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Superendividamento do consumidor Mínimo existencial

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SanSeverino, Paulo de Tarso Vieira; MarqueS, Claudia Lima. Superendividamento do consumidor – Mínimo existencial – 
Casos concretos, de Káren Rick Danilevicz Bertoncello. Revista de Direito do Consumidor. 
vol. 101. ano 24. p. 575-580. São Paulo: Ed. RT, set.-out. 2015.
superendIVIdamento do ConsumIdor – mínImo exIstenCIal – 
Casos ConCretos, de Káren rICK danIleVICz bertonCello
paulo de tarso VIeIra sanseVerIno
Doutor e Mestre em Direito pela UFRGS. Ministro do Superior Tribunal de Justiça. 
ClaudIa lIma marques
Doutora pela Universidade de Heidelberg. Professora Titular da UFRGS. LL.M. Tübingen, Alemanha. 
diriter@ufrgs.br
dados bIblIográfICos: Káren ricK daniLevicz BertonceLLo. Superendividamento do consumidor – Mínimo exis-
tencial – Casos concretos. São Paulo: Ed. RT, 2015.
Como consta na apresentação da obra, da lavra do Prof. Dr. Paulo de Tarso 
Vieira Sanseverino:
“O superendividamento do consumidor, denominado em Portugal de ‘so-
breendividamento’, na França de ‘surendettement’ e na ‘common law’ de ‘over-
-indebtedness’, constitui um dos principais problemas do mercado de consu-
mo contemporâneo, em face do estímulo e da extrema facilidade de acesso ao 
crédito, o que não ocorria até algumas décadas atrás. Com isso, um número 
crescente de consumidores, especialmente leigos e de boa-fé, são colocados 
em posição de impossibilidade global de pagar as suas dívidas atuais e futuras, 
mesmo sem inclusão dos débitos de natureza fiscal, alimentar ou decorrentes 
de delitos, que não são considerados para esse efeito.
A partir de suas causas, identificam-se duas modalidades distintas de su-
perendividamento: ativo e passivo. O superendividamento ativo, a primeira 
situação a ensejar preocupação na sociedade de consumo, abrange as situações 
de perda de controle do consumidor diante da facilidade do crédito, acumulan-
do um volume considerável de dívidas bastante superior à sua renda. O supe-
rendividamento passivo, por sua vez, abrange aquelas situações em que, pelos 
azares da vida, o consumidor sofre uma redução significativa na sua renda em 
decorrência da perda do emprego, doença, separação, conduzindo-o a graves 
dificuldades financeiras.
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576 Revista de diReito do ConsumidoR 2015 • RDC 101
SanSeverino, Paulo de Tarso Vieira; MarqueS, Claudia Lima. Superendividamento do consumidor – Mínimo existencial – 
Casos concretos, de Káren Rick Danilevicz Bertoncello. Revista de Direito do Consumidor. 
vol. 101. ano 24. p. 575-580. São Paulo: Ed. RT, set.-out. 2015.
Na Europa, destaca-se o Direito francês, que, desde o final da década de 
oitenta (Loi Neiertz de 1989), tem-se preocupado com a questão, com a edição 
de sucessivos diplomas legais. Na ‘Common Law’, embora com uma perspecti-
va diferente, o problema tem sido enfrentado, há algumas décadas, pelo Direito 
norte-americano. No Brasil, na falta de lei específica acerca do superendivida-
mento, as soluções tem sido buscadas com criatividade pelos operadores do 
Direito (Poder Judiciário, Defensoria Pública, Ministério Público, Procons), a 
partir dos nossos marcos legislativos no plano do Direito do Consumidor e do 
Direito Processual Civil, com a estruturação de mecanismos diversos de tra-
tamento do superendividamento, reunindo o devedor superendividado e seus 
credores para um acordo comum.
No Rio Grande do Sul, destacaram-se nesse trabalho, como fiéis discípulas 
da Professora Doutora Claudia Lima Marques, duas Juízas de Direito: a Dra. 
Clarissa Costa de Lima e a Dra. Káren Rick Danilevicz Bertoncello, autora des-
ta obra. Durante cerca de 10 anos, o tratamento do superendividamento tem 
sido desenvolvido no Poder Judiciário, com excelentes resultados práticos.
A presente obra, derivada da cuidadosa pesquisa desenvolvida pela Dra. Káren 
Rick Danilevicz Bertoncello para sua Tese de Doutorado perante o Programa de 
Pós-Graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul, orientada pela Professora Doutora Claudia Lima Marques e aprovada 
com grau máximo, é fruto de uma reflexão madura, tanto no aspecto teórico 
como no plano prático, o que não é comum na seara jurídica, buscando a fixação 
de um conceito de mínimo existencial para os casos de superendividamento, o 
que constitui um das questões mais delicadas dentro desse tormentoso tema.
Com pleno domínio sobre o tema, a autora desenvolve o seu trabalho em 
três grandes partes. Na primeira parte, fixa premissas teóricas da pesquisa, 
procedendo a uma análise filosófica acerca das características da pós-moderni-
dade a partir de 1968, ressaltando o valor conferido ao respeito das diferenças. 
Nesse contexto, é feita a inserção do superendividamento, com ênfase na pes-
soa do consumidor sobreendividado e a sua hipervulnerabilidade social. Na 
segunda parte, a autora desenvolve uma análise comparativa entre os sistemas 
da ‘Common Law’ e da ‘Civil Law’ nas tentativas de fixação de um conceito de 
‘mínimo existencial’, com ênfase no Direito francês (reste à vivre) e no Direito 
norte-americano (fresh start e disposable income).
Analisa os avanços e os recuos dos dois sistemas, com uma interessante 
aproximação entre eles, apontando dois aspectos especiais. De um lado, des-
taca a filosofia econômica inerente a cada modelo, ressaltando-se o paradigma 
liberal subjacente no Direito norte-americano (falha do mercado) e o paradig-
ma social do Direito francês (recuperação da pessoa), refletindo a ideologia 
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577Resenhas
SanSeverino, Paulo de Tarso Vieira; MarqueS, Claudia Lima. Superendividamento do consumidor – Mínimo existencial – 
Casos concretos, de Káren Rick Danilevicz Bertoncello. Revista de Direito do Consumidor. 
vol. 101. ano 24. p. 575-580. São Paulo: Ed. RT, set.-out. 2015.
preponderante em cada sistema. De outro lado, a tendência de convergência 
entre os dois sistemas, apesar de partirem de premissas diversas, no sentido de 
estabelecer um conceito semelhante de mínimo existencial seja para preser-
vação da dignidade da pessoa humana, seja para permitir um recomeço mais 
rápido do devedor superendividado (fresh start).
Na terceira parte, a autora sugere um conceito de ‘mínimo existencial’ para 
os casos de tratamento do superendividamento no Brasil, em face da legislação 
atual enquanto se aguardam as mudanças em curso em nossa legislação, espe-
cialmente no Código de Defesa do Consumidor.
O livro constitui uma leitura agradável, com interessante análise de vários casos 
concretos de superendividamento. Trata-se, enfim, de um trabalho sólido e consis-
tente, apresentando-se como uma obra imprescindível a todos os operadores do 
Direito que pretendam se debruçar sobre o problema do superendividamento!”
O que escrever depois desta bela apresentação? Permitam-nos destacar a 
pessoa gentil e dedicada, desta brilhante jurista e magistrada gaúcha, Káren 
Bertoncello, a qual já alcançou extensa e rica publicação,1 tendo contribuído 
em coautoria de sugestão legislativa sobre o tema2 e em proteção das crianças.3
E agora, para coroar carreira de sucesso na magistratura e na academia, 
defendeu, em tese que mereceu a nota 10 no PPGDir da UFRGS, um direito 
ao mínimo existencial. Como afirma a autora na introdução da obra, “não 
 1. Veja seu livro LimA, Clarissa Costa de; beRtoNceLLo, Káren Rick Danilevicz. Superen-
dividamento aplicado: aspectos doutrinários e experiência no Poder Judiciário. Rio de 
Janeiro: GZ, 2009, de seus artigos, veja como exemplo, beRtoNceLLo, Káren Rick Da-
nilevicz; LimA, Clarissa Costa de. Adesão ao projeto Conciliar é Legal (CNJ): projeto 
piloto “Tratamento das situações de superendividamento do consumidor”. Revista de 
Direito do Consumidor, vol. 63, p. 173-201, São Paulo: Ed. RT, jul.-set. 2007; e de suas 
traduções, o artigo de Philippe Flores e Gérard Biardeaud, O ofício do juiz e o crédito 
ao consumo, Revista de Direito do Consumidor, vol. 87, p. 31-47, maio-jun. 2013.
 2. Veja sugestão acadêmica de lei especial,mARques, Claudia Lima; LimA, Clarissa Cos-
ta de; beRtoNceLLo, Káren R. D. Anteprojeto de Lei dispondo sobre a prevenção e o 
tratamento das situações de superendividamento de consumidores pessoas físicas de 
boa-fé. Revista de Direito do Consumidor, vol. 73. p. 345-367. São Paulo: Ed. RT, 2010.
 3. Veja mARques, Claudia Lima; beRtoNceLLo, Káren Rick Danilevicz. Publicidade e 
infância: sugestões para a tutela legal das crianças consumidoras. In: PAsquALotto, 
Adalberto; ALvARez, Ana Maria Blanco Montiel (orgs.). Publicidade e proteção da in-
fância. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. p. 93-111. E o artigo, beRtoNceLLo, 
Káren Rick Danilevicz Os efeitos da publicidade na “vulnerabilidade agravada”: como 
proteger as crianças consumidoras?, Revista de Direito do Consumidor, vol. 90, p. 69-
-90, São Paulo: Ed. RT, nov.-dez. 2013.
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SanSeverino, Paulo de Tarso Vieira; MarqueS, Claudia Lima. Superendividamento do consumidor – Mínimo existencial – 
Casos concretos, de Káren Rick Danilevicz Bertoncello. Revista de Direito do Consumidor. 
vol. 101. ano 24. p. 575-580. São Paulo: Ed. RT, set.-out. 2015.
obstante o fenômeno do endividamento excessivo venha sendo testemunhado 
e regulamentado em diversas sociedades de consumo, o Brasil permanece de-
vedor da aprovação de tutela específica, enfraquecendo sobremaneira o caráter 
prestacional dos direitos assegurados na Constituição Federal de 1988. Daí 
por que entende-se como impositiva a evolução da pesquisa sobre o reconhe-
cimento da existência de um direito ao mínimo existencial.” 
Se o Min. Paulo de Tarso Vieira Sanseverino esteve na Banca de Doutorado e 
realizou a apresentação, como orientador da tese de doutorado, que dá base ao 
atual livro publicado pela Ed. RT e para honrar o convite de também escrever 
esta resenha – a quatro mãos – gostaria de destacar três aspectos desta excep-
cional contribuição à ciência do direito do consumidor, realizada pela autora. 
O primeiro aspecto é que a obra de Káren Rick Danilevicz Bertoncello con-
textualiza, com a melhor bibliografia sociológica e filosófica, o papel desempe-
nhado pelo crédito ao consumo e a necessidade de reforçar a legislação sobre 
o tema no Brasil.4 Humanista e preocupada com a realidade de superendivida-
mento, em especial dos idosos,5 analisa a autora o papel do crédito “da moder-
nidade à pós-modernidade para evidenciar a formação da condição do homem 
endividado”, preocupada – como brilhantes jovens autores do leste europeu 
– com os aspectos constitucionais e sociais da concessão agressiva de crédito e 
da proteção da parte mais fraca.6
O foco da obra de Káren Rick Danilevicz Bertoncello é o conceito de mínimo 
existencial aplicado ao superendividamento, pois de nada adianta conciliar uma 
dívida, elaborar um plano de pagamento, se não for reservado ao consumidor 
um mínimo para (sobre)viver com um mínimo de dignidade.7 Sem remédio, 
 4. Defendemos também esta tese, em: mARques, Claudia Lima; beNjAmiN, Antonio Her-
man. Consumer over-indebtedness in Brazil and the need of a new consumer bank-
ruptcy legislation. In: Niemi, J.; RAmsAy, I.; WhitFoRd, W. C. (eds.). Consumer credit, 
debt and bankruptcy – Comparative and international perspective. Oxford: Hart Pu-
blishing, 2009, p. 60 e ss.
 5. Veja belíssimo artigo de beRtoNceLLo, Káren R.D., Crédito consignado ao idoso e 
“diálogo das fontes”: consequência da coordenação das normas do direito brasileiro, 
Revista de Direito do Consumidor, vol. 88, p. 83-99, jul.-ago. 2013.
 6. Veja o importante livro sobre o tema na Europa de cheRedNycheNKo, Olha O. Funda-
mental Rights, Contract Law and the Protection of the Weaker Party – A Comparative 
Analysis of the Constituonalisation of Contract Law, with Emphasis on Risky Financial 
Transactions, München: Sellier, 2007, p. 5 e ss.
 7. Veja sobre as necessidades dos consumidores/trabalhadores magistral trabalho de cA-
vALLAzzi, Rosângela L., siLvA, Sayonara G. L. e costA de LimA, Clarissa, Tradições in-
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579Resenhas
SanSeverino, Paulo de Tarso Vieira; MarqueS, Claudia Lima. Superendividamento do consumidor – Mínimo existencial – 
Casos concretos, de Káren Rick Danilevicz Bertoncello. Revista de Direito do Consumidor. 
vol. 101. ano 24. p. 575-580. São Paulo: Ed. RT, set.-out. 2015.
sem comida, não é possível viver...8 Nesta bela obra, são investigados com pro-
fundidade e clareza ímpar os “dois modelos de tratamento do mínimo existen-
cial no direito comparado, bem como o atual estado da arte no Brasil sobre a 
proteção do mínimo existencial ao consumidor superendividado” e, na terceira 
parte mais empírica, realiza-se o “estudo de caso-referência com a demonstra-
ção do perfil socioeconômico dos devedores e da atuação dos credores”. 
O segundo aspecto a destacar é que a obra de Káren Rick Danilevicz Berton-
cello não é apenas teórica, mas traz, levanta e trabalha com dados empíricos do 
projeto-piloto de conciliação em bloco na cidade de Sapiranga,9 com base 
no projeto-piloto que criou com Clarissa Costa de Lima e que hoje frutifica 
em vários tribunais do País (TJRS, TJPR, TJSP, TJPE, TJPR).10 Queria aqui 
também destacar o incansável trabalho destas duas destacadas juristas no 
Observatório do Crédito e Superendividamento da UFRGS-MJ, onde atuam 
como codiretoras.11
O terceiro aspecto que queria destacar é que a obra de Káren Rick Danile-
vicz Bertoncello não conclui por um cálculo básico e modelar para o mínimo 
existencial, ao contrário, após profundo estudo de direito comparado,12 sugere 
ventadas na sociedade de consumo: crédito consignado e a flexibilização da proteção 
ao salário, Revista de Direito do Consumidor, vol. 76, p. 74 e ss., São Paulo: Ed. RT, 
out. 2010.
 8. Veja como o superendividamento é um problema social, econômico, jurídico e sis-
têmico de todos e não só do superendividado, mARques, Claudia Lima e cAvALLAzzi, 
Rosângela (coords.), Direitos do Consumidor endividado: superendividamento e crédito, 
São Paulo: Ed. RT, 2006, p. 11 e ss.
 9. Veja alguns dos dados levantados e a metodologia resumidos no artigo, beRtoNceLLo, 
Káren R. D. Tratamento do superendividamento no Poder Judiciário: análise de caso-
-referência (Comarca de Sapiranga), Revista de Direito do Consumidor, vol. 97, p. 303-
317, jan.-fev. 2015.
 10. E recebeu reconhecimento no PL 283, 2012 de atualização do Código de Defesa do 
Consumidor, veja mARques, Claudia Lima e beNjAmiN, Antonio Herman, Relatório Geral 
da Comissão de Juristas, Senado Federal, disponível em: [www.senadofederal.gov.br].
 11. Veja também os dados empíricos levantados pelo Observatório, em mARques, Clau-
dia Lima; LimA, Clarissa Costa de; beRtoNceLLo, Káren R. D. Dados preliminares da 
pesquisa empírica sobre o perfil dos consumidores superendividados da Comarca 
de Porto Alegre (2007 a 2012) e o Observatório do Crédito e Superendividamento 
UFRGS-MJ, Revista de Direito do Consumidor, vol. 99, p. 411-436, São Paulo: Ed. RT, 
maio-jun. 2015. 
 12. Veja a análise do direito comparado em beRtoNceLLo, Káren R. D., Breves linhas sobre 
o estudo comparado de procedimentos de falência dos consumidores França, Estados 
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580 Revista de diReito do ConsumidoR 2015 • RDC 101
SanSeverino, Paulo de Tarso Vieira; MarqueS, Claudia Lima. Superendividamento do consumidor – Mínimo existencial – 
Casos concretos, de Káren Rick Danilevicz Bertoncello. Revista de Direito do Consumidor. 
vol. 101. ano 24. p. 575-580. São Paulo: Ed. RT, set.-out. 2015.
uma classificação e instrumentos para concretizar caso a caso esta figura, este 
“direito social fundamental”, sugerindo modificações na legislação brasileira 
para atualizar o Código de Defesa do Consumidor. A autora afirma: “O míni-
mo existencial substancial (ou mínimo existencial propriamente dito) pode ser 
identificado quanto ao momento, quanto à forma e quanto ao conteúdo, a saber: 
a)quanto ao momento, é identificado na fase conciliatória, quando alcançado o 
entendimento entre devedor e credor(es), com a formatação de acordo homologado 
pelo juiz; ou, na fase judicial, através da prolatação da sentença; b) quanto à for-
ma (moldura), o mínimo existencial substancial deve ser assegurado ex officio, é 
irrenunciável, não podendo ser fixado aprioristicamente; c) quanto ao conteúdo 
(pintura), deve ser apurado quando da apreciação do caso concreto com a preser-
vação de parte do orçamento pessoal do devedor para garantir que viva em condi-
ções dignas e viabilizando o pagamento das despesas básicas.” E conclui: “a fixa-
ção em lei de um percentual fixo como mínimo existencial deve ser evitada”.
Em tempos de atualização legislativa do CDC, a lição deste livro é ainda 
mais necessária. O livro termina com uma importante sugestão legislativa re-
alizada pela autora, no que concerne ao art. 104-B do PLS 283, 2012, de atua-
lização do CDC e que não pode esquecer o mínimo existencial: “§ 3.º O plano 
judicial compulsório assegurará ao consumidor o mínimo existencial e aos 
credores, no mínimo, o valor do principal devido corrigido monetariamente 
por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total da dívida em, no má-
ximo, cinco anos, sendo a primeira parcela devida no prazo máximo de cento 
e oitenta dias, contados da sua homologação judicial, e o restante do saldo 
devido mensalmente em parcelas iguais e sucessivas.”
Em resumo, obra completa, bem escrita, profunda e construtiva, que eleva 
o nível da discussão nacional sobre o tratamento do superendividamento dos 
consumidores ao pontuar a necessidade de preservação do mínimo existencial; 
com a sabedoria, perspicácia e competência que caracterizam a autora. Parabe-
nize-se, mais uma vez, Káren Rick Danilevicz Bertoncello e a Editora Revista 
dos Tribunais, por mais esta contribuição ao Direito do Consumidor no Brasil, 
cuja publicação muito nos alegra e cuja leitura fortemente recomendamos.
Unidos da América e Anteprojeto de Lei no Brasil, Revista de Direito do Consumidor, 
vol. 83, p. 113-137, São Paulo: Ed. RT, jul.-set. 2012. 
RDC_101.indb 580 02/12/2015 17:40:14

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