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FISIOLOGIA DO PARTO ❖ CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS MUSCULARES MIOMETRAIS o BAIXA SENSIBILIDADE A ESTÍMULOS DOLOROSOS → a queixa de dor relatadas na cesárea está relacionada ao manuseio do peritônio o EXCITABILIDADE → fibras podem ser excitadas por adrenalina e noradrenalina o ELASTICIDADE → relacionada a EXTENSIBILIDADE e RETRATILIDADE o TONICIDADE → pressão intrauterina no intervalo de duas contrações o CONTRATILIDADE → contrações durante gravidez (diferentes da do parto) - Tipo A e B (geralmente não são dolorosas) → dói acima de 15 mmHg - Baixa frequência - A do parto é de 30-60 mmHg TIPO A TIPO B (BRAXON HICKS) - Intensidade de 2-4mmHg - Alta frequência e baixa amplitude - Geralmente localizadas - Frequência de 1 contração/minuto - Estímulo a circulação fetal - Intensidade de 10-20mmHg - Difundem-se parcial ou totalmente pelo útero - Ausência de ritmo e previsibilidade. - Frequência ↑ com evolução da gestação - Ausentes antes de 28 semanas (útero quiescente) - Pico nas 4 semanas anteriores ao parto - Ocorrem para estimular a circulação sanguínea para o bebe, estimulado seu crescimento. CONTRAÇÕES DURANTE PARTO CONTRAÇÕES PUERPÉRIO - Regulares - Modificação cervical - Início na parte superior do útero - Dilatação: 2/3 em 10 minutos de 30 mmHg - Período expulsivo: 5 em 10 min de 50 mmHg - ↑ pressão abdominal e facilita expulsão - Após expulsão fetal - Proporcionar a dequitação - Indolores - 1 a cada 10 min (até 12 hrs pós-parto) - Placenta expelida após 2 a 3 - Durante mamada liberado ocitocina que ↑ contrações → desconforto - Intensidade e frequência diminuem com o passar dos dias ❖ MECANISMO DE CONTRAÇÃO UTERINA Depende da ação da enzima cinase da cadeia leve de miosina Influenciada por: cálcio, calmodulina e monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) - O cálcio e calmodulina formam complexo que ativa cinase da cadeia leve da miosina - O AMPc inibe ação da cinase de cadeia leve de miosina - Cinase de cadeia leve de miosina ativada → modula fosforilação da miosina permitindo a interação entre as duas proteínas do complexo possibilitando a contração local. - A progesterona consolida as ligações do cálcio no retículo sarcoplasmático, reduzindo a fração de cálcio intracelular livre, elevando o limiar de excitabilidade da fibra miometral (isso torna o útero quiescente → diminui as contrações) - O estrogênio facilita as contrações - A prostaglandina modula fluxo de cálcio e aumenta níveis intracelular → aumenta contrações - Junções gap que facilitam a sincronização e a transmissão de estímulos ❖ DETERMINISMO DO PARTO Na 1ª metade da gestação, o útero se expande por hiperplasia e hipertrofia, ocorrendo acomodação da unidade fetoplacentária e crescimento por estiramento do miométrio. Amadurecimento cervical → algumas semanas antes da dominância fúndica de contrações há uma ↓ da concentração total de colágeno, síntese das fibras de colágeno com estrutura mais fraca ↑ da colagenólise. Associado a isso há resposta inflamatória → maior concentração de macrófagos, neutrófilos e eosinófilos pelo aumento de interleucinas (IL-8) e prostaglandinas. A ativação uterina é realizada pelas uterotropinas (tornar útero responsivo aos estímulos contráteis → uterotoninas) O conhecimento do mecanismo de início do trabalho de parto continua incompleto. As drogas utilizadas para se obter contratilidade são basicamente de três tipos: estimulantes do receptor de ocitocina, prostaglandinas e bloqueadores de receptores de progesterona. o TEORIA DA OCITOCINA - Produzido no hipotálamo e pela decídua - Liga ao receptor na membrana e ativa formação do triofosfato de inositol (segundo mensageiro) → libera cálcio armazenado no retículo sarcoplasmático → contrações uterinas. - A concentração sérica máxima da ocitocina ocorre na 36ª semana e não decai até o parto. - Perto do parto há um aumento dos receptores de ocitocina - Com a produção aumentada de estrógenos e prostaglandinas há o ↑ da contratilidade - Acetato de atosibana → bloqueia receptores de ocitocina o TEORIA DA GANGORRA - Afirma que o parto ocorre em virtude do estiramento miometral crescente determinado pelo crescimento do concepto → a distensão da fibra leva a contração reflexa - As altas concentrações de progesterona inibe o estímulo que desencadeia a distensão e contração reflexa, mantendo o útero refratário → quando ↓ progesterona o parto é deflagrado. - Volume uterino excessivo como deficiência de progesterona pode levar ao parto prematuro - No momento do parto, há aumento de junções GAP e IL-8, proteínas que estão sob inibição prostagenica, e de KappaB, que também pode agir como antiprogesterona, anulando seu efeito, e permitindo maior expressão de IL-8 e COX2. o TEORIA PROSTAGLANDÍNICA - As prostaglandinas são produzidas pela decídua, pelo miométrio e pelas membranas fetais - COX-2 → produção está aumentada em resposta à ação das citocinas e dos fatores de crescimento mais marcadamente no período próximo ao parto → responsável pela liberação de prostaglandinas pelas membranas fetais. - Evidências de que o aumento da sensibilidade uterina seja decorrente, provavelmente, de um incremento na expressão de receptores estimulantes específicos para as prostaglandinas. o TEORIA FETAL - Há produção de hormônio corticotrófico pela placenta em níveis elevados durante o parto, e talvez esse hormônio possa fazer parte do mecanismo que, junto a outros fatores, deflagra o trabalho de parto. O fato final comum é aumento das prostaglandinas com modificações cervicais e aumento da contratilidade uterina. - Placenta produz cortisol → aumenta prostaglandina → aumenta contração. FASES DO PARTO NORMAL Parto compreende as contrações das fibras miometrais responsáveis pela dilatação cervical e expulsão do feto. DIAGNÓSTICO DO TRABALHO DE PARTO: - Presença de contrações uterinas efetivas e com ritmo e pelo menos 2/3 em 10 minutos - Alterações progressivas do colo uterino → esvaecimento e dilatação (pelo menos 3 cm) - Formação das bolsas de água - Todos os fatores devem ser considerados juntos ❖ FASE DE QUIESCÊNCIA Ausência de contração uterina Se inicia com a nidação e dura quase toda a gestação Pode haver algumas contrações, mas não modificam estrutura cervical nem causam dilatação do colo uterino. ❖ FASE DE ATIVAÇÃO Preparação do útero e do canal cervical para trabalho de parto Pode haver contrações de Braxton Hicks Dura de 6 a 8 semanas Ocorrem algumas alterações cervicais Ocorre descida do fundo uterino ❖ FASE DE ESTIMULAÇÃO (TRABALHO DE PARTO) Contrações uterinas efetivas → ocorrem em período regular de 2 a 5 contrações a cada 10 minutos com intensidade entre 20 a 60 mmHg e duração entre 30 a 60 segundos. Dividida em: dilatação, expulsão e dequitação (existe o 4º período) o DILATAÇÃO Inicia com as contrações dolorosas → modificação do colo uterino Pequenas dilatações cervicais até a dilatação completa de 10 cm Esvaecimento → incorporação do colo a cavidade uterina (alterações bioquímicas que levam a fragmentação e redisposição das fibras de colágeno e alteração na concentração de glicosaminoglicanas) - Próximo ao parto há maturação cervical e lise das fibras colágenas (resposta de prostaglandinas → progesterona inibe esse esvaecimento devido ação anti-inflamatórias) - Nas primíparas → esvaecimento primeiro de cima pra baixo e depois a dilatação - Nas multíparas → esvaecimento e dilatação ocorrem simultaneamente Conforme vai dilatando surge espaço entre polo cefálico e membranas (âmnio e córion) e formará bolsas de água que auxiliarão as contrações no deslocamento do istmo. - Se formam no polo inferiorno decorrer do trabalho de parto - Ruptura causa saída parcial de líquido (geralmente quando dilatação >6 cm) - Se ruptura ocorrer junto com expulsão do feto → chamado feto empelicado - Rotura das membranas antes do trabalho de parto (RPMO) → amniorrexe prematura FASE LATENTE DA DILATAÇÃO FASE ATIVA DA DILATAÇÃO - Contrações mais eficazes sem modificações significativas na dilatação cervical - Dura mais ou menos 8 hrs - Dilatação de 0,35 cm/h - É considerada prolongada quando dura mais de 20 h em primíparas e mais de 14 h em multíparas. - Dilatação cervical de 4 cm - Dura em média 6hrs nas primíparas (1,2 cm/h) e 3 hrs nas multíparas (1,5cm/h) 1. Aceleração 2. Dilatação ou aceleração máxima (quando passa de 2 a 3 cm para 8 a 9 cm) 3. Desaceleração (precede dilatação completa de 10 cm) o EXPULSÃO Segunda fase que tem início com dilatação completa e termina com expulsão do feto Feto é expelido do útero com auxílio das contrações involuntárias uterinas e das contrações voluntárias dos músculos abdominais (puxos) Canal do parto totalmente formado → segmento inferior e vagina formam única cavidade Quando há dilatação completa, útero fica totalmente imobilizado pelos ligamentos largo (lateralmente), redondo (superior) e uterossacro (posterior) A duração desse período é cerca de 60 minutos em primíparas e 30 em multíparas o DEQUITAÇÃO Após nascimento do feto, útero expele placenta e as membranas Ocorre entre 10 minutos a 1 hora após parto Placenta desce pelo canal de parto e é expelida pela rima vulvar Descimento ocorre por meio da redução do volume uterino depois da expulsão fetal, associada a contrações uterinas vigorosas e indolores Deslocamento pode ser: - Central (Baudelocque-Schultze) → mais frequente, apresenta sangramento após dequitação com formação de hematoma retroplacentário e primeira face placentária visualizada na rima vulvar é a face lateral. - Marginal periférico (Baudelocque-Duncan) → menos comum, escoamento de sangue antes da total expulsão da placenta e primeira face visualizada é a materna DESCIDA CEFÁLICA FASE PÉLVICA FASE PERINEAL - Dilatação completa do colo uterino - Apresentação acima do plano +3 de Lee - Cabeça rodada e em plano inferior a 3+ de Lee ❖ QUARTO PERÍODO DE GREENBERG Inicia-se imediatamente após a dequitação → 1 a 2 horas pós-parto Estabilização dos sinais vitais maternos e homeostasia uterina Redução da perfusão uterina, causada pela angulação das artérias uterinas e ovarianas, com a redução do volume uterino Oclusão dos vasos miometriais (miotamponamento) causada pela contração uterina Forma trombos nos grandes vasos uteroplacentários (trombotamponamento) → defesa contra hemorragia Indiferença miouterina: contração e relaxamento das fibras miometriais. Assim, pode haver enchimento e esvaziamento de sangue no interior do útero ❖ INVOLUÇÃO Retorno ao estado pré-gravídico (puerpério) Inicia após a dequitação e é caracterizado por uma contração persistente que leva a involução uterina
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