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Estatuto do Desarmamento- A evolução dos decretos regulamentadores e o conflito de leis penais no tempo No ano de 2019, o Poder Executivo da União editou diversos decretos, com o objetivo de alterar a regulamentação da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). O primeiro deles foi o Decreto 9.685, publicado em 15 de janeiro, que, dentre outras coisas, aumentou o prazo para renovação dos certificados de registro de armas de fogo para 10 anos e prorrogou-os automaticamente por tal período. Em 8 de maio, houve a publicação do Decreto 9.785/2019, que revogou completamente o antigo regulamento (Decreto 5.123/2004), trazendo uma completa reclassificação das armas e munições, de modo que muitas daquelas antes consideradas de uso restrito passaram a ser classificadas como de uso permitido. O reflexo foi imediato: tais alterações atingiram a própria tipicidade dos crimes dos arts. 12, 14, 16 e 19 do Estatuto do Desarmamento, que são normas penais em branco, cujos complementos se encontram justamente nas normas regulamentadoras infralegais. Assim, por exemplo, se alguém estivesse sendo processado pelo crime do art. 16, caput, por portar arma de fogo de uso restrito, que foi reclassificada como de uso permitido, o acusado seria beneficiado pela alteração havida na regulamentação, ocorrendo uma automática mudança na própria classificação da infração penal, sendo aplicável o art. 12 ou 14 do Estatuto, a depender das circunstâncias do caso. O decreto 9.785/2019 foi logo modificado pelo Decreto 9.797/2019, publicado em 22 de maio. Não houve alteração para fins de classificação das armas, mas, basicamente, um aperfeiçoamento da redação. A respeito das publicações desses decretos, este CAOCrim publicou então alguns comentários, respectivamente, nos Boletins das semanas 2 dos meses de maio e junho, que podem ser acessados em nossa página na internet. Agora, trazemos no presente texto um resumo do que já comentados e as atualizações havidas desde então. Em 25 de junho de 2019 foram publicados nada menos que quatro decretos: 9.844, 9.845, 9.846, 9.847. O primeiro nasceu revogado pelo último; os demais entraram efetivamente em vigor, ficando revogado o Decreto 9.785. Não houve alteração da sistemática de classificação das armas e munições, de modo que o quadro iniciado em maio permaneceu o mesmo. Paralelamente, vigorava o Decreto 3.665/2000, conhecido como R-105, e que trazia o Regulamento de Produtos Controlados. Era importante, pois também tratava de armas, acessórios e munições, com definições relevantes para o entendimento do Estatuto do Desarmamento. Ainda em 2018, houve a edição do Decreto 9.493, que traria o novo Regulamento de Produtos Controlados. Foi fixado período de vacatio que deveria terminar em julho de 2019, mas que acabou sendo estendido, até que, em 13 de outubro de 2019, foi editado o Decreto 10.030/2019, que revogou tanto o Decreto 3.665/2000 quanto o Decreto 9.493 e efetivamente instituiu novo o Regulamento de Produtos Controlados. Portanto, atualmente estão em vigor e merecem atenção do intérprete do Estatuto do Desarmamento os seguintes decretos: 9.845/2019 9.846/2019 9.847/2019 10.030/2019 Na próxima página, apresentamos dois gráficos com essa evolução. Evolução dos Decretos Regulamentadores da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) Decreto 5.123/2004 Modificado pelo: Decreto 9.685/2019 (15/01/2019) Decreto 9.785/2019 (08/05/2019) Modificado pelo: Decreto 9.797/2019 (22/05/2019) Decreto 9.847/2019 (em vigor) + Decreto 9.846/2019 (em vigor) + Decreto 9.845/2019 (em vigor) (25/06/2019) Evolução dos Regulamentos de Produtos Controlados Decreto 3.665/2000 (R-105) Decreto 9.493/2018 (revogado em vacatio legis) Decreto 10.030/2019 (em vigor) (13/10/2019) O Decreto 9.785/2019: alteração dos critérios de classificação Segundo o Decreto 9.785, passou a ser considerada arma de fogo de uso permitido a semiautomáticas ou de repetição: a) de porte que, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portátil de alma lisa; ou c) portátil de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. De plano, notam-se duas coisas: o Decreto 9.785/2019 ingressou em definições que, até então, eram deixadas inteiramente a cargo do Regulamento de Produtos Controlados; e que se abandonou a técnica de citação expressa dos calibres nominais, mantendo-se apenas o critério da energia cinética da munição na saída do cano. Quais armas passaram a ser de uso restrito e proibido? Segundo o Decreto 9.785, passou a ser considerada de uso proibido, a arma de fogo: classificada como de uso proibido em tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; e dissimulada, com aparência de objeto inofensivo. Passou a ser classificada como de uso restrito a arma de fogo automática, semiautomática ou de repetição: a) não portátil; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portátil de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. O evidente aumento dos limites de energia cinética mostra que houve intenção de deixar na categoria de armas de uso restrito, na prática, apenas as armas longas, como fuzis, deixando os revólveres e pistolas, salvo raras exceções (sendo exemplo a pistola .50), na categoria do uso permitido. O impacto penal foi grande. Como já observado e para ficarmos nos exemplos mais comuns, todos aqueles acusados pela prática do crime do art. 16, caput, da Lei 10.826/2003 – ou seja, que praticaram a conduta de possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar – e cujo objeto do crime, a arma de fogo, tiver sido rebaixado da categoria de uso restrito para de uso permitido, foram imediatamente beneficiados pelo Decreto 9.785/2019. Isso significa que os acusados pela prática do crime do art. 16, em casos de aplicação do citado rebaixamento, não mais estarão sujeitos às penas de 3 a 6 anos de reclusão, mas àquelas previstas nos arts. 12 e 14 do Estatuto do Desarmamento, conforme as circunstâncias do caso. Assim, se a arma tiver sido encontrada no interior da residência, passará a ser aplicado, retroativamente, o art. 12, com pena de 1 a 3 anos de detenção, e multa. Se o agente a portava fora de casa, incidirá o art. 14, com pena de 2 a 4 anos de reclusão, e multa. Além disso, vale lembrar que o delito do art. 16 é considerado equiparado a hediondo pela Lei 8.072/1990, enquanto os demais não, o que trará reflexos na execução penal, notadamente para fins do cálculo de cumprimento de pena para progressão de regime e livramento condicional. Nesses pontos, o Decreto 9.785/2019 representou inegável novatio legis in mellius e, como tal, retroagiu, atingindo até mesmo os processos com trânsito em julgado. Quanto às munições, o Decreto 9.785 apresentava deficiências evidentes. Dizia seu art. 2º, IV: “munição de uso restrito - munições de uso exclusivo das armas portáteis raiadas, e das perfurantes, das traçantes, das explosivas e das incendiárias”. Então, com a redação dada pelo Decreto 9.797, foram classificadas como munições de uso restrito aquelas que: a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas; c) sejam granadas de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal; ou d) sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza. Houve a inclusão da definição de munições de uso proibido: “as munições incendiárias, as químicas ou as que sejam assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária”. Quanto aos acessórios, nada mudou em relação à regulamentação que havia na época, eis que o Decreto 9.785 nada dispôs a respeito, ficando mantidas as definições então existentes, ainda do Decreto 3.665/2000, até ser revogado e substituído pelo Decreto 10.030/2019. O regime atual: Decretos 9.845, 9.846, 9.847 e 10.030/2019 e Portaria MD/CE 1.222/2019 Vejamos como ficaram os objetos materiais da maioria dos crimes do Estatuto do Desarmamento com essa nova regulamentação. Os conceitos são encontrados no Regulamento do Estatuto, hoje dividido em três Decretos - 9.845, 9.846. 9.847/2019 -, bem como no Regulamento de Produtos Controlados, do Decreto 10.030/2019. Útil, também, para o estudo do tema é a Portaria do Ministério da Defesa/Comando do Exército 1.222/2019. Armas de fogo de uso proibido São armas de fogo de uso proibido: a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; e as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos (art. 2º, III, Decreto 9.847/2019). Armas de fogo de uso restrito Armas de fogo de uso restrito, segundo o art. 2º, II, do Decreto 9.847/2019, que manteve os mesmos parâmetros do revogado Decreto 9.785, são as armas de fogo automáticas[footnoteRef:1] e as semiautomáticas[footnoteRef:2] ou de repetição[footnoteRef:3] que sejam: a) não portáteis;[footnoteRef:4] b) de porte[footnoteRef:5], cujo calibre nominal,[footnoteRef:6] com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova[footnoteRef:7], energia cinética[footnoteRef:8] superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) portáteis[footnoteRef:9] de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. [1: Arma de fogo automática: arma em que o carregamento, o disparo e todas as operações de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo acionado (Decreto 10.030/2019, Anexo III – Glossário).] [2: Arma de fogo semiautomática: arma que realiza, automaticamente, todas as operações de funcionamento com exceção do disparo, exigindo, para isso, novo acionamento do gatilho (Decreto 10.030/2019, Anexo III – Glossário).] [3: Arma de fogo de repetição: arma em que a recarga exige a ação mecânica do atirador sobre um componente para a continuidade do tiro (Decreto 10.030/2019, Anexo III – Glossário).] [4: Arma de fogo não portátil: as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, precisam ser transportadas por mais de uma pessoa, com a utilização de veículos, automotores ou não, ou sejam fixadas em estruturas permanentes (art. 2º, IX, Decreto 9.847/2019).] [5: Arma de fogo de porte: as armas de fogo de dimensões e peso reduzidos que podem ser disparadas pelo atirador com apenas uma de suas mãos, a exemplo de pistolas, revólveres e garruchas (art. 2º, VII, Decreto 9.847/2019).] [6: Calibre nominal: é a designação que define ou caracteriza um tipo de munição ou de arma de fogo produzida pelo fabricante. Normalmente está relacionado às dimensões da munição, expressa em milímetros ou em frações de polegada (art. 2º, I, Portaria MD/CE 1.222/2019).] [7: Cano de prova ou provete: é um cano de dimensões especiais usados para teste com munições (art. 2º, II, Portaria MD/CE 1.222/2019).] [8: Energia cinética: é a energia associada ao estado de movimento de um objeto (art. 2º, III, Portaria MD/CE 1.222/2019).] [9: Arma de fogo portátil: as armas de fogo que, devido às suas dimensões ou ao seu peso, podem ser transportada por uma pessoa, tais como fuzil, carabina e espingarda (art. 2º, VIII, Decreto 9.847/2019).] Mas, afinal, levando-se em considerações os calibres nominais, quais são as armas de uso restrito? Para dar uma resposta a estar importante indagação, o Ministério da Defesa, por meio do Comando do Exército editou a Portaria 1.222, de 12 de agosto de 2019, contendo anexos com tabelas de calibres nominais e a respectiva classificação, levando-se em consideração os parâmetros dos Decretos 9.847, 9.846 e 9.845. Pode-se perfeitamente afirmar que as tabelas a seguir expostas também refletem os parâmetros do revogado Decreto 9.785, podendo ser aplicadas retroativamente aos fatos ocorridos a partir de 8 de maio de 2019. LISTAGEM DE CALIBRES NOMINAIS DE ARMAS E MUNIÇÕES DE USO RESTRITO Calibre Nominal Energia (Joules) Classificação(2) 41 Remington Magnum 1657,91 Restrito 44 Remington Magnum 1849,35 Restrito 454 Casull 3130,41 Restrito 460 S&W Magnum 3883,88 Restrito 457 Linebaugh 2359,85 Restrito 480 Ruger 1986,47 Restrito 50 Action Express 1917,38 Restrito 500 S&W Magnum 3900,98 Restrito 500 Special 1991,78 Restrito 6mm Remington 3140,32 Restrito 6.5 Creedmoor 3356,24 Restrito 6.5 Grendel 2464,41 Restrito 6.5 x 55 Swedish 3152,18 Restrito 6.8mm Remington SPC 2636,84 Restrito 7mm Mauser (7x57) 3327,22 Restrito 7mm Remington Magnum 4365,04 Restrito 7mm Remington Short Action Ultra Magnum 4324,95 Restrito 7mm Remington Ultra Magnum 4961,65 Restrito 7mm Shooting Times Westerner 5086,92 Restrito 7mm Weatherby Magnum 4248,57 Restrito 7mm Winchester Short Magnum 4623,38 Restrito 7mm-08 Remington 3715,49 Restrito 7 x 64 Brenneke 3667,25 Restrito 7-30 Waters 2633,16 Restrito 7.62 x 39 2044,60 Restrito 8mm Mauser (8x57) 2801,88 Restrito 8mm Remington Magnum 5247,44 Restrito 9.3 x 62 4794,67 Restrito 204 Ruger 1715,78 Restrito 22-250 Remington 2340,59 Restrito 220 Swift 2340,59 Restrito 222 Remington 1717,63 Restrito 222 Remington Magnum 1711,17 Restrito 223 Remington 1959,07 Restrito 223 Winchester Super Short Magnum 2496,62 Restrito 225 Winchester 2074,61 Restrito 243 Winchester 2893,31 Restrito 243 Winchester Super Short Magnum 3020,36 Restrito 25 Winchester Super Short Magnum 3241,22 Restrito 25-06 Remington 3384,37 Restrito 25-35 Winchester 1720,04 Restrito 250 Savage 2372,58 Restrito 257 Roberts 2598,42 Restrito 257 Weatherby Magnum 4017,36 Restrito 26 Nosler 4488,65 Restrito 260 Remington 3129,17 Restrito 264 Winchester Magnum 3830,64 Restrito 27 Nosler 4623,38 Restrito 270 Weatherby Magnum 4681,35 Restrito 270 Winchester 4063,52 Restrito 270 Winchester Short Magnum 4480,03 Restrito 28 Nosler 4938,30 Restrito 280 AckleyImproved 4478,49 Restrito 280 Remington 4020,74 Restrito 284 Winchester 3674,33 Restrito 30 Nosler 5500,87 Restrito 30 Remington AR 2897,37 Restrito 30 Thompson Center 4022,98 Restrito 30-06 Springfield 4514,68 Restrito 30-30 Winchester 2727,99 Restrito Armas de fogo de uso permitido Já arma de fogo de uso permitido é definida pelo art. 2º, I, do Decreto 9.847/2019 como: as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. De acordo com a tabela contida na Portaria 1.222 do Comando do Exército: LISTAGEM DE CALIBRES NOMINAIS DE ARMAS E MUNIÇÕES DE USO PERMITIDO Calibre NominalEnergia (Joules) Classificação(2) 9x19mm PARABELLUM 629,81 Permitido 9x18 Makarov 285,95 Permitido 9x23 Winchester 795,60 Permitido 10mm Automatic 927,55 Permitido 221 RemingtonFireball 955,74 Permitido 25 Automatic 87,78 Permitido 25 North American Arms 151,70 Permitido 30 Luger (7.65mm) 396,41 Permitido 32 Automatic 195,65 Permitido 32 H&R Magnum 320,94 Permitido 32 North American Arms 268,81 Permitido 32 Short Colt 117,99 Permitido 32 Smith &Wesson 129,79 Permitido 32 Smith &WessonLong 177,17 Permitido 327 Federal Magnum 815,61 Permitido 356 TSW 680,34 Permitido 357 Magnum 1322,76 Permitido 357 Sig 685,72 Permitido 38 Automatic 419,17 Permitido 38 Smith &Wesson 202,51 Permitido 38 Special 437,88 Permitido 38 SuperAutomatic +P 569,23 Permitido 380 Automatic 280,26 Permitido 40 Smith &Wesson 666,25 Permitido 400 Cor-Bom 854,35 Permitido 44 S&W Special 632,48 Permitido 45 Automatic 590,48 Permitido 45 Auto Rim 471,20 Permitido 45 Colt 755,15 Permitido 45 Glock AutomaticPistol 661,60 Permitido 45 Winchester Magnum 1318,42 Permitido 6 x 45mm 1505,01 Permitido 17 Hornet 791,07 Permitido 17 Remington 1204,00 Permitido 17 RemingtonFireball 1115,40 Permitido 218 Bee 1028,16 Permitido 22 Hornet 973,61 Permitido 221 RemingtonFireball 1332,02 Permitido 25-20 Winchester 540,51 Permitido 30 Carbine 1278,46 Permitido 32-20 Winchester 433,44 Permitido 38-40 Winchester 716,53 Permitido 38-55 Winchester 1297,16 Permitido 44-40 Winchester 831,14 Permitido 17 Mach 2 206,73 Permitido 17 Hornady Magnum Rimfire 332,46 Permitido 17 Winchester Super Magnum 541,80 Permitido 22 Short 101,82 Permitido 22 Long 128,86 Permitido 22 Long Rifle 247,93 Permitido 22 Winchester Rimfire 228,91 Permitido 22 Winchester Magnum (Rimfire) 440,64 Permitido Munição de uso proibido Munições de uso proibido sãos as assim definidas em acordo ou tratado internacional de que a República Federativa do Brasil seja signatária e as munições incendiárias ou químicas (art. 2º, V, Decreto 9.847/2019). Munição de uso restrito Munições de uso restrito são as munições que: a) atinjam, na saída do cano de prova de armas de porte ou portáteis de alma raiada, energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) sejam traçantes, perfurantes ou fumígenas; c) sejam granadas de obuseiro[footnoteRef:10], de canhão, de morteiro[footnoteRef:11], de mão ou de bocal; ou sejam rojões, foguetes, mísseis ou bombas de qualquer natureza (art. 2º, IV, Decreto 9.847/2019). [10: Obuseiro: armamento pesado, que realiza tanto o tiro de trajetória tensa quanto o de trajetória curva e dispara granadas de calibres acima de vinte milímetros, com velocidade inicial baixa (Decreto 10.030/2019, Anexo III, Glossário).] [11: Morteiro: armamento bélico pesado de carregamento antecarga (carregamento pela boca), que realiza tiro de trajetória curva (Decreto 10.030/2019, Anexo III, Glossário).] Vale também aqui a tabela respectiva às armas de uso restrito que vimos acima. Deve-se atentar para a última alínea, pois nela o Decreto 9.847 trouxe um ponto que pode ensejar muita discussão. Vejam como o legislador regulamentar definiu como “munição” também as granadas (de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal), os rojões, foguetes, mísseis e bombas de qualquer natureza. Assim, na atual sistemática, as granadas (de obuseiro, de canhão, de morteiro, de mão ou de bocal), os rojões, foguetes, mísseis e bombas de qualquer natureza devem ser considerados munição (de uso restrito). Mas, há que se fazer uma última ressalva. A pergunta que se faz é: tais objetos sempre serão considerados “munição”? Defendemos que não. Apesar de o atual conceito de “munição” não repetir alguns elementos da definição anterior – “artefato completo, pronto para utilização e lançamento” –, pensamos que estes são da própria essência da ideia de munição como objeto atrelado às armas de fogo. Logo, somente será “munição” o artefato que: for um cartucho e estiver pronto para ser utilizado mediante lançamento por uma arma de fogo. Ou seja, é aquele que depende de algum instrumento para ser lançado, que somente pode ser, em razão do princípio da taxatividade, uma arma de fogo. Já um artefato que não é lançado por arma, mas pela força muscular ou é deixado, inerte, em algum lugar para explodir não pode ser considerado “munição”, mas “artefato explosivo”. Munição de uso permitido Não há uma definição direta de munição de uso permitido. Pode-se, porém, concluir que será permitida a munição que não for considerada restrita ou proibida, bem como aquela que sirva para ser disparada por arma de uso permitido (vide tabela respectiva acima). Acessório O Decreto 3.665/2000 definia acessório como o “engenho primário ou secundário que suplementa um artigo principal para possibilitar ou melhorar o seu emprego” (art. 3º, I). O novo Decreto 10.030/2019 define acessório de arma de fogo como o “artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma” (Anexo III, Glossário). Embora o art. 16 da Lei 10.826 faça menção a acessório de uso restrito ou proibido, a atual regulamentação restringiu-se a definir, direta ou indiretamente, os acessórios de uso permitido e restrito. O Decreto 10.030/2019 classificou os “produtos controlados pelo Comando do Exército” ou “PCEs” em de uso proibido, restrito ou permitido. Dentre os produtos de uso restrito, estão os acessórios de arma de fogo que tenham como objetivo: a) suprimir ou abrandar o estampido; ou b) modificar as condições de emprego, conforme regulamentação do Comando do Exército (art. 15, § 2º, II). No primeiro caso, tem-se os popularmente conhecidos “silenciadores”; no segundo, tudo dependerá da regulamentação a ser trazida pelo Exército, mas pode-se pensar em dispositivos de mira a laser, lunetas e coisas do tipo. O acessório que não for classificado como de uso restrito, será considerado de uso permitido. Para saber se a nova regulamentação trará reflexos penais, será necessário comparar a regulamentação anterior – vista acima, quando tratamos da evolução dos decretos – com o que vier a ser publicado a respeito pelo Comando do Exército.
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