Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo DT – Problemas 1 ao 6 P1 – Angina Estável Circulação coronária - Coronária esquerda origina Descendente Anterior e Circunflexa; - Coronária Direita origina Coronária direita e Descendente posterior (60% dos casos); - O sangue flui para as coronárias durante a sístole. Compõe a vasodilatação – ADP, NO e parassimpático –; compõe a vasoconstricção – simpático. Aterosclerose 1. Disfunção endotelial + Fatores de risco (DLP e DM); 2. Deposição de LDL na camada íntima. Ali ele sofre um processo de oxidação através das EROS (espécies reativas de oxigênio); 3. Há um recrutamento monocitário, que fagocitam o LDL-ox e formam as células espumosas. O acúmulo de células espumosas forma as estrias gordurosas. 4. Esse processo facilita o acontecimento de lesões endoteliais (HAS também é fator de risco importante para lesão). A lesão aciona o sistema imunológico, que recruta mais monócitos e aumenta ainda mais a formação de células espumosas e ampliação do núcleo gorduroso da placa; 5. Esse processo ativa mediadores inflamatórios, dentre eles a IL-1, a qual estimula a migração de células musculares da média para a íntima. Outros mediadores são acionados, que acabam promovendo a deposição de fibrina e formação da “Capa Fibrosa” da placa. 6. Todo esse processo acaba formando um ciclo que tende a aumentar cada vez mais a placa, deixando ela susceptível ao rompimento nos locais em que a capa fibrosa é mais fina. 7. A ruptura da placa aciona a cascata de coagulação. Inicialmente há a formação de um trombo plaquetário (trombo branco). Esse trombo pode evoluir para um trombo de fibrina (trombo vermelho), que tem grande chance de ocluir o vaso e provocar um infarto. - O grau de evolução dos trombos determina se o acometimento se manterá como isquêmico ou corrente de lesão contínua – infarto. A localização do trombo (subendocárdico ou subepicárdico) determina se o acometimento será mais ou menos grave. Classificação da Dor - A Dor Torácica pode ser classificada como cardíaca ou não cardíaca. Dentre a cardíaca ela pode ser uma Angina típica ou atípica. - Para ser caracterizada como Angina típica, deve apresentar uma dor retroesternal/precordial, iniciar aos esforços e melhorar no repouso. - A caracterização da dor deve ter: localização, qualidade, duração/cronologia, irradiação, sintomas associados, fatores desencadeantes, de melhora ou piora. “Dor retroesternal, em aperto, de início aos esforços (ou piora aos esforços), com duração de menos de 10 minutos (no caso de angina estável), que melhora ao repouso ou com uso de nitrato. - Sempre lembrar de descartar as 5 causas fatais de Dor torácica: IAM com Supra; TEP; Dissecção de Aorta; Pneumotórax Hipertensivo e Ruptura de esôfago. O IMA pode ser descartado pelo ECG e enzimas, o TEP por D- dímero (alto valor preditivo negativo); os demais pela radiografia, sendo que o pneumotórax hipertensivo é de diagnóstico clínico. Angina estável - É uma síndrome clínica decorrente de uma isquemia transitória do miocárdio; - Placa aterosclerótica > redução da perfusão; esforço > aumento da demanda de oxigênio; aumento da demanda + redução da perfusão = isquemia > Dor; - Apresenta-se, geralmente, como uma dor tipicamente anginosa, com duração de 2 a 5 minutos. - Em pacientes idosos, mulheres (principalmente grávidas), transplantados cardíacos e diabéticos a sintomatologia pode ser inespecífica, aparecendo como equivalentes anginosos; - São equivalentes anginoso: dispneia, taquicardia, sudorese, síncope, FA ou TV, dor atípica, palidez, tosse, náusea/vômitos. Esses também podem se apresentar como sintomas associados. - Fatores de Risco: doença arterial periférica, histórico de AVE ou outros eventos isquêmicos, história familiar de DAC precoce (H < 55 e M < 65), dislipidemia, diabetes, HAS, tabagismo, sedentarismo e obesidade. - O exame físico do paciente com Angina Estável costuma ser normal; - Classificação I – angina a intensos esforços; II – angina a médios esforços, com discreta limitação das atividades diárias; III – angina com limitação de atividades diárias habituais; IV – angina em repouso ou a leves esforços, com incapacidade de realizar qualquer atividade; Exames complementares - Avaliam fatores de risco, complicações, comorbidades, possíveis fatores desencadeantes, possibilidade de introdução de alguns medicamentos e descarta outras causas de dor torácica. Laboratório: São eles: hemograma, EAS e eletrólitos, lipidograma, CPK, creatinina e ácido úrico, glicemia de jejum e Hb glicada, TSH e T4 livre, TGO e TGP e proteína C-reativa. ECG: 12 derivações, em repouso. Radiografia de tórax: principalmente se sinais de acometimento pulmonar (por ICC) ou para diagnóstico diferencial. Testes provocativos: são importantes para determinar o surgimento do evento isquêmico mediante ao esforço. 1. Teste ergométrico: baixa sensibilidade, mais barato e menos invasivo. O ECG é realizado antes, durante e após o esforço; seguindo um protocolo (Bruce) específico na esteira ou bicicleta. Avalia-se a exaustão, dispneia, queda da PA, arritmias e depressão de ST > 1mm. CI: pacientes com claudicação, doença arterial periférica, marca-passo, sequelas ortopédicas ou neurológicas, angina em repouso, ECG de repouso alterado, estenose aórtica, hipertensão pulmonar e outros. 2. Eco de estresse: é realizado um ecocardiograma, que avalia função do miocárdio; aplica-se então a dobutamina para aumentar o trabalho e demanda de O2. 3. Cintilografia de Perfusão: também realizada no repouso e ao uso de dobutamina. 4. Ressonância magnética: teste padrão ouro, também avalia a anatomia, porém é caro. Cateterismo: não está indicado para todos, sendo as principais recomendações: indicação de revascularização, dúvida diagnóstica ou exames inconclusivos, comorbidades (ICC e valvopatia graves), antes de cirurgias cardíacas, suspeita de isquemia não aterosclerótica, critérios de mal prognóstico em testes não invasivos, pós IAM não diagnosticado. O exame não deve ser feito em pacientes com Angina estável classe I ou II que respondem bem ao tratamento, nem em pacientes que não seriam beneficiados com a revascularização. Tratamento Não medicamentoso - Explicação e orientação sobre a doença; - Abandono do tabagismo; - Dieta hipossódica, hipolipídica, com consumo moderado de carboidratos, maior ingesta de peixes, leguminosas e hortaliças, menor ingesta de carne vermelha. - Atividade física: deve ser recomendada conforme a classificação da angina e o teste provocativo. Atividades no mínimo 3 vezes por semana, com 30 minutos mínimos aos dia, totalizando ao menos 150 minutos por semana; - Controle do peso; - Controle do estresse – terapia. Tratamento das comorbidades – Hipertensão, Diabetes, Dislipidemia, doença da Tireoide, entre outros. Tratamento medicamentoso - AAS, Estatina, IECA e β-bloqueador + Nitrato de ação rápida SOS - O principal foco é estabilizar a placa e reduzir o metabolismo cardiovascular; - Metas terapêuticas: FC < 70bpm; PA < 130x80 e > 120x70; HDL > 40; LDL < 50; TG < 150; Hba1c < 7; - Fluxograma de FC: Se FC > 70 em uso de BB, aumentar BB ou associar BCC (verapamil ou diltiazem) ou Ivabradina (sempre se FE < 50%). Se FC < 70 + Dor refratária, associar BCC di-idropiridinicos (Nifedipina); se refratário – Trimetazidina; se refratário – Nitrato de ação prolongada e por último Alopurinol. Medicamentos 1. AAS: Inativa irreversivelmente a COX-plaquetária, inibindo a adesão e agregação das plaquetas (ação por 5 a 7 dias). EA e CI: hipersensibilidade, dispepsia (úlceras), hemofilia, insuficiência hepática, hemorragia ativa. 2. Clopidogrel (Tienopiridinas): inativa a glicoproteína IIb/IIIa, inibindo a ativação e agregação plaquetária. Pode ser usado em substituição ao AAS ou em associação. CI: alergia, hemorragia, passado de AVC hemorrágico, hepatopatia, diálise e plaquetopenia. 3. Estatina: inibe a produção de colesterol e de LDL, aumenta os receptores de LDL retirando-os da circulação;atua, portanto, estabilizando a placa e inibindo o aumento do núcleo gorduroso, ajuda também reduzindo a inflamação. A estatina usada é a Rosuvastatina ou a Atorvastatina. Na impossibilidade dessa, pode ser usado Ezetimiba ou inibidor da PCSK9. CI: miopatia, rabdomiólise, hepatopatia e DM. Lembrar de pedir CPK e TGO antes de introduzir a medicação. 4. IECA: atua reduzindo a inflamação e estabilizando a placa, mecanismo ainda pouco compreendido. Pode ser indicado também por sua ação inibitória sobre o SRAA, pois reduz o remodelamento cardíaco e a retenção de volume. CI: DRC (se a introdução da droga levar o paciente à diálise), gravidez, tosse seca. 5. β-Bloqueador: tem função antianginosa e antiarrítmica, reduz a FC e o trabalho do miocárdio – diminuindo a necessidade de oxigênio do musculo cardíaco; a PA também é reduzida. Usa-se principalmente os cardiosseletivos, pois tem menor interferência em outros sistemas (Metoprolol e Atenolol). CI: valvopatia aórtica, bradicardia, PAS < 90mmHg, BAV, DPOC e asma, doença arterial periférica, angina vasoespastica. 6. BCC: são usados quando o BB é contraindicado ou em associação. Para a redução da FC são usados os não di- idropiridinicos – Verapamil e Diltiazem – atuando ainda na vasodilatação coronária e na redução da demanda de oxigênio. Podem ser usados para manejo da dor refratária os di-idropiridinicos – Anlodipino ou Nifedipino – que atuam perifericamente. CI (DI): valvopatia aórtica, cefaleia, tontura, palpitação e hipotensão; podem gerar taquiarritmias. CI (ND): doença do nó sinusal, BAV, IVE; podem cursar com hipotensão, bradiarritmia, edema e constipação. 7. Nitrato: promovem a vasodilatação (principalmente venodilatação) através do NO, reduzindo o trabalho do miocárdio e a demanda de oxigênio e melhorando a perfusão coronária. Podem ter ação ultrarrápida ou prolongada e seu uso deve ser feito com o paciente sentado, pois pode cursar com hipotensão ortostática. CI: PAS < 100mmHg; uso de sildenafil nas últimas 24h, cardiomiopatia hipertrófica e infarto de VD. 8. Ivabradina: inibe a corrente de automatismo do no sinusal, reduzindo a FC sem alterar o perfil contrátil; é usada como terceira opção ou como segunda nos pacientes com FE < 50%. 9. Trimetazidina: reduz a demanda de oxigênio, melhora o uso de ATP pelo miocárdio e tua na redução do metabolismo de ácido graxo (que tem menor aproveitamento de ATP). É as segunda opção na permanência de dor quando a FC < 70bpm. 10. Alopurinol: tem efeito antianginoso pouco compreendido. CASO 01 Fem. 61 anos. Dor precordial em aperto, leve intensidade, aos médios esforços, com melhora ao repouso e duração de 2 a 3 minutos. Comorbidade: perda da acuidade visual, claudicação, DPOC, HAS não controlada, tabagista, sedentária, DLP. 1. Definir o diagnóstico e classificar a sintomatologia da paciente. Paciente apresenta Angina Estável. A classificação da dor como uma Angina típica, pois apresenta localização precordial, qualidade típica em aperto, com início aos esforços, melhora ao repouso e duração de menos de 10 minutos. O quadro anginoso pode ser classificado como Classe II. 2. Explicar a fisiopatologia e correlacionar com a sintomatologia do paciente. A angina estável é a apresentação sintomática de uma isquemia transitória do músculo cardíaco. Essa isquemia transitória ocorre pelo aumento da necessidade de oxigênio pelo miocárdio em virtude de um esforço associado a redução da perfusão coronária pela presença de uma placa aterosclerótica. A formação da placa aterosclerótica segue um processo de deposição de LDL na camada íntima (tendo como fator de risco importante a dislipidemia); o LDL sofre um processo de oxidação, o qual libera citocinas e favorece o recrutamento de monócitos, os quais fagocitam o LDL-ox e formam as chamadas células espumosas, que vão compor o núcleo gorduroso da placa. Processos de lesão endotelial associados a HAS, por exemplo, vão aumentar a inflamação local e recrutar mais monócitos, aumentando ainda mais a formação das células espumosas; ciclo que ativa várias citocinas, dentre elas a IL-1, que favorece a migração de células musculosas da camada média para a íntima, consolidando a formação da placa. A placa apresenta uma capa fibrótica, que pode estar mais ou menos espessa. Quanto mais espessa, mais estável a placa e menor o risco de rompimento e formação de um trombo. No caso da Angina estável, a placa geralmente é grande, de forma a redução a perfusão coronária, porém tem menor risco de rompimento; como a perfusão está reduzida, quando a aumento do trabalho do miocárdio (durante atividade física), o suprimento de oxigênio necessário não é mantido, gerando uma isquemia transitória, a qual se apresenta como Dor. 3. Citar os exames a serem pedidos para a paciente e justificar. - Laboratório: Hemograma – avaliação plaquetária e presença de infecção. Lipidograma – avalia o fator de risco aterosclerótico. EAS, eletrólitos, creatinina e albuminúria – avalia a função renal, importante para introdução de certos medicamentos, como o IECA.TGO e CPK – um avalia a função hepática e o outro a presença de degeneração muscular, são importantes para avaliar a introdução de estatinas. Glicemia de Jejum e Hba1c: avalia a presença de DM, fator de risco importante. TSH e T4 livre – avalia a função tireóidea e descarta diagnóstico diferencial importante. D-dímero – marcador de presença de trombo, tem grande fator preditivo negativo, pode ser usado para descartar outros diagnósticos diferenciais, como TEP. - ECG: se o paciente chegar com dor, o ECG deve ser realizado e analisado em 10 minutos. Deve ser procurado a presença de BRE de início recente ou Supra de ST para descartar ou diagnosticar Infarto Transmural. Pode evidenciar presença de isquemias (apiculação e simetria de onda T positiva – Isquemia subendocárdica; apiculação e simetria em Onda T negativa – Isquemia subenpi32cárdica). - Radiografia de tórax: importante para descartar alguns diagnósticos diferenciais graves de dor torácica, como dissecção de aorta e ruptura esofágica. - Teste de esforço, no caso da paciente – Ecocardio de estresse é o mais indicado, devido a impossibilidade do Teste Ergométrico pela presença de claudicação. É usado para avaliar a função miocárdica durante o repouso e durante o aumento da demanda, realizado pela aplicação de dobutamina. - Cateterismo: não é indicado para todos os pacientes; no caso da paciente – classe II – não é recomendado. As principais indicações seriam: dúvida diagnóstica, mal prognóstico nos exames não invasivos, comorbidades (valvopatia, ICC) e IAM com Supra anterior não diagnosticado, paciente refratário que realiza tratamento adequado. 4. Definir o manejo da paciente - Tratamento não medicamentoso: abandono do tabagismo; dieta hipossódica, hipolipídica, consumo moderado de carboidratos e carne vermelha, maior consumo de peixes, hortaliças e leguminosas; realização de atividade física – conforme possibilidade devido a DAP – com no mínimo 3 dias na semana e 150 minutos por semana. Controle da dislipidemia, da hipertensão e da DPOC. Controle do estresse – Terapia. - Tratamento medicamentoso: uso de AAS – para prevenção da formação de trombo plaquetário caso haja rompimento da placa; uso de Rosuvastatina – para redução do colesterol e do LDL circulante, melhora a estabilização e reduz a inflamação da placa; uso de beta-bloqueador cardiosseletivo (DPOC e DAP contraindicação relativamente o BB) – atua reduzindo a FC e a necessidade de oxigênio pelo músculo, melhorando principalmente a sintomatologia; uso de IECA – atua reduzindo a inflamação e aumentando a estabilização da placa. Uso de Nitrato de ação rápida quando houver Dor – vasodilatador, melhora a perfusão e ajuda no controle da dor. - Metas: para tratamento adequado, a paciente deve manter a FC < 70bpm, a PA entra 130x80 e 120x70mmHg, o HDL > 50 (mulher > 50; homem > 40); LDL < 50; TG < 150 e Hba1c < 7 5. Paciente retorna ao consultório com FC de 85bpm e ainda com dor,alega estar seguindo o tratamento, mas não consegue alcançar as metas terapêuticas. Descreva o manejo do paciente para controle da FC e da dor. - Se FC > 70bpm, associar uso de BCC – Verapamil ou Diltiazem. Poderia ter aumentado a dose do BB, porém a paciente apresenta algumas comorbidades (DPOC e doença arterial periférica). Para o controle da dor, o uso de BCC – Nifedipino ou Anlodipino; se ainda assim a dor não melhorar, lança-se mal da Trimetazidina (melhor o uso de ATP do miocárdio, reduzindo a necessidade O2); se ainda assim não houver melhora, faz-se uso do Nitrato de ação prolongada e, se ainda assim não houver melhora, usa-se o Alopurinol. P2 – Angina Instável e IAM sem Supra - A fisiopatologia do processo é uma evolução da Doença Aterosclerótica, com evolução para uma placa instável e ruptura, com formação de um trombo de plaqueta – trombo branco. O trombo pode atingir os vãos subendocárdicos ou subepicárdicos, e podem ocluir parcialmente ou quase que totalmente o lúmen. - O paciente geralmente apresenta-se com dor torácica típica, porém ocorrendo em repouso, durando entre 10 e 20 minutos; de início recente (últimas 2 semanas) e com piora progressiva (+ intensa, + prolongada + frequente). - Em pacientes idosos, mulheres grávidas, transplantados cardíacos e diabéticos – ficar atento aos equivalentes anginoso: dispneia, desconforto epigástrico, náusea, vômitos e síncope. - Ao exame físico o paciente pode apresentar diaforese, sudorese, pele fria e pálida, ausculta de B3 e/ou B4, estertores basais e hipotensão. - A condução do atendimento deve ser rápida, sempre objetivando descartar as causas de morte no paciente com Dor torácica: IAM com supra, Pneumotórax hipertensivo; Dissecção de aorta; Ruptura esofágica e TEP. Fluxograma de atendimento 1. Caracterizar e classificar a Dor; 2. Avaliar os Fatores de Risco; 3. Exame físico – descartar diagnósticos diferenciais que seriam mais graves; 4. ECG em 10 minutos (realizado e em mãos) e demais exames complementares (não necessariamente prontos – laboratório, biomarcadores, radiografia); - Se Supra de ST ou BRE de início recente – Seguir protocolo de IAM com Supra. - Se elevação dos MNM – Seguir protocolo de IAM; - Se exames sem evidencia de IAM com supra – Reavaliar ECG e MNM a cada 3h. 5. Estratificar o Risco do Paciente em até 12h de internação (Escore de GRACE ou TIMI RISK). - Se TIMI moderado a alto – Interna e segue protocolo (CATE e Medicação); - Se TIMI baixo – marcar realização de Teste de Esforço e seguir com alta; Exames - ECG: deve ser procurado supra de ST ou BRE de início recente para descartar IAM transmural. Outros acometimentos podem ser identificados, dentre eles: (1) Onda T apiculada, simétrica e positiva – Isquemia subendocárdica; (2) Onda T apiculada, simétrica e negativa – Isquemia subepicárdica; (3) Infradesnivelamento de ST com onda T positiva – Infarto subendocárdico. Se o paciente apresentar Infra de V1 a V4, sem apresentar supra em nenhuma derivação, deve-se checar Parede Posterior – V7 e V8. - Biomarcadores: pacientes com IMSEST apresentam elevação dos marcadores de necrose miocárdica. Mioglobina: menos específico, tem grande valor preditivo negativo; é o que se eleva primeiro (1 a 2h do início da dor). CK-MB massa: pouco especifico também, porém mais sensível; eleva-se entre 3 e 6h do início da dor e tem seu pico rapidamente. Troponina: marcador mais específico, porém demora mais para se elevar – 4 a 8h do início da dor –; tem seu pico em até 72h e normaliza-se entre 5 a 14 dias. Os biomarcadores são importantes na avaliação do reinfarto. - Cateterismo: o CATE é usado para avaliar o grau de estenose coronária, sendo indicado para pacientes com IAM sem supra, TIMI alto ou TIMI moderado (em até 48h). Seu resultado é usado para definir se há necessidade de revascularização – estenose de 50% de Tronco coronário ou de 70% das artérias epicárdicas. - Cateterismo de emergência: dor refratária, infra persistente de ST, instabilidade hemodinâmica, elevação progressiva dos MNM e arritmia ventricular grave. - Outros: Radiografia de tórax (descartar Dissecção de aorta e Ruptura de esôfago, também identifica Pneumotórax hipertensivo, apesar do diagnóstico ser clínico); Lipidograma (importante ser feito antes para identificar o fator de risco, isso porquê o lipidograma se altera após episódios de IAM); hemograma, ureia, creatinina, TAP e TTPa, eletrólitos, TGO, CPK, glicemia de jejum, ecocardiograma. Estratificação TIMI RISK: M: Marcadores de Necrose Miocárdica elevados; A: Angina – 2 episódios em 24h; R: Risco – > 3 Fatores de Risco (DM, HAS, DLP, Tabagismo e hist. Familiar de DAC precoce); I: idade > 65 anos; C: Coronárias com estenose > 50% A: AAS em uso nos últimos 7 dias; S: Infra de ST > 0,5mm - O escore TIMI avalia o risco de infarto em: 0 a 2: Baixo; 3 e 4: Moderado; 5 a 7: Alto; sendo que cada um pontua 1 na estratificação. Tratamento - Monitorização: FC. PA, Saturação de O2, Eletro; - Via aérea; - Dois acessos periféricos; - Farmacoterapia: MONABICHE O: oxigenoterapia à 100% (exceto) mandatória para todos os pacientes nas 3h iniciais, mantida para quem apresentar SatO2 < 90%. O oxigênio é importante pois aumenta a disponibilidade de O2 para o uso do miocárdio. N: melhora a perfusão coronária, reduzindo a isquemia e, portanto, a dor. Poder ser usado até 3 vezes, com intervalo de 5 minutos se a dor for refratária. Se ainda assim não houver melhora, pode ser feito uso de Nitrato de ação prolongada ou Morfina. A: AAS, atua inibindo a adesão/agregação plaquetária, visando interromper a evolução do formação do trombo plaquetário. M: Morfina; tem atuação na analgesia da dor refratária; mas também tem efeito venodilatador importante, reduzindo a pré-carga e, portanto, o trabalho cardíaco. É contraindicada na presença de infarto de VD. C: Clopidogrel, inibe a ativação/agregação plaquetária, impedindo a evolução do trombo. H: Heparina (HNF ou HBPM; bivalirrudina), essas drogas atuam inibindo a cascata de coagulação (inibição dos fatores III e Xa – heparina; inibição da trombina – bivalirrudina); impedindo a evolução do trombo plaquetário para um trombo de fibrina. B: Beta-bloqueador, de preferência cardiosseletivo; é usado com o paciente estabilizado (FC > 70 e PAS > 100mmHg) desde que não haja contraindicação; atua reduzindo o trabalho e a frequência do miocárdio, reduzindo a necessidade de oxigênio. E: Estatinas atuam inibindo a evolução da placa através da redução do colesterol e do LDL circulante, além disso tem componente anti-inflamatório, o que ajuda na estabilização. I: IECA, tem atuação pouco compreendida, pode ser administrado de 6-12h após o início do tratamento do paciente, com esse estável e não hipotenso; sabe-se que reduz a inflamação e ajuda a estabilizar a placa. CASO 2 Fem. 28 anos, grávida, sem histórico de evento isquêmico. Apresenta-se com dor epigástrica intensa, há cerca de 7 dias, intermitente, sendo último episódio há 15 minutos, com durações médias de 10 minutos e intervalo entre os episódios variando de 3 a 7h. Comorbidades: DLP, HAS; mãe faleceu de infarto aos 54 anos. Refere uso anterior de heparina, com desenvolvimento de Trombocitopenia induzida por heparina. Apresenta-se com FC 110bpm, PA: 140x70, taquicardica, taquipneica, pulso periférico cheio e normopropulsivo bilateralmente; MV presentes bilateralmente. Foi realizado o ECG (evidenciou um Infradesnível do segmento ST de V1 a V4), e outros exames. Aguarda em observação 1. Descreva como deve ser o fluxograma de atendimento da paciente O primeiro passo do atendimento da paciente é a Caracterização e classificação da dor; nesse caso ela apresenta quadro de dor epigástrica, que pode ser considerada um equivalente anginoso, o que é relativamente comum por ela ser grávida. A dor é de grande intensidade, de início recente (há 7 dias), com piora progressiva e duração média de 10 minutos; componentes que sugerem uma Angina Instável.No segundo momento, devem ser avaliados os fatores de risco, no caso, a paciente apresenta dislipidemia e obesidade como fatores de risco conhecidos importantes para suspeita de DAC e SCA. O terceiro passo é o exame físico, buscando sempre avaliar a possibilidade de outros acometimentos, principalmente mais graves. No caso pode-se descartar a presença de um Pneumotórax Hipertensivo, já que a ausculta está normal. O quarto passo é a realização de ECG em 10 minutos, buscando-se descartar Supra de ST ou BRE de início recente. O ECG da paciente apresenta um Infra de Segmento ST de V1 a V4, o que pode ser indicativo de Infarto subendocárdico de parede anterior. Para se descartar imagem espelho da parede posterior com um possível Infarto com Supra, deve-se pedir as derivações V7 e V8. Além do ECG, devem ser pedidos outros exames, tais como: MNM (avaliar a presença de morte dos cardiomiócitos), hemograma (avalia as plaquetas), radiografia de tórax (avalia a presença de outras causas de dor torácica, como dissecção de aorta e ruptura de esôfago), lipidograma (avalia comorbidades e costuma se alterar após infarto), uréia, creatinina, EAS e eletrólitos (avaliam a função renal); TGO e CPK (avaliam a possibilidade de uso de estatina); TSH e T4 livre (avalia comorbidade), TAP e TTPa (avalia a coagulação antes do uso de ACO), glicemia de jejum e Hba1c (avalia a presença de DM). Descartando-se IAM com supra pelo ECG e enzimas cardíacas, esse paciente deve refazer os exames a cada 3h e ficar monitorizado. Se as enzimas derem alteradas, com aumento da Troponina, paciente deve ser internado, feito cateterismo e receber tratamento. O quinto passo é a realização de Estratificação de Risco, preferencialmente em até 12, o principal escore de estratificação é o de GRACE, porém classificaremos conforme o TIMI RISK. No caso da paciente, ela não apresenta aumento dos MNM, apresenta mais de 2 episódios de angina nas últimas 24h (soma 1), apresenta 3 ou mais fatores de risco (DLP, HAS e AVC precoce – soma 1), apresenta Infra de ST (soma 1), não apresenta estenose coronária diagnosticada, não fez uso de AAS nos últimos 7 dias e não tem mais de 65 anos. Por pontuar 3, ela é classificada como Moderado risco e, portanto, deve ser internada, seguindo para cateterismo e tratamento específico. 2. Defina o Manejo da paciente. - Cateterismo, a presença de um IAM sem supra, além da classificação de TIMI como moderado risco, determina a realização de Cateterismo nessa paciente. Esse exame é importante pois irá avaliar a necessidade de revascularização nos casos de estenose de tronco coronária > 50% ou de artérias epicárdicas > 70%. - Monitorização da PA, FC, saturação de O2; 2 acessos venosos periféricos. - Oxigenoterapia à 100%, por no mínimo 3 horas, mantendo se a saturação for < 90%. - Nitrato, como a paciente está sem dor, não há necessidade de evoluir para o uso de morfina. O nitrato proporcionará uma vasodilatação, melhorando a perfusão do músculo cardíaco. - AAS, usado como antiagregante plaquetário, vai inibir a amplificação do trombo plaquetário; - Clopidogrel, também atua inibindo a adesão/agregação plaquetária; - Beta-bloqueador; usado para reduzir a FC da paciente e o trabalho do miocárdio, reduzindo a necessidade de oxigênio e a isquemia/infarto do músculo. - Estatina, usada para estabilizar a placa, com redução do LDL circulante, assim como da inflamação. - Já que a paciente tem histórico de TIH, pode-se usar a Bivalirrudina como anticoagulante, que atuará inibindo a Trombina e, portanto, a cascata de coagulação, impedindo a formação de um trombo de fibrina. - Não está indicado o uso de IECA, pois a paciente está gravida e esse é contraindicado pelo potencial teratogênico. Infarto com Supra - Determinantes de vulnerabilidade para evolução da aterosclerose para aterotrombose: grau de inflamação da placa, magnitude do núcleo gorduroso, espessura da capa e profundidade da ruptura. Fisiopatologia - Rompimento da placa, formação de um trombo plaquetário e evolução para trombo de fibrina com oclusão coronariana total - Infarto; - Instalação de um déficit contrátil segmentar – discinesia ou acinesia. Se a área isquêmica for maior de 20%, instala- se uma insuficiência ventricular esquerda; - Desenvolvimento de disfunção diastólica, com aumento da pressão de enchimento de VE; - Congestão pulmonar; - Remodelamento cardíaco: acontece após estresse mecânico ventricular, geralmente em infartos mais extensos, em que num período de 3 a 10 dias, as fibras necróticas deslizam entre si, alterando a geometria ventricular e favorecendo a dilatação da câmara. O remodelamento é o principal causador de uma insuficiência cardíaca, pois altera a dinâmica cardiovascular e a força/perfil contrátil do segmento afetado, também está relacionado ao desenvolvimento de aneurisma ventricular, por deixar a parede do ventrículo mais fina e susceptível. Clínica e Exame físico - Dor torácica típica, de forte intensidade, com duração maior que 20 minutos, geralmente refratária ao uso de nitrato. Alguns comemorativos são: dispneia, náusea, vômitos, sudorese, palidez, ansiedade, sensação de morte eminente. - Equivalentes anginosos: dor torácica em queimação ou facada, dispepsia, exaustão, lipotímia, síncope, deficit neurológico, morte súbita. - Fatores desencadeantes: estresse físico e emocional. - Exame físico: bradicardia sinusal ou taquiarritmia, hipertensão (aumento do tônus simpático), surgimento de B4 e B3 (pior prognóstico), estertores pulmonares, hipotensão ortostática. Nos casos de Infarto de VD, pode haver hipotensão, turgência jugular e ausculta limpa. Classificação de Killip I – sem dispneia, estertores ou B3; II – com dispneia, estertores discretos, B3 e/ou turgência (VE ou VD); III – Edema Agudo de Pulmão (VE); IV – choque cardiogênico; Exames 1. ECG - Deve ser realizado em 10 minutos, fazendo a correlação entre a derivação e a parede afetada. V1 a V4 – Parede Anterior (Artéria Descendente Anterior); V5 e V6 – Parede Lateral Baixa (Artéria Circunflexa); DI e aVL – Parede Lateral Alta (Circunflexa); DII, DIII e aVF – Parede Inferior (Coronária Direita); V7 e V8 – Parede Posterior (Cx ou CD); V3R e V4R – Ventrículo Direito (Coronária Direita). - Para diagnóstico de IMCEST, deverá estar presente elevação do segmento ST em 2 ou mais derivações contiguas de uma mesma parede ou BRE de início recente. - É importante conhecer as imagens espelho. Por exemplo, em MASEST de Parede anterior, deve-se pedir V7 e V8 para descartar supra de Parede Posterior. Agora, para IMCEST de parede inferior, deve-se pedir V3R e V4R para descartar a presença de infarto de VD, pois muda o tratamento; além de V7 e V8, pois como a Descendente Posterior pode ser ramo da CD, deve-se descartar seu acometimento também. 2. Marcadores de Necrose Miocárdica - Mioglobina: alto valor preditivo negativo, eleva-se nas primeiras horas, normaliza-se primeiro; - CK-MB massa: pouco específico, eleva-se entre 3 e 6h do evento, normaliza em até 72h; - Troponina: mais específico, eleva-se entre 4-8h do evento, normalizando em 5 a 14 dias. Usada para diagnóstico, prognóstico e identificação de reinfarto. 3. Outros - Ecocardiograma: usado quando o ECG não é diagnóstico; evidencia o segmento acometido e a extensão do acometimento. Tem maior valor prognóstico, pois consegue avaliar a extensão, se a FE está mantida ou reduzida, e se há presença de complicações mecânicas. - Outros exames já citados, com as mesmas indicações: Radiografia de Tórax, hemograma, lipidograma, TAP, TTPa, uréia, creatinina, eletrólitos e EAS; Hba1c, glicemia de jejum; TGO e CPK. Diagnostico e Tempos - Para o diagnóstico de IMCEST, o paciente deve apresentar pelo menos 2 dentre 3 de: Dor torácica típica, ECG com Supra de ST ou BRE novo, Biomarcadores elevados. - O DeltaT ideal para a reperfusão é de 6h do evento; podendo se estender para 12h se Dor ou Supra persistentes. - O tempo ideal para trombolizar o paciente após a chegada no serviço – Porta-Agulha– é de 30 minutos. - O tempo para realização de angioplastia após chegada do paciente no serviço– Porta-Balão – é de 90 minutos. - O tempo para se transferir um paciente para realização de angioplastia é de 120 minutos. Tratamento - Correlacionar com o Killip e local do infarto: Se Killip I – Tratamento completo; Se Killip II – Não faz BB; Se Killip III – Não faz BB; Se Killip IV – Não faz Morfina, Nitrato, BB e IECA; Se infarto de VD – Não faz Morfina, Nitrato e BB. Faz reposição volêmica - Lembrando que a angioplastia é sempre preferível, principalmente se Killip maior ou igual a III. A contraindicação do BB é pelo risco de aumentar a disfunção sistólica. O: oxigenoterapia para todos os pacientes nas 3h iniciais, mantendo se saturação < 90%. Nos pacientes refratários, avaliar necessidade de VNI ou IOT. M: morfina, costuma ser utilizada já de início pois a dor do IMCEST costuma ser refratária ao uso de nitrato. Além da analgesia, promove venodilatação, reduzindo o trabalho cardíaco (reduz a pós-carga e a pré-carga). CI: alergia e IAM de parede inferior ou de VD. N: nitrato, promove a vasodilatação, melhorando a perfusão miocárdica e reduzindo a pré e pós-cargo, diminuindo o trabalho cardíaco. CI: PAS < 90mmHg, bradicardia, infarto de VD e uso de sildenafil nas últimas 24h. A: AAS, é um antiagregante plaquetário, atua inibindo a ativação e agregação das plaquetas para formar ou aumentar o trombo plaquetário; não é o principal problema do IAM com supra, porém é de grande importância impedir a formação novos trombos. CI: alergia, sangramento ativo, hemofilia, úlcera péptica, hepatopatia grave. C: Clopidogrel ou prasugrel; também atuam inibindo a agregação e ativação plaquetária. A antiagregação dupla é de suma importância e deve ser mantida após alta hospitalar para prevenir novos infartos. CI: alergia e sangramentos ativos. B: Beta-bloqueador, de preferência os cardiosseletivos – Metoprolol. Reduzem a FC, o inotropismo e a PA; melhorando a perfusão coronária e reduzindo o trabalho. CI: PAS < 100mmHg; FC < 60bpm; BAV; asma e DPOC; Killip > II, disfunção de VE. Terapia de Reperfusão: etapa mais importante do manejo, ela tem como objetivo desobstruir a coronária, reestabelecendo a perfusão. 1. Angioplastia: deve ser realizada em até 90 minutos, em um centro de referência. É o mais indicado no geral, principalmente para os pacientes com Killip maior ou igual a III. Ela pode ser Primária (quando feita como primeira opção da reperfusão); de Resgate (quando é feita após o uso de Trombolítico sem sucesso) ou Eletiva. 2. Trombolíticos: devem ser feitos em até 30 minutos após a chegada no hospital. O mais usado é a Estreptoquinase, que atuam sobre o trombo de fibrina, degradando-o. CI: absolutas – AVC hemorrágico prévio, sangramento ativo, neoplasia no SNC, lesão vascular e suspeita de dissecção de aorta; relativas – muito idosos, baixo peso, gravidez, exposição prévia a SK há mais de 5 anos, HAS não controlada, uso recente de varfarina. - Critérios de reperfusão: são utilizados para avaliar se a terapia de reperfusão teve resultados, os critérios são: desaparecimento da Dor; redução de > 50% do ST na derivação mais alta; pico precoce dos MNM; ritmos de reperfusão (extrassístoles ou idioventricular) - O Cateterismo é usado para avaliar a patência coronária após trombólise. Na evidência de reoclusão ou reinfarto, pode ser laçada mão da Angioplastia de Resgate. H: heparina, HBPM ou HNF (mais usada pós-angioplastia); atuam inibindo o fator III e Xa ativo da cascata de coagulação e, portanto, inibindo a formação de trombo de fibrina. Geralmente ela é mantida por no mínimo 48h ou por todo o período de internação; avaliando a necessidade de manutenção no caso de algumas comorbidades – FA, trombo intracavitário e TEP. CT: hemorragia, TIH, alergia, AVC hemorrágico. Se grávida ou DRC dar preferência para o uso da HNF, pois é de mais fácil monitorização pelo TTPa e hemograma, além de ter um antidoto – Sulfato de Protamina. E: Estatina, deve ser introduzida nas 24h iniciais do tratamento, com uso de Rosuvastatina em dose máxima. Melhora os níveis de colesterol e LDL circulantes, estabilizando a placa e reduzindo a inflamação. CI: hepatopatia grave e miopatia. I: IECA, tem ação ainda pouco compreendida, porém atua reduzindo a inflamação e estabilizando a placa, assim como inibindo o SRAA e, portanto, a remodelação cardíaca. CI: estenose de artéria renal bilateral, hipotensão, Killip IV, gravidez e DRC grave. - Drogas de manutenção: Antiagregação dupla com AAS e Clopidogrel, Estatina, IECA e BB. Complicações Mecânicas pós-infarto - Insuficiência cardíaca: geralmente consequência do remodelamento cardíaco quando a área infartada ultrapassa 20% do ventrículo. - Aneurisma ventricular: também costuma surgir como consequência do remodelamento, com afinamento da parede e formação do aneurisma; o diagnóstico é ecocardiográfico, identificando uma redução da FE pelo roubo de débito do aneurisma. Deve ser usada varfarina e encaminhado para cirurgia. - Insuficiência mitral: geralmente ocorre como consequência de isquemia dos músculos papilares, podendo haver ruptura da cordoália tendínea em casos mais graves. Apresenta-se com sopro mitral, IVE e EAP. O tratamento é cirúrgico. - Ruptura de septo: apresenta-se como uma ICC biventricular, com queda da saturação. O tratamento é cirúrgico. - Ruptura de parede livre: é um evento catastrófico, porém pouco comum; cursa com tamponamento, choque, AESP e morte. O tratamento é cirúrgico e de emergência. CASO O3 Fem. 68 anos, trazida pelo SAMU. Apresenta-se com precordialgia em aperto, com irradiação para o MSE e dorso, associada a sudorese, náuseas e sensação de morte surgidos há 1h após umas discussão. REG, PA 120x70, 130bpm, palidez cutânea, agitada. À ausculta, presença de B3, e sopro sistólico em foco mitral; MV audíveis universalmente, presença de estertores pulmonares finos, Sat 95% e 22irpm. ECG com presença de elevação de segmento ST em DII e DIII. 1. Defina o diagnóstico e classifique o quadro da paciente correlacionando com a fisiopatologia da doença. Diagnóstico de Infarto do Miocárdio Transmural de Parede Inferior – Coronária Direita. O diagnóstico pode ser confirmado pois a paciente apresenta 2 de 3 critérios – ECG com Supra e Dor precordial típica. Pela presença de estertores pulmonares e B3, podemos classificar o evento em Killip II. O IMCEST é um evento que ocorre quando a interrupção da perfusão do tecido cardíaco e morte dos cardiomiócitos. O evento em si é o fim de um processo de aterosclerose e aterotrombose. O processo de aterosclerose já explicado (acúmulo de LDL – oxidação – mediadores inflamatórios – monócitos – células espumosas – lesão – inflamação – migração de células musculares – aumento do núcleo gorduroso – formação da placa fibrosa) vai aumentando pelo não controle dos fatores de risco; em algum momento os determinantes de vulnerabilidade da placa – aumento do núcleo gorduroso, grau de inflamação, espessura da capa e profundidade da ruptura – são atingidos e ela se rompe. A ruptura da placa inicia a cascata de coagulação, de início há a formação de trombo plaquetário, que é mais facilmente revertido quando manejado, porém, a cascata contínua a há a formação do trombo de fibrina. Esse acaba aumentando e ocluindo todo o lúmen, qua já está estenosado pela aterosclerose. A oclusão do lúmen impede a perfusão do músculo na região subjacente, determinando a isquemia e o infarto dos cardiomiócitos, que é o que gera a Dor do paciente. Como o processo não é resolvido, a dor continua até a morte definitiva da região afetada. Se o paciente tiver uma rede vascular marginal boa, consegue manter a viabilidade da parede afetada por mais tempo, porém, a resolução do quadro só acontecerá se houver reperfusão a tempo. 2. Arrole os principais exames complementares a serem solicitados e justifique. O principal exame nesses casos é o ECG, já solicitado; por haver acometimento das derivações DII e DIIIqua avaliam parede inferior, é importante solicitar as derivações V3R 3 V4r, para verificar a presença de infarto de VD; já que a irrigação é a mesma e um possível infarto de VD muda a conduta do paciente. Devemos solicitar ainda Lipidograma – deve ser feito rapidamente, pois o resultado estará alterado no pós-infarto; EAS, uréia, creatinina e eletrólitos – para avaliação da função renal, pois alguns medicamentos não podem ser feitos em pacientes com ClCr < 30; TGO e CPK – pois avaliam a possibilidade de uso de estatinas; Hemograma – principalmente para avaliar as plaquetas antes do uso dos anticoagulantes; TAP e TTPa – para avaliar a coagulação antes do uso da heparina; TSH e T4 livre – para avaliar a presença de doença tireoidiana, que deve ser controlada. Radiografia de tórax – importante para avaliar a presença de dissecção de aorta e ruptura de esôfago, além de descartar outros acometimentos pulmonares. Ecocardiograma – pode ser feito para avaliar a real extensão do infarto e possíveis complicações mecânicas. 3. Descreva o manejo adequado para a paciente. Paciente deve ser monitorizada – PA, FC, Saturação –, devem ser feitos dois acessos venosos periféricos. Ante de iniciar a terapia, devemos descartar infarto de VD, como já explicado. Pela classificação como Killip II e sendo apenas Infarto de Parede Inferior, a paciente não deverá receber Beta-Bloqueador, pois o risco de gerar uma insuficiência ventricular esquerda é grande. Sendo assim o manejo deverá ser: - Oxigenoterapia à 100%, por no mínimo 3 horas, mantendo se a saturação for < 90%; melhora a perfusão do músculo. - Nitrato, proporcionará uma vasodilatação, melhorando a perfusão do músculo cardíaco e aliviando a sintomatologia dolorosa. - Morfina, como a dor do paciente é intensa, o uso da morfina costuma se fazer necessário; além disso ela ajuda reduzindo a pré-carga e o trabalho do coração. - AAS, usado como antiagregante plaquetário, vai inibir a formação do trombo plaquetário, reoclusão ou reinfarto; - Clopidogrel, também atua inibindo a adesão/agregação plaquetária, com os mesmos efeitos do AAS - Ivabradina (?), como ela atua diretamente sobre a corrente de automatismo, reduz a FC sem alterar o inotropismo. - O passo mais importante do manejo desse paciente é a Terapia de reperfusão. Para a terapia de reperfusão existem duas possibilidades – Angioplastia (mais resolutiva, com menos contraindicações) e a Trombólise (tem mais contraindicações, porém é o que os serviços costumam ter como fazer). A paciente em questão não tem nenhuma contraindicação para trombolítico. Se o serviço de saúde oferecer a Angioplastia, ele deve ser realizada em até 90 minutos da chegada da paciente; se não, deverá ser feita a trombólise em até 30 minutos da chegada da paciente no serviço. Caso a trombólise seja feita e não tenha critério de reperfusão, a paciente deverá ser submetida a Angioplastia de Resgate. Os critérios de reperfusão são: desaparecimento da dor, pico precoce dos biomarcadores, redução >50% do supra de ST na derivação em que for maior, aparecimento de arritmias de reperfusão – ritmo idioventricular e extrassístoles. - Heparina, a indicada para uso após angioplastia é a HNF. Tem ação anticoagulante, inibindo fatores da cascata de coagulação; seu uso é importante para prevenir a formação de trombo de fibrina em uma possível reoclusão ou reinfarto. - Estatina, seu uso é importante pois ajuda a estabilizar a placa, reduzindo o LDL e colesterol circulante, além de atuar diminuindo a inflamação. - IECA, seu uso é importante para a estabilização da placa pois reduz a inflamação, tem grande importância também na inibição do remodelamento cardíaco. 4. Explique a presença do sopro sistólico em foco mitral. (Não vai acontecer em Infarto de Parede inferior, só coloquei para testar o VD e complicações mecânicas ao mesmo tempo) A presença de um sopro sistólico em foco mitral é indicativa de Insuficiência da Valva Mitral; essa costuma ser uma complicação mecânica do infarto; geralmente ocorre após infarto de parede anterior, pois há isquemia dos músculos papilares, podendo haver ruptura das cordoália tendíneas e até prolapso da valva.
Compartilhar