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/ DEFINIÇÃO O conceito visual de um produto audiovisual. Os elementos que compoem o espaço, os objetos, as cores, as texturas, a iluminação e a caracterização dos atores e figurantes por meio do figurino, maquiagem e cabelos. PROPÓSITO Investigar e compreender o trabalho da direção de arte, realizada em cinema e publicidade, por meio de conceitos, recursos e elementos visuais em um processo criativo. OBJETIVOS / MÓDULO 1 Reconhecer as características da criação de mídias audiovisuais sob o prisma da direção de arte MÓDULO 2 Caracterizar a linguagem cinematográfica INTRODUÇÃO Chegou o momento de estudar a composição artística do audiovisual. Durante muito tempo, ela esteve focada no cinema – que ainda é o principal norteador de suas práticas. Mas, hoje, é importante perceber que os elementos dessa composição encontram-se em produções de mídias audiovisuais mais diversas. Fonte: Freepik O desafio será reconhecer as características da direção de arte, alma que coordena e prepara o resultado nas mídias audiovisuais. Depois, passamos a caracterizar a linguagem cinematográfica, por ser a mãe das demais formas, para compreender a direção de arte nesse contexto. / MÓDULO 1 Reconhecer as características da criação de mídias audiovisuais sob o prisma da direção de arte A DIREÇÃO DE ARTE Nesse primeiro módulo, você vai reconhecer – repare, não é só conhecer, conhecer você conhece, já viu, já consumiu, o que você nunca fez foi reconhecer como aquilo que você viu como produto foi preparado, elaborado. Esse é o convite, sugiro que pegue papel e caneta, mas uma pipoca talvez também caia muito bem. Então, vamos conhecer como acontece a direção de arte? Aperta o play a seguir. / A DIREÇÃO DE ARTE ANTES DA FUNÇÃO DO DIRETOR DE ARTE O PRIMEIRO CRIADOR DE UM FILME DE FICÇÃO CIENTÍFICA No fim do século XIX, um cineasta francês percebeu como os cenários, figurinos e adereços fazem diferença em uma narrativa. George Méliès foi um famoso mágico ilusionista visionário e criador do primeiro filme de ficção científica da história, Viagem à Lua, de 1902. / Fonte: Wikipédia George Méliès. Méliès adquiriu uma câmera em Londres, construiu um estúdio perto de Paris (totalmente em vidro, facilitando a entrada de luz), escreveu roteiros, explorou os efeitos especiais, desenhou cenários burlescos deslumbrantes misturando elementos teatrais, fundos pintados, objetos de cena e a caracterização de personagens, utilizando de uma plasticidade, fluidez espacial e artificialidade. Também acrescentou cor em seus filmes, pintando à mão cada quadro. A seguir você poderá observar uma cena do filme Viagem à Lua: Fonte: Wikipédia Imagem do filme Viagem à Lua. / UM PIONEIRO EM HOLLYWOOD Wilfred Buckland foi o primeiro diretor de arte genuíno em Hollywood. Originalmente um profissional da Broadway, quando chegou em Hollywood, em 1914, Buckland iniciou uma série de mudanças na maneira como os filmes eram projetados e insistiu em se envolver em todos os aspectos da filmagem. Foi o pioneiro na iluminação artificial, na aplicação controlada de sombras, introduziu o uso de miniaturas, perspectivas forçadas e também a presença de móveis verdadeiros em seus sets. Fonte: Wikipédia Wilfred Buckland. O trabalho mais marcante desse diretor foi a construção de um imenso castelo para o filme Robin Hood , de Allan Dwan, de 1922. Considerado a maior cenografia na história de Hollywood, precisou de 500 funcionários em sua construção durante três meses. Esse cenário contava com cortinas em grande escala, texturas ricas e móveis caros. As imagens a seguir ilustram o castelo contruído por Wilfred Buckland: / Fonte: United Artists/Kobal/ Shutterstock. Imagem do castelo de Robin Hood de Allan Dwan. Fonte: United Artists/Kobal/ Shutterstock. Imagem do castelo de Robin Hood de Allan Dwan. / Ele trabalhou em parceria com vários diretores, incluindo Cecil B. DeMille, que inicialmente se opôs a “interferência” de Bucklandem seus projetos, mas posteriormente, escreveu em sua autobiografia: O CENÁRIO HOJE É UM DOS ELEMENTOS MAIS IMPORTANTES NA PRODUÇÃO DE FILMES. SE ALGUÉM ESTIVER INCLINADO A CATALOGAR AS CONTRIBUIÇÕES QUE FIZ PARA OS FILMES, ESPERO QUE A MINHA TRAGA WILFRED BUCKLAND E SEJA COLOCADO NO TOPO DA LISTA. SCOTT, 2010, tradução nossa. UM INOVADOR NO BRASIL A carreira do cenógrafo italiano Pierino Massenzi marca um momento importante da história da cenografia do cinema brasileiro. No fim dos anos 1940, ele se muda para o Brasil e é convidado por Aldo Calvo, cenógrafo do estúdio Vera Cruz na época, para trabalhar na companhia. Começa como pintor de fundo de parede, mas como Aldo Calvo não tinha interesse em trabalhar no cinema, passou a responsabilidade de cuidar da cenografia para Massenzi, logo reconhecido por suas qualidades, passando a ser cenógrafo. O arquiteto, cenógrafo e artista plástico era apaixonado por seu trabalho e virava noites e dias para entregar os cenários. Como na época o acesso a materiais não era fácil como hoje em dia, todas as peças eram feitas e pintadas à mão. Massenzi tinha um método de trabalho bem particular que consistia em ler o roteiro, sem concentrar-se nos diálogos ou nos movimentos de câmera. Ele entregava os cenários prontos ao diretor e diretor de fotografia para que ficassem livres e criassem o que quisessem dentro deles. / No filme Estranho Encontro , de Walter Hugo Khouri (1958), por exemplo, o cenógrafo trabalhou de forma mais curiosa ainda: não leu o roteiro e todos os cenários criados para o filme partiram de uma conversa com o diretor que contou o que se passaria em cada cena. Pierino Massenzi é reconhecido por criar grandes cenografias da época. Vejamos: 1952 Construiu a primeira cidade cenográfica da América Latina, inteiramente em estúdio, para Tico- Tico no Fubá, de Adolfo Celi. 1953 No filme Luz Apagada, de Carlos Thiré, criou um farol de 20 metros de altura que funcionava com ajuda de um gerador que ficava em uma balsa. Além disso, nesse mesmo ano reproduziu em São Paulo o ambiente agreste, com árvores secas, cactus e mandacarus, um acampamento de cangaceiros e uma cidadezinha, para O Cangaceiro, de Lima Barreto. 1957 Para ele foi nesse ano que realizou o seu melhor trabalho de cenografia em Uma certa Lucrécia, de Fernando de Barros, em, onde ele recriou Veneza em estúdio, reutilizando materiais e peças de cenários de outros projetos. Na opinião de Massenzi, a cenografia contemporânea no cinema brasileiro exagera um pouco a realidade. Ele acreditava que a pesquisa era a base para um bom cenário e que, quando filmados em locação, os cenários precisavam de poucos elementos para complementarem a narrativa visual. A seguir, você poderá visualizar uma cena de O cangaceiro. / Fonte: Wikipedia Cena de O cangaceiro, de Lima Barreto, 1953. Fonte: Wikipedia Cena de O cangaceiro, de Lima Barreto, 1953. / Agora que você conheceu um pouco da história do cinema e da sua direção, já notou que temos de tudo, mas não é um improviso. Tudo é pensado, elaborado, construído. Cinema não é chamado de arte à toa. Passamos, então, agora a pensar sobre roteiro – lembrando que ele é fruto de um processo anterior a ação, a produção de arte – e ao papel do processo criativo. Preparados? LEITURA DO ROTEIRO E O PROCESSO CRIATIVO O primeiro passo em um projeto é a leitura do roteiro e ela não pode ser mecânica. O roteiro deve ser digerido aos poucos, de uma forma que o diretor de arte investigue, identifique e interprete ambientes e personagens, criando respostas para uma história. Nesse processo, o diretor de arte faz muitas perguntas a si mesmo que vão ajudar a moldar o visual do filme e seus personagens. QUAIS SÃO OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA TRAMA? QUE IMPACTO EMOCIONAL A HISTÓRIA TEM? QUEM SÃO OS PERSONAGENS? COMO O AMBIENTE DA NARRATIVA REFLETE O PERSONAGEM? / COMO O ESPAÇO FÍSICO / A ARQUITETURA CONTA A HISTÓRIA? COMO SE VESTEM? QUAIS SÃO SUASPROFISSÕES? QUAIS SÃO AS RECORDAÇÕES? / O QUE ELES COMEM, O QUE BEBEM? Assim, o diretor de arte apresenta referências e sensações, transformando o roteiro em uma realidade imaginada, fazendo o espectador mergulhar neste mundo visual. Quando assistimos a um filme, é possível experimentar sensações de frio ou calor, de alegria ou tristeza, de desejo ou repulsa. Isso acontece porque o diretor de arte marca essas passagens na história visual do filme, fazendo com que tudo dê sentido à narrativa. E ONDE O DIRETOR DE ARTE ENCONTRA INSPIRAÇÃO PARA ESSAS RESPOSTAS? Em tudo, em todas as coisas. Além da imaginação e da carga de informações que acumula durante a vida, o diretor de arte também trabalha com pesquisas. Para compor um trabalho de direção de arte em um filme, essas pesquisas podem partir de experiências pessoais que podem parecer banais e corriqueiras como: ir ao mercadinho da esquina, visitar cidades e bairros, frequentar museus ou jantar com amigos. São diversas experiências de vida e cotidianas que servem ao diretor de arte como referências e funcionam como canais de conhecimento. Fonte: Shutterstock / ATENÇÃO É de fundamental importância que o diretor de arte mantenha conversas constantes com o diretor, para trocas de ideias, sugerir mudanças. É importante também recorrer a outras fontes de inspiração que podem ser a pesquisa de um período histórico, os livros de arte, de design e moda, a consulta de outros filmes, em fotografias e ilustrações. OS GÊNEROS E AS NARRATIVAS VISUAIS NATURALISTA OU FANTASIOSA Os gêneros cinematográficos são diversificados (ação, animação, aventura, comédia, drama, ficção científica, musical, romance, suspense, terror) e o mundo visual de um filme pode ter uma narrativa naturalista ou fantasiosa. Vejamos a diferença entre essas duas narrativas: NATURALISTA Procura convencer o público de que está assistindo a eventos reais, que podem ter acontecido no passado, no caso de filmes históricos e biográficos, ou se desenrolam em tempo presente, quando o filme trata de narrativas contemporâneas. Assim, o espectador identifica situações e sentimentos contidos no filme que poderiam fazer ou fazem parte de seu universo. FANTASIOSA A narrativa se distancia da realidade ao criar ambientes, personagens e ações irreais que conduzem o espectador por um contexto imaginado, subjetivo e irreal, distante de situações vividas e experimentadas. Misturando elementos de mundos imaginários, a história acontece em um universo completamente fantástico, diferente da nossa realidade. De qualquer maneira, a direção de arte funciona quando faz o espectador acreditar no que vê. Quem não se encantou com a narrativa fantástica de A forma da água, de Guillermo del Toro, ou a realidade tocante de Central do Brasil, de Walter Salles? O importante é criar enunciados visuais interessantes, que nos transportam para dentro da história, seja por meio do naturalismo ou do artifício. / UM SET DE FILMAGEM, PARA SER UM BOM SET, DEVE AGIR. SEJA REALISTA OU EXPRESSIONISTA, MODERNO OU ANTIGO, DEVE DESEMPENHAR SEU PAPEL. STEVENS, 1928 O DIRETOR DE ARTE NA PUBLICIDADE Como já defendemos o cinema de alguma forma é a linguagem geradora dos debates, mas isso não diminui, claro, as criações e demandas em outras áreas. Por isso, para que essa multiplicidade fique mais viva, vamos falar do diretor de arte na publicidade. Na publicidade, é a agência que escreve o roteiro e molda a linguagem do filme para o público- alvo/consumidor. / Além do roteiro, a agência apresenta o briefing para o diretor e cabe a ele criar um conceito, uma peça publicitária única, traduzindo a estratégia de marketing em filme, atendendo as expectativas do cliente. O trabalho do diretor de arte em publicidade é semelhante ao trabalho no cinema, porém, segundo Bartolomeu (2010), algumas perguntas que o diretor de arte faz durante o processo de interpretação do roteiro são predefinidas pela agência, por exemplo: quem é o personagem e qual é sua classe social. E, assim, o diretor de arte contribui para o conceito do diretor, criando o estilo visual, a “aparência” da marca, que é onde o consumidor alvo se identifica, reforçando o pensamento estratégico aplicado à comunicação publicitária (BERTOMEU, 2010). Uma das diferenças do trabalho do diretor de arte no cinema e na publicidade é o tempo de preparação. CINEMA Há mais tempo para que todos vejam, discutam e façam alterações necessárias. PUBLICIDADE / Todos os detalhes estéticos aprovados em reunião com a agência e o cliente serão seguidos sem alterações durante as filmagens. Cabe, neste momento, lhe fazer uma provocação. Até aqui, falamos de realidades, produtos que você consome em seu cotidiano, para que você entenda o caminho, traçado com história, criação e construção coletiva para se atingir o resultado esperado. O diretor não está só, há outros profissionais envolvidos nesse processo. Apesar de o resultado sempre ficar concentrado no diretor, façamos um exercício de reconhecimento de toda a equipe envolvida nesse trabalho. Vamos conhecê-los. A EQUIPE O diretor de arte é responsável por escolher a equipe. Depois da leitura do roteiro/briefing, normalmente, ele já pode estimar quais são os profissionais necessários para o desenvolvimento do projeto. Geralmente, a equipe do diretor de arte é composta por: Fonte: Freepik ASSISTENTE DE ARTE / O assistente de arte é o braço direito do diretor de arte. Ele segue orientações, executa e sugere novas ideias e soluções durante o projeto. O assistente de arte também cria layouts, desenhos técnicos, ajuda nas pesquisas de referências, acompanha as construções e a evolução dos outros profissionais do departamento de arte. Fonte: Freepik PRODUTOR DE OBJETOS O produtor de objetos se dedica a todo mobiliário, objetos de decoração, cortinas, roupas de cama, luminárias e louças, por exemplo. Até mesmo itens menores como isqueiros, carteiras, celulares e chaves. E ele é responsável por todo o processo, que vai da pesquisa, à produção, à administração do orçamento de objetos, o transporte e a devolução dos objetos. / Fonte: Freepik PRODUTOR DE ARTE O produtor de arte é o profissional que pesquisa e produz todos elementos necessários para a construção de um cenário ou modificações em uma locação. Por exemplo, maçanetas, forração de piso, tintas, azulejos, indo até materiais personalizados como neons e placas impressas. Ele também coordena a equipe de ajudantes de arte, administra o orçamento direcionado a ele, e mantém contato direto com o cenotécnico para que tudo chegue à equipe de construção. / Fonte: Virgyl Sowah / Unsplash CONTRARREGRA Profissional que trabalha no set de filmagem, ele é o nosso “faz-tudo” e deve estar preparado para resolver qualquer problema ou imprevisto. Ele tem todas as ferramentas necessárias para instalação de luminárias, interruptores, quadros, cortinas, e outras surpresas que possam ocorrer durante as filmagens. Ele também cuida e faz manutenção dos objetos de cena. / Fonte: Dana Patrick / Flickr FIGURINO Profissional encarregado pelo vestuário e acessórios usados pelos atores. Dependendo da necessidade, o figurinista pode desenhar e confeccionar roupas com uma costureira, mas se o figurino for mais simples, ele produzirá em lojas de roupas, brechós ou em acervos especializados. / Fonte: PxHere MAQUIAGEM E CABELO A maquiagem e o cabelo impactam o visual e a personalidade do personagem. A maquiagem pode servir como função de embelezamento ou disfarce, para marcar uma passagem de tempo e também serve para caracterizar os personagens como envelhecimento, machucados, cortes, tatuagens, seguindo as informações do roteiro. A equipe de cabeleireiros pesquisa e cria os penteados e postiços (barbas, bigodes, sobrancelhas) adequados para os personagens, a história, local e período de tempo. Outros profissionais que fazemparte da equipe, dependendo da demanda do projeto: CENOTÉCNICO Responsável pela construção dos cenários, segue os desenhos e supervisiona a equipe de construção. Pode sugerir adaptações e a substituição de materiais, buscando a melhoria de resultados. A equipe do cenotécnico é composta por carpinteiros e pintores. ADERECISTA Em algumas situações, é impossível usarmos objetos verdadeiros em cena, ou porque são muito pesados, ou são perigosos, ou até mesmo porque não existem e precisam ser criados. Então, o aderecista entra em cena e constrói artesanalmente objetos específicos. Entre os itens estão, por / exemplo: copos falsos, garrafas, embalagens, veículos, mascotes de torcidas, robôs, até mesmo bebida cenográfica. CULINARISTA OU FOOD STYLIST Se tivermos comida de cena em um filme, é sempre recomendado contratar um culinarista. As filmagens costumam ser longas e, se trabalharmos com comida real, como o passar das horas, ela murcha, derrete, perde o brilho ou tem a cor e textura alteradas. E trabalhar com esse profissional dedicado a técnicas que valorizam esteticamente os alimentos, tem como objetivo fazer com que a comida pareça sempre atrativa. O produto final precisa ser bonito e precisa atrair o espectador, fazendo ele acreditar que a comida é saborosa. DESIGNER GRÁFICO Todo o material gráfico é pesquisado e criado pelo designer gráfico. Ele cria flyers, posters, jornais, manipula fotografias, cria logomarcas. Ele também pode acompanhar a impressão do material junto à gráfica para garantir qualidade e um bom resultado final. PINTOR DE ARTE Um artista cênico que cria todos os fundos pintados, painéis, pintura de objetos, cria texturas em paredes ou tecidos, envelhecimentos e todos os trabalhos de letras e letreiros. EFEITISTA É responsável por efeitos mecânicos como, por exemplo, fumaça, fogo, inundações, explosões e objetos voando. Geralmente, quem coordena o trabalho do efeitista é o produtor, mas como os efeitos são realizados no cenário, o diretor de arte participa de todas as ideias e a evolução do trabalho para entender se os efeitos a serem realizados precisam de suporte ou atenção especial do departamento de arte. Viu quanta gente? Cada um compõe a estrutura que dá o resultado final que você acompanha. Mas para que isso seja efetivo ainda precisamos do momento de olhar para a obra, a concepção de que estamos produzindo arte, que ela terá uma estética, escolhida, uma imagem, uma fotografia singular. Calma, você vai entender melhor. / Fonte: guruXOX / Shutterstock ARTE E FOTOGRAFIA O diretor de arte não precisa necessariamente saber como trabalhar com uma câmera ou iluminar adequadamente um cenário, mas ele precisa saber trabalhar com a profundidade, a perspectiva, entender como os materiais, cores e texturas reagem na lente. Uma superfície brilhante pode dar um grande efeito ou pode ser um desastre em um plano. Uma tonalidade de azul mal estudada pode virar um verde indesejável que não faz parte da paleta de cores. Então, todas as informações visuais devem estar afinadas em parceria entre arte e fotografia, para que o conceito visual de um filme fique mais refinado. O diretor de fotografia introduz elementos técnicos no conceito visual que visam melhorar ou “sujar” o filme por meio da luz, sombras e composição de quadros que podem afetar a forma como visualizamos os cenários e os objetos. Então, os dois profissionais são responsáveis em realizar a arte visual dentro do argumento preestabelecido no roteiro e no storyboard. PRODUÇÃO DE OBJETOS Como já vimos, o produtor de objetos é responsável por cumprir a visão do diretor de arte através da decoração dos cenários, lidando com estilos, épocas, classes sociais, paleta de cores e / detalhes que revelam ao público algo sobre a pessoa que vive em um determinado ambiente. A produção de objetos cuida ainda de detalhes sutis, que o espectador pode até não perceber, mas são neles que entendemos as preferências e a personalidade do personagem. Seja através de uma caneca preferida, ou uma coleção de miniaturas, fotografias e cartões postais colados na parede, uma cadeira estranha comprada em um brechó. Tudo isso serve de referência ao espectador. Fonte: PRPicturesProduction / Shutterstock Outro ponto importante são as sensações que, por exemplo, podemos expressar através de outros materiais, como os tecidos usados em um cenário. Se queremos passar a impressão de uma casa mais aconchegante, além de marcarmos o mood nos móveis e decoração, podemos utilizar estofados, cortinas ou almofadas que tenham texturas que nos envolvem, nos abraçam visualmente. Entretanto, um cenário não precisa necessariamente ser bonito, mas precisa convencer por meio de mensagens visuais. Organização e comunicação são muito importantes, o produtor de objetos mantêm constantes conversas e trocas de ideias com o diretor de arte. Ele realiza pesquisas em lojas físicas e na internet até encontrar a decoração perfeita, ou a decoração “imperfeita”. Essa pesquisa será organizada e posteriormente apresentada ao diretor e o diretor de arte, no caso de filme um publicitário, à agência e ao cliente, para depois produzir todos os itens, levando em consideração as cenas e datas de filmagem. FIGURINO E MAQUIAGEM / Assim que o personagem aparece na tela, conseguimos fazer algumas associações. O filme pode começar com uma cena na rua, fora de um ambiente particular do personagem, mas por meio de detalhes como um chapéu, uma jaqueta surrada, ou um batom vermelho, por exemplo, imediatamente fazemos associações à sua condição social e humana. Da mesma forma que a produção de objetos adiciona pequenos detalhes que narram as preferências pessoais, os detalhes na roupa, em conjunto com a maquiagem e cabelos, moldam o personagem. Fonte: Freepik O figurinista e o maquiador participam de uma reunião de briefing com o diretor e o diretor de arte e, durante todo processo de pesquisa, eles realizam trocas constantes de informações até chegarem juntos às características ideais para a narrativa. E ENTÃO, VOCÊ ACHA QUE ACABA POR AQUI? Não, claro que não é o fim!!! Temos ainda inúmeras possibilidades e reflexões possíveis. Mas até aqui você pode observar a produção das mídias audiovisuais por trás das câmeras, por trás do resultado final. / Aperte o play para assistir ao “Por trás da câmera”. Você deve ter percebido que o nosso processo aqui foi construir o reconhecimento daquilo que faz parte do resultado final. Seu exercício, agora, é assistir um filme, por exemplo o aclamado A invenção de Hugo Cabret. E tente recuperar a magia do cinema, mas ao mesmo tempo, perceber o sentido de sua produção. CABRET javascript:void(0) / Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que vive escondido nas paredes da estação de trem. Ele guarda consigo um robô quebrado, deixado por seu pai (Jude Law). Um dia, ao fugir do inspetor (Sacha Baron Cohen), ele conhece Isabelle (Chloe Moretz), uma jovem com quem faz amizade. Logo Hugo descobre que ela tem uma chave com o fecho em forma de coração, exatamente do mesmo tamanho da fechadura existente no robô. O robô volta então a funcionar, levando a dupla a tentar resolver um mistério mágico. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ENADE – 2018 – COMUNICAÇÃO – ADAPTADA) A REALIDADE É TÃO VASTA QUE NELA CABEM O CATASTROFISMO DOS QUE ANUNCIAM A DECADÊNCIA DA TELEVISÃO, EM PERFEITO CONVÍVIO COM OS QUE CELEBRAM A ERA DA TV EVERYWHERE, QUANDO O CONTEÚDO TELEVISIVO PODE SER CONSUMIDO EM MÚLTIPLAS TELAS, CABENDO AO PÚBLICO ESCOLHER A MAIS CONVENIENTE A CADA MOMENTO. AUMENTAM AS POSSIBILIDADES DE PLATAFORMAS, MULTIPLICAM-SE AS MÍDIAS, E TUDO O QUE AS HISTÓRIAS PRECISAM FAZER É APRENDER A CIRCULAR POR TODAS AS ESTRADAS. EM OUTRAS PALAVRAS, SE BANQUETEAREM COM A REALIDADE TRANSMÍDIA (ADAPTADO DE XAVIER, A. STORYTELLING. RIO DE JANEIRO: BEST BUSINESS, 2017). NA FORMA IDEAL DE NARRATIVA TRANSMIDIÁTICA, CADA MEIO FAZ O QUE FAZ DE MELHOR, A FIM DE QUE UMA HISTÓRIA POSSA SER INTRODUZIDANUM FILME, SER EXPANDIDA PELA TELEVISÃO, POR ROMANCES E QUADRINHOS, SEU UNIVERSO POSSA SER EXPLORADO EM GAMES OU EXPERIMENTADO COMO ATRAÇÃO DE UM PARQUE DE DIVERSÕES (ADAPTADO DE JENKINS, H. CULTURA DA CONVERGÊNCIA. SÃO PAULO: ALEPH, 2008). / CONFORME SE DEPREENDE DA LEITURA DOS TEXTOS, NO QUE TANGE A CRIAÇÃO PODEMOS AFIRMAR QUE: A) reiteram a estrutura tradicional de histórias com começo, meio e fim, para se garantir que o consumidor tenha uma experiência completa ao final da narrativa. B) são processos comunicacionais que devem priorizar as histórias simples e de fácil assimilação, para evitar que o consumidor se desloque entre as mídias. C) produzem um universo ficcional inacabado e expansível, promovendo a dissolução das fronteiras entre as mídias. D) combina uma leitura atenta do roteiro, as pesquisas do que o envolve – desde história até experiências – permitindo dessa forma compor a participação do consumidor na construção das histórias, gerando indentificação. 2. (ENADE – 2018 – COMUNICAÇÃO – ADAPTADA) NAS ETAPAS DE PROCESSO DE CRIAÇÃO DE FILMES PUBLICITÁRIOS, HÁ, EM LINHAS GERAIS, UMA DIVERSIDADE DE PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS: DA AGÊNCIA DE PROPAGANDA, DO CLIENTE E DA PRODUTORA. TODOS ELES TÊM OBJETIVOS ESPECÍFICOS, DE ACORDO COM SEUS PAPÉIS PROFISSIONAIS. (ADAPTADO DE BERTOMEU, J. V. C. CRIAÇÃO EM FILMES PUBLICITÁRIOS. SÃO PAULO: CENGAGE LEARNING, 2010). SOBRE O RECONHECIMENTO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE FILMES PUBLICITÁRIOS, OS AGENTES ENVOLVIDOS, OS PROCEDIMENTOS E OS DOCUMENTOS, ASSINALE A OPÇÃO CORRETA. A) O cliente é responsável pela elaboração do briefing, documento em que constam as informações necessárias para a criação do filme, tais como concorrência, público-alvo, objetivos, restrições e obrigatoriedades. B) O diretor é responsável pelo comando do set de filmagem, com a participação da equipe de criação da agência, para se garantir a coerência do resultado com o conceito criativo. C) A produtora é responsável pela criação do conceito, da narrativa e do storyboard, documento que ilustra o filme de forma resumida, em quadros, para aprovação pelo cliente e orientação da / concepção visual da peça. D) O diretor de cena, profissional vinculado à produtora audiovisual, seleciona o elenco e aprova o roteiro, documento que descreve o filme na forma de texto e imagens. GABARITO 1. (ENADE – 2018 – Comunicação – Adaptada) A realidade é tão vasta que nela cabem o catastrofismo dos que anunciam a decadência da televisão, em perfeito convívio com os que celebram a era da TV everywhere, quando o conteúdo televisivo pode ser consumido em múltiplas telas, cabendo ao público escolher a mais conveniente a cada momento. Aumentam as possibilidades de plataformas, multiplicam-se as mídias, e tudo o que as histórias precisam fazer é aprender a circular por todas as estradas. Em outras palavras, se banquetearem com a realidade transmídia (adaptado de XAVIER, A. Storytelling. Rio de Janeiro: Best Business, 2017). Na forma ideal de narrativa transmidiática, cada meio faz o que faz de melhor, a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, por romances e quadrinhos, seu universo possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um parque de diversões (adaptado de JENKINS, H. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008). Conforme se depreende da leitura dos textos, no que tange a CRIAÇÃO podemos afirmar que: A alternativa "D " está correta. O processo criativo não é um processo de inspiração de musas, mas um exercício coletivo, direcionado... Começa com a leutra o roteiro, a elaboração de marcos, organização de pesquisa valorização de experiências, trocas com os envolvidos, objetivos e grupos para os quais são voltados. 2. (ENADE – 2018 – Comunicação – Adaptada) Nas etapas de processo de criação de filmes publicitários, há, em linhas gerais, uma diversidade de profissionais envolvidos: da agência de propaganda, do cliente e da produtora. Todos eles têm objetivos específicos, de acordo / com seus papéis profissionais. (adaptado de BERTOMEU, J. V. C. Criação em filmes publicitários. São Paulo: Cengage Learning, 2010). Sobre o reconhecimento do processo de criação e produção de filmes publicitários, os agentes envolvidos, os procedimentos e os documentos, assinale a opção correta. A alternativa "B " está correta. Uma das diferenças mais claras da direção de arte do cinema e da publicidade é a relação entre a peça proposta e o cliente. Ainda assim, algumas características permanecem presntes e vivas. Mas a produção técnica, a garantia entre o conceito vendido e o atingimento do proposto é uma relação direta com a equive, levada pelo diretor de arte, mas com a imponderável participação dos demais grupos. MÓDULO 2 Caracterizar a linguagem cinematográfica CONSTRUINDO UMA LINGUAGEM Chegamos à fase em que a criatividade do diretor de arte começa a tomar forma. É neste momento que a imaginação visual e as regras preestabelecidas se unem, seguindo alguns passos importantes, onde o diretor de arte e a equipe se organizam e estabelecem a sintonia visual para o perfeito andamento do projeto. Veja as palavras de Covaleski et al. (2003, p. 17): / A PROXIMIDADE E A CADA VEZ MAIS PRESENTE INTER- RELAÇÃO LINGUÍSTICA DO CINEMA E DA PUBLICIDADE TELEVISUAL PROPICIAM E JUSTIFICAM OS ESTUDOS E INSTIGAM A BUSCA DE NOVOS EXEMPLOS. COVALESKI, Rogério et al. Cinema e publicidade televisual: interfaces Comunicacionais. 2003. p. 17 MAS VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA SE CARACTERIZAR? Entre muitas formas, gosto da imagem da preparação do palhaço, essa fantástica figura do imaginário popular. Como ele vai se constituindo, se preparando, se caracterizando para que o todo, o histórico personagem esteja pleno diante de você. Aqui, a magia passará pela caracterização da linguagem cinematográfica – não esqueça, é o cinema como forma, como prática, como matriarca de um entendimento de arte audio visuais no mundo contemporâneo. / Para entender o que é caracterização, assista ao vídeo a seguir. É importante ressaltar que, quando falamos de linguagem, usamos sua definição linguística que a define como: Qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais e etc. […]. Assim, a linguagem cinematográfica é a vivida linguagem audiovisual presente desde os filmes publicitários e aos novíssimos produtos de internet. Essa linguagem para que possa ser criada utiliza fenômenos e processos diversos que passamos a tratar. ORÇAMENTO O diretor de arte toma conhecimento junto ao produtor do orçamento disponível para o desenvolvimento do projeto. Ele usa toda sua criatividade em uma produção, mas sempre respeitando o orçamento disponível. Em alguns casos, se necessário, o produtor pode mexer no orçamento inicial aumentando o valor da verba a ser gasta pelo departamento de arte, mas é importante sempre seguir ao máximo o valor estipulado, e todos os problemas orçamentais que possam surgir devem ser imediatamente comunicados. Nunca se deve gastar mais do que o estipulado sem a aprovação do produtor. / Fonte: Wayhomestudio / Freepik O orçamento final do departamento de arte é a soma de todos os itens necessários no projeto: cenários, objetos, adereços, material gráfico, comidas e bebidas de cena, cachês de contrarregra e ajudantes, transporte e alimentação da equipe de arte. Uma planilha detalhada deve ser criada com todos esses itens e todos os valores gastos durante o projeto devem ser atualizados diariamente, assim se evitam surpresas finais de estouro no orçamento. DECUPAGEM Découpage, do francês, significa recortar. Em um filme, é dividir as cenas de um roteiro em planos, como parte do planejamento da filmagem. A decupagem é feita para toda a equipe. É nesse momento que o filme será detalhado em cenas, já que as filmagens nem sempre obedecem a uma sequência lógica, pois são filmadas deacordo com a locação. É como um mapeamento do filme e ela ajuda a equipe a se organizar em quatro momentos: na pré-produção, na produção, nas filmagens e na desprodução. Além dessa decupagem realizada para toda a equipe, o departamento de arte realiza mais um tipo de decupagem, a lista de arte. Esta decupagem é uma lista minuciosa de informações encontradas no roteiro e das ideias propostas pelo diretor de arte. E é também, onde cada objeto / é catalogado por cena e data de filmagem, facilitando as tarefas de cada profissional dentro do departamento de arte. Veja alguns exemplos de lista de arte: EXEMPLO É um excel, ou um word simples, com uma tablea de funções indicando tudo o que é necessário para produzir a cena. É uma imagem ilustrativa, não um modelo, tudo está escrito no texto. LOCAÇÃO OU ESTÚDIO Quando optamos por locação, procuramos por espaços que dialogam com o filme. A locação pode ter uma realidade e conter detalhes estéticos que contribuem com a narrativa visual - linhas arquitetônicas, texturas, rachaduras, detalhes das janelas, portas, esquadrias, pisos antigos ou entradas de luz. Mas filmar em locação não significa assumi-la na mais pura forma. Às vezes, se necessário, o departamento de arte poderá realizar interferências para que o resultado final chegue ao layout proposto pelo diretor de arte, como por exemplo, mudar as cores das paredes, criar uma divisória falsa entre os ambientes ou mudar a forração do piso. / Fonte: Pixaby Casa do filme "O Hobbit". Se a opção para o projeto for a locação, um produtor de locação (profissional especializado em pesquisar, produzir e negociar diferentes tipos de locações) será contratado para o projeto. Ele fará uma reunião de briefing junto a equipe para entender todas as necessidades do projeto: tamanho do espaço, número de cômodos a serem filmados, estilo arquitetônico, classe social. E assim, irá apresentar diferentes opções de locações que estejam dentro do briefing recebido e, por meio de fotografias e informações técnicas, o diretor, o diretor de arte e o diretor de fotografia farão uma seleção prévia das locações em potencial, para em seguida visitá-las e verificarem quais realmente combinam com o projeto. ATENÇÃO Optar por estúdio é importante quando o diretor precisa de mais liberdade para desenvolver as cenas ou se precisamos construir cenários originais e difíceis de encontrar no mundo real. No estúdio, podemos construir cenários grandes, com paredes que se movem, ele permite aumentar o leque de possibilidades cênicas. Na hora de escolher um estúdio é vital avaliar se todas as informações técnicas são condizentes para a construção do cenário e se a infraestrutura técnica responde às necessidades da direção, arte, fotografia, elétrica e produção. Com as locações escolhidas, o diretor de arte inicia a criação dos layouts a partir de conversas realizadas com o diretor. E o diretor desenha o storyboard. Para o departamento de arte, o storyboard é uma importante fonte de informação para que se consiga / trabalhar nas locações, focando nos enquadramentos corretos, levando em consideração que, às vezes, nos delimitamos em um certo espaço. LAYOUTS São com os layouts que o diretor de arte irá mostrar a proposta do cenário. Assim, o diretor, o diretor de fotografia e toda a equipe conseguem compreender a totalidade dos detalhes que envolvem o projeto, entre eles, o tamanho do cenário, estrutura, mobiliário, entradas de luz e cores. Se a filmagem é em locação, é importante durante a visita de locação tirarmos as dimensões do ambiente (comprimento x largura x altura) e a posição de portas e janelas, criando uma planta do espaço a ser filmado. Essas informações servirão como um guia na hora de desenhar o layout. Quando filmamos em estúdio, podemos “brincar” mais com a estrutura. Ambientes com perspectivas ou divisórias são mais ricos visualmente, mas, às vezes, podemos criar um cenário com apenas uma parede ao fundo, seguindo uma estética mais conceitual. Mas o que precisamos levar em consideração é a quantidade de cenas a serem filmadas nesse cenário, pois precisamos dar liberdade para que o diretor consiga criar planos diferentes. ATENÇÃO Na hora de desenhar um cenário, leve em consideração o espaço necessário para a movimentação dos atores e faça um estudo do mobiliário, isso tornará o ambiente mais funcional. Alguns diretores de arte ainda criam seus layouts com desenhos à mão livre, mas com o avanço da tecnologia e o surgimento de aplicativos e softwares de desenho, criar um layout usando o computador ficou mais prático e rápido. Vejamos alguns exemplos de ferramentas que você pode utilizar para criar o seu layout: / Fonte: SketchUp SketchUp Programa usado para uma ampla variedade de projetos de modelagem 3D, como na cenografia, arquitetura, design de interiores e arquitetura paisagística. Além dos projetos 3D, é possível exportar modelos 2D e realizar desenhos técnicos. O Sketchup também obteve sucesso com pessoas que desejam criar, compartilhar ou fazer download de modelos 3D para uso em impressoras 3D que hoje começam a ser utilizados por diretores de arte em estudo de maquetes. Fonte: CONCEPTS CONCEPTS Aplicativo avançado de desenho e design para criadores profissionais. Possui uma grande quantidade de pincéis, mecanismo de desenho vetorial fluido e responsivo, e ferramentas de precisão intuitivas, para que o processo de design pareça tão natural quanto usar lápis e papel. / Fonte: Morpholio Trace Morpholio Trace Aplicativo de arquitetura e design que permite que você desenvolva idéias facilmente em camadas, se comunique por meio de marcação de desenho e trabalhe com fluidez em todas as fases do processo de design. Você pode desenhar sobre PDFs, mapas, fotos e imagens. PALETA DE CORES PRETO E BRANCO Nos dias atuais, filmes em preto em branco são mais raros, e quando surgem, são realizados sempre com uma visão particular do diretor, evidenciando mais à narrativa do filme. A linguagem preto e branco pode ser tão instigante quanto a cor. A direção de arte em um filme preto e branco funciona quando exploramos as gradações de cinza, texturas, acabamentos, estampas, materiais com brilho ou com ausência dele. Ganha-se assim mais contraste e tudo fica mais visível, destaca-se, “salta” na câmera. Mas para que o resultado final seja como o esperado, testes com esses materiais devem ser realizados com uma câmera em conjunto do diretor de fotografia, antes das filmagens. / Fonte: Ag. Pará / Fotospublicas CORES A cor é vista e é sentida. De nada adianta criarmos uma paleta bela se as cores não condizem com a narrativa. Se em um filme publicitário damos prioridade para a cor do cliente reforçando a identidade da marca, no cinema nos utilizamos do recurso de como as cores influenciam emoções e sentimentos. Entretanto, em ambos os casos utilizamos de estratégias para reforçar a narrativa. Para a criação de uma paleta, levamos em consideração a lei de harmonização das cores e os sentimentos que queremos causar através da cor. A Lei de Harmonização das cores estuda tipos de composições que combinadas tornam-se mais adequadas para um projeto. Isso não quer dizer que exista apenas uma fórmula certa de harmonizá-las, mas algumas combinações tendem a funcionar melhor. / Fonte: Freepik CORES MONOCROMÁTICAS É a variação de brilho e saturação de um único matiz (cor) do círculo cromático. É uma combinação simples e elegante. Esse tipo de harmonia é muito utilizada em filmes publicitários, combinando o uso do branco, preto, cinzas e/ou beges. Fonte: Freepik / COMBINAÇÕES DE CORES Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock CORES COMPLEMENTARES É a combinação de uma cor quente e uma fria, encontram-se no extremo oposto do círculo, e portanto, complementam-se. Essa harmonia causa bastante contraste. / Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock CORES COMPLEMENTARES DIVIDIDAS É a combinação de uma corcom duas cores opostas complementares adjacentes. / Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock CORES ANÁLOGAS São as cores que estão lado a lado. Essa forma de combinação é bastante usada em composições de degradê e com pouco contraste. É possível combinar até 5 cores, mas o recomendado é de duas a três cores. / Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock ANÁLOGAS MAIS UMA COMPLEMENTAR É a combinação de três cores adjacentes mais uma complementar. A inclusão de mais uma cor dá mais contraste a combinação, quebrando o ritmo das cores análogas. Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock / ANÁLOGAS RELACIONADAS É a combinação de duas cores análogas e pular a terceira cor, para a direita ou esquerda. Possui mais contraste que a análoga simples. Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock CORES INTERCALADAS Combinação com bom contraste, é a combinação de três cores intercaladas. / Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock CORES TRIÁDICAS É a composição de três cores dentro do círculo usando um triângulo equilátero. Esse efeito produz muito contraste, porém, sem perder a harmonia. / Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock CORES TETRÁDICAS É a composição de quatro cores usando dentro do círculo um retângulo, utilizando dois pares de cores complementares. Se as quatro cores forem utilizadas, recomenda-se que apenas uma das cores seja a dominante. / Fonte: Kite_stockfoto / Shutterstock CORES EM QUADRADO Bastante vibrante e desafiadora, é a combinação de quatro cores em um quadrado dentro do círculo. AS CORES E OS SENTIMENTOS Mesmo sem conferir a tabela a seguir, tenho certeza que você já fez associações de algumas cores com sentimentos. Com o vermelho, pensamos em paixão e desejo, com o verde, pensamos em natureza e saúde, e o azul, na paz, tranquilidade, e assim por diante (STAMATO, 2013). Mas, observe a seguir o que cada cor pode transmitir: / Calor, amor, paixão, desejo, excitação, energia, velocidade, coragem, força, poder, raiva, violência, perigo, fogo, sangue. Amor, romantismo, feminino, ternura, suavidade, delicadeza, charme, inocência, brincadeira, felicidade, vulnerabilidade. / Verão, luz do sol, felicidade, otimismo, alegria, sabedoria, oportunidade, conhecimento, idealismo, imaginação, esperança. Calor, humor, energia, empolgação, entusiasmo, criatividade, vibrante, equilíbrio, expansão, extravagância. / Cura, tranquilidade, perseverança, renovação, tenacidade, autoconsciência, orgulho, meio ambiente, saúde, boa sorte, juventude, vigor, primavera, generosidade, fertilidade, segurança. Calma, fé, espiritualidade, lealdade, realização paz, tranquilidade, estabilidade, harmonia, unidade, confiança, verdade, honestidade, responsabilidade. / Erotismo, realeza, nobreza, espiritualidade, cerimônia, mistério, transformação, sabedoria, iluminação, arrogância, luto, poder, sensibilidade, intimidade. Materialismo, terra, casa, ao ar livre, confiabilidade, conforto, resistência, estabilidade, simplicidade, austeridade. / Poder, sexualidade, sofisticação, formalidade, elegância, riqueza, mistério, medo, anonimato, infelicidade, profundidade, estilo, maldade, tristeza, remorso, raiva, austeridade. Esperança, proteção, amor, pureza, simplicidade, limpeza, paz, humildade, precisão, inocência, juventude, nascimento, inverno, frio, bondade, esterilidade, clínico, estéril. / Então, estamos prontos: já temos quanto, onde, as cores, os argumentos. Prontos para entrar em cena, claro que a direção entrar em cena é estar perfeitamente nos bastidores. É tenso. Veja como o diretor pode sofrer para fazer sua obra de arte. Já viu o filme Hitchcok ? Nele, você vivencia a direção de arte e a composição de seu entorno. Vamos conhecer o nascimento do projeto? HITCHCOK É o filme que adapta ao cinema Alfred Hitchcock And The Making Of Psycho, livro de Stephen Rebello sobre os bastidores de Psicose, dirigido por Sacha Gervasi. Assista e veja a intensidade da direção e as entradas do próprio diretor neste processo. APRESENTAÇÃO DO PROJETO Depois de toda pesquisa e conceitos criados para um projeto, o diretor de arte prepara uma apresentação, o moodboard. Ele é composto por todos os elementos que, interligados, contam o visual da história: layouts, referências de arte, objetos de cena, paleta de cores, figurino e maquiagem. javascript:void(0) / Fonte: Kramarek / Shutterstock Além do moodboard, o diretor de arte pode adicionar à apresentação amostras de tecidos, materiais ou revestimentos. Essas peças são apresentadas através de mostruários, catálogos ou em pequenas amostras solicitadas nas lojas. Um moodboard pode ser composto de referências encontradas na internet ou de peças reais fotografadas em lojas físicas. A apresentação feita a partir da pesquisa na internet é mais utilizada em filmes publicitários. Com orçamento limitado, fazer gastos antes da aprovação final da agência e cliente pode colocar em risco o orçamento do projeto. Já em um filme, como o diretor de arte mantém constante troca de ideias e informações com o diretor, a equipe de arte se sente segura em realizar a pesquisa em lojas físicas, pois já tem todas as informações necessárias que ajudam no momento de escolher as peças. Vejamos a diferença de uma apresentação no cinema e na publicidade: CINEMA A apresentação é feita ao diretor e ao diretor de fotografia. PUBLICIDADE A apresentação é feita ao diretor e, posteriormente, à agência e ao cliente em uma reunião chamada de ppm. A seguir, você verá alguns tipos de Moodboard: / Fonte: Pixaby Moodboard referências de arte Nesse board, apresentamos referências de móveis e objetos, assim conseguimos visualizar o mood geral proposto para o ambiente. Você pode perceber que este board foi feito a partir de referências de fotografias pesquisadas na internet. O importante desse tipo de apresentação é mostrar apenas elementos que, sendo aprovados, serão produzidos iguais pelo produtor de objetos, ou que pelo menos, visualmente pareçam iguais. Nunca sugerimos algo que não existe, ou nunca produzimos algo diferente do que foi aprovado. Por exemplo, se o liquidificador azul for aprovado, é preciso produzir o liquidificador na cor azul, nunca em outra cor. Fonte: Pixaby Moodboard objetos de cena Nesse board, temos os objetos de cena que são importantes para que o ator realize a ação escrita no roteiro. A regra para objetos de cena é mais rígida em relação à produção da peça aprovada. Então, se a apresentação do board resultar de uma pesquisa na internet, precisamos verificar com antecedência se o objeto apresentado está disponível para compra ou locação e que o modelo, tamanho, cor e/ou marca sejam os mesmos na hora de produzi-lo. Nunca ofereça um objeto de cena que não existe, ou por exemplo, é muito caro e pode comprometer o orçamento do filme. / Fonte: Freepik Moodboard paleta de cores Sobre a paleta de cores e as escolhas, tratamos sobre esse assunto anteriormente. No entanto, é importante ressaltar que os princípios se mantêm na construção dessas escolhas. Fonte: Freepik Moodboard figurino As referências de figurino são fornecidas pelo figurinista, e cabe ao diretor de arte fazer uma seleção das referências que ele acredita estarem dentro do briefing, e entrando assim, no moodboard. A organização dos figurinos no board é feita por cena. PROJETO APROVADO, HORA DE PRODUZIR Depois que a apresentação é aprovada, começamos o trabalho de produção. Falando em locação, a equipe realiza uma visita técnica ou “Tech Scout” nas locações aprovadas. Nessa visita, o diretor, diretor de arte e diretor de fotografia, junto de suas equipes, vão debater cena por cena. Essa visita técnica é importante para que todos os departamentos entrem em sintonia sobre cada / cena e estejam a par do que vai acontecer durante as filmagens. Algumas novas ideias podem surgir nessa visita, dando tempo para que os departamentos se preparempara essas alterações. Fonte: Jakob Owens / Unsplash Se o projeto optou por estúdio, o cenotécnico começa a construção do cenário em seu galpão de trabalho e negocia junto ao produtor quando irá iniciar a montagem. Em paralelo, o departamento de arte começa a produzir os itens aprovados para o projeto. O figurino, por sua vez, depois da produção das peças, vai realizar uma “prova de figurino”. Essa prova serve para mostrar ao diretor que as ideias aprovadas por meio de referências condizem com a narrativa do filme e que a roupa tenha um bom caimento no ator. Pode acontecer que alguma referência de figurino não funcione, então o figurinista terá tempo hábil para fazer alterações ou produzir novas peças. PRÉ-FILMAGEM A equipe do departamento de arte é a primeira a entrar em uma locação ou estúdio. Levando em consideração que estamos decorando um ambiente do zero e realizando interferências na locação, a equipe precisa de tempo prévio para que tudo esteja pronto para o dia da filmagem. No cinema, dependendo do tamanho do cenário, entramos 1, 2 ou 3 dias antes da filmagem. Na publicidade, costumamos entrar 1 dia antes da filmagem. / Fonte: Pixaby FILMAGEM No dia da filmagem, nós seguimos a “ordem do dia”, documento que é organizado anteriormente pelo assistente de direção e aprovado pelo diretor. Nesse documento, temos todas as cenas decupadas por ambiente e em que momento elas acontecem. Então, o departamento de arte, figurino e maquiagem deixam os ambientes e os atores preparados por ordem de filmagem. Durante a filmagem, o diretor de arte fica ao lado do diretor, observando no monitor cada quadro e ajudando a afinar a cena. Como diretores de arte, ficamos o tempo todo ajustando a posição dos objetos, observando se o figurino precisa ser arrumado ou passado, se o ator necessita manutenção de maquiagem ou se tem algo em quadro que não faz parte do filme. É muito importante estar concentrado em cada cena, pois uma distração pode arruiná-la visualmente. / Fonte: Gorodenkoff / Shutterstock DICA Seja positivo, esteja sempre aberto para solucionar problemas, sugerir novas ideias e escutar toda a equipe. Um filme não é feito apenas por um departamento, a soma do conhecimento de todos os profissionais em um projeto é que faz um filme ter um belo resultado. DESPRODUÇÃO Com as filmagens finalizadas, é hora de desproduzir. Filmando em locação, devemos devolvê-la nas mesmas condições em que nos foram entregues. Todas os móveis e objetos da locação que foram removidos para a montagem do cenário, devem ser colocados no mesmo local e posição em que estavam anteriormente. O produtor de objetos vai embalar os móveis e objetos um por um com muito cuidado e verificando se alguma peça foi danificada e, posteriormente, vai devolver as peças alugadas nas lojas, ou no caso de compra, entregará o material na produtora. / Fonte: Pixaby Enfim! Vamos a festa! Calma! Temos sempre novos trabalhos a fazer, mas o entendimento dessa relação e a produção são fundamentais. O que fizemos nesse módulo foi tentando detalhar, passo a passo a composição que faz parte da construção de uma mídia audiovisual. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NO PROCESSO DE CARACTERIZAÇÃO DE PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS PODEMOS APONTAR COMO FASE FUNDAMENTAL PARA QUE O PRODUTO SEJA OBTIDO AS OPÇÕES ABAIXO, EXCETO: A) Elaboração do roteiro. B) Estuturar o orçamento. C) Elaboração e marcação do layout. D) Estruturar o esquema de cores conform objetivo. 2. QUANDO TRATAMOS DA OBRA CARACTERIZADA, QUER DIZER, FINALIZADA, É OBRIGATÓRIO QUE EU TENHA APÓS A ENTREGA AO / CLIENTE O SEGUINTE PROCESSO: A) O catálogo dos moodboards. B) A filmagem e sua entrega em DVD ou mídia indicada pelo cliente. C) Pré-filmagem em que o cliente é apresentado ao projeto. D) Desprodução, com a correta desmontagem e devolução do utilizado. GABARITO 1. No processo de caracterização de produções audiovisuais podemos apontar como fase fundamental para que o produto seja obtido as opções abaixo, EXCETO: A alternativa "A " está correta. A questão apesar de aparentemente simples – o roteiro faz parte da criação, da fase anterior a carcterização, a formulação da produção e da linguagem. É típico do processo criativo, muitas vezes produzidos em um âmbito fora da produção – que o recebe e adapta. 2. Quando tratamos da obra caracterizada, quer dizer, finalizada, é obrigatório que eu tenha após a entrega ao cliente o seguinte processo: A alternativa "D " está correta. A linguagem que caracterizamos é a de produção. Não estamos falando do tipo do filme a ser apresentado, mas os signos da produção, suas tradições e fundamentos. Nesse sentido, a continuidade de projetos depende da cuidadosa desmontagem, conhecido como desprodução. CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse tema tem duas funções básicas: gerar reconhecimento, em forma de identidade, em que você deve perceber o que compõem uma organização e criação de mídias audiovisuais, em que o protagonista é o diretor de arte e, por isso é quem acompanha nosso olhar, mas está muito distante de estar só nesse processo de criação. Depois buscamos, seguindo a tradição da arte, da representação, fazer uma metáfora da caracterização da linguagem de características cinematográficas e que é adotada de forma intensa como modelo para mídias audiovisuais. Para tal, seccionamos os processos da produção de artes audiovisuais indo desde o orçamento até a entrega do produto. REFERÊNCIAS EYMAN, Scott. Empire of dreams: The epic life of Cecil B. DeMille. Simon and Schuster, 2010. BERTOMEU, J. V. C. Criação em filmes publicitários. São Paulo: Cengage Learning, 2010. STAMATO, Ana Beatriz Taube; STAFFA, Gabriela; VON ZEIDLER, Júlia Piccolo. A influência das cores na construção audiovisual. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE, 18., Bauru, SP. Anais... A influência das cores na construção audiovisual. Bauru: Intercom. 2013. COVALESKI, Rogério et al. Cinema e publicidade televisual: interfaces Comunicacionais. 2003. / EXPLORE+ Vamos ler: TOLDO, Giordano Schmitz; LOPES, Fernando Dias. Cinema como arte ou entretenimento: uma visão de seus realizadores e a estrutura organizacional de suas produtoras. REAd. Rev. eletrôn. adm., Porto Alegre [online]. 2017, v. 23, n. 2, p.167-190. ISSN 1413-2311. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413.2311.176.60848. Acesso em: ago. 2020. Você conhece o cinema russo. Sim, uma boa forma de entender o sentido da produção é pensar sobre como podemos compreender esse pensamento de forma mais complexa. Por exempo, que tal ler um manual de cinema russo do Eisenstein, facilmente disponível lhe dará chance de perceber pelo estranho a construção de uma estética própria. E no cinema que tal ver o cinema retratando o cinema? Isabela Thebas do Instituto de Cinema de São Paulo dá uma lista de dicas que vão ajudar bastante: O Grande Hotel Budapeste (Wes Anderson, 2014) Da estética simétrica, onírica e impecável de Wes Anderson nasceu O Grande Hotel Budapeste. Assinada por Adam Stockhausen, a arte do filme utiliza uma bela variação de cores (predominantemente rosa/magenta), muitos tons pastéis, figurinos impecáveis e cenários extremamente articulados com a simetria da fotografia, atributos determinantes no desenvolvimento e ambientação da trama. Memórias de uma gueixa (Rob Marshall, 2005) Os figurinos e cenários do filme são o ponto alto da obra que teve a direção de arte elaborada por John Myhre. Além de respeitar fielmente a época retratada, os cenários participam ativamente da narrativa em determinadas cenas. As roupas e a maquiagem típicas das gueixas trabalham em conjunto com os objetos cênicos, dando cor e profundidade à trama. A lista de Schindler (Steven Spielberg, 1993) Além do excelente trabalho de reconstrução de época, realizado pelo diretor de arte Allan Starski, que elevou o filme para um patamar histórico-real, em A lista de Schindler, podemos ver um excelente exemplo de comoa cor pode ser utilizada para evocar sentimentos e carregar simbolismos. / Benzinho (Gustavo Pizzi, 2017) A direção de arte de Dina Salem Levy, em Benzinho, é impecável do começo ao fim. Com ambientes saturados de objetos e cores – que demonstram a presença dos filhos na vida da protagonista ¬– Benzinho é um lindo exemplo nacional de como a cenografia pode ajudar a contextualizar o espectador dentro do universo do filme e inclusive a contar a narrativa. O aviador (Martin Scorsese, 2004) Não há como não perceber o grande trabalho de Dante Ferretti na arte de O aviador. Cada objeto de cena é primorosamente colocado em quadro para situar o espectador nos anos 1930, junto aos figurinos, maquiagem e penteados de época. Porém, o grande mérito da arte, que lhe rendeu um oscar na categoria, está nas paletas de cor utilizadas no decorrer da história. Cada momento no decorrer da vida do protagonista é ambientado com uma paleta de cor diferente, de forma a retratar o modo como o cinema era feito nas diferentes décadas. Lincoln (Steven Spielberg, 2012) A direção de arte de Rick Carter, para transmitir uma atmosfera do séc. XIX, utiliza uma paleta de cor opaca e sem muito contraste, figurinos de época e cenários muito bem trabalhados e caracterizações de personagens incrivelmente executadas, o que revela um ótimo e profundo trabalho de pesquisa de referências. O Grande Gatsby (Baz Luhrmann, 2013) O glamour e o estilo dos anos 1920 pulam da tela em O Grande Gatsby, com a direção de arte realizada por Catherine Martin, podemos ver a confluência entre a época retratada e um olhar do século XXI. Os figurinos são impecáveis e extremamente fiéis à época, a cenografia tem muita cor e preenchimento, e a paleta de cores – tanto nos cenários quanto na pós-produção – é extremamente contundente e marcante. Temporada (André Novaes, 2018) A direção e a arte de Diogo Hayashi, premiada no 51º Festival de Brasília, tem o mérito de transformar espaços comuns da periferia onde vivem os personagens em narrativa, fazendo intervenções de cor, texturas e objetos. Além de um filme visualmente lindo, Temporada é um ótimo exemplo de como a simplicidade também pode ser um excelente elemento a ser trabalhado nas produções. / CONTEUDISTA Daniela Bevervanso
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