma Trabalhista Até o dia 10 de novembro de 2017 Após a Reforma Trabalhista A partir de 11 de novembro de 2017 Art. 59 - A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2 (duas), mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho. § 1º - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho deverá constar, obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será, pelo menos, 20% (vinte por cento) superior à da hora normal. (Vide CF, art. 7º inciso XVI) Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 1o A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) Por fim, a doutrinadora Adriana Calvo faz uma ressalva importante: Vale lembrarmos que o trabalhador vendedor comissionista tem direito ao pagamento dos DSRs e feriados. Para tanto, o cálculo deve ser feito nos moldes previstos na Lei n. 605/49, (Súmula 27 do TST). No caso de horas extras, o empregado comissionista, sujeito a controle de horário, tem direito ao adicional mínimo de 50% pelo trabalho em jornada extraordinária,devendo o respectivo adicional ser calculado sobre o valor- hora das comissões recebidas no mês, tendo como divisor as horas efetivamente trabalhadas no mês (Súmula 340 do TST). Se for comissionista misto, no caso de realização de jornada extraordinária, explica-nos Barros (2016, p. 457), que, “em relação à parte fixa, são devidas as horas simples acrescidas do adicional de horas extras. Em relação à parte variável, é devido somente o adicional de horas extras (Súmula 340 do TST).”(CALVO, Adriana, Manual de direito do trabalho – 4ª edição – São Paulo, Ed. Saraiva) Desta forma, Daniel tem grandes possibilidades de reconhecimento ao pagamento das horas extras, com os adicionais de no mínimo 20% (vinte por cento) para o período anterior a reforma e 50% (cinquenta por cento) para o período posterior a reforma, com os devidos consectários legais. Intervalo suprimido 12 Ao Daniel, pelas altas metas de desempenho exigidas, não gozava do intervalo para almoço e descanso. No contexto, verifica-se o desrespeito a norma do art. 71 da CLT: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. Diante do contexto da Reforma trabalhista, Lei Nº 13.467/2017, a análise das consequências desse descumprimento pelo empregador é dividida em dois momentos: antes e após a reforma, conforme quadro abaixo: Antes da Reforma Trabalhista Até o dia 10 de novembro de 2017 Após a Reforma Trabalhista A partir de 11 de novembro de 2017 § 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Incluído pela Lei nº 8.923, de 27.7.1994) § 4o A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) Em outros termos, para o período anterior ao da Reforma Trabalhista Daniel tem direito ao valor da hora para descanso integral acrescida de 50% (cinquenta por cento). Para o período porterior, Daniel tem direito ao pagamento do tempo suprimido ou não gozado, acrescido de 50% (cinquenta por cento). A questão é pacífica nos tribunais e, se comprovada pelos meios de prova disponíveis em direito, possui grande probabilidade de êxito na reclamação trabalhista que eventualmente seja distribuída. Demissão discriminatória Quando a condição de portador do vírus HIV se tornou de conhecimento do setor de Recursos Humanos das Lojas Ratazana, Daniel percebeu que tanto seu gestor quanto os seus colegas de trabalho estavam adotando uma postura fria e distante com ele, sem cumprimentos e sem qualquer contato físico. Em questão de menos de um mês, em 11 de março de 2020, Daniel foi demitido sem justa causa sem a apresentação de qualquer justificativa. Como não se acredita em coincidências no Direito do Trabalho, há fortes indícios de que a demissão tenha tido um cunho discriminatório. O caso atrai a presunção do enunciado 443 da Súmula do TST: "Presume-se discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direito à reintegração no emprego." Veja-se a jurisprudência que demonstra a aplicação da súmula acima expondo as principais intenções de proteção do trabalhador: DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. EMPREGADO PORTADOR DO VÍRUS HIV. PRESUNÇÃO. A Súmula 443 do TST pacificou o entendimento de que se presume discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. É certo que a dispensa do empregado se trata, a princípio, de um ato potestativo do empregador, inserido em seu poder diretivo. No entanto, tal direito não é absoluto e encontra limites em imperativos éticos e morais, referentes à proteção da imagem e da honra do indivíduo e à valorização do trabalho humano e da dignidade do trabalhador. É inegável que a doença que acomete o reclamante, ainda nos dias de hoje, é um grande fator de estigmatização social e laboral, de modo que, visando proteger o trabalhador de condutas discriminatórias, que são relativamente comuns quando se trata de portadores do vírus HIV, e tendo em vista ainda a compreensível dificuldade de tais empregados conseguirem recolocação no mercado de trabalho, o verbete em questão firmou o entendimento de que a dispensa discriminatória é presumível, cabendo assim ao empregador provar que a rescisão contratual se deu por motivo diverso. E, não tendo a reclamada logrado se desvencilhar desse ônus por qualquer 14 meio, afigura-se correta a condenação ao pagamento de indenização por danos morais, por dispensa discriminatória. (TRT da 3.ª Região; Pje: 0010544-92.2015.5.03.0105 (RO); Disponibilização: 16/12/2016, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 292; Órgão Julgador: Quinta Turma; Relator: Convocado Danilo Siqueira de C.Faria) (destaquei) Não obstante, as Lojas Ratazana se enquadram no texto da norma dos incisos III, IV e V do art. 1º da Lei nº 12.984/14 que define o crime de discriminação dos portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e doentes de aids: Art. 1º Constitui crime punível com reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, as seguintes condutas discriminatórias contra o portador do HIV e o doente de aids, em razão da sua condição de portador ou de doente: (...) III - exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego; IV - segregar no ambiente de trabalho ou escolar; V - divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de aids, com intuito de ofender-lhe a dignidade; Daniel, excelente colaborador, foi demitido sem qualquer explicação, unicamente por sua condição de saúde. O argumento acima é confirmado pela postura adotada pelos colegas de trabalho e gestor de Daniel, que o segregavam no ambiente de trabalho. Ademais, verifica-se que o acesso à informação sobre a condição de saúde do trabalhador só pode ter se dado por divulgação do setor de Recursos Humanos das Lojas Ratazana. Ademais, não se tem notícia da elaboração de qualquer palestra ou medida esclarecedora dos detalhes da patologia para mitigar a segregação pelo desconhecimento das formas de contágio do vírus. Conclui-se que o RH divulgou a condição de saúde de Daniel para ofender lhe a dignidade, conduta esta passível de ação penal e com pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa para todos os envolvidos nos atos discriminatórios. A conduta das Lojas Ratazana é tão repugnante que contraria os princípios da solidariedade na relação de emprego, eis que usufruiu do excelente desempenho do trabalhador enquanto gozava de boa saúde e o desamparou em um momento de necessidade. Não bastasse, o caso ainda contraria direitos fundamentais da Constituição Federal, consagrados pelo princípio da dignidade humana – Art. 1º, III – e pelo princípio da igualdade – art. 5º, caput. Diante da demissão discriminatória, surgem para Daniel o direito a pretensão de ressarcimento de Danos morais. A CLT trata a reparação de danos de natureza extrapatrimonial nos termos dos artigos 223-A e seguintes: Art. 223-A. Aplicam-se à reparação de danos de natureza extrapatrimonial decorrentes da relação de trabalho apenas os dispositivos deste Título. (Incluído pela Lein° 13.467, de 2017) Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) (...) Art. 223-E. São responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos os que tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) § 1° Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) § 2° A composição das perdas e danos, assim compreendidos os lucros cessantes e os danos emergentes, não interfere na avaliação dos danos extrapatrimoniais. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) O Código Civil por sua vez, com aplicação subsidiária, trata o caso na norma dos artigos 186, 187 e 927: 16 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê- lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Veja-se que a conduta das Lojas Ratazana será analisada por seus reflexos na intimidade e auto-estima, assim como sua repercussão econômica pela ocasião do desemprego, responsabilizando todos que tenham contribuído para as condutas sofridas por Daniel. Nesse sentido, ao julgar o pedido de reconhecimento de dano extrapatrimonial, o juiz analisará objetivamente os critérios enumerados a seguir: Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) I - a natureza do bem jurídico tutelado; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) III - a possibilidade de superação física ou psicológica; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) VII - o grau de dolo ou culpa; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) VIII - a ocorrência de retratação espontânea; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) X - o perdão, tácito ou expresso; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) XII - o grau de publicidade da ofensa. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) § 1° Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a acumulação: (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do ofendido; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual do ofendido; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual do ofendido; &nnbsp; (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário contratual do ofendido. (Incluído pela Lei n° 13.467, de 2017) Sobre caso semelhante, o TST já se posicionou: "AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. LEIS Nº 13.015/2014. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. ÔNUS DA PROVA DA RECLAMADA. SÚMULA Nº 443 DO TST. A Súmula nº 443 do TST estabelece que se presume discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito. À luz de tal verbete, nesses casos, há inversão do ônus da prova e incumbe ao empregador comprovar ter havido outro motivo para a dispensa. Precedente da SBDI-1. Dessa forma, o acórdão regional está de acordo com a jurisprudência uniforme e consolidada desta Corte Superior. O processamento do recurso de revista encontra óbice na Súmula nº 333 do TST. Agravo a que se nega provimento. REINTEGRAÇÃO. DANOS MORAIS. Ante a configuração da dispensa discriminatória do reclamante, são cabíveis a reintegração e a indenização por danos morais, conforme inteligência da súmula 443 do TST e do art. 186 do Código Civil. Invioláveis os dispositivos legais apontados. Agravo a que se nega provimento" (Ag-AIRR-10422-54.2016.5.03.0102, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 20/11/2020). (destaquei) Insta esclarecer que, caso Daniel não tenha interesse na reintegração, ele não é obrigado a retornar, contudo, o juízo trabalhista converterá em indenização em montante a ser estipulado pelo magistrado. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. REINTEGRAÇÃO. CONVERSÃO EM INDENIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. Não obstante o art. 4º da Lei 9.029/95 faculte ao empregado dispensado por ato discriminatório a possibilidade de optar pela reintegração ao emprego 18 ou pela percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento, caso as circunstâncias dos autos demonstrem a inviabilidade da continuidade da relação de emprego em razão de animosidade e de incompatibilidade entre as partes, a conversão da reintegração em indenização passa a ser faculdade do juiz, a teor do artigo 496 da CLT, aplicado por analogia. Embargos de declaração providos para prestar esclarecimento na forma da fundamentação. Embargos de declaração providos, sem efeito modificativo. (TST- ED-ARR:4902820135090022, Relator: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 28/08/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 30/08/2019) (Destaquei) Pelo exposto, antes de ingressar com a reclamação trabalhista, cabe a Daniel analisar se deseja a reintegração ou se entende existir inviabilidade na continuidade da relação de emprego. PROGNÓSTICO DE ÊXITO A conduta das Lojas Ratazana foi ilícita na medida em que não procedia ao pagamento na folha de pagamento de todas as verbas de natureza salarial, não pagava pelo labor exercido em sobrejornada, não respeitava o intervalo de descanso e por proceder a dispensa discriminatória. Não foi constatado no presente parecer impossibilidade de reconhecimento das verbas descritas, sendo o único limitador o instituto da prescrição. É o parecer.
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