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FISIOLOGIA DAS CONTRAÇÕES UTERINAS Classicamente, participam da mecânica do parto: - O conteúdo uterino em si (feto + anexos); - Passagem materna (bacia obstétrica) - Motor (contrações uterinas durante o trabalho de parto). O evento de contratilidade uterina com ritmo só é possível por ser precedido por notáveis modificações na estrutura miometrial, as quais determinam: - Hipertrofia; - Hiperplasia das células. Miométrio = é composto por células musculares lisas. As fibras musculares do miométrio estão dispersas dentro da matriz extracelular, formada, principalmente por fibras colágeno. A unidade geradora de contração uterina é formada por um complexo proteíco (actina-miosina). Disposto em fuso dentro do citoplasma. A função dessa matriz extracelular (colágeno) + fibras dispostas em feixes = facilitar a transmissão das forças contráteis. UNIDADE CONTRÁTIL MIOMETRIAL A interação do complexo proteico entre si é modulado pela ação da enzima cínase da cadeia leve de miosina. A enzima cínase é influenciada por 3 sistemas reguladores: - Cálcio - Calmodulina - Monofosfato de adenosina cíclico (AMP cíclico). Os 2 primeiros (Cálcio + Calmodulina) formam um complexo que ativa a cínase da cadeia leve de miosina. O AMP cíclico inibe sua atividade enzimática. Quando a cínase da cadeia leve da miosina é ativada Ocorre fosforilação da miosina, ao nível da cadeia leve, permitindo dessa forma uma interação das 2 proteínas do complexo e possibilitando a contração local. A cínase + 3 sistemas reguladores dela estão relacionadas com as respostas geradas pelas ações hormonais e agentes farmacológicos. Progesterona: principal hormônio da gravidez. Responsável por elevar o limiar de excitabilidade da fibra miometrial, deixando o útero quiescente. Ele consolida as ligação do cálcio no retículo sarcoplasmático, reduzindo a sua fração livre disponível. Prostaglandinas: também modulam o fluxo de cálcio. Ele propricia um aumento dos níveis intracelulares de cálcio e favorece a contração das fibras. Esteróides (Estrogênio): as células musculares comunicam-se umas com as outras via conexões proteicas denominadas gap junctions. As conexões facilitam a: - Sincronização - Estímulos eletrofisiológicos Essas conexões aumentam em número com a progressão da gestação. Essas gap junctions são influenciadas pelos esteroides placentários, sendo o estrogênio o principal responsável pelo aumento da concentração dessas proteínas de conexão. CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS MIOMETRIAIS Essas células apresentam: Baixa sensibilidade a estímulos dolorosos; Excitabilidade Capacidade elástica Tonicidade Capacidade contrátil Sensibilidade dolorosa: ela é discreta no colo e no corpo uterino. A dor gerada pelo parto vaginal coincide com a contração e resulta da projeção da apresentação fetal contra o segmento inferior e da compressão dos órgão vizinhos. Excitabilidade: as fibras miometriais podem ser excitadas. Elasticidade: capacidade elástica do miométrio é representada pelas características de extensibilidade e retratilidade. Extensibilidade: capacidade de adaptação da parede miometrial as alterações do conteúdo uterino ao longo da gestação. Retratilidade: a redução abrupta do volume de líquido amniótico é seguida pelo encurtamento das fibras contráteis miometriais. Na expulsão fetal, a medida que a apresentação avança pelo canal de parto, a parede uterina por causa da retratilidade, mantém-se adaptada sobre o corpo fetal. Após a expulsão do feto, a parede adapta-se sobre a placenta. Depois da dequitação, ainda em razão da retratilidade, as fibras miometriais comprimem os vasos que as atravessam, garantindo a hemostasia local. Tonicidade: representada pela pressão intrauterina no intervalo de 2 contrações. Pode estar alterada para mais (hipertonia) ou para menos (hipotonia). CONTRATILIDADE Contratilidade: o útero apresenta atividade contrátil durante toda a gestação. Essas contrações são de 2 tipos: Tipo A - Alta frequência - Baixa amplitude - Frequência de 1 contração/ min + intensidade de 2 a 4 mmHg Tipo B (contrações de Braxton Hicks) - Alta amplitude - Intensidade de 10 a 20 mmHg - Difundem de forma parcial ou total pelo útero. Antes das 28 semanas de gestação, elas são quiescentes e, a partir de então há um aumento gradual e coordenado na frequência e na intensidade. ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DAS CONTRAÇÕES UTERINAS Uma maneira mais simples de avaliar o trabalho uterino durante o parto é por meio da atividade uterina expressa pelo produto entre a intensidade e a frequência de contrações em 10 minutos, cuja unidade de medida é denominada Unidade Montevidéu (mmHg/10 minutos) . O tônus uterino representa a menor pressão entre duas contrações. As contrações são percebidas pela palpação quando sua intensidade é superior a 10 mmHg. A duração clínica da contração uterina (média de 70 segundos, podendo varias de 40 a 100 segundos) Mais curta que a duração real (200 segundos). As contrações uterinas tornam-se dolorosas quando a intensidade é superior a 15 mmHg, valor suficiente para dilatar e distender o útero moldando o canal de parto. Esse efeito sobre o útero permanece por cerca de 60 segundos. CONTRAÇÕES UTERINAS DURANTE A GESTAÇÃO Durante a gestação, o miométrio apresenta crescimento constante e, em virtude do bloqueio progestagênico, há baixa frequência de contrações. Por volta de 28 semanas de gestação, as contrações predominantes são as do tipo A. As do tipo B tornam-se mais frequentes, atingindo incremento máximo quatro semanas antes do início do trabalho de parto. Ambos os tipos de contrações estão sujeitos ao bloqueio progestagênico e essas contrações não são dolorosas; OBS: Um importante fator é que o maior incremento do peso fetal se dá a partir de 28 semanas de gestação, o que coincide com a maior frequência das contrações de Braxton Hicks. Nas últimas semanas de gravidez, as contrações de Braxton Hicks apresentam: - Maior frequência - Maior distensão do segmento inferior do útero - Pequeno grau de encurtamento cervical. As gestante apresentam queixas contra essas contrações: CONDUTA – Administração de antiespasmódicos (escopolamina) + repouso relativo. A principal distinção, além da sensação dolorosa, é a ausência de ritmo nas contrações de Braxton Hicks e a sua cessação com a tomada de uterolítico ou com o repouso. CONTRAÇÕES DURANTE O TRABALHO DE PARTO O diagnóstico de trabalho de parto se firma diante de: - Contrações uterinas regulares - Modificação cervical progressiva. O início desse trabalho é considerado quando a dilatação atinge 2 cm, estando a atividade uterina compreendida entre 80 e 120 Unidades Montevidéu. As contrações uterinas seguem o tríplice gradiente descendente: 1- Se iniciam na parte superior do útero, local em que são mais intensas, 2- Se propagam com intensidade decrescente pelo corpo do útero 3- Atingem o segmento inferior do útero. Durante a fase de dilatação a frequência das contrações uterinas é de: “2 a 3 em 10 minutos com intensidade de 30 mmHg” No período de expulsão, pode chegar a: “5 contrações em 10 minutos com intensidade de 50 mmHg” No período expulsivo, nós possuímos: - Contrações uterinas - Contrações voluntárias da musculatura abdominal (puxo). CONTRAÇÕES UTERINAS NO PUERPÉRIO Após a expulsão fetal, o útero continua a apresentar contrações rítmicas. A função dessas contraçõesé propiciar a dequitação fisiológica (contrações indolores) Após 1 a 3 contrações, a placenta é impelida para o canal de parto. As contrações que ocorrem no puerpério imediato têm como principal função auxiliar na: - Dequitação - Hemostasia. Esse fenômeno de Miotamponamento determina a “laqueadura viva” dos vasos uterinos e faz com que o útero fique devidamente contraído. Decorridas as primeiras 12 horas após o parto, registra-se uma contração em 10 minutos, e nos dias subsequentes sua intensidade e sua frequência reduzem-se. OBS: Durante as mamadas, é estimulado a liberação de ocitocina, o que causa aumento na frequência das contrações + pode provocar desconforto na puérpera. REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS ZUGAIB - OBSTETRICIA - 4ªED. (2019) - Marcelo Zugaib; Rossana Pulcineli Vieira Francisco - Livro.
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