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Texto sobre os decretos regulamentadores

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Estatuto do Desarmamento- A evolução dos decretos regulamentadores e o conflito de leis penais no tempo
 	No ano de 2019, o Poder Executivo da União editou diversos decretos, com o objetivo de alterar a regulamentação da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). 
 	O primeiro deles foi o Decreto 9.685, publicado em 15 de janeiro, que, dentre outras coisas, aumentou o prazo para renovação dos certificados de registro de armas de fogo para 10 anos e prorrogou-os automaticamente por tal período.
	Em 8 de maio, houve a publicação do Decreto 9.785/2019, que revogou completamente o antigo regulamento (Decreto 5.123/2004), trazendo uma completa reclassificação das armas e munições, de modo que muitas daquelas antes consideradas de uso restrito passaram a ser classificadas como de uso permitido. 
 	O reflexo foi imediato: tais alterações atingiram a própria tipicidade dos crimes dos arts. 12, 14, 16 e 19 do Estatuto do Desarmamento, que são normas penais em branco, cujos complementos se encontram justamente nas normas regulamentadoras infralegais. Assim, por exemplo, se alguém estivesse sendo processado pelo crime do art. 16, caput, por portar arma de fogo de uso restrito, que foi reclassificada como de uso permitido, o acusado seria beneficiado pela alteração havida na regulamentação, ocorrendo uma automática mudança na própria classificação da infração penal, sendo aplicável o art. 12 ou 14 do Estatuto, a depender das circunstâncias do caso.
	O decreto 9.785/2019 foi logo modificado pelo Decreto 9.797/2019, publicado em 22 de maio. Não houve alteração para fins de classificação das armas, mas, basicamente, um aperfeiçoamento da redação.
	A respeito das publicações desses decretos, este CAOCrim publicou então alguns comentários, respectivamente, nos Boletins das semanas 2 dos meses de maio e junho, que podem ser acessados em nossa página na internet. Agora, trazemos no presente texto um resumo do que já comentados e as atualizações havidas desde então.
	Em 25 de junho de 2019 foram publicados nada menos que quatro decretos: 9.844, 9.845, 9.846, 9.847. O primeiro nasceu revogado pelo último; os demais entraram efetivamente em vigor, ficando revogado o Decreto 9.785. Não houve alteração da sistemática de classificação das armas e munições, de modo que o quadro iniciado em maio permaneceu o mesmo.
	Paralelamente, vigorava o Decreto 3.665/2000, conhecido como R-105, e que trazia o Regulamento de Produtos Controlados. Era importante, pois também tratava de armas, acessórios e munições, com definições relevantes para o entendimento do Estatuto do Desarmamento.
	Ainda em 2018, houve a edição do Decreto 9.493, que traria o novo Regulamento de Produtos Controlados. Foi fixado período de vacatio que deveria terminar em julho de 2019, mas que acabou sendo estendido, até que, em 13 de outubro de 2019, foi editado o Decreto 10.030/2019, que revogou tanto o Decreto 3.665/2000 quanto o Decreto 9.493 e efetivamente instituiu novo o Regulamento de Produtos Controlados.
	Portanto, atualmente estão em vigor e merecem atenção do intérprete do Estatuto do Desarmamento os seguintes decretos:
9.845/2019
9.846/2019
9.847/2019
10.030/2019
	Na próxima página, apresentamos dois gráficos com essa evolução.
Evolução dos Decretos Regulamentadores da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)
Decreto 5.123/2004
Modificado pelo:
Decreto 9.685/2019 (15/01/2019)	
Decreto 9.785/2019 (08/05/2019)
		
Modificado pelo:
Decreto 9.797/2019 (22/05/2019)
Decreto 9.847/2019
(em vigor)
+
Decreto 9.846/2019
(em vigor)
+
Decreto 9.845/2019
(em vigor)
(25/06/2019)
Evolução dos Regulamentos de Produtos Controlados
Decreto 3.665/2000 (R-105)
 Decreto 9.493/2018
(revogado em vacatio legis)
Decreto 10.030/2019
(em vigor)
(13/10/2019)
O Decreto 9.785/2019: alteração dos critérios de classificação
 	
	Segundo o Decreto 9.785, passou a ser considerada arma de fogo de uso permitido a semiautomáticas ou de repetição:
	a) de porte que, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;
b) portátil de alma lisa; ou
c) portátil de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules.
De plano, notam-se duas coisas: o Decreto 9.785/2019 ingressou em definições que, até então, eram deixadas inteiramente a cargo do Regulamento de Produtos Controlados; e que se abandonou a técnica de citação expressa dos calibres nominais, mantendo-se apenas o critério da energia cinética da munição na saída do cano.
 	Quais armas passaram a ser de uso restrito e proibido? 
 	Segundo o Decreto 9.785, passou a ser considerada de uso proibido, a arma de fogo: classificada como de uso proibido em tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; e dissimulada, com aparência de objeto inofensivo.
	Passou a ser classificada como de uso restrito a arma de fogo automática, semiautomática ou de repetição:
 	a) não portátil;
 	b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou
 	c) portátil de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules.
 	O evidente aumento dos limites de energia cinética mostra que houve intenção de deixar na categoria de armas de uso restrito, na prática, apenas as armas longas, como fuzis, deixando os revólveres e pistolas, salvo raras exceções (sendo exemplo a pistola .50), na categoria do uso permitido.
	O impacto penal foi grande.
	Como já observado e para ficarmos nos exemplos mais comuns, todos aqueles acusados pela prática do crime do art. 16, caput, da Lei 10.826/2003 – ou seja, que praticaram a conduta de possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar – e cujo objeto do crime, a arma de fogo, tiver sido rebaixado da categoria de uso restrito para de uso permitido, foram imediatamente beneficiados pelo Decreto 9.785/2019.
	Isso significa que os acusados pela prática do crime do art. 16, em casos de aplicação do citado rebaixamento, não mais estarão sujeitos às penas de 3 a 6 anos de reclusão, mas àquelas previstas nos arts. 12 e 14 do Estatuto do Desarmamento, conforme as circunstâncias do caso. Assim, se a arma tiver sido encontrada no interior da residência, passará a ser aplicado, retroativamente, o art. 12, com pena de 1 a 3 anos de detenção, e multa. Se o agente a portava fora de casa, incidirá o art. 14, com pena de 2 a 4 anos de reclusão, e multa.
 	Além disso, vale lembrar que o delito do art. 16 é considerado equiparado a hediondo pela Lei 8.072/1990, enquanto os demais não, o que trará reflexos na execução penal, notadamente para fins do cálculo de cumprimento de pena para progressão de regime e livramento condicional.
	Nesses pontos, o Decreto 9.785/2019 representou inegável novatio legis in mellius e, como tal, retroagiu, atingindo até mesmo os processos com trânsito em julgado.
	Quanto às munições, o Decreto 9.785 apresentava deficiências evidentes. Dizia seu art. 2º, IV: “munição de uso restrito - munições de uso exclusivo das armas portáteis raiadas, e das perfurantes, das traçantes, das explosivas e das incendiárias”. Então, com a redação dada pelo Decreto 9.797, foram classificadas como munições de uso restrito aquelas que:
 	a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas;
	c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou
	d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza.
	Houve a inclusão da definição de munições de uso proibido: “as munições incendiárias, as químicas ou as que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária”.	 	
	Quanto aos acessórios, nada mudou em relação à regulamentação que havia na época, eis que o Decreto 9.785 nada dispôs a respeito, ficando mantidas as definições então existentes, ainda do Decreto 3.665/2000, até ser revogado e substituído pelo Decreto 10.030/2019.
	
O regime atual: Decretos 9.845, 9.846, 9.847 e 10.030/2019 e Portaria MD/CE 1.222/2019
Vejamos como ficaram os objetos materiais da maioria dos crimes do Estatuto do Desarmamento com essa nova regulamentação.
Os conceitos são encontrados no Regulamento do Estatuto, hoje dividido em três Decretos - 9.845, 9.846. 9.847/2019 -, bem como no Regulamento de Produtos Controlados, do Decreto 10.030/2019. Útil, também, para o estudo do tema é a Portaria do Ministério da Defesa/Comando do Exército 1.222/2019.
Armas de fogo de uso proibido
São armas de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; e as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos (art. 2º, III, Decreto 9.847/2019).
Armas de fogo de uso restrito
Armas de fogo de uso restrito, segundo o art. 2º, II, do Decreto 9.847/2019, que manteve os mesmos parâmetros do revogado Decreto 9.785, são as armas de fogo automáticas[footnoteRef:1] e as semiautomáticas[footnoteRef:2] ou de repetição[footnoteRef:3] que sejam: a) não portáteis;[footnoteRef:4] b) de porte[footnoteRef:5], cujo calibre nominal,[footnoteRef:6] com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova[footnoteRef:7], energia cinética[footnoteRef:8] superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis[footnoteRef:9] de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. [1: Arma de fogo automática: arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (Decreto 10.030/2019, Anexo III – Glossário).] [2: Arma de fogo semiautomática: arma que realiza, automaticamente, todas as operações de funcionamento com exceção do disparo, exigindo, para isso, novo acionamento do gatilho (Decreto 10.030/2019, Anexo III – Glossário).] [3: Arma de fogo de repetição: arma em que a recarga exige a ação mecânica do atirador sobre um componente para a continuidade do tiro (Decreto 10.030/2019, Anexo III – Glossário).] [4: Arma de fogo não portátil: as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam fixadas em estruturas permanentes (art. 2º, IX, Decreto 9.847/2019).] [5: Arma de fogo de porte: as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas (art. 2º, VII, Decreto 9.847/2019).] [6: Calibre nominal: é a designação que define ou caracteriza um tipo de munição ou de arma de fogo produzida pelo fabricante. Normalmente está relacionado às dimensões da munição, expressa em milímetros ou em frações de polegada (art. 2º, I, Portaria MD/CE 1.222/2019).] [7: Cano de prova ou provete: é um cano de dimensões especiais usados para teste com munições (art. 2º, II, Portaria MD/CE 1.222/2019).] [8: Energia cinética: é a energia associada ao estado de movimento de um objeto (art. 2º, III, Portaria MD/CE 1.222/2019).] [9: Arma de fogo portátil: as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportada por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda (art. 2º, VIII, Decreto 9.847/2019).] 
Mas, afinal, levando-se em considerações os calibres nominais, quais são as armas de uso restrito? 
Para dar uma resposta a estar importante indagação, o Ministério da Defesa, por meio do Comando do Exército editou a Portaria 1.222, de 12 de agosto de 2019, contendo anexos com tabelas de calibres nominais e a respectiva classificação, levando-se em consideração os parâmetros dos Decretos 9.847, 9.846 e 9.845. Pode-se perfeitamente afirmar que as tabelas a seguir expostas também refletem os parâmetros do revogado Decreto 9.785, podendo ser aplicadas retroativamente aos fatos ocorridos a partir de 8 de maio de 2019.
LISTAGEM DE CALIBRES NOMINAIS DE ARMAS E MUNIÇÕES DE USO RESTRITO
	Calibre Nominal
	Energia (Joules)
	Classificação(2)
	41 Remington Magnum
	1657,91
	Restrito
	44 Remington Magnum
	1849,35
	Restrito
	454 Casull
	3130,41
	Restrito
	460 S&W Magnum
	3883,88
	Restrito
	457 Linebaugh
	2359,85
	Restrito
	480 Ruger
	1986,47
	Restrito
	50 Action Express
	1917,38
	Restrito
	500 S&W Magnum
	3900,98
	Restrito
	500 Special
	1991,78
	Restrito
	6mm Remington
	3140,32
	Restrito
	6.5 Creedmoor
	3356,24
	Restrito
	6.5 Grendel
	2464,41
	Restrito
	6.5 x 55 Swedish
	3152,18
	Restrito
	6.8mm Remington SPC
	2636,84
	Restrito
	7mm Mauser (7x57)
	3327,22
	Restrito
	7mm Remington Magnum
	4365,04
	Restrito
	7mm Remington Short Action Ultra Magnum
	4324,95
	Restrito
	7mm Remington Ultra Magnum
	4961,65
	Restrito
	7mm Shooting Times Westerner
	5086,92
	Restrito
	7mm Weatherby Magnum
	4248,57
	Restrito
	7mm Winchester Short Magnum
	4623,38
	Restrito
	7mm-08 Remington
	3715,49
	Restrito
	7 x 64 Brenneke
	3667,25
	Restrito
	7-30 Waters
	2633,16
	Restrito
	7.62 x 39
	2044,60
	Restrito
	8mm Mauser (8x57)
	2801,88
	Restrito
	8mm Remington Magnum
	5247,44
	Restrito
	9.3 x 62
	4794,67
	Restrito
	204 Ruger
	1715,78
	Restrito
	22-250 Remington
	2340,59
	Restrito
	220 Swift
	2340,59
	Restrito
	222 Remington
	1717,63
	Restrito
	222 Remington Magnum
	1711,17
	Restrito
	223 Remington
	1959,07
	Restrito
	223 Winchester Super Short Magnum
	2496,62
	Restrito
	225 Winchester
	2074,61
	Restrito
	243 Winchester
	2893,31
	Restrito
	243 Winchester Super Short Magnum
	3020,36
	Restrito
	25 Winchester Super Short Magnum
	3241,22
	Restrito
	25-06 Remington
	3384,37
	Restrito
	25-35 Winchester
	1720,04
	Restrito
	250 Savage
	2372,58
	Restrito
	257 Roberts
	2598,42
	Restrito
	257 Weatherby Magnum
	4017,36
	Restrito
	26 Nosler
	4488,65
	Restrito
	260 Remington
	3129,17
	Restrito
	264 Winchester Magnum
	3830,64
	Restrito
	27 Nosler
	4623,38
	Restrito
	270 Weatherby Magnum
	4681,35
	Restrito
	270 Winchester
	4063,52
	Restrito
	270 Winchester Short Magnum
	4480,03
	Restrito
	28 Nosler
	4938,30
	Restrito
	280 AckleyImproved
	4478,49
	Restrito
	280 Remington
	4020,74
	Restrito
	284 Winchester
	3674,33
	Restrito
	30 Nosler
	5500,87
	Restrito
	30 Remington AR
	2897,37
	Restrito
	30 Thompson Center
	4022,98
	Restrito
	30-06 Springfield
	4514,68
	Restrito
	30-30 Winchester
	2727,99
	Restrito
	
Armas de fogo de uso permitido
 	Já arma de fogo de uso permitido é definida pelo art. 2º, I, do Decreto 9.847/2019 como: as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules.
	De acordo com a tabela contida na Portaria 1.222 do Comando do Exército:
LISTAGEM DE CALIBRES NOMINAIS DE ARMAS E MUNIÇÕES DE USO PERMITIDO
	
	Calibre NominalEnergia (Joules)
	Classificação(2)
	9x19mm PARABELLUM
	629,81
	Permitido
	9x18 Makarov
	285,95
	Permitido
	9x23 Winchester
	795,60
	Permitido
	10mm Automatic
	927,55
	Permitido
	221 RemingtonFireball
	955,74
	Permitido
	25 Automatic
	87,78
	Permitido
	25 North American Arms
	151,70
	Permitido
	30 Luger (7.65mm)
	396,41
	Permitido
	32 Automatic
	195,65
	Permitido
	32 H&R Magnum
	320,94
	Permitido
	32 North American Arms
	268,81
	Permitido
	32 Short Colt
	117,99
	Permitido
	32 Smith &Wesson
	129,79
	Permitido
	32 Smith &WessonLong
	177,17
	Permitido
	327 Federal Magnum
	815,61
	Permitido
	356 TSW
	680,34
	Permitido
	357 Magnum
	1322,76
	Permitido
	357 Sig
	685,72
	Permitido
	38 Automatic
	419,17
	Permitido
	38 Smith &Wesson
	202,51
	Permitido
	38 Special
	437,88
	Permitido
	38 SuperAutomatic +P
	569,23
	Permitido
	380 Automatic
	280,26
	Permitido
	40 Smith &Wesson
	666,25
	Permitido
	400 Cor-Bom
	854,35
	Permitido
	44 S&W Special
	632,48
	Permitido
	45 Automatic
	590,48
	Permitido
	45 Auto Rim
	471,20
	Permitido
	45 Colt
	755,15
	Permitido
	45 Glock AutomaticPistol
	661,60
	Permitido
	45 Winchester Magnum
	1318,42
	Permitido
	6 x 45mm
	1505,01
	Permitido
	17 Hornet
	791,07
	Permitido
	17 Remington
	1204,00
	Permitido
	17 RemingtonFireball
	1115,40
	Permitido
	218 Bee
	1028,16
	Permitido
	22 Hornet
	973,61
	Permitido
	221 RemingtonFireball
	1332,02
	Permitido
	25-20 Winchester
	540,51
	Permitido
	30 Carbine
	1278,46
	Permitido
	32-20 Winchester
	433,44
	Permitido
	38-40 Winchester
	716,53
	Permitido
	38-55 Winchester
	1297,16
	Permitido
	44-40 Winchester
	831,14
	Permitido
	17 Mach 2
	206,73
	Permitido
	17 Hornady Magnum Rimfire
	332,46
	Permitido
	17 Winchester Super Magnum
	541,80
	Permitido
	22 Short
	101,82
	Permitido
	22 Long
	128,86
	Permitido
	22 Long Rifle
	247,93
	Permitido
	22 Winchester Rimfire
	228,91
	Permitido
	22 Winchester Magnum (Rimfire)
	440,64
	Permitido
 
Munição de uso proibido
Munições de uso proibido sãos as assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas (art. 2º, V, Decreto 9.847/2019).
Munição de uso restrito
Munições de uso restrito são as munições que: a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas; c) sejam granadas de obuseiro[footnoteRef:10], de canhão, de morteiro[footnoteRef:11], de mão ou de bocal; ou sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza (art. 2º, IV, Decreto 9.847/2019). [10: Obuseiro: armamento pesado, que realiza tanto o tiro de trajetória tensa quanto o de trajetória curva e dispara granadas de calibres acima de vinte milímetros, com velocidade inicial baixa (Decreto 10.030/2019, Anexo III, Glossário).] [11: Morteiro: armamento bélico pesado de carregamento antecarga (carregamento pela boca), que realiza tiro de trajetória curva (Decreto 10.030/2019, Anexo III, Glossário).] 
Vale também aqui a tabela respectiva às armas de uso restrito que vimos acima.
Deve-se atentar para a última alínea, pois nela o Decreto 9.847 trouxe um ponto que pode ensejar muita discussão. Vejam como o legislador regulamentar definiu como “munição” também as granadas (de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal), os rojões, foguetes, mísseis e bombas de qualquer natureza.
Assim, na atual sistemática, as granadas (de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal), os rojões, foguetes, mísseis e bombas de qualquer natureza devem ser considerados munição (de uso restrito). Mas, há que se fazer uma última ressalva.
A pergunta que se faz é: tais objetos sempre serão considerados “munição”? Defendemos que não. Apesar de o atual conceito de “munição” não repetir alguns elementos da definição anterior – “artefato completo, pronto para utilização e lançamento” –, pensamos que estes são da própria essência da ideia de munição como objeto atrelado às armas de fogo. Logo, somente será “munição” o artefato que: for um cartucho e estiver pronto para ser utilizado mediante lançamento por uma arma de fogo. Ou seja, é aquele que depende de algum instrumento para ser lançado, que somente pode ser, em razão do princípio da taxatividade, uma arma de fogo. Já um artefato que não é lançado por arma, mas pela força muscular ou é deixado, inerte, em algum lugar para explodir não pode ser considerado “munição”, mas “artefato explosivo”.
Munição de uso permitido
Não há uma definição direta de munição de uso permitido. Pode-se, porém, concluir que será permitida a munição que não for considerada restrita ou proibida, bem como aquela que sirva para ser disparada por arma de uso permitido (vide tabela respectiva acima).
Acessório
O Decreto 3.665/2000 definia acessório como o “engenho primário ou secundário que suplementa um artigo principal para possibilitar ou melhorar o seu emprego” (art. 3º, I). O novo Decreto 10.030/2019 define acessório de arma de fogo como o “artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma” (Anexo III, Glossário). 
Embora o art. 16 da Lei 10.826 faça menção a acessório de uso restrito ou proibido, a atual regulamentação restringiu-se a definir, direta ou indiretamente, os acessórios de uso permitido e restrito.
O Decreto 10.030/2019 classificou os “produtos controlados pelo Comando do Exército” ou “PCEs” em de uso proibido, restrito ou permitido. Dentre os produtos de uso restrito, estão os acessórios de arma de fogo que tenham como objetivo: a) suprimir ou abrandar o estampido; ou b) modificar as condições de emprego, conforme regulamentação do Comando do Exército (art. 15, § 2º, II).
No primeiro caso, tem-se os popularmente conhecidos “silenciadores”; no segundo, tudo dependerá da regulamentação a ser trazida pelo Exército, mas pode-se pensar em dispositivos de mira a laser, lunetas e coisas do tipo.
O acessório que não for classificado como de uso restrito, será considerado de uso permitido. Para saber se a nova regulamentação trará reflexos penais, será necessário comparar a regulamentação anterior – vista acima, quando tratamos da evolução dos decretos – com o que vier a ser publicado a respeito pelo Comando do Exército.

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