Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA DE DIREITO PENAL CONCEITO DE CRIME: ____________________________________________________________. EXCLUDENTES DE ILICITUDE: Todo fato típico é antijurídico, a não ser que tenha uma causa de justificação, e a essa causa de justificação chamamos de excludente de ilicitude ou excludente de antijuridicidade. Quer dizer, o agente pratica o fato típico, porém, possui uma causa que o justifica e, portanto, seu ato passa a ser aprovado/aceito. Essas causas eximentes/descriminantes são: o Estado de necessidade, art. 24 do CP; Legítima Defesa, art. 25 do CP; Estrito cumprimento do dever legal, art. 23, inciso III do CP e Exercício regular de direito, também previsto no art. 23, inciso III do CP. Vamos estudar cada uma delas. Analisemos, porém, inicialmente o art. 23 do CP: “Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de necessidade; II – em legítima defesa; III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”. Estado de Necessidade: é uma situação de perigo, atual ou iminente, em que o agente, para salvar bem jurídico seu ou de terceiro, tem que lesar o bem jurídico de outrem. Exemplo clássico difundido na doutrina penal brasileira é o do náufrago que possui apenas um colete salva-vidas, e faz uso do mesmo, deixando com os demais morram. Está excluído de pena, pois agiu em estado de necessidade, ao passo que defendia um bem jurídico, qual seja, a sua própria vida. Nesse caso, cf. o próprio art. 23, não há crime. Vejamos o art. 24, que trata do estado de necessidade: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir- se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Os requisitos são: existência de perigo atual e iminente; ameaça a direito próprio ou alheio; inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado; situação não causada pelo próprio sujeito. Legítima Defesa: prevista no art. 25 que prevê que: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” É a defesa a agressão injusta, que seja atual ou iminente, para proteger direito próprio ou de outrem, usando dos meios necessários, ou seja, sem excesso. A doutrina penal brasileira prega o entendimento de que, o meio utilizado pelo agente para se defender, deve ser o menos gravoso possível, ou seja, o menos lesivo. E ao utilizá-los, deve fazer de forma moderada. A legítima defesa se divide em: própria ou de terceiro. Real ou putativa. A putativa é aquela em o sujeito pensou que estava em riso atual ou iminente. Ofendículas: é uma espécie de legítima defesa preordenada. São os aparatos utilizados para defender a propriedade. Ex: cães, cercas de arame, cacos de vidro, cerca elétrica etc. Defender-se de um animal é considerado legítima defesa ou estado de necessidade? __________________________________. Estrito cumprimento do dever legal: previsto no art. 23, inc. III, do CP. Decorre de uma autorização legal para agir, mesmo que o ato praticado seja fato típico, a lei o autoriza. Ex: oficial de justiça que entra no domicílio para cumprir ordem de despejo; policial que emprega força física em caso de resistência à prisão ou viola domicílio onde está ocorrendo um crime (flagrante delito). O Exercício regular de direito, também está previsto no art. 23, inc. III, do CP, e tem como exemplo, a proteção do imóvel pelo proprietário, as intervenções médicas, o castigo aplicado pelos pais aos filhos. Mas, deve-se sempre observar os limites impostos pela lei, sob pena de responder pelo abuso/excesso. Obs.: violência desportiva está dentro do Exercício regular de direito, desde que, o esporte seja previsto em lei e não desrespeite os bons costumes, que a agressão se dê dentro dos limites do esporte, que haja o consentimento do ofendido. Se preenchidos esses itens, responderão apenas pelo excesso. Culpabilidade. Conceito: culpabilidade é o juízo de valoração/reprovação que a sociedade faz em torno de uma conduta criminosa. A culpabilidade possui três elementos, são eles: 1) a imputabilidade; Culpabilidade 2) a potencial consciência da ilicitude 3) e a exigibilidade de conduta diversa ou exigibilidade de conduta conforme o direito. IMPUTABILIDADE: é a possibilidade de se imputar algo a alguém, ou seja, é a possibilidade de se atribuir algo a alguém (atribuir a culpa do crime a quem o praticou). Portanto, é a capacidade que o agente infrator possui de entender o caráter ilícito do ato que pratica, se ele (infrator), não possui essa capacidade de entendimento, não há que se falar em imputabilidade e sim em inimputabilidade. E por quais motivos uma pessoa pode não entender o caráter ilícito daquilo que pratica? R: Pelos seguintes motivos: doença mental ou desenvolvimento mental incompleto pela menoridade e pela embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior que são as chamadas EXCLUDENTES DA IMPUTABILIDADE. Obs.: Caso fortuito e força maior são casos que fogem ao controle do agente. Alguns doutrinadores defendem ser o caso fortuito algo inevitável, por exemplo, chegar atrasado ao trabalho por conta de uma greve nos transportes, e a força maior como um evento também inevitável, mas que seja proveniente da natureza, v.g. alagamento, enchentes etc. Para questionarmos a imputabilidade ou inimputabilidade, o Código Penal brasileiro adotou o critério biopsicológico, sendo que, deve-se a analisar a questão em três momentos distintos, quais sejam: verificar se no momento do fato era o agente portador de doença mental, depois, verificar se no momento do ato o agente era capaz de entender o caráter ilícito de seu ato, depois verificar se no o agente possuía condições de determinar-se de acordo com esse entendimento. “Actio libera in causa”: ocorre quando o agente se coloca em situação de inconsciência justamente para praticar o crime. A “Actio libera in causa” significa “ação livre em sua causa”. Exemplo bastante utilizado pela doutrina penal brasileira é a do agente que se embriaga para praticar o crime, pois acha que ficará impune. TÍTULO III DA IMPUTABILIDADE PENAL Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Emoção e paixão Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão; Embriaguez II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. [grifo nosso]. § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: o agente ao praticar o ato deve necessariamente ter consciência daquilo que está fazendo. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA OU EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DE ACORDO COM O DIREITO: é causa de excludente da culpabilidade, aqui o agente age contrariamente àquilo que exige a lei, porém, não há como exigir dele uma conduta diferente. Há duas causas de inexigibilidade de conduta diversa, são elas: a coação moral irresistível e a obediência hierárquica. A coação irresistível pode ser física ou moral. A física chamada em latim de vis absoluta e moral chamada de vis compulsiva. Exemplo de coação moral irresistível: ladrão de banco que aponta uma arma para a cabeça da esposa do gerente do banco e obriga-o a digitar a senha que abre o cofre. A coação moral irresistível é uma causa de exclusão de culpabilidade. Obediência hierárquica: é o recebimento de ordens de um subordinado por seu superior, ou seja, o superior dá ordens ao subordinado, que sendo funcionário público não pode contestar a legalidade ou não da ordem. Porém, Damásio de Jesus afirma que para que se caracterize a obediência hierárquica, são necessários cinco requisitos, vejamos cada um deles: 1) a existência de relação de direito público existente entre superior e subordinado; 2) que a ordem não seja manifestamente ilegal; 3) a ordem deve preencher os requisitos formais; 4) a ordem seja dada dentro da competência do superior 5) o fato deve ser cumprido dentro do estrito cumprimento à ordem do superior hierárquico. QUESTÕES DE PENAL 01. Exclui a culpabilidade: A) o consentimento do ofendido em todos os crimes. B) ato involuntário. C) legítima defesa. D) paixão e emoção. E) coação moral irresistível. 02. São elementos da culpabilidade: A) ação e omissão. B) legítima defesa e estado de necessidade. C) imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. D) dolo e culpa. E) exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal. 03. Constitui excludente da antijuridicidade: A) obediência a ordem superior hierárquica. B) coação moral irresistível. C) sonambulismo. D) exercício regular de direito. E) erro de proibição. 04. Constitui excludente da tipicidade: A) legítima defesa. B) estado de necessidade. C) princípio da insignificância. D) exigibilidade de conduta diversa. E) erro de tipo escusável. 05. As hipóteses excludentes de imputabilidade penal não incluem a: A) menoridade penal. B) emoção ou paixão. C) embriaguez fortuita completa. D) dependência toxicológica comprovada.
Compartilhar