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Aula12 - Progressão de Regime_ Requisitos_bGVzc29uOjIyNjYz

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1
Curso	Ênfase	©	2019
EXECUÇÃO	PENAL	–	FELIPE	ALMEIDA
AULA12	-	PROGRESSÃO	DE	REGIME:	REQUISITOS
1.EXECUÇÃO	DAS	PENAS	EM	ESPÉCIE
1.1	PENA	PRIVAT IVA	DE	LIBERDADE
1.2	PROGRESSÃO	DE	REGIME
Somente	existe	3	 tipos	de	 regimes	prisionais	na	pena	privativa	de	 liberdade	e
encontram-se	disciplinado	nos	arts.	33	e	seguintes	do	Código	Penal:
a)	regime	aberto;
b)	regime	semiaberto;	e
c)	regime	fechado.
Obviamente,	os	regimes	existem	porque	o	Brasil	adotou	o	sistema	progressivo	do
cumprimento	 de	 pena,	 em	 que	 o	 sistema	 é	 progressivo	 e	 regressivo,	 o	 mérito
carcerário	 do	 apenado	 possibilitará	 a	 sua	 progressão	 prisional	 de	 um	 regime	 mais
gravoso	para	um	regime	mais	brando,	e	a	ausência	de	mérito	carcerário	acarretará	a
regressão	do	regime	mais	brando	para	o	regime	mais	gravoso.
De	 acordo	 com	 a	 maioria	 da	 doutrina,	 no	 tocante	 a	 natureza	 jurídica	 da
progressão	 de	 regime,	 a	 progressão	 de	 regime,	 assim	 como	 os	 demais	 direitos	 da
execução,	possuem	natureza	jurídica	de	direito	público	subjetivo	do	condenado.
Com	relação	a	progressão	de	regime,	a	Lei	7.210/84	trata	no	artigo	112	da	regra
ordinária	para	a	progressão:
Art.	112.	A	pena	privativa	de	liberdade	será	executada	em	forma	progressiva	com
a	transferência	para	regime	menos	rigoroso,	a	ser	determinada	pelo	juiz,	quando	o
preso	 tiver	 cumprido	 ao	 menos	 um	 sexto	 da	 pena	 no	 regime	 anterior	 e
ostentar	 bom	 comportamento	 carcerário,	 comprovado	 pelo	 diretor	 do
estabelecimento,	respeitadas	as	normas	que	vedam	a	progressão.
Percebe-se	que	os	dois	são	os	requisitos	da	progressão	de	regime:	o	de	natureza
objetiva	que	é	o	tempo	de	cumprimento	de	pena	em	ao	menos	1/6	do	regime	anterior
e	o	requisito	subjetivo	que	consiste	em	ostentar	bom	comportamento	carcerário.
Os	direitos	da	execução	sempre	possuem	como	requisito	subjetivo	pelo	menos	o
bom	 comportamento	 carcerário,	motivo	 pelo	 qual	 a	 progressão	 de	 regime	não	 foge
essa	regra.
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
2
Curso	Ênfase	©	2019
A	 parte	 final	 do	 artigo	 112	 menciona	 que	 "respeitadas	 as	 normas	 que	 vedam	 a
progressão"	não	mais	possui	aplicabilidade,	haja	vista	que	o	ordenamento	jurídico	não
possui	nenhuma	norma	que	vede	a	progressão	de	regime.
Essa	 redação	 é	 do	 ano	 de	 2003,	 quando	 ainda	 havia	 o	 regime	 integralmente
fechado,	que	era	estabelecido	pela	Lei	8.072/90,	permitindo	ao	condenado	por	crime
hediondo	ou	equiparado	tão	somente	o	livramento	condicional.
Contudo,	 como	 mencionado,	 o	 STF	 declarou	 inconstitucional	 o	 regime
integralmente	 fechado	 com	o	 julgamento	 do	HC	 82959	 de	 23	 de	 fevereiro	 de	 2006,
motivo	 pelo	 qual	 não	 há	mais	 que	 se	 falar	 em	normas	 que	 vedem	a	 progressão	 de
regime,	em	todo	e	qualquer	delito	será	permitida	progressão	prisional.
O	que	diferencia,	entretanto,	é	o	patamar	da	pena,	o	lapso	temporal,	consistente
no	requisito	objetivo	do	direito	à	progressão.
Essa	modalidade	é	considerada	como	modalidade	geral,	posto	que	se	aplica	aos
delitos	 comuns.	 Como	 há	 um	 regramento	 próprio	 para	 o	 delitos	 hediondos	 e
equiparados	 a	 hediondos,	 no	 qual	 a	 Constituição	 da	 República	 estabelece	 como	 os
equiparados	 o	 crime	 de	 tráfico	 ilícito	 de	 entorpecentes,	 terrorismo	 e	 tortura	 e	 o
Legislador	infraconstitucional	na	Lei	8072/90	relaciona	em	seu	art.	1º	[1]	uma	série	de
delitos	que	são	considerados	hediondos	propriamente	ditos.
No	 tocante	 aos	 delitos	 hediondos	 propriamente	 ditos,	 assim	 como	 os
equiparados	 a	 hediondos,	 possuem	 requisito	 objetivo	 próprio,	 lembrando	 que,	 como
mencionado,	a	Lei	8072/90	vedava	a	progressão	de	regime	quando	vigorava	o	regime
integralmente	 fechado,	 de	modo	que,	 com	a	 declaração	 de	 inconstitucionalidade,	 o
legislador	adequou	a	legislação	à	orientação	do	STF	e	criou	a	Lei	11.464/2007.
A	 Lei	 11.464/2007	 atribuiu	 nova	 redação	 à	 Lei	 8072/90	 e	 estabeleceu	 um
patamar	 próprio	 para	 a	 progressão	 de	 regime,	 consistente	 em	 um	 requisito	 objetivo
próprio	para	os	delitos	equiparados	e	os	hediondos:
Art.	2º	Os	crimes	hediondos,	a	prática	da	tortura,	o	tráfico	ilícito	de	entorpecentes
e	drogas	afins	e	o	terrorismo	são	insuscetíveis	de:	
(...)
§	2º	A	progressão	de	regime,	no	caso	dos	condenados	pelos	crimes	previstos	neste
artigo,	dar-se-á	após	o	cumprimento	de	2/5	(dois	quintos)	da	pena,	se	o	apenado
for	primário,	e	de	3/5	(três	quintos),	se	reincidente,	observado	o	disposto	nos	§§	3º
e	 4º	 do	 art.	 112	 da	 Lei	 nº	 7.210,	 de	 11	 de	 julho	 de	 1984	 (Lei	 de	 Execução
Penal).															(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.769,	de	2018)
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
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Curso	Ênfase	©	2019
Para	a	redação	dada	pela	lei	11.464/07,	há	ainda	uma	nova	redação	conferida
pela	Lei	13.769/18	que	fez	uma	inclusão	de	progressão	especial	para	mulheres.
A	redação	da	Lei	11.464	é	 justamente	todo	o	§2º	até	a	vírgula,	que	estabelece
como	requisito	objetivo	para	fins	de	progressão	o	patamar	de	cumprimento	de	2/5	da
pena	para	réus	primários	e	3/5	para	reincidentes.
Portanto,	 se	o	 crime	 for	 comum,	aplica-se	a	 regra	geral	de	1/6.	Se	o	delito	 for
hediondo	 ou	 equiparado	 a	 hediondo,	 será	 a	 fração	 de	 2/5	 para	 primários	 e	 3/5	 para
reincidentes.
Contudo,	 como	o	 requisito	objetivo	previsto	na	 Lei	 8.072/90	 foi	 criado	pela	 Lei
11.464/07,	que	nesse	aspecto	veio	a	ser	mais	gravosa,	o	STF,	quando	da	declaração	de
inconstitucionalidade	 do	 regime	 integralmente	 fechado,	 impossibilitou	 a	 progressão
para	 todo	 e	 qualquer	 delito,	 motivo	 pelo	 qual	 todo	 e	 qualquer	 delito	 hediondo	 e
equiparados	que	após	a	declaração	de	inconstitucionalidade	possuíam	sua	progressão
de	regime	concedida,	era	com	base	no	requisito	geral	de	1/6	da	pena.
Quando	o	legislador	no	ano	de	2007	estabeleceu	as	frações	próprias	para	cada
tipo	de	delito,	obviamente	somente	poderia	ser	irretroativa,	por	força	do	art.	5º,	XL,	da
CF.	 Foi	 justamente	 por	 esse	 motivo	 que	 consolidou-se	 na	 jurisprudência	 o
entendimento	de	que	 todo	delito	 hediondo	ou	equiparado	que	 tenha	 sido	praticado
até	a	edição	da	Lei	11.464/07,	ou	seja,	até	28	de	março	de	2007,	submeter-se-á	para
fins	de	progressão	à	regra	ordinária,	1/6	do	cumprimento	da	pena.
Porém,	 se	 o	 delito	 hediondo	 ou	 equiparado	 tiver	 sido	 praticado	 após	 a	 Lei
11.464/07,	justamente	por	ter	sido	praticado	sob	a	égide	da	Lei	nova,	ele	submeter-se-á
à	progressão	de	regime	nas	frações	de	2/5	e	3/5.
Dessarte,	 tratando-se	 de	 crime	 hediondo	 ou	 equiparado,	 deve-se	 analisar	 o
momento	da	ação	ou	omissão,	ou	seja,	quando	o	delito	foi	praticado	e	se	na	época	era
considerado	 como	 hediondo.	 Sendo	 hediondo	 ou	 equiparado	 na	 data	 do	 fato	 e
considerando	 que	 ele	 tenha	 sido	 praticado	 na	 égide	 da	 Lei	 nova,	 isto	 é,	 após	 28	 de
março	de	2007,	deve-se	apenas	verificar	se	o	sujeito	é	primário	ou	reincidente.
Esse	assunto	foi	objeto	da	Súmula	471	do	STJ:
SÚMULA	471
Os	 condenados	 por	 crimes	 hediondos	 ou	 assemelhados	 cometidos	 antes	 da
vigência	 da	 Lei	 n.	 11.464/2007	 sujeitam-se	 ao	 disposto	 no	 art.	 112	 da	 Lei	 n.
7.210/1984	(Lei	de	Execução	Penal)	para	a	progressão	de	regime	prisional.
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
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Assim	sendo,	todo	delito	hediondo	ou	equiparado	praticado	até	28	de	março	de
2007	poderá	ter	a	progressão	de	regime	com	o	cumprimento	de	1/6	da	pena.	Todavia,
o	 hediondo	 ou	 equiparado	 que	 ostentava	 essa	 condição	 quando	 do	 momento	 da
prática	 delitiva,	 após	 28	 de	 março	 de	 2007,	 submeter-se-á	 a	 regra	 de	 2/5	 para	 os
primários	e	3/5	para	reincidentes.
Desse	modo,	com	relação	aos	requisitos	objetivos	para	a	progressão	de	regime,
ressalta-ser	que	diante	de	concurso	de	infrações,	de	um	delito	hediondo	e	outro	delito
não	 hediondo,	 necessariamente	 tratando	 de	 concurso	 de	 infrações,deverá	 ser
realizado	o	cálculo	diferenciado ,	isto	é,	extrair	as	frações	correspondentes	para	fins
de	progressão.
O	 cálculo	 diferenciado	 aplica-se	 a	 todo	 e	 qualquer	 direito	 da	 execução	 que
possua	 requisitos	 temporais,	 objetivos,	 diferentes	 para	 crimes	 hediondos	 e
equiparados.
Para	 tanto,	 o	 concurso	 de	 infrações,	 o	 art.	 76	 do	 CP	 determina	 que	 primeiro
executar-se-á	a	mais	grave	das	penas:
	 	 	Art.	76	 -	No	concurso	de	 infrações,	executar-se-á	primeiramente	a	pena	mais
grave.
Desse	 modo,	 o	 delito	 hediondo	 possui	 regramento	 mais	 gravoso,	 por	 ser
considerado	 como	um	 crime	mais	 grave,	 fazendo	 com	que	 a	 execução	 comece	 por
ele.
Por	exemplo,	um	sujeito	condenado	a	5	anos	por	tráfico	(art.	33	da	Lei	11.343)	e
3	anos	por	associação	(art.	35	da	Lei	11.343),	 totaliza	uma	reprimenda	de	8	anos	de
reclusão.	 Considerando	 a	 primariedade	 do	 indivíduo,	 o	 cálculo	 para	 progressão	 de
regime	 será	 observando	 a	 mais	 grave,	 que	 é	 o	 tráfico,	 desafia	 uma	 fração	 de	 2/5,
portanto,	2/5	de	5	anos	exige	que	o	condenado	cumpra	2	anos.
Em	relação	ao	crime	do	art.	35,	que	não	possui	a	natureza	de	delito	hediondo	ou
equiparado,	desafiando	a	fração	ordinária,	o	cumprimento	de	1/6	da	Lei	nos	termos	do
art.	112	da	LEP;	exige	o	cumprimento	de	6	meses.
Sendo	 assim,	 para	 esse	 condenado,	 é	 preciso	 o	 cumprimento	 de	 2	 anos	 e	 6
meses	 de	 pena	 para	 que	 possa	 progredir	 para	 o	 regime	 mais	 brando,	 qual	 seja,	 o
semiaberto.
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
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Curso	Ênfase	©	2019
Tendo	 sido	 a	 condenação	no	 regime	 inicial	 o	 semiaberto,	 ele	 possuirá,	 após	 o
cumprimento	de	2	anos	e	6	meses,	o	requisito	temporal	para	progredir	para	o	regime
aberto.
Deve-se	 ter	 em	 mente	 que	 necessariamente	 é	 preciso	 realizar	 o	 cálculo
diferenciado	para	que	o	sujeito	não	tenha	de	se	submeter	à	uma	fração	mais	gravosa
do	que	aquela	determinada	pela	Lei.
Com	relação	ao	requisito	subjetivo	de	ostentar	bom	comportamento	carcerário,
não	possui	previsão	na	 legislação,	 ficando	a	 cargo	da	doutrina	e	de	outros	diplomas
discipliná-lo.	 A	 maioria	 da	 doutrina	 adota	 o	 entendimento	 de	 que	 o	 bom
comportamento	 carcerário	 caracterizar-se-ia	 pela	 ausência	 de	 falta	 disciplinar	 de
natureza	grave	nos	últimos	12	meses.
Esse	entendimento	foi	formado	tendo	como	base	1	ano	de	ausência	de	falta	de
natureza	grave	sob	o	argumento	de	que	quem	pode	o	mais,	pode	o	menos.
Como	é	sabido,	os	decretos	de	indulto	e	comutação	publicados	por	ocasião	dos
festejos	 de	 fim	 de	 ano	 sempre	 estabelecem	 como	 requisito	 subjetivo	 a	 ausência	 de
falta	disciplinar	de	natureza	grave	nos	12	meses	anteriores	à	publicação	do	Decreto.
A	doutrina,	valendo-se	do	argumento	de	quem	pode	mais	-	no	caso	o	indulto	que
possui	natureza	jurídica	de	causa	extintiva	da	punibilidade,	ou	seja,	uma	vez	concedido
o	indulto	é	extinta	a	execução	da	pena,	-	e	a	progressão	prisional,	é	o	menos,	visto	que
como	não	acarretará	na	extinção	da	punibilidade,	não	se	exigiria	outro	requisito	senão
a	ausência	de	falta	disciplinar	de	natureza	grave	nos	últimos	12	meses.
Aliado	 a	 esse	 argumento	 de	 quem	 pode	mais,	 pode	 o	menos,	 nas	 legislações
penitenciárias	 estaduais	 que	 normalmente	 tratam	 do	 procedimento	 disciplinar	 com
classificação	 comportamental	 do	 preso	 por	 meio	 de	 índices	 de	 classificação.
Normalmente,	ao	 ingressar	na	unidade	penitenciária,	o	preso	é	classificado	no	 índice
neutro	 e	 a	 cada	 6	 meses	 de	 cumprimento	 sem	 a	 prática	 de	 falta	 disciplinar,	 ele
progride	para	o	nível	seguinte	(bom,	excelente,	excepcional).
A	 Lei	 exige	 o	 bom	 comportamento	 carcerário,	mas	 diante	 da	 prática	 de	 uma
falta	 disciplinar	 de	 natureza	 grave,	 uma	 das	 consequências	 prevista	 nas	 legislações
penitenciárias,	que	são	consideradas	sanções	secundárias,	é	o	rebaixamento	do	índice
de	comportamento.
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
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Curso	Ênfase	©	2019
Desse	modo,	se	um	condenado	praticar	uma	falta	de	natureza	grave,	ele	pode
estar	 no	 nível	 bom,	 ótimo,	 excelente	 ou	 excepcional,	 será	 regredido	 para	 o	 índice
considerado	negativo	e	ele	 reinicia	a	sua	progressão	de	comportamento,	sendo	esse
um	 outro	 argumento	 utilizado	 pela	 doutrina	 para	 demonstrar	 que	 o	 bom
comportamento	caracterizar-se-ia	pela	ausência	de	falta	disciplinar	de	natureza	grave,
nos	últimos	12	meses	[2].
Esse	 entendimento	 é	 consolidado	 em	 diversas	 Varas	 de	 Execução	 Penal	 nos
estados	da	Federação,	por	exemplo,	o	Rio	de	Janeiro	possui	um	enunciado	na	Vara	de
Execuções	no	RJ	nº	7	que	diz	que	após	1	ano	da	prática	da	falta	disciplinar	o	sujeito	tem
satisfeito	o	requisito	subjetivo,	caso	não	pratique	nova	falta.
Com	 relação	 ao	 requisito	 subjetivo,	 é	 importante	 mencionar	 a	 evolução	 da
jurisprudência	 no	 Superior	 Tribunal	 de	 Justiça.	 Como	 mencionado,	 no	 âmbito
doutrinário,	bom	comportamento	carcerário	é	ausência	de	falta	grave	no	último	ano,
em	 que	 pese	 os	 Juízes	 não	 ficarem	 adstritos	 a	 isso,	 eles	 valer-se-ão	 do	 atestado	 de
comportamento	apontado	pelo	diretor	da	unidade	prisional.
Pode	ser	que	o	sujeito	não	tenha	falta	disciplinar	nos	últimos	12	meses	e	o	juiz	da
execução	 negue	 a	 progressão	 prisional	 sob	 o	 entendimento	 de	 que	 não	 se	 tem	 de
simplesmente	 cortar	 o	 último	 ano	 da	 pena	 e	 considerar	 o	 bom	 comportamento
isoladamente	a	partir	do	parâmetro	do	último	ano	do	cumprimento	de	pena.
A	jurisprudência	do	STJ	entende	que	o	bom	comportamento	carcerário	deve	ser
avaliado,	 com	 razoabilidade,	 ao	 longo	 de	 todo	 o	 tempo	 do	 cumprimento	 da	 pena
privativa	 de	 liberdade.	 Pode	 ser	 que	 o	 sujeito	 tenha	 praticado	 uma	 falta	 grave	 com
repercussão	há	2	anos	e,	agora,	há	1	ano	sem	a	prática	de	falta	disciplinar	de	natureza
grave	venha	postular	a	progressão	prisional.	O	 Juiz	pode	negar,	 sob	o	argumento	de
que,	embora	no	último	ano	não	tenha	sido	praticada	nova	falta,	a	falta	cometida	há	2
anos,	que	foi	grave	(como	por	exemplo	no	caso	do	indivíduo	que	praticou	crime	doloso,
praticou	 de	 movimento	 para	 subversão	 da	 ordem	 interna,	 foi	 incluído	 em	 regime
disciplinar	diferenciado)	pode	ser	levado	em	consideração	ao	apreciar	a	concessão	do
benefício	prisional	(diferente	da	forma	como	a	doutrina	se	posiciona	pela	ausência	de
falta	disciplinar	no	último	ano.
A	 jurisprudência	do	STJ	possui	alguns	precedentes	mencionando	que	não	pode
considerar	apenas	o	último	ano	do	 cumprimento	da	pena	e	o	bom	comportamento,
deve	levar	em	consideração	todo	o	cumprimento	da	pena	privativa	de	liberdade.
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
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A	 falta	 disciplinar	 de	 natureza	 grave	 possui	 repercussão	 com	 o
requisito	 objetivo	 do	 lapso	 temporal?	 É	 possível	 interromper	 o	 lapso
temporal	até	então	transcorrido	para	f ins	de	progressão	mediante	a	prática
de	falta	disciplinar	de	natureza	grave?
Sabe-se	que	os	 requisitos	são	distintos.	No	passado,	havia	um	questionamento
sobre	 a	 suposta	 ausência	 de	 isonomia	 dos	 presos	 do	 regime	 intermediário	 para	 os
presos	do	regime	fechado,	em	que	os	que	se	encontravam	no	regime	intermediário	e
praticassem	 falta	 disciplinar	 de	 natureza	 grave	 possuíam	 como	 consequência	 a
regressão	 de	 regime	 e	 retornaria	 para	 o	 regime	 mais	 gravoso,	 que	 necessitaria	 do
cumprimento	de	ao	menos	1/6	no	regime	anterior	e,	com	isso,	era	realizado	o	cálculo
do	remanescente,	ou	seja,	calculava-se	1/6	do	restante	da	pena	a	partir	do	momento
da	sua	regressão.
Contudo,	o	preso	no	regime	fechado,	quando	praticava	falta	de	natureza	grave,
por	 não	 ter	 regressão,	 por	 se	 encontrar	 no	 regime	 mais	 gravoso,	 bastava	 que
recuperasse	o	seu	bom	comportamento	carcerário	para	estar	apto	a	nova	progressão.
Foi	 justamente	por	essa	suposta	ausênciade	 isonomia	que	se	entendeu	que	o
preso	do	regime	fechado,	tal	qual	o	preso	do	regime	intermediário,	quando	praticasse
falta	disciplinar	de	natureza	grave	também	deveria	ter	uma	interrupção	na	contagem
para	 fins	 de	 progressão	 de	 regime.	 A	 partir	 desse	 entendimento,	 vários	 tribunais
estaduais	passaram	a	entender	que	a	falta	disciplinar	de	natureza	grave	interromperia
o	prazo	transcorrido	para	a	progressão	de	regime,	reiniciando	a	sua	contagem	a	partir
da	falta	disciplinar	de	natureza	grave.
Muitas	Varas	de	Execução	penal	passaram	a	entender	nesse	sentido,	outras	não,
alegando	que	o	entendimento	do	STJ	-	que	prevalece	e	inclusive	foi	sumulado	-	violaria
o	princípio	da	legalidade,	na	medida	em	que	não	há	na	legislação	brasileira	a	previsão
de	interrupção,	razão	pela	qual	criar	por	entendimento	jurisprudencial	uma	interrupção
no	 tempo	de	cumprimento	de	pena	o	 transcorrido,	 seria	uma	ofensa	ao	princípio	da
legalidade,	na	medida	que	estaria	diante	de	uma	analogia	in	malam	partem,	violando	o
nullum	crimen,	nulla	poena	sine	lege	stricta.
Portanto,	 o	 entendimento	 que	 se	 mostra	 majoritário	 na	 doutrina	 era	 o
entendimento	 de	 algumas	 Varas	 de	 Execução	 Penal,	 era	 o	 de	 que	 tal	 interrupção
violaria	o	princípio	da	 legalidade	no	desdobramento	da	 lex	stricta	e	caracterizando	a
malfadada	analogia	in	malam	partem.
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
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Curso	Ênfase	©	2019
Esse	entendimento	prevalece	no	STJ	possuindo,	inclusive,	a	súmula	534:
SÚMULA	534
A	prática	de	 falta	grave	 interrompe	a	 contagem	do	prazo	para	a	progressão	de
regime	de	cumprimento	de	pena,	o	qual	se	reinicia	a	partir	do	cometimento	dessa
infração.
Deve-se	atentar	que	a	falta	de	natureza	grave	interrompe	apenas	o	prazo	para
	progressão	de	regime,	o	que	não	se	aplica	aos	demais	direitos	da	execução.	A	partir	da
súmula	534	do	STJ,	entende-se	que	uma	vez	praticada	a	falta	disciplinar	de	natureza
grave,	ela	interromperá	o	transcurso	do	prazo.
A	súmula	535	do	STJ	prescreve:
SÚMULA	535
A	prática	de	falta	grave	não	interrompe	o	prazo	para	fim	de	comutação	de	pena
ou	indulto.	
Da	mesma	maneira	a	súmula	441:
SÚMULA	441
A	falta	grave	não	interrompe	o	prazo	para	obtenção	de	livramento	condicional.	
Destarte,	para	o	STJ,	a	prática	de	falta	disciplinar	de	natureza	grave	que	macula
o	 requisito	 subjetivo	 interromperá	 tão	 somente	 o	 requisito	 objetivo	 para	 fins	 de
progressão	 prisional.	 Praticando	 falta	 grave,	 interrompe-se	 o	 prazo	 transcorrido,
reiniciando	a	contagem	a	partir	da	prática	da	infração.
Em	que	pese	algumas	Varas	de	Execução	penal	entenderem	que	persiste	essa
violação,	não	interrompe	esse	prazo,	ao	entendimento	de	que	as	sanções	consideradas
domésticas,	 aplicadas	 pela	 autoridade	 administrativa	 com	 perda	 de	 regalia,
isolamento	 na	 cela,	 suspensão	 ou	 restrição	 de	 direitos,	 rebaixamento	 do	 índice	 de
comportante,	mostrar-se-iam	suficientes,	não	havendo	necessidade	de	 interromper	o
prazo	 transcorrido	 e	 acarretar	 uma	 violação	 ao	 princípio	 da	 legalidade	 -	 mas	 como
visto,	não	é	esse	o	entendimento	do	STJ.
Por	 fim,	 entende	 o	 STJ	 que	 praticada	 a	 falta	 grave	 o	 prazo	 para	 progressão	 é
interrompido,	reiniciando	sua	contagem,	aplicando	para	fins	de	progressão	de	regime	-
não	aplicando	para	indulto,	comutação,	ou	livramento	condicional,	como	determina	as
súmulas	535	e	441	do	STJ.
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
Aula12	-	Progressão	de	Regime:	Requisitos
9
Curso	Ênfase	©	2019
[1]
Art.	 1º	 São	 considerados	 hediondos	 os	 seguintes	 crimes,	 todos	 tipificados	 no
Decreto-Lei	no	2.848,	de	7	de	dezembro	de	1940	-	Código	Penal,	consumados	ou
tentados:										(Redação	dada	pela	Lei	nº	8.930,	de	1994)	(Vide	Lei	nº	7.210,	de
1984)
I	 –	 homicídio	 (art.	 121),	 quando	 praticado	 em	 atividade	 típica	 de	 grupo	 de
extermínio,	ainda	que	cometido	por	um	só	agente,	e	homicídio	qualificado	 (art.
121,	§	2o,	incisos	I,	II,	III,	IV,	V,	VI	e	VII);								(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.142,	de
2015)
I-A	–	lesão	corporal	dolosa	de	natureza	gravíssima	(art.	129,	§	2o)	e	lesão	corporal
seguida	de	morte	(art.	129,	§	3o),	quando	praticadas	contra	autoridade	ou	agente
descrito	 nos	 arts.	 142	 e	 144	 da	 Constituição	 Federal,	 integrantes	 do	 sistema
prisional	e	da	Força	Nacional	de	Segurança	Pública,	no	exercício	da	função	ou	em
decorrência	dela,	ou	contra	 seu	cônjuge,	 companheiro	ou	parente	consanguíneo
até	terceiro	grau,	em	razão	dessa	condição;									(Incluído	pela	Lei	nº	13.142,	de
2015)
II	-	latrocínio	(art.	157,	§	3o,	in	fine);					(Inciso	incluído	pela	Lei	nº	8.930,	de	1994)
III	-	extorsão	qualificada	pela	morte	(art.	158,	§	2o);						(Inciso	incluído	pela	Lei	nº
8.930,	de	1994)
IV	-	extorsão	mediante	seqüestro	e	na	forma	qualificada	(art.	159,	caput,	e	§§	lo,
2o	e	3o);						(Inciso	incluído	pela	Lei	nº	8.930,	de	1994)
V	-	estupro	(art.	213,	caput	e	§§	1o	e	2o);							(Redação	dada	pela	Lei	nº	12.015,	de
2009)
VI	-	estupro	de	vulnerável	(art.	217-A,	caput	e	§§	1o,	2o,	3o	e	4o);									(Redação
dada	pela	Lei	nº	12.015,	de	2009)
VII	-	epidemia	com	resultado	morte	(art.	267,	§	1o).										(Inciso	incluído	pela	Lei
nº	8.930,	de	1994)
VII-A	–	(VETADO)										(Inciso	incluído	pela	Lei	nº	9.695,	de	1998)
VII-B	 -	 falsificação,	 corrupção,	adulteração	ou	alteração	de	produto	destinado	a
fins	 terapêuticos	ou	medicinais	 (art.	 273,	 caput	 e	 §	 1o,	 §	 1o-A	e	 §	 1o-B,	 com	a
redação	dada	pela	Lei	no	9.677,	de	2	de	julho	de	1998).						(Inciso	incluído	pela	Lei
nº	9.695,	de	1998)
VIII	 -	 favorecimento	da	prostituição	ou	de	outra	 forma	de	exploração	sexual	de
criança	ou	adolescente	ou	de	vulnerável	(art.	218-B,	caput,	e	§§	1º	e	2º).
[2]
ENUNCIADO	no.	07:
“Para	fins	de	concessão	de	benefício,	ressalvadas	as	regras	próprias	do	indulto	e
Execução	Penal	–	Felipe	Almeida
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da	comutação,	a	falta	praticada	por	apenado	caduca	em	01	(um)	ano.”

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