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Administrar_o_Tempo_e_Planejar_a_Vida

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[Eduardo Chaves] -1/4- [EC - Administrar o tempo e planejar a vida - 20080513.docx] 
ADMINISTRAR O TEMPO É PLANEJAR A VIDA (*) 
EDUARDO O C CHAVES (**) 
 Quem escreve sobre administração do tempo geralmente o faz, não porque seja especialista na 
questão, mas, sim, porque quer aprender mais sobre o assunto. Pelo menos foi esse o meu 
caso. Vou relatar aqui algumas de minhas descobertas, como roteiro para a leitura do texto 
maior do qual este é um resumo (*). 
1) Administrar o tempo não é uma questão de ficar contando os minutos dedicados a cada 
atividade em que nos envolvemos: é uma questão de definir prioridades. Provavelmente (numa 
sociedade complexa como a nossa), NUNCA vamos ter tempo para fazer tudo o que precisamos 
e desejamos fazer. Administrar o tempo é ter clareza sobre o que, para nós, é mais prioritário, 
dentre as várias coisas que precisamos e desejamos fazer, e tomar providências para que o 
mais prioritário seja feito – com plena consciência de que o resto provavelmente nunca vai ser 
feito (mas tudo bem: as coisas que compõem o resto não são prioritárias). 
2) Dentre as coisas que vamos listar como prioritárias, algumas estarão na lista porque nos são 
importantes, outras porque nos são urgentes. Assim, o prioritário é composto do importante e 
do urgente. É razoável supor que algo que não é NEM importante NEM urgente não estará na 
lista de prioridades de ninguém. E, também, que a lista de todo mundo conterá coisas que são 
IMPORTANTES ao lado de coisas que são URGENTES. Não resta a menor dúvida de que as 
coisas que são ao mesmo tempo importantes E urgentes devem ser feitas imediatamente, ou, 
pelo menos, na primeira oportunidade. Poucas pessoas questionarão isso. O problema surge 
com coisas que consideramos importantes, mas que não são tão urgentes, e com coisas que 
são urgentes, mas às quais não damos muita importância. 
3) Digamos que você considere importante ficar mais tempo com sua família. Por outro lado, 
você tem de trabalhar x horas por dia – onde x é um número relativamente flexível, sobre o 
qual você tem razoável controle. Se, para você, trabalhar é mais importante do que ficar com a 
sua família, o problema está resolvido: você trabalha, mesmo que isso prejudique a convivência 
familiar. Mas e se o trabalho não é mais importante para você do que a convivência familiar? 
Nesse caso, provavelmente o trabalho é urgente, no sentido de que tem de ser feito, pois 
doutra forma você pode ser demitido (ou perder clientes, se for autônomo ou empresário) e 
pode vir a ter dificuldades para manter sua família (embora, sem trabalho, provavelmente vá 
poder passar mais tempo com ela…). 
4) É nesse conflito entre o importante e o urgente que a maior parte de nós se perde, e por 
uma razão muito simples: algumas das tarefas que temos de realizar não são selecionadas por 
nós, mas nos são impostas. Isto é: não somos donos de todo o nosso tempo. Quando 
aceitamos um emprego, por exemplo, estamos, na realidade, nos comprometendo a ceder a 
outrem parte do nosso tempo (e, também, o nosso esforço, a nossa capacidade, o nosso 
conhecimento, etc.). Este é um problema real e de solução difícil: Não temos, em relação ao 
nosso tempo, toda a autonomia que gostaríamos de ter. 
5) Acontece, porém, que geralmente usamos mal o tempo que dedicamos ao trabalho (e, por 
isso, temos de fazer hora extra ou trazemos trabalho para casa), ou até mesmo o tempo que 
 
[Eduardo Chaves] -2/4- [EC - Administrar o tempo e planejar a vida - 20080513.docx] 
passamos em casa. Usar mal o tempo QUER DIZER o seguinte: muitas vezes usamos o nosso 
tempo para fazer o que não é nem importante nem urgente, mas apenas algo que, ou sempre 
fizemos, pela força do hábito, ou, então, que nos foi solicitado e não tivemos coragem de dizer 
“NÃO”. 
6) Alguém me disse, quando eu era criança, que a gente nunca deveria abandonar a leitura de 
um livro, por pior que ele fosse. Que bobagem! Mas até que descobri que isso era uma 
bobagem, desperdicei muito tempo terminando de ler coisa intragável e que de nada me serviu 
-- por causa desse malfadado conselho! Uma vez me peguei dizendo à minha família que não 
poderia fazer algo (não me lembro exatamente o quê) domingo de manhã porque precisava ler 
os jornais. Eu lia, religiosamente, a Folha e o Estadão (principais jornais de São Paulo) aos 
domingos de manhã – e, no domingo, esses jornais são enormes. Lia por hábito. Achava que 
um professor tem de se manter informado. Mas quando disse que "precisava" ler os jornais me 
dei conta de que realmente não precisava lê-los. Perguntei-me o que de pior poderia me 
acontecer se eu não lesse os jornais... e NADA, foi a resposta que, honestamente, tive de dar. 
Se houver algo importante nos jornais provavelmente fico sabendo no noticiário da TV, ou na 
VEJA (revista semanal). Mas daí me perguntei: e preciso ler a VEJA todas as semanas? 
Resposta: não. Existe algo que eu prefiro ler/fazer naquelas manhãs de domingo que ganhei? 
Claro, muitas coisas – PARA AS QUAIS EU ANTES NÃO TINHA TEMPO. Ganhei as horas dos 
jornais, ganhei as horas da VEJA, fui ganhando uma horinha aqui outra ali, para as coisas que 
eu realmente queria fazer há muito tempo e para as quais não encontrava tempo (isto é, 
achava que não tinha tempo)… 
7) Outras vezes não é a força do hábito que nos atrapalha, mas nossa incapacidade de dizer 
“NÃO”. Recusar um pedido de alguém de quem você gosta, ou a quem admira, e que, portanto, 
não gostaria de desagradar, é uma das coisas mais difíceis da vida. (Estou pressupondo aqui 
que não se trata de seu chefe, que não pede, manda...) Mas nunca vamos conseguir 
administrar bem o nosso tempo, i.e., as nossas prioridades, se rotineiramente dermos aos 
outros (que não o nosso chefe no trabalho) o poder de determinar a nossa agenda. Admiro os 
que, mesmo diante de um pedido cativante de alguém a quem amam ou respeitam, são 
capazes de dizer: “Sinto muito, não posso. No momento estou dando atenção às minhas 
prioridades” – e as prioridades, no caso, podem até envolver ficar descansando, sem fazer 
nada, ou terminar de ler um romance cuja leitura nos é importante. 
8) Administrar o tempo é ganhar autonomia sobre a sua vida, não é ficar escravo do relógio. 
Administrar o tempo uma batalha constante, que tem de ser ganha todo dia. Se você quer ter a 
autonomia de decidir passar mais tempo com a família, ou sem fazer nada, ou nas leituras há 
tempo postergadas, você tem de ganhar esse tempo deixando de fazer outras coisas que são 
menos importantes para você. Em última instância pode ser que você até tenha até de, 
eventualmente, arrumar outro emprego ou outra ocupação – ou de reduzir suas horas de sono. 
9) O tempo é distribuído entre as pessoas de forma bem mais democrática do que muitos dos 
outros recursos de que nós dependemos (como, por exemplo, a inteligência, a capacidade de 
trabalho, o dinheiro). A menos que se trate do último dia de nossas vidas, todos os dias cada 
um de nós recebe exatamente 24 horas: nem mais, nem menos. O rico não recebe mais horas 
no dia do que o pobre, o professor universitário recebe o mesmo número de horas que o 
apedeuta; o executivo e o operário recebem quantidades de tempo exatamente idênticas a 
cada dia. Entretanto, apesar desse igualitarismo (que, convenhamos, não existe em relação à 
inteligência, à capacidade de trabalho, ao dinheiro), uns conseguem realizar uma grande 
quantidade de coisas num dia e outros, ao final do mesmo dia, têm o sentimento de que o dia 
se esvaiu e não fizeram nada. A diferença é que os primeiros percebem que o tempo, apesar de 
democraticamente distribuído, é um recurso altamente perecível. Um dia perdido hoje (perdido 
 
[Eduardo Chaves] -3/4- [EC - Administrar o tempo e planejar a vida - 20080513.docx] 
no sentido de que não realizei nele o que precisaria ou desejaria realizar) não é recuperado 
depois: é perdido para sempre. 
10) Há os que afirmam, hoje, que o recurso mais escasso na nossa sociedade não é dinheiro, 
não são matériasprimas, não é energia, não é nem mesmo inteligência: é tempo. O tempo é o 
luxo do século XXI. Mas tempo se ganha, ou se faz, fundamentalmente de duas maneiras: 
a) deixando de fazer (ou, então, se possível, delegando) as coisas que não são nem 
importantes nem urgentes; 
b) concentrando as prioridades nas coisas que são importantes e/ou urgentes. 
11) A questão da delegação aponta para o fato de que, apesar de o rico ter a mesma cota 
diária de tempo do que o pobre, o rico tem uma enorme vantagem sobre o pobre: poder, 
mediante pagamento, contratar o tempo de terceiros. O assistente, a secretária, o motorista do 
carro ou o piloto do helicóptero, o mordomo, os empregados domésticos, todos eles são 
contratados (em geral para cuidar das urgências) a fim de que os que os contratam possam ter 
mais tempo para dedicar ao importante (importante, naturalmente, para eles). Mas mesmo os 
mais pobres delegam – como, por exemplo, quando a mãe manda a menina limpar a casa ou o 
pai manda o menino ir comprar alguma coisa que o pai precisa para fazer o seu trabalho. 
12) Quem tem tempo não é quem não faz nada: é quem consegue administrar o tempo que 
tem de modo a poder fazer aquilo que precisa e que deseja fazer. Por outro lado, ser produtivo 
não é equivalente a estar ocupado. Há muitas pessoas que ficam ocupadas o dia inteiro 
exatamente porque são improdutivas – não sabem onde concentrar seus esforços e, por isso, 
ciscam aqui, ciscam ali, mas nunca produzem nada. Ser produtivo é, em primeiro lugar, saber 
administrar o tempo, ter sentido de direção, saber aonde se vai. 
13) Administrar o tempo, em última instância, é planejar estrategicamente a nossa vida. Para 
isso, precisamos, em primeiro lugar, saber aonde queremos chegar (definição de objetivos): 
onde quero estar, o que quero ser, daqui a 5, 10, 25, 50 anos? O segundo passo é começar a 
“estrategiar”: transformar objetivos em metas (com prazos e quantificações) e decidir, em 
linhas gerais, como as metas serão alcançadas. O terceiro passo é criar planos táticos: explorar 
as alternativas específicas disponíveis para chegar aonde queremos chegar, escolher fontes de 
financiamento (emprego, em geral, é fonte de financiamento), etc. Em quarto lugar, fazer o 
que tem de ser feito: agir. Durante todo o processo, precisamos estar constantemente 
avaliando os meios que estamos usando, para verificar se estão nos levando mais perto de 
onde vamos querer estar ao final do processo. Se não, troquemos de meios (procuremos outro 
emprego, por exemplo). 
14) Mas tudo começa com uma verdade tão simples que parece uma platitude: se você não 
sabe aonde quer chegar, provavelmente nunca vai chegar lá – por mais tempo que tenha. 
15) Quando o nosso tempo termina, acaba a nossa vida. Não há maneira de obter mais. Por 
isso, tempo é vida. Quem administra o tempo ganha vida, mesmo vivendo o mesmo tempo. 
Prolongar a duração de nossa vida não é algo sobre o qual tenhamos muito controle. Aumentar 
a nossa vida ganhando tempo dentro da duração que ela tem é algo, porém, que está ao 
alcance de todos. Basta um pouco de esforço e determinação. 
 
(*) Este artiguete é resumo, feito em 1998, de um livreto, Administração do Tempo, que 
escrevi em 1992. O texto foi levemente revisado dez anos depois, em 2008. De tudo o que 
 
[Eduardo Chaves] -4/4- [EC - Administrar o tempo e planejar a vida - 20080513.docx] 
escrevi este é o texto que mais repercussão teve. Já foi reimpresso dezenas de vezes em 
revistas, jornais e sites – e já fui chamado a dar uma dezena de entrevistas sobre o tema, até 
para revistas do porte de Você S/A. 
(**) Eduardo Chaves, Professor Titular aposentado da UNICAMP, onde trabalhou por mais de 
32 anos, é consultor de empresas e organizações não-governamentais. Concluiu seu Ph.D. em 
1972 na Universidade de Pittsburgh, em Pittsburgh, PA, EUA, na área de filosofia. Na UNICAMP 
foi professor de teoria do conhecimento, filosofia política e filosofia da educação. Ele completa 
65 anos em 2008, mora em Campinas e em Salto, é casado, e tem quatro filhos e sete netos.

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